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Mostrando postagens de maio, 2023

FAZER O BEM COM O QUE TEM

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Numa cidade muito pobre, havia um oleiro especializado na fabricação de cântaros e com esse trabalho obtinha o seu sustento e ainda sobrava um pouco para saciar a fome de algum pedinte que lhe batesse à porta. Todas as tardes, ao terminar a labuta, ele ia às montanhas para rezar e meditar e assim revigorava o espírito.  Certo dia, quando estava em sua olaria, viu passar a suntuosa caravana de um nobre, rodeado de muita pompa. Observou, impressionado, como o rico lançava moedas aos pobres do caminho. O oleiro então pensou: "Eu poderia ser tão rico quanto esse homem. Ter um palácio, inúmeros criados, desfrutar das coisas boas da vida, além de ser poderoso, temido e admirado. Também poderia, assim, ajudar melhor os necessitados. E ainda poderia, com meu exemplo, levar outros ricos a agirem como eu. Juntos, poderíamos eliminar a fome e a miséria do mundo." Assim pensando, o oleiro decidiu enriquecer e elaborou um plano meticuloso. Se trabalhasse com mais empenho, mais

O MAIS POBRE E MISERÁVEL

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Um monge deixou o monastério e saiu pelas ruas da cidade, exibindo um punhado de moedas de cobre na palma da mão. Logo surgiram mendigos de todos os cantos e o rodearam. Aí ele anunciou: - Darei estas moedas somente ao mais pobre e miserável deste lugar! Cada pedinte se apresentou diante dele, achando-se o contemplado. Mas o monge ia repelindo a todos, dizendo: - Não, não é você! - Nem é você também! - E nem você! E assim o monge continuou a caminhar. De repente uma fanfarra de trompetes estremeceu a cidade. Soldados se apressavam, abrindo caminho em meio à multidão, proclamando que o Maharaja estava deixando o palácio, montado no elefante real. Todos se posicionaram no meio-fio, ansiosos pela passagem do rei e em fazer-lhe reverência. No entanto, ao aparecer o soberano, o monge se pôs à frente do elefante e gritou: - Oh, grande Maharaja! Tenho algo para o senhor! E lançou em direção ao rei as moedas de cobre, que tilintaram ao lado das grossas patas da montaria real. O Ma

ENTRE O CÂNCER E O AMOR

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A moça da foto é Katie Kirkpatrick e tem 21 anos. Ao lado dela está o seu noivo Nick Godwin, 23 anos. A foto foi tirada pouco antes da cerimônia de matrimônio dos dois, realizada em 11 de janeiro de 2005, em Hazel Park, Michigan, EUA. Casaram a despeito de Katie estar com câncer em estado terminal e passar horas por dia em sessões e recebendo medicação. Apesar de sentir muita dor, com vários órgãos apresentando falência e de ter que recorrer à morfina, Katie levou adiante o casamento e fez questão de cuidar de todos os detalhes. Seu vestido teve que ser ajustado várias vezes devido à sua perda de peso diária. Um acessório inusitado na cerimônia e na festa foi o tubo de oxigênio usado por Katie - seu "acompanhante" por todo o período, além, claro, de Nick, a quem namorava desde a adolescência. Katie, sentada em uma cadeira de rodas e ladeada pelo tubo de oxigênio, escutou o esposo e os amigos cantando para ela. Em meio à celebração, ela parou para sentar e descansa

