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Mostrando postagens de novembro, 2022

VOCÊ NÃO OUVE?

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- Qual o problema de sua esposa? - indagou o médico a um homem que veio procurá-lo logo cedo na clínica.  - Surdez, doutor. Não escuta quase nada. - Faça o seguinte: antes de trazê-la, faça um teste para facilitar o diagnóstico. Sem que ela veja, o senhor, a certa distância, fala com ela sem gritar, até que perceba a que distância ela consegue ouvi-lo. Combinado? - Combinado, doutor. À noite, enquanto a mulher preparava o jantar, o velho decidiu fazer o teste. Pensou: "Estou a quinze metros de distância. Vai ser agora". - Maria, o que temos para a janta?  Não ouviu nenhuma resposta. Então ele avançou cinco metros. - Maria, o que temos para a janta?  Silêncio ainda. Aproximou-se mais cinco metros e repetiu: - Maria, o que temos para a janta?  Nada ainda. Finalmente chegou por trás da esposa e, quase encostando, perguntou mais uma vez: - Maria! O que temos para a janta? - Frango, droga! É a quarta vez que te respondo! Humor à parte, a estória bate em cima da ferida

QUANDO OS BISCOITOS NÃO SÃO SEUS...

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Uma moça chegou muito cedo à sala de embarque do aeroporto, tendo que esperar algumas horas para seu voo. Resolveu então comprar um livro pra matar o tempo. Comprou também um pacote de biscoitos. Encontrou uma poltrona reservada e sentou.  Horas depois, um estranho sentou ao lado da moça. Quando ela pegou o primeiro biscoito do pacote, o homem também pegou um. Ela se sentiu indignada, deveras furiosa, mas não disse nada. Apenas contraiu ligeiramente o rosto, pensando: "Mas que cara de pau! Se eu não estivesse tão indisposta, lhe daria um soco no olho..." Quando ela pegou o segundo biscoito, a mesma coisa: o homem também pegou um; e isso se repetiu enquanto duraram os biscoitos. Mesmo bufando de raiva, ela não conseguia reagir. Finalmente, restava apenas um biscoito. Ela pensou: "O que será que o abusado vai fazer agora?" O "abusado" dividiu o biscoito ao meio, deixando a outra metade para ela. Aquilo a deixou ainda mais irada. Nisso, ouviu a ch

BEETHOVEN, O NATIMORTO

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Certa vez, numa faculdade de medicina, um professor propôs à classe a seguinte questão: - Com base nas circunstâncias que irei citar, que conselho vocês dariam a uma senhora, grávida do quinto filho? O marido sofre de sífilis e ela de tuberculose. Seu primeiro bebê nasceu cego; o segundo morreu prematuro; o terceiro veio ao mundo com uma deficiência auditiva; o quarto é tuberculoso e ela está pensando seriamente em abortar a quinta criança. O que aconselhariam? A maioria dos alunos opinou que o aborto seria a melhor alternativa.  O professor então concluiu: - Aos que disseram "sim" à ideia do aborto, saibam que acabaram de contribuir para o assassinato de Ludwig Van Beethoven, um dos compositores mais influentes de todos os tempos! O mesmo se pode dizer de tantos outros, famosos ou não, que influenciaram outras vidas: quanta falta eles não fariam à humanidade, caso suas mães tivessem optado por abortá-los! Apoiar o assassinato de bebês é a mais tremenda das hipocr

SALVO DUAS VEZES

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Em agosto de 2001, Moshe, um empresário judeu norte-americano, viajou para Israel a negócios. Numa quinta feira, no intervalo de uma reunião, ele aproveitou pra lanchar numa pizzaria na esquina da rua Yafo, no centro de Jerusalém.  Moshe percebeu que teria que esperar bastante se quisesse comer, pois o estabelecimento estava lotado; só que ele não dispunha de muito tempo. Impaciente, pôs-se a ziguezaguear perto do balcão.  Percebendo a agonia do estrangeiro, um israelense ofereceu-lhe o próprio lugar na fila. Moshe aceitou e agradeceu muito. Feita a refeição, saiu da pizzaria em pouco tempo.  Menos de cinco minutos depois, Moshe ouviu um estrondo terrível. Assustado, voltou-se: um homem-bomba acabara de se detonar na mesma pizzaria. Moshe imediatamente lembrou do israelense que lhe oferecera o lugar na fila. O sujeito salvara a sua vida e agora poderia precisar de ajuda. Moshe correu para o local do atentado e encontrou uma situação caótica. Além do terrorista, outras dezoi

