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Mostrando postagens de setembro, 2022

O "HOMEM-MACACO"

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Existe, nos Estados Unidos, uma fábrica de calçados projetada exclusivamente para deficientes físicos. Todo o maquinário foi desenvolvido pelo proprietário da empresa, Mr Henry Viscardi (1912-2004). Lá se vêem máquinas que podem ser acionadas apenas por um toco de braço, outras pelos pés ou alguma perna defeituosa. Há até uma que pode ser operada pela boca de um tetraplégico! Viscardi também era deficiente físico. Nascera com as pernas atrofiadas do joelho para baixo e tinha apenas um esboço de pés. Quando criança andava com as mãos, segurando dois tocos de madeira forrados com borracha. Esse modo de andar lhe valeu o apelido de "homem-macaco", dado por colegas da escola. No começo, quando o chamavam assim, ele saía pulando com seus tocos para ir chorar junto à professora. Um dia, esta resolveu lhe dar uma sacudida moral, dizendo: - Pode pôr um fim a tudo isso se quiser! Você é um garoto muito inteligente e pode ser o primeiro da classe. Quando isso acontecer, tod

O GRANDE PROBLEMA

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Um homem muito sábio tinha três filhos mancebos. Certa manhã, discutiram sobre o que seria o maior obstáculo no caminho da vida. O pai então os chamou.  - Quero que façam uma coisa pra mim. Levem estes presentes ao governador; cada um levará algo diferente.  Ao primeiro filho entregou um bem trabalhado vaso de argila, pintado com cores vivas. Ao segundo confiou uma corça de raça pura. Nas mãos do terceiro, um bolo primorosamente preparado para a ocasião. Então seguiram até à capital, que ficava distante umas três milhas. No entanto, no caminho, começaram outra vez a discutir, mas por razões fúteis.  - Irmão, você não está sendo muito rude com essa corça?  - Cuidado com esse bolo! Não vê que ele pode cair com o balanço da carroça? - Fica de olho nesse vaso! Ele custou uma fortuna! Com a altercação a viagem foi ficando mais lenta, pois cada um estava concentrado em querer corrigir os demais. Em dado momento, o que estava com a corça deixou de vigiá-la e foi ajeitar a posição

O "DESAPOSENTADO"

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Um senhor chegou à praça com uma marreta. Endireitou a estaca de uma muda de árvore e a firmou. Amarrou a muda na estaca e se afastou um pouco para apreciá-la, como a uma obra de arte. Um moço que ia passando perguntou, curioso: - O senhor é da prefeitura? - Não; sou da Alice, minha mulher, há quarenta e dois anos - respondeu sorrindo.  - Ah... foi o senhor quem plantou essa muda? - Foi a prefeitura. Depois que caiu uma árvore velha, plantaram essa muda sem nenhum cuidado, então eu a adubei e ajeitei a estaca. E olha só, já está toda enfolhada. Toda tarde venho regá-la. - Vejo que o senhor gosta muito de plantas. O idoso sorriu e começou a podar um arbusto com uma tesoura de jardineiro. Picotou os galhos podados, formando um tapete de folhas em redor do arbusto. - O senhor é aposentado? - Não; sou desaposentado. E explicou: - Quando me aposentei, já tinha visto muito colega aposentado murchar, desperdiçando tempo em casa diante da TV ou indo ao boteco pra beber e vadiar, ga

O MELHOR CORAÇÃO

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Na praça principal de uma grande cidade, um jovem proclamava ter o coração mais belo da redondeza. Logo uma multidão o cercou, uns impressionados, outros curiosos.  Todos admiraram o coração do moço. Não havia nele marca ou qualquer outro defeito. Concordaram que aquele era o coração mais belo que já tinham visto. De repente, um velho saiu do meio da multidão e gritou: - Por que o coração deste rapaz não é tão bonito quanto o meu? Todos voltaram-se para o velho e fitaram o coração dele: batia vigorosamente, mas estava repleto de cicatrizes e pedaços removidos. Em algumas lacunas, pedaços de outros corações não perfeitamente encaixados. O jovem olhou para o coração do velho e disse: - O senhor só pode estar brincando! Compare nossos corações: o meu está inteiro e o seu é um monte de feridas, buracos e remendos! - Sim! - respondeu o velho - Seu coração parece perfeito, mas eu jamais trocaria o meu pelo seu. Veja: cada cicatriz representa uma pessoa para quem dei o meu amor -

VISÃO

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Uma grande empresa de calçados enviou um promotor de vendas a uma cidade do interior, a fim de divulgar uma marca inédita de sapatos. Sendo um profissional de longa data e experiente, a expectativa era de que a empreitada seria um sucesso. Entretanto, logo após sua chegada à cidade, ele enviou um telegrama à empresa: "É melhor me chamarem de volta. Aqui ninguém usa sapatos." Com o fracasso da campanha, decidiram substituir o vendedor veterano por um novato pouco experiente com vendas, mas muito entusiasta.  A turma da diretoria ficou surpresa com a mensagem enviada pelo novo promotor: "Por favor, enviem todo o estoque disponível. Aqui ninguém usa sapatos!" Pessimistas, preguiçosos e covardes vêem dificuldade em toda oportunidade; pessoas otimistas percebem oportunidades em qualquer adversidade e fazem a coisa acontecer. Como é sua visão diante dos desafios da vida? Autoria desconhecida - adaptação de Marcos Aguiar. 