ACONTECEU NO MEU NORDESTE

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Foram cinquenta anos de angustiosa procura. Os irmãos Adolfo e Antônio perderam o contato quando deixaram o estado de Pernambuco na década de 1960 e se mudaram para o Sudeste, tomando rumos diferentes, em busca de melhores oportunidades. A comunicação à época era difícil e, embora tenham se procurado por anos a fio, nunca conseguiram se reencontrar. Adolfo, ao se aposentar, decidiu retornar ao Nordeste, estabelecendo-se em Maceió, Alagoas. Enfermo, foi internado num hospital de grande porte da capital. Num leito, ao lado de Adolfo, outro homem também jazia acamado. As enfermeiras estranharam ao notar que o sobrenome dos dois pacientes era idêntico e indagaram a Adolfo se ele conhecia alguém chamado Antônio. Esperançoso, ele pediu à sua filha que perguntasse ao companheiro de internamento o nome do pai dele. - Pedro da Silva - foi a resposta. Era o mesmo nome do pai de Adolfo.  Ele então pediu a alguém que fosse à sua casa buscar uma antiga foto da família, na qual estavam r

PRUDÊNCIA QUE SALVA

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Um leão magricela se recuperou de uma doença que o deixara sem apetite por dias. Porém percebeu que acabou ficando com uma halitose insuportável. "Será que alguém mais irá notar esse meu bafo horrível?", resmungou preocupado.  Resolveu abordar um asno que ia passando. - Ei, burro! Espere um pouco. O burro parou, mas morrendo de medo. - Sim, majestade, pois não. - Acha que estou fedendo? - indagou o leão, escancarando a bocarra.  O coitado do burro quase desmaiou. - Que bufa desgraçada, senhor! - Como se atreve a falar desse jeito com o seu rei? - rugiu furioso o leão, saltando em cima do burro e devorando-o em seguida. O rei da selva, ainda insatisfeito, chamou um urso que estava pescando num riacho próximo. - Ei, urso, vem cá, fazendo favor. Acha que minha boca cheira mal?  O urso chegou bem perto do bocão fedido do rei, disfarçando o incômodo. - Mau hálito, majestade? De jeito nenhum! Sua boca cheira a flores frescas! - Seu mentiroso! Está dizendo isso só pra me

UM LIMITE PARA A AMBIÇÃO

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Numa entrevista concedida pelo ator argentino Ricardo Alberto Darín (1957-), o repórter indagou se nunca lhe haviam feito um convite para atuar em Hollywood. - Sim; mas, à época do convite, eu estava filmando na Espanha há cerca de seis meses e desejava voltar para casa. Ao notar o evidente espanto do entrevistador, Darín continuou: - Bem, deixe-me dizer-lhe porque não aceitei o convite. Em primeiro lugar, não concordei ideologicamente com o papel oferecido. Segundo, eu estava com saudades do meu lar, da esposa e dos filhos e o que mais queria naquele momento era concluir a temporada na Espanha para retornar ao seio da família. Talvez achando a explicação um tanto simplista, o repórter perguntou se Darín sabia quanto dinheiro teria ganho com aquela oportunidade na América.  - E o que faria eu com tanto dinheiro? - Poderia viver melhor - acentuou o entrevistador. - Melhor do que já vivo? Veja bem: tenho uma família linda, sou reconhecido pelo meu trabalho no teatro, as pesso

RECEBENDO DE VOLTA

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Pai e filho estão subindo uma montanha. De repente o menino cai, se machuca e grita:  - Ai!  Para sua surpresa, escuta sua voz se repetindo em algum lugar:  - Ai!  Curioso, ele pergunta:   - Quem é você?  E recebe como resposta: - Quem é você? Berra, contrariado:  - Seu covarde!  E escuta de volta o mesmo insulto. O menino, aflito, olha para o pai. - O que é isso?  O pai sorri. - Meu filho, preste atenção. E brada: - Eu admiro você!  E a voz devolve:  - Eu admiro você!  Outro grito: - Você é um campeão!  E, de novo, ouve-se: - Você é um campeão! O menino fica atônito. O pai explica:  - As pessoas chamam isso de "eco", mas, na verdade, isso é a vida. Ela lhe dá de volta tudo o que você diz, tudo o que você deseja de bom ou de ruim, para si e para os outros. A vida lhe devolverá todo ódio, blasfêmia, inveja e desonestidade que você lançar contra o próximo. Nossa vida é simplesmente o reflexo das nossas ações. Espalhe amor, paz e honestidade ao seu redor e a vida, co