VIVA O MOMENTO

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Havia um cavalo que, em pleno inverno, desejava o regresso da primavera. Apesar de alojado confortavelmente no estábulo, reclamava: - Ah, como sinto saudades de comer a erva fresca que nasce na primavera! Agora sou forçado a contentar-me com capim seco! Aí a primavera chegou e o cavalo voltou a se deliciar na relva; por outro lado começou a trabalhar bastante, já que era a época da colheita. E a lamúria recomeçou: - Nossa, quando chegará o verão? Estou farto de passar o dia inteiro puxando carroça!  Com a chegada do verão, o trabalho diminuiu; em contrapartida, porém, o calor aumentou e o cavalo voltou a se queixar: - Que calor! Não aguento! Estou ansioso pela chegada do outono pra ver se baixa essa temperatura! O calor de fato diminuiu com a ascensão do outono; contudo o cavalo foi requisitado para carregar lenha, pois o fazendeiro precisava se preparar para o inverno. E o cavalo, como sempre, não parava de resmungar e gemer. Quando o inverno chegou outra vez e o cavalo pô

BRASIL QUE CHORA

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Ao entrar em minha sala de aula, vi, num mapa-mundi, meu Brasil chorando. - O que houve, querido verde-amarelo? Esparramando-se verdejante sobre a América do Sul, respondeu, derramando lágrimas amazônicas:  - Como estou sofrendo! Veja o que estão fazendo comigo… antes, os meus bosques tinham mais flores e meu seio mais amores. Meu povo era heroico e o seu brado retumbante. O sol da liberdade era mais fúlgido e brilhava no céu a todo instante. Onde estão os braços fortes? Eu era a Pátria amada e idolatrada, cheia de glórias no passado. Nenhum filho meu fugia à luta. Eu era a terra adorada e a mãe gentil dos filhos deste solo. Eu era gigante pela própria natureza, que hoje queimam e devastam, sem nenhum homem de coragem que, às margens plácidas de algum riacho, tenha a audácia de gritar mais alto para libertar-me dos tiranos que ousam roubar o verde-louro de minha flâmula! Não pude mais ouvir a dolorosa queixa do Brasil; saí para o jardim. Era noite e pude ver a imagem do Cru

LIÇÃO DE UMA CELEBRIDADE

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"Uma vez, quando eu era adolescente, meu pai e eu estávamos na fila para comprar ingressos para o circo. Entre nós e a bilheteria havia apenas uma família, que me deixou impressionada. Eram oito crianças, todas provavelmente com menos de doze anos. Pela forma como se vestiam, dava pra ver que não tinham muito dinheiro, apesar de estarem arrumadas e limpas. Eram bem comportadas, todas em fila, duas a duas atrás dos pais, de mãos dadas. Tagarelavam excitadamente sobre os palhaços, animais e todas as outras atrações que veriam naquela noite. Deduzi, pela empolgação delas, que nunca haviam ido ao circo antes.                  Ouvi quando a bilheteira perguntou ao pai das crianças: - Quantos bilhetes, senhor? - Oito ingressos para crianças e dois para adultos, por favor. Quando a bilheteira informou o valor dos ingressos, a esposa do homem soltou a mão dele e baixou a cabeça e os lábios do homem começaram a tremer. Então ele se inclinou um pouco mais perto e perguntou:  -