"PODERIA TER SIDO PIOR!"

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Naquela sexta-feira, Jorge caminhava a passo lento para o trabalho, olhos voltados para o chão, profundamente triste e desalentado. Chegou à empresa um pouco antes do habitual e, ainda com o semblante decaído, cumprimentou um colega. - O que aconteceu com você, rapaz? - indagou o outro - Tá na cara que você  não está legal. - Verdade, Carlos. Não estou nada bem. À minha volta só acontecem coisas ruins. Sinto-me impotente e penso que sou o homem mais infeliz da face da terra. - Mas afinal de contas, o que houve?  - Cara, meu irmão mais novo contraiu uma dívida enorme com o agiota e agora está foragido; meu cunhado se envolveu com bandidos e acabou preso... - Poderia ter sido pior - interrompeu Carlos. Jorge continuou : - Minha mulher recentemente teve um caso com outro homem e me deixou... - Podia ter sido pior... - Meu vizinho está espalhando calúnias a meu respeito... - Poderia ter sido pior, amigo... Jorge perdeu a paciência: - Carlos, estou te contando um monte de desgra

COMO MANTER O AMOR

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Mulher e filha caminhavam pela praia. Em certo ponto, pararam e sentaram um pouco. Aí a menina perguntou: - Mamãe, como se faz pra manter um amor? Em resposta a mãe pediu à filha que pegasse um pouco de areia e fechasse a mão com força. Quando a menina fez isso, reparou que quanto mais fechava a mão, mais areia escapava. - Mamãe, mas assim a areia acaba escoando! - Sim, estou vendo. Agora abra completamente a mão. Ao fazê-lo, veio uma ventania e levou a areia que restava em sua mão. - Mamãe, desse jeito também não consigo manter a areia em minha mão! A mãe sorriu. - Certo. Agora pegue outra vez um pouco de areia e deixe a mão semi aberta, como uma colher; fechada o suficiente para proteger a areia e aberta o bastante para deixá-la livre. A menina constatou, admirada, que desta vez a areia não escapava da mão.  - Está vendo, filha? É assim que se faz durar um amor. Quem ama demonstra ter completo e sincero interesse pela outra pessoa, sem que para isso precise sufocá-la. Que

PAVIO CURTO

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Um professor tinha entre seus alunos um garoto muito explosivo; à menor provocação reagia rapidamente com muita raiva. Mas era coisa de momento: logo em seguida se sentia envergonhado e se esforçava pra se entender com quem tinha magoado. Um dia, o professor o viu pedindo desculpas depois de mais uma explosão de ira; aí o chamou e, entregando-lhe uma folha virgem de papel, disse: - Amasse, por favor. O menino, prontamente, fez uma bolinha com o papel. - Muito bem - continuou o mestre - Agora desamasse e deixe a folha do jeitinho que era antes. - Professor, não tem como! - respondeu o aluno - Por mais que tente, o papel continuará cheio de pregas. - Exato, meu filho. O coração dos seus colegas é como esse papel. Cada vez que você se dirige a eles "com quatro pedras na mão", deixa uma impressão difícil de remover, assim como esses amassados. O guri entendeu a lição e passou a ser mais compreensivo e mais paciente. Sempre que sentia vontade de estourar, lembrava da f

AMBOS GANHANDO

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Dois amigos cultivavam um campo de trigo do qual eram sócios. Trabalharam arduamente por meses sem resultado aparente até, enfim, chegar a época da colheita.  Valeu a pena o esforço, porque era uma safra deveras abundante, o suficiente pra os dois repartirem o trigo igualmente, e assim o fizeram. De posse de sua parte, cada um seguiu seu rumo. À noite, já no leito, um deles pensou : "Sou casado, tenho filhos fortes e uma companheira leal. Com certeza eles me darão assistência em meus anos de velhice. Mas o meu sócio, coitado, vive sozinho e não tem parentes; nunca terá alguém pra cuidar dele. Com certeza irá precisar muito mais que eu do dinheiro da colheita". Ele então levantou-se no meio da noite, colocou sua metade dos sacos de trigo na carroça e saiu. Enquanto isso, seu amigo não conseguia pregar os olhos, pois também estava preocupado: "Pra que preciso de tanto dinheiro se não tenho ninguém pra sustentar? Já não tenho idade para ter filhos e também não p