O CHOQUE DA VERDADE

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Terminal de ônibus. Manhã de frio e neblina forte. Muitos se acotovelam, aguardando a condução para o trabalho. Entre tantas pessoas, uma em especial chama a atenção de uma jovem que também aguarda seu transporte.  É um menino de, no máximo, dez anos. Pele morena, blusa de lã, cabelos cortados quase no zero. Olhos miúdos, negros e agitados. Com frequência, ele levava à boca um tubo de cola. Um pequeno viciado. Tão vulnerável, indefeso e precocemente envolvido no submundo obscuro do vício. "Poderia ser meu filho", pensou a jovem, "não fosse eu a mãe dedicada e que deixa o filho em casa, aos cuidados de outra pessoa, enquanto trabalho." Sentiu as lágrimas chegando. Onde estaria a mãe daquela criança? Saberia o que seu filho estava fazendo àquela hora da manhã? Cruzaram-se os olhares da moça e do pequeno; ele, visivelmente incomodado, desviou os olhos primeiro.  Cedendo ao impulso, ela se aproximou. Ele se retraiu. Ela estendeu a mão e lhe acariciou a face

NOTADO OU IGNORADO?

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"Não gosto que fiquem olhando pra mim", dizia um peixinho que morava no aquário de uma rica casa da capital. Seu viveiro consistia num grande globo de vidro enfeitado com algas e ficava num lugar de destaque na sala de visitas, de maneira que todos que iam àquela casa sempre paravam para admirar o peixinho tão dinâmico e feliz - do ponto de vista deles, porque o peixe vivia mesmo era agitado e com raiva de ser tão observado. "Detesto que me observem!", repetia ele de si para si. "Tenho certeza de que se essas pessoas estivessem no meu lugar, também se sentiriam incomodadas com tantos olhares!" O peixinho tentava se esconder por trás de algas ou pedras, mas sem muito êxito: a cauda ou a cabeça acabavam sempre ficando de fora. Sua dona, uma idosa muito simpática, cuidava dele com todo o desvelo. Ela era a única pessoa que ele tolerava. Mas um dia aquela senhora adoeceu gravemente e morreu. O velório foi realizado em sua casa e, como era uma pesso

AMOR NASCIDO NUM INFERNO

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"Numa manhã nublada de agosto de 1942, no gueto judeu de Piotrkow, Polônia, esperávamos ansiosamente. Tínhamos sido levados a uma praça e espalhara-se a notícia de que estávamos sendo removidos. Meu pai havia falecido recentemente de tifo. Meu maior medo era de que nossa família fosse separada. - O que quer que aconteça, não revele sua idade; diga que tem dezesseis anos - segredou para mim o meu irmão mais velho.  Eu era bem alto para um menino de 11 anos, então facilmente poderia passar por mais maduro e admitido como trabalhador. E foi o que aconteceu. Mandaram-me passar para o lado esquerdo, onde já estavam meus três irmãos e outros jovens saudáveis. Minha mãe foi encaminhada para a direita com outras mulheres, crianças, doentes e velhos. Murmurei para meu irmão: - Por quê? Ele não respondeu. Tentei passar para o lado da mãe, dizendo que queria ficar com ela.  - Não. Vá embora. Não aborreça. Vá com seus irmãos - disse ela com rispidez. Ela nunca havia falado tão asp

QUANDO É NAS NOSSAS COSTAS...