QUATRO MESES

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Após retornar de uma consulta médica, uma senhora reuniu os familiares e disse: - Conversei com a junta médica que me examinou e lhes pedi franqueza, que não me poupassem da verdade sobre meu estado de saúde. Responderam que tenho pouco tempo. Diante dos olhares ansiosos, ela continuou: - Eles me revelaram que sou portadora de uma moléstia incurável e que meu tempo de vida é de aproximadamente quatro meses. Uma das filhas, em prantos, perguntou: - E a senhora nos conta isso com a maior naturalidade? A mãe prosseguiu, serena: - Pelo menos tenho um bom tempo pra fazer tudo o que já deveria ter feito antes. Arrumarei o meu armário, guardarei o que realmente uso e o restante jogarei fora ou doarei a quem precisa. Porei belas cortinas em todas as janelas e elas me impedirão de bisbilhotar a vida alheia. Evitarei ouvir e assistir más notícias e alimentarei meu espírito com leituras saudáveis e diálogos amigáveis. Também dispensarei fofocas e não criticarei a mais ninguém. Todos o

O FÓSFORO E A VELA

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Chegou o grande dia. O fósforo foi ao encontro da vela e lhe disse: - Fui designado para acender-te; é a nossa vez. A vela, apreensiva, respondeu: - Por favor, não! Se eu ficar acesa, os meus dias estarão contados, pois pouco a pouco a chama me consumirá e ninguém mais irá me ver! - Então preferes passar a vida inteira inerte e inútil, sem experimentar a boa sensação de iluminar o mundo à sua volta? - Mas o fogo irá me queimar e isso vai doer e me consumir completamente! - resmungou a vela quase chorando.  - Sim! Isso também acontecerá comigo. Mas é essa a nossa vocação. Fomos criados para dar luz e nenhum de nós durará para sempre; cumpre, portanto, que realizemos nossa incumbência. Este recinto precisa de você e você precisa de mim. Minha existência não terá sentido se eu não te acender. Eu existo para criar o fogo e você para iluminar com o fogo. Teu sofrimento será momentâneo, mas todos aqui serão agraciados com a tua luz! A vela refletiu; encheu-se de ânimo e de expect

"DEIXA A RAIVA SECAR!"

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Mariana ficou feliz da vida quando ganhou de aniversário um joguinho de chá.  No dia seguinte, sua amiguinha Júlia veio chamá-la pra brincar. - Ah, Julinha, agora não posso! Vou sair com mamãe daqui a pouquinho.  - Então me empresta o teu joguinho pra eu brincar? Mariana era muito ciumenta com seus brinquedos e não queria emprestar; mas Júlia insistiu tanto que ela acabou cedendo. - Mas toma cuidado, tá? - disse, ao emprestar.  Quando voltou da rua com a mãe, Mariana ficou chocada ao ver o seu conjuntinho de chá espalhado pelo chão, no corredor do condomínio. Faltavam algumas xícaras e a bandejinha estava trincada. Chorando e muito nervosa, Mariana desabafou: - Está vendo, mamãe, o que a Júlia fez comigo? Ela estragou meu brinquedo! Vou agora mesmo à casa dela e exigir uma explicação! A mãe a segurou brandamente pelo braço.  - Filhinha, vem cá. Lembra daquele dia quando você saiu com seu vestido novo todo branquinho e um carro, passando, jogou lama nele? - Sim... lembro. -

A CORRIDA INTERMINÁVEL

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Havia muito tédio num povoado, com todo mundo ocioso num cotidiano sem graça. De repente alguém teve a ideia de organizar uma "corrida de invenções": os concorrentes deveriam fazer suas invenções percorrerem o povoado de um extremo a outro.  Apenas três invenções se qualificaram para a competição: uma flecha mágica, uma palavra impensada e uma oportunidade de ouro. A comunidade inteira veio ver a corrida e as apostas se dividiram entre os três concorrentes. Quando finalmente foi dada a largada, o arqueiro lançou sua flecha mágica, uma mulher pronunciou a palavra impensada e um rapaz deixou escapar a oportunidade de ouro. As três saíram em disparada, quase imperceptíveis de tão velozes. Todos acompanharam a corrida atentamente; porém, algo engraçado aconteceu: quando alcançaram o ponto final da corrida, os concorrentes não retornaram, mas prosseguiram até se perderem de vista; só que o povo continuou esperando que voltassem. Após várias horas em seus lugares aguard