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Um rapazinho, noviço num mosteiro, era conhecido por suas peraltices. Gostava de observar o suplício de pequenos bichos nos quais amarrava um barbante com uma pedra na outra ponta. Os coitados forcejavam, arrastando a pedra. O moleque assistia a isso sorrindo. Só que ele também estava sendo observado. Ao fim de uma tarde, após se divertir amarrando pedras num peixe, num sapo e numa víbora, retornou ao mosteiro para dormir. De manhãzinha, ao acordar, teve desagradável surpresa: havia uma pedra amarrada às suas costas! Estava tão fortemente presa que ele não conseguia retirá-la.  Com muito esforço, levantou-se gemendo e foi ter com o mestre, que meditava no jardim. O ancião permaneceu em silêncio enquanto o garoto se aproximava, trôpego. - Mestre, há uma pedra nas minhas costas! Por favor, me ajude a tirá-la! - Ela o incomoda? - indagou o monge, sem abrir os olhos. - Sim, mestre, dói muito! - E quanto ao peixe, ao sapo e à cobra? Não acha que eles também estão sofrendo? - Sim

UM CEGO QUE ENXERGA LONGE

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"Perdi parte de minha visão aos quatro anos de idade, um pouco mais aos dezesseis e praticamente tudo uns três anos depois. Tive momentos difíceis na hora de estudar, de querer namorar, de querer dançar numa festa. Não é fácil se adaptar ao mundo quando já não se enxerga, mas é importante entender que poucas coisas realmente valiosas são fáceis. Percebi, logo cedo, que tinha só duas opções. Eu podia ficar trancado em casa, chorando e me achando uma vítima ou podia sair e viver a vida. No âmbito intelectual, foi fácil compreender isso; emocionalmente, demorei um pouco pra aceitar. Eu queria trabalhar, assumir responsabilidades, ser produtivo, amar e ser amado, casar, tornar-me independente. Claro que nada disso me seria garantido simplesmente por arriscar e ir à luta, mas também era certo que eu jamais teria aquilo que queria se optasse pelo isolamento. A decisão era fácil, embora ciente de que a luta seria difícil.  Acredito que algo sempre incomoda quando se está enfr

OCUPAÇÃO: A SOLUÇÃO

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Certo casal sofreu um terrível golpe com a morte de sua filhinha de cinco anos. Julgaram não poder suportar essa perda. Contudo, foram presenteados com outra garotinha, dez meses depois - que também acabou morrendo, prematuramente, aos cinco dias de vida. Marido e esposa ficaram desolados com a dupla tragédia.  "Não podia me conformar", disse o pai, em depoimento. "Não conseguia dormir, nem comer, nem descansar, nem ao menos ficar tranquilo. Fiquei com os nervos profundamente abalados e perdi completamente a confiança em mim mesmo. Procurei vários médicos. Um deles me recomendou pílulas para dormir. Outro me aconselhou que viajasse. Fiz ambas as coisas, mas nenhuma delas deu resultado. Só quem já se viu alguma vez paralisado pela dor é que tem ideia do que senti. Entretanto, ainda nos restara uma criança - nosso garoto de quatro anos. Foi ele quem solucionou o meu problema. Uma tarde eu estava sentado num canto, sentindo-me miserável, quando ele se aproximou.

FAZENDO O BEM, PAGANDO COM O BEM

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Um mancebo passeava pela mata quando se deparou com uma serpente se debatendo numa pequena fogueira. Com um pedaço de pau, conseguiu retirá-la do fogo. Só que a bicha acabou por mordê-lo, mas felizmente ela não era venenosa. Assustado com a mordida, o moço sacudiu a cobra, que caiu no fogo novamente; daí o rapaz, de novo, com um pedaço de pau mais longo, livrou-a das chamas. Dessa vez, o réptil enfiou-se dentro do mato e desapareceu. Um homem, à distância, presenciou toda a cena; aproximando-se, perguntou: - Como pôde salvar duas vezes a cobra que te mordeu? O jovem respondeu simplesmente: - É que a natureza da cobra é morder; mas isso não vai mudar a minha natureza, que é ajudar. Não mude a sua natureza só porque alguém te prejudicou. Nunca perca seu bom coração e sua essência. Seja sempre você.  Transcrito e adaptado por Marcos Aguiar. 