VIDA FUGAZ PARA TODOS

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Alexandre, o Grande (356-323 a.C.) construiu um imenso Império mas faleceu prematuramente, ainda na flor da idade. Dizem que, quando estava para morrer, mandou chamar seus generais e conselheiros e lhes deu as seguintes ordens: - Quero que meu caixão seja transportado pelos melhores médicos da corte; que espalhem meu ouro, prata e joias ao longo de todo o trajeto do meu cortejo fúnebre; e que deixem minhas mãos fora do esquife, balançando ao ar, à vista de todos. Um dos seus generais, atônito, perguntou: - Majestade, qual a razão destes pedidos tão estranhos? O grande soberano dos gregos respondeu: - Os mais iminentes médicos carregarão meu caixão para mostrar que eles não têm poder para remediar a morte; o chão deverá ser coberto com meus tesouros a fim de que todos vejam que os bens materiais aqui conquistados, aqui ficarão; e que minhas mãos balancem ao vento para que as pessoas compreendam que de mãos vazias viemos ao mundo e de mãos vazias sairemos dele! A morte é a gr

O DESTINO DA ARROGÂNCIA

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Um vaga-lume esverdeado fazia voltas e voltas em torno de si mesmo, extasiado pelo próprio brilho. E, enquanto revoava pela escuridão da mata, pensava com seus botões luminosos: - Sou uma autêntica esmeralda cintilante e viva! Com certeza tenho essa luz por ser superior a todos os outros insetos! Sim! Sou o guia e orientador de todos eles! Haverá, em toda a mata, outro como eu?  E, enquanto voava por entre plantas, flores e moitas, inflamava mais e mais o seu discurso delirante: - Olá, grilos de asas cinzentas e sem brilho, formigas que trabalham sem um instante de glória, mariposas opacas, míseras lagartas, aranhas horrorosas, cupins que perdem as asas e ficam tontos até morrer! Estou aqui para tirar vocês das trevas! E, voando mais alto, comparou-se às estrelas: - Sou uma de vocês, irmãs celestes, pois também pisco nas alturas! Faço parte da constelação da selva! Envaidecido, mergulhou para alumiar o mato outra vez quando, subitamente, sentiu uma lufada de ar que o envolv

RAZÃO OU PAZ?

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Numa palestra, uma empresária contou esta experiência: "Às oito da noite, em uma movimentada avenida, meu marido e eu estávamos atrasados para um jantar na casa de amigos. Como eles tinham se mudado recentemente, precisávamos descobrir o novo endereço. Então conferi no mapa, enquanto saíamos no carro; meu esposo era quem dirigia. O orientei para que virasse à esquerda na próxima encruzilhada. - Tem certeza que não é à direita? - indagou ele. Isso deu início a uma leve discussão. Mas logo percebi que, além de atrasados, poderíamos acabar ficando mal-humorados com o desentendimento; então deixei ele decidir o rumo. Assim que ele virou à direita, constatamos que ele estava errado. Disse, enquanto fazia o retorno: - Desculpe; você estava certa. - Acho que não há problema se chegarmos um pouco tarde - respondi, sorrindo.  Mas ele ainda me alfinetou: - Se você tinha tanta certeza de que eu estava tomando o caminho errado, deveria ter insistido um pouco mais. Sorrindo outra v

A JOIA PERDIDA

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Um nômade atravessava o deserto crepuscular quando se deparou com um sheik sentado ao pé de uma palmeira. A pouca distância repousavam os seus cavalos, camelos e servos, ao lado de tendas abarrotadas com valiosos objetos. O abastado árabe parecia muito pesaroso e isso comoveu o viajante, que dele se aproximou.  - Vejo que o senhor está preocupado. Posso ajudar em alguma coisa? - Ah! Estou muito aflito; acabo de perder a mais preciosa de todas as joias. - E que joia era essa?  - Uma joia como nenhuma outra! Estava encravada num pedaço de pedra da vida e talhada na oficina do tempo. Adornavam-na vinte e quatro brilhantes, em volta dos quais agrupavam-se sessenta brilhantes menores! O andarilho ficou impressionado e atônito ao mesmo tempo. - Pela sua descrição, é mesmo uma joia de grande valor. Mas noto que o senhor é muito rico; certamente poderá adquirir uma outra joia até mais valiosa! O árabe balançou a cabeça.  - Meu amigo: a joia perdida era um dia; é impossível reaver u

JUSTIÇA QUE PREVALECE

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Nos tempos da Idade Média, um homem pobre e muito religioso foi injustamente acusado de assassinato. O autor do crime teria sido alguém muito influente e, por isso, desde o primeiro momento se procurou um bode expiatório para acobertar o verdadeiro assassino. Levado a julgamento, o acusado já antevia, temeroso, o desfecho: a forca. Estava ciente de que tudo concorria contra ele e que teria poucas chances de se livrar da sentença.  O juiz, subornado por poderosos da corte, simulou um julgamento imparcial, fazendo a seguinte proposta ao acusado: - Dar-lhe-ei uma chance de provar sua inocência. Escreverei a palavra "inocente" em um pedaço de papel e "culpado" em outro pedaço. Você escolherá um dos papéis e o seu veredito será o que nele estiver escrito.  Porém, sem que alguém percebesse, o juiz escreveu "culpado" em ambos os papéis, deixando o coitado sem alternativa. Colocou os papéis sobre uma mesa e mandou o acusado escolher um.  O homem reflet

COBRANÇA DA VIDA

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Depois de um dia de caminhada, um monge e seu discípulo retornavam ao monastério, atravessando a mata. Quando passaram próximo a uma moita de samambaia, ouviram um gemido. Descobriram então um homem estirado, quase insconsciente. Estava pálido, com a camisa encharcada de sangue e um corte profundo no tórax. Com alguma dificuldade, carregaram o moribundo até o monastério, onde cuidaram dele. Uns vinte dias depois, já restabelecido, o homem contou que havia sido assaltado e que ao reagir fora esfaqueado no peito. - Mas eu sei quem fez isso comigo! - comentou ele - Não vou descansar enquanto não consumar minha vingança! E completou: - Senhor, muito lhe agradeço por ter salvo minha vida. Serei eternamente grato por sua bondade. Agora vou ao encontro daquele que me atacou e farei com que ele sinta a mesma dor que senti. O monge respondeu: - Vá e faça o que deseja. Entretanto, devo informá-lo que me deve três mil moedas de ouro, como pagamento pelo que lhe fiz. - Senhor, é muito

SOLTE A PANELA!

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Numa época de escassez, um urso faminto perambulava pela floresta em busca de alimento. Seu faro aguçado detectou cheiro de comida, conduzindo-o a um acampamento de caçadores (que estava vazio, pois os homens todos tinham saído para caçar). Atraído à fogueira, o urso tirou de dentro dela um caldeirão com sopa e o abraçou com força, enfiando a cabeça dentro e devorando tudo. Contudo, enquanto abraçava o tacho, começou a perceber algo lhe atingindo - o calor do recipiente, queimando-lhe as patas e o peito.  O urso nunca havia experimentado uma queimadura; achou então que se tratava de um inimigo querendo tirar-lhe a comida. Começou a urrar muito alto e, quanto mais rugia, mais apertava a panela fumegante contra seu corpo. Quando, mais tarde, os homens voltaram ao acampamento, se depararam horrorizados com o cadáver do urso, recostado a uma árvore próxima à fogueira, segurando a tina que haviam deixado no fogo. Foi tão grande a intensidade das queimaduras que a panela ficou gr

COMODISMO FATAL

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Muito tempo atrás, no Oriente, um rei concebeu a ideia de criar um lago artificial que seria composto não por água, mas por leite. Um belo feito que perpetuaria a grandeza de seu reino. Para tanto, convocou todos os seus súditos para uma reunião. Após revelar seu intento, disse: - Preciso da cooperação de todos para levar a cabo este projeto; amanhã, cada um de vocês deverá trazer um copo com leite. Dessa forma, o lago será preenchido.  O rei ficou muito entusiasmado e esperou até à tarde do dia seguinte para apreciar o seu branco e límpido lago. Mas, qual não foi a sua surpresa quando, ao visitar o lago, viu que estava cheio de água e não de leite! - O que é isto? - disse, chamando seu conselheiro - Por que meu lago está com água e não com leite? - Majestade, eu ouvi a fala das pessoas; todas elas comentavam entre si: "No meio de tanto leite, ninguém vai notar o meu copo d'água!" Por que sua comunidade, seu município e seu país estão como estão? Por causa do

NÃO SE QUEBRE!