O ESTRANHO

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Um homem transitava por uma rua movimentada de São Paulo quando notou um sujeito mal-encarado vindo em sua direção. O homem se sentiu um pouco desorientado, sem saber o que fazer, pois não dava tempo de cortar caminho. Mas aí ele fez algo inesperado, até para si mesmo. Assim que o desconhecido se aproximou, estendeu-lhe a mão, como se o conhecesse:  - E aí, amigo, perdido por aqui? O estranho até se assustou, mas o outro começou a puxar assunto; daí ele também passou a conversar. Contou que era ex-presidiário e que acabara de receber o alvará de soltura. Confessou que estava aflito, perambulando pelas ruas e sem dinheiro para rever seus parentes que moravam numa cidade vizinha. Caminharam uns vinte minutos. Pararam perto do hotel em que o outro estava hospedado; este, abrindo a carteira, disse: - Esqueça o que passou. Sua nova vida começa agora. Tome estes cinquenta reais e vá se reencontrar com sua família. Com os olhos rasos d´água, o ex-detento falou: - Posso te dar um a

INCOERÊNCIA

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Certo professor, diariamente, recebia alunos que, com frequência, chegavam sempre com as mesmas lamúrias e reclamando dos mesmos problemas. Um dia, no início da aula, ele contou uma estória engraçada e todos caíram na gargalhada. Durante a aula, ele repentinamente a interrompeu e contou a piada uma segunda vez; apenas alguns alunos sorriram. Ao concluir a aula, o professor contou novamente a anedota: ninguém mais riu. - Ah, professor, sem essa! Não tem mais graça! - comentou um deles. O mestre sorriu e disse: - Vocês são indecifráveis: não conseguem rir seguidamente da mesma piada, mas vivem continuamente a lamentar-se. Qual o problema de vocês? Os discípulos baixaram a cabeça, envergonhados. Entenderam a lição e procuraram não mais se lamentar.  Viver o tempo todo em aflição não trará solução para teus problemas; apenas consumirá tuas energias e teu tempo será desperdiçado! Autoria desconhecida - adaptação de Marcos Aguiar. 

IMPRUDÊNCIA

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Uma raposa acabou caindo num poço seco e não conseguia sair de dentro dele, apesar de não ser muito profundo. Enquanto pensava num jeito de escapar, alguém se aproximou, espiando lá de cima: era um bode sedento. - Ué, raposa, o que é que você faz aí embaixo? - perguntou ele, achando engraçado.  A raposa não quis passar por imbecil e respondeu: - Ah, fiz questão de descer aqui pra beber desta água deliciosa! Venha experimentar, a água está mesmo ótima! O bode estava com tanta sede que nem refletiu; atirou-se dentro do poço. Assim que ele tocou o solo, a raposa, agilmente, escalou as costas dele e alcançou a boca do poço. - Ei! Pode me ajudar a sair também? - indagou o bode, ainda sem compreender a malícia da raposa. - Se você tivesse miolos na cabeça ao invés de chifres, não teria saltado para dentro do poço sem pensar em como sair! Não há nada errado em ser cortês e prestativo, mas preste atenção: nem todos merecem tua gentileza! Há aqueles com os quais você só irá se preju

A PROFISSÃO POR EXCELÊNCIA

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Uma mulher foi renovar sua carteira de motorista. Pediram-lhe para informar sua profissão. Ela hesitou, sem saber bem o que responder. - O que pergunto é se tem um trabalho - explicou a atendente. - Ora, claro que tenho um trabalho. Sou mãe.  - Não consideramos "mãe" como trabalho. Vou colocar "dona de casa", está bem? - Espere. Acho que tenho uma definição mais precisa sobre meu trabalho.  - Pois então diga. - Sou doutora em Desenvolvimento Infantil e em Relações Humanas. A funcionária fez uma cara como quem diz que não ouviu bem. - Posso perguntar o que faz exatamente, senhora? - Desenvolvo um programa a longo prazo (toda mãe faz isso), em laboratório e no campo experimental (dentro e fora de casa). Sou responsável por uma equipe (minha família), desenvolvo quatro projetos (minhas filhas) e trabalho em tempo integral. A funcionária ficou ao mesmo tempo muda e boquiaberta. Ao chegar em casa, exuberante com seu farto currículo, a "doutora" foi

AMOR DO ALÉM?