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Havia, num depósito, um monte de vasos quebrados. Ninguém se interessava por eles e eles mesmos não se importavam por estarem quebrados; ao contrário, quanto mais quebrados ficavam, mais eram benquistos uns pelos outros. Um dia, por acaso, um recipiente intacto foi parar no meio daqueles vasos mas, por ser diferente deles, foi hostilizado de imediato.  Ele tentou conversar com os vasos menos danificados (aqueles que tinham apenas a boca rachada), mas eles não quiseram papo. Depois, procurou se aproximar dos vasos que tinham apenas uma rachadinha na barriga, mas também foi repelido. Arriscou um contato com os vasos que estavam trincados na base, todavia também não adiantou. Começou então a provocar alguns deles, chamando-os para a briga. Contava, com isso, conseguir ao menos uma pequena trinca para, assim, ser aceito por eles. Só que, como ninguém queria brigar, ele se derrubou, quebrando-se sozinho. Agora, com um pequeno pedaço a menos, o antigo vaso perfeito foi admitido n

VIDA AMARRADA

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Reza uma antiga lenda dos índios Sioux que, certa vez, Touro Bravo, o mais valente de todos os jovens guerreiros, e Nuvem Azul, a formosa filha do cacique, foram visitar o velho feiticeiro da tribo. - Nós nos amamos e iremos casar - disse o jovem - E, como é grande o nosso amor, viemos lhe pedir um feitiço que nos faça ficar juntos até à morte. O xamã respondeu: - Há algo que pode ser feito, mas é uma tarefa muito difícil... tu, Nuvem Azul, deves escalar o monte ao norte da aldeia e capturar um falcão com tuas próprias mãos. Tens até o terceiro dia após a lua cheia para trazê-lo a mim, vivo. E tu, Touro Bravo, subirás a montanha do trono. Lá encontrarás a maior de todas as águias desta região. Deverás apanhá-la e trazê-la, viva, no mesmo prazo. Os dois prometeram fazer o que o feiticeiro sugeriu e saíram, cada um, em busca da sua ave. Surpreendentemente, conseguiram capturá-las e trazê-las no tempo estipulado pelo xamã. O velho pediu que, com cuidado, tirassem as aves dos s

O QUE FOR POSSÍVEL

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Juninho chegou em casa atrasado para o jantar. Sua mãe quis saber o que havia acontecido.  - Ah, mãe, eu parei pra ajudar minha amiga Jane. Ela levou um tombo e sua bicicleta quebrou. - E desde quando você sabe consertar bicicletas?  - Eu não sei consertar! Eu só parei pra ajudá-la a chorar! Esse inocente argumento contém uma lição profunda.  São cada vez mais raras as pessoas que sentem de verdade a dor do próximo e se colocam em seu lugar. A antipatia e a crítica insensível tomaram o lugar da compaixão.  Claro que não podemos consertar a vida de outra pessoa, mas, como o Juninho, podemos dar a ela um pouco de tempo, atenção e solidariedade. Será, talvez, o mínimo pra nós, mas para a contemplada há de ser uma grande bênção! Texto de Giani - adaptação de Marcos Aguiar. 

RESUMO DA VIDA

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Um jovem rei, ávido por conhecimento, convocou os sábios e filósofos da corte. Ordenou que catalogassem, em livros, tudo aquilo que considerassem importante sobre a vida, não importando quanto tempo levassem para a tarefa; e assim fizeram. Após vinte anos de intenso trabalho e pesquisas, entregaram ao rei uma biblioteca com mil volumes. O rei, agora com cinquenta anos, ficou impressionado. - Quero que resumam tudo isso, pois é evidente que eu jamais conseguiria ler mil livros. Os eruditos então voltaram ao trabalho. Em dez anos, conseguiram reduzir em cem livros todo o conhecimento contido nos mil. O rei sessentão ponderou: - Cem livros ainda é demais. Não há como ler e estudar tudo isto na minha idade. Quero que façam uma nova triagem; anotem apenas o essencial. A empreitada custou mais cinco anos, ao final dos quais apresentaram ao rei um único volume. Mas o monarca estava de cama, prestes a morrer e, ainda assim, continuava tão sequioso por conhecimento quanto na sua juv

PEQUENO DEVER IMPORTANTE

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Um colégio geralmente encerrava o ano letivo com um espetáculo teatral. Isabela amava aquilo, mas ficava secretamente magoada por nunca ser convidada a participar da peça. Todavia, quando ela completou doze anos, foi finalmente contemplada com um papel naquela apresentação. Ficou felicíssima, mas esse estado de espírito durou pouco, pois foi informada que lhe fora reservada apenas uma pequena ponta. A coitada ficou imensamente desapontada e voltou para casa em prantos. Sua mãe quis saber o que se passava e ouviu toda a história, misturada a lágrimas e soluços. - Espere aqui. Vou buscar uma coisa - disse a mãe.  Veio em seguida com o antigo e bem conservado relógio de bolso do papai, colocando-o sobre a mesa e abrindo-lhe a parte traseira. - O que você vê, filha? - Ora mamãe, aí dentro parece haver centenas de rodinhas e parafusos. - Pois é. Este relógio seria absolutamente inútil se nele faltasse qualquer parte, mesmo a mais insignificante das rodinhas ou o menor dos parafu

SUA LUZ

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Uma serpente, temida pelos outros bichos por sua arrogância, se pôs a perseguir um vaga-lume. Muito veloz, ele sempre conseguia se desviar da predadora, mas esta não desistia. Contudo, alguns dias depois, o vaga-lume cansou de fugir e resolveu encarar de frente a sua perseguidora. Disse, irritado: - Afinal, por que está me perseguindo? O que quer de mim? Por acaso pertenço à tua cadeia alimentar? - Não estou acostumada a dar este precedente a ninguém; mas, como irei te devorar, vou responder à sua pergunta: não, eu não costumo comer vaga-lumes. - Então te fiz algum mal? - De forma alguma! - Então por que quer acabar comigo? - Porque não suporto ver você brilhar! Se tem boa índole, ama a verdade e preza pela justiça, você é luz. Mas nem por isso será benquisto por todos. Há muitas serpentes que te odeiam por causa da tua luz. Entretanto, continue brilhando e não deixe essa luz se apagar! Combata o mal com o bem! Texto de Wilma Santiago - adaptação de Marcos Aguiar. 

DEFICIÊNCIAS

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Alguns amigos certa vez se reuniram para se confessarem mutuamente sobre defeitos que iam além de suas deficiências físicas. O primeiro a desabafar foi o louco: - Não me contento com o que possuo! Vivo reclamando de barriga cheia! Já o cego admitiu: - Fecho os olhos aos que padecem com o frio, a fome e a miséria; só enxergo a bagatela dos meus problemas e dores. - Nunca me disponho a ouvir o desabafo de um amigo ou o apelo de um irmão! - resmungou o surdo - Também nunca dou ouvidos a quem me repreende quando estou errado. O mudo pediu papel e caneta. Escreveu: "Nunca ponho pra fora o que sinto e não compartilho os meus sentimentos com ninguém; sou muito introvertido pra isso." O paralítico sentiu de repente uma dor aguda e gritou: - Frequentemente me desvio daqueles que precisam de minha ajuda e nunca visito os necessitados e enfermos! Deu um frio na barriga do diabético quando ele falou: - Minha vida não tem nada de doce! É amarga! Por fim, todos baixaram os olho