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Durante o terremoto que abalou a Turquia no início de 2023, destacou-se o trabalho abnegado das equipes de busca e salvamento. Homens e mulheres que trabalharam além da exaustão, até se esgotarem todas as possibilidades de se resgatar sobreviventes. Uma dessas equipes, passados cinco dias dos primeiros tremores, estava interrompendo as buscas num dos locais, onde antes havia um edifício. Não haviam detectado mais nenhum sinal de vida ali. Assim, liberaram as máquinas para a remoção do concreto e limpeza da área. Quando começavam a tarefa, uma mulher surgiu de repente, não se sabe de onde. Em altos brados, implorou para que o trator não avançasse. - Meus filhos estão vivos e soterrados aqui! - gritava. Socorristas foram acionados para remover os escombros manualmente e com cuidado, atendendo o apelo daquela mãe desesperada. E, de fato, depois de algum tempo, encontraram duas crianças - ainda vivas e muito assustadas. No intuito de acalmá-las, uma das socorristas disse-lhes:

MÃEDRASTA

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Quase sempre, quando se fala em madrasta, a conotação é aparentemente pejorativa, como se toda madrasta fosse má. Só que não é bem assim. Por vezes, madrastas se revelam verdadeiros anjos na Terra, enviados para preencherem de amor a existência dos órfãos. Um exemplo notável é o da nossa imperatriz Amélia de Leuchtenberg (1812-1873). Quando precisou acompanhar o esposo Dom Pedro I para Portugal, deixando aqui o infante príncipe Pedro, de apenas seis anos, escreveu-lhe uma carta de despedida na qual demonstra seu mais profundo afeto pelo enteado: "Meu filho do coração e meu imperador! Adeus, menino querido, deleite de minha alma, alegria de meus olhos, filho que meu coração adotou! Adeus para sempre! Quanto és formoso nesse teu repouso! Meus olhos chorosos não se puderam furtar de te contemplar. És o espetáculo mais tocante que a Terra pode oferecer! Quanta grandeza e quanta fraqueza a humanidade encerra por meio de ti, criança idolatrada: uma coroa, um trono e um berço

DE PORTEIRO A EMPRESÁRIO

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Muito tempo atrás, numa cidadezinha, um analfabeto trabalhava como porteiro num prostíbulo, a única ocupação que conseguira encontrar. Um dia, um moço visionário assumiu a gerência do estabelecimento e resolveu modernizá-lo. Chamou o porteiro e disse: - A partir de hoje o senhor está incumbido de redigir um relatório semanal, no qual conste o histórico dos clientes e de suas sugestões e reclamações sobre nossos serviços.  - Seria ótimo, chefe, mas o problema é que não sei ler nem escrever! - Que pena! Então, infelizmente, o senhor não pode continuar aqui. - Mas, senhor, não pode me despedir! Trabalhei nisto a vida inteira; não sei fazer outra coisa. - Compreendo, mas o que posso fazer é pagar-lhe uma boa indenização. Sinto muito; desejo-lhe boa sorte. "E agora?", pensou o porteiro. Daí lembrou que, sempre que se quebrava algum móvel no prostíbulo, era ele quem consertava; pensou então em usar o dinheiro da indenização pra comprar uma caixa de ferramentas, pregos,

A VEZ DO VOVÔ

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Durante uma grande guerra na Europa, uma família composta de dez pessoas foi forçada a sair de sua casa enquanto tropas inimigas invadiam a região onde viviam. Perceberam que a única chance seria atravessando as montanhas que circundavam a cidade. Se tivessem sucesso, alcançariam o país vizinho e estariam a salvo.  Só que havia um contratempo: o patriarca da família, avançado em idade, não estava muito bem. Todos então sabiam que a fuga seria difícil; o ancião, também consciente disso, falou: - Deixem-me aqui. Serei um empecilho para o plano de vocês, só vou atrapalhar. E depois, os soldados não irão se importar com um velho como eu. Os filhos, entretanto, protestaram: - De modo nenhum, pai! O senhor vai! E se o senhor não for, permaneceremos todos aqui. Vencido pelas argumentações, o idoso cedeu. Assim partiram em direção às montanhas, todos caminhando em silêncio. Trataram de seguir o mais rapidamente possível; portanto combinaram de se revezar em carregar a caçula do gru

DESABAFO DE UM ASTRO

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"Eu tinha dezesseis anos quando a conheci, numa festa. Fomos apresentados um ao outro por um cara que se dizia meu amigo. Foi, inesperadamente, amor à primeira vista. Ela simplesmente me enlouquecia. Nosso amor chegou a um ponto em que eu já não conseguia viver sem ela. No entanto era um amor proibido; meus pais não aceitavam. Por causa de nossa relação, fui censurado até na escola, por isso passamos a nos encontrar às escondidas.  Só que aí não deu mais; fiquei louco. Eu, por vezes, a queria, mas não a tinha. Não podia permitir que me afastassem dela. Por amor a ela bati o carro, quebrei tudo dentro de casa e quase matei a minha irmã. Fiquei loucamente desesperado por esse amor. Hoje tenho 39 anos; estou internado em um hospital, inútil e prestes a morrer, abandonado por meus pais, amigos e também por ela. Seu nome? Cocaína. Devo a ela meu amor, minha vida, minha destruição e minha morte." Embora seja provavelmente de autoria anônima, o texto é comumente atribuí

PONTO FRACO

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Certa feita, um cortesão sagaz foi ao palácio usando um magnífico turbante. O intento dele era chamar a atenção do rei e, quem sabe, vender-lhe o turbante. E foi o que conseguiu.  O rei perguntou: - Nobre, quanto você pagou por essa maravilha? - Mil moedas de ouro, majestade. Um dos conselheiros percebeu a esperteza do sujeito e cochichou ao rei: - Senhor: ninguém pagaria tanto por um turbante. Influenciado pelo comentário, o rei indagou: - Mas por que você pagou tão alto preço? Nunca ouvi falar que alguém tivesse dado essa quantia por um único turbante. - Paguei essa fortuna porque sabia que somente um poderoso rei apreciaria um turbante tão valioso! Encantado com a resposta, o rei decidiu comprar o turbante pelas mil moedas de ouro. Pouco tempo depois, fora do palácio, o cortesão e o conselheiro se cruzaram. - Como pôde convencer o rei a comprar aquele turbante por tão alto preço? - Simples, caro conselheiro: você pode avaliar o custo real de um turbante, mas sou eu quem

A CASA LOTADA

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Certo dia, Nasrudin conversava com seu vizinho quando este começou a se queixar: - Minha esposa, meus três filhos, minha sogra e eu moramos na mesma casa. Está sendo um desafio e tanto acomodar todos em nosso pequeno espaço. Nasrudin, você que é tão sábio, tem algum conselho para mim? - Você tem galinhas em seu quintal? - Sim, tenho dez galinhas. - Coloque-as dentro de casa. - Mas, vizinho! Minha casa já está lotada! - Experimente assim mesmo! O homem, desesperado, resolveu seguir o conselho de Nasrudin. No dia seguinte tornaram a se falar. - Vizinho, as coisas agora estão piores. Com as galinhas dentro de casa, estamos ainda mais apertados! - Então faça o seguinte: pegue o seu burro e coloque-o dentro de casa também. O homem fez mil e uma objeções, mas Nasrudin acabou por convencê-lo. No outro dia, o homem parecia mais angustiado que nunca. - Agora, sim, é que estamos realmente espremidos naquela casa! Quase não conseguimos nos mover lá dentro! - Você tem outros animais no