EM BUSCA DO BOI

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Certa vez um andarilho chegou a um vilarejo montado num boi. Os aldeões, curiosos, perguntaram-lhe: - Aonde vai, amigo? - Estou em busca de um boi. As pessoas se entreolharam, intrigadas, e começaram a rir. Sem fazer caso, o homem seguiu seu caminho. Mas no dia seguinte ele retornou à aldeia, outra vez montado num boi. Ao ser novamente interpelado, respondeu: - Estou procurando um boi! E deixou o povoado ao som das risadas de todos. No terceiro dia, a mesma coisa: - Afinal de contas, forasteiro, o que está procurando? - Estou à procura de um boi! A "piada" já perdera a graça; as pessoas protestaram: - Escute aqui: qual é a sua, afinal? Você diz que procura um boi, quando está o tempo todo montado sobre um! Você é louco? - Vocês são mais insensatos que eu!  - Mas como assim? - Nestes dias percorri seu vilarejo e passei por suas casas. Por toda parte vejo vocês a praguejar e se lamentar da vida. Mas vocês aqui têm tudo o que precisam; têm trabalho, comida e uma comu

AS QUATRO ESPOSAS

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Certo rei tinha quatro mulheres.  Ele amava muito a mais jovem delas; vivia lhe dando lindos e caros presentes. Também era apaixonado pela terceira esposa; dona de uma beleza exuberante, seu marido fazia questão de exibi-la diante de toda corte. Contudo, ele receava que algum dia ela o deixasse por outro homem.  A segunda esposa era sua grande confidente; sempre se dispunha a ouvi-lo com amabilidade e paciência. Na intimidade ele deitava no colo dela e desabafava. A primeira esposa não era tão bonita quanto as outras, mas era uma parceira muito leal, estava sempre ao lado do marido e o amava profundamente, mas não era correspondida; na maior parte do tempo, ele até parecia ignorá-la. Um dia o rei caiu doente e entendeu que ia morrer. Então chamou as esposas, uma a uma, começando pela quarta. - Minha querida: te amei tanto a ponto de encher-te com toda sorte de joias e vestidos. Agora que estou morrendo, você é capaz de morrer ao meu lado para que eu não vá sozinho? - De jei

SUPERE!

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Havia um fazendeiro que não possuía muitos bens além de alguns bons cavalos. Um dia, o capataz veio avisar que um dos cavalos havia caído num velho poço abandonado. - Vai ser complicado tirar o bicho de lá - comentou ele. - Mas ele ainda está vivo? - Sim, senhor; está. O fazendeiro avaliou a situação. - Acho que não vale a pena investir no resgate, porque o poço é fundo e o animal é pesado. Então vamos soterrá-lo. O capataz chamou alguns empregados e mandou que jogassem terra dentro do poço até à boca, para que não oferecesse mais perigo a outros animais. No entanto, à medida em que a terra caía sobre seu dorso, o cavalo se sacudia, espalhava-a pelo chão e ia pisando sobre ela. Logo os homens perceberam que o cavalo não se deixava soterrar; ao contrário, quanto mais terra era derramada, mais ele conseguia subir, até que, finalmente, conseguiu sair de dentro do poço. Não se desespere quando te sobrevierem aflições e adversidades, nem pense que é o seu fim. Na verdade, é por

NO LUGAR DO OUTRO

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Durante a aula, um garoto de oito anos estava sentado em sua carteira. De repente, percebeu uma poça de xixi entre seus pés. Molhara as calças sem querer. "E agora?" - pensou, aterrorizado, coração batendo a mais de mil. Aquilo jamais lhe havia acontecido - não em público. Começou a se remexer, nervoso. "Quando os outros meninos descobrirem, não me deixarão mais em paz. E as meninas, então? Vai ser o fim do mundo! Mais cinco minutos e serei um menino morto!" Nisso, ele levantou os olhos, no momento em que a professora vinha em sua direção. "Fui descoberto!" - pensou, aflito. Logo atrás dele, uma colega chamada Susie estava com um copo d'água e levantou-se para falar com a professora, mas acabou esbarrando no amiguinho à sua frente, derramando a água sobre o colo dele e deixando-o ainda mais encharcado.  Logo virou o centro das atenções, mas não da forma que ele receava; tornou-se alvo de compaixão. A professora conseguiu um short seco para