PROBLEMA DE TODOS

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De seu esconderijo, o rato viu quando o fazendeiro chegou em casa e mostrou à mulher uma ratoeira. - Agora eu pego aquele peste! - disse com raiva. O rato ficou desesperado. Saiu correndo e gritando para os outros bichos:  - Há uma ratoeira na casa! A galinha foi a primeira a responder: - Olha, rato, entendo que isso seja um problema pra você, mas não pra mim; não me afeta em nada.  - Não há nada que eu possa fazer, rato, a não ser rezar - resmungou o porco. A vaca deu de ombros: - Eu aqui tranquila, pastando, e você vem me falar em ratoeira? O que tenho a ver com isso, rato? O coitado do rato voltou pra sua toca, cabisbaixo e abatido, só pensando no pior. Naquela noite ouviu-se o estalar da ratoeira. A mulher do fazendeiro correu pra ver o rato capturado mas, no escuro, ela não percebeu que a ratoeira pegara na verdade a cauda de uma cobra-coral e, antes que acendesse o lampião, a cobra a picou. Com o grito da esposa, o fazendeiro despertou e a levou ao hospital.  Voltou d

COMODISMO

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Um andarilho chegou à casa de um velho lavrador. Próximo à porta encontrava-se sentado um dos seus cães, mas dava pra ver que havia algo errado com ele. Parecia irritado o tempo todo, pois latia quase sem parar. Depois de observar por um bom tempo a inquietude do animal, o visitante comentou: - Acho que esse cachorro está com algum problema. - Ah, não se incomode. Ele está assim há anos! - Mas o senhor nunca o levou a um veterinário pra ver o que pode estar acontecendo? - Oh, não! Eu sei qual é o problema. Acontece que ele é muito acomodado. - E o que isso tem a ver com os constantes latidos? - É que, justamente onde ele está encostado, no pé da parede, encontra-se a ponta de um prego que o fere cada vez que ele senta; é por isso que ele vive rosnando.  - Mas então por que ele não vai para outro lugar? - Porque com certeza o prego o incomoda o suficiente para se queixar, mas não o bastante para se mexer! É patético afirmar isto, mas o fato é que há muitas pessoas que se com

MILHO BOM

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Todo ano, certo fazendeiro ganhava o primeiro prêmio em uma Feira de Agricultura graças à excelente qualidade de sua safra de milho. Naturalmente todos queriam descobrir como ele conseguia se manter invicto. Um dia, ele aceitou ser entrevistado por um jornalista, que ficou impressionado ao saber que o fazendeiro distribuía a semente de seu milho com seus vizinhos. - Mas como você se dispõe a compartilhar seus grãos de boa qualidade com seus concorrentes? - Você não sabe? - respondeu o fazendeiro - O pólen do milho maduro é conduzido pelo vento de campo em campo. Se meu vizinhos cultivam milho inferior, a polinização diminuirá paulatinamente a qualidade do meu milho. Se cultivo milho bom, devo ajudar meu vizinhos a cultivar milho bom. Meu milho não pode melhorar a menos que o milho do vizinho também melhore. Aqueles que desejam uma vida de paz devem fazer com que as pessoas ao seu redor também se sintam em paz. E como isso é possível? Promovendo a paz. A plenitude da vida só

A OUSADIA DA VERDADE

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Um dia, a Verdade decidiu visitar os homens completamente nua e sem adornos, mas não foi bem recebida: todos que a viam lhe viravam as costas, ou por vergonha ou por medo. Em qualquer lugar que fosse, a Verdade era criticada, rejeitada e malquista.  Uma tarde, muito desconsolada e triste, encontrou a Parábola que passeava alegremente, trajando um belo e elegante vestido. - Olá, Verdade! Mas que cara é essa? - Devo ser muito feia e antipática! - respondeu a Verdade, quase chorando - Por que todos me evitam? - Tolice! - retrucou a Parábola - Não é por isso que as pessoas te evitam. Tome; vista algumas de minhas roupas e veja como as coisas irão mudar! A Verdade aceitou a proposta e cobriu sua nudez com um lindo vestido da Parábola, que lhe caiu muito bem. A Parábola estava certa: a partir dali, aonde a Verdade chegava era bem-vinda e as pessoas já não olhavam torto para ela. E é assim até hoje: os seres humanos em geral não aceitam a verdade nua e crua; preferem-na "disf

ESTRATÉGIA

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Certa vez, numa movimentada avenida, havia um cego sentado no calçadão segurando um boné e, ao seu lado, uma pequena tábua na qual estava escrito com giz: "Por Favor, ajudem-me! Sou cego!" Um senhor que trabalhava com publicidade passou por ali, parou e observou que o cego "arrecadara" apenas umas poucas moedas em seu boné. Sem que o cego percebesse, pegou o cartaz, apagou o "anúncio" e escreveu outro. Recolocou a tábua ao lado do cego e se foi. Ao entardecer, o publicitário voltou pela mesma avenida, passando novamente pelo cego; verificou, com prazer, que o boné dele agora estava quase transbordando de cédulas e moedas.  De alguma maneira o cego reconheceu os passos daquele homem. - Foi o senhor quem pegou meu cartaz? Apagou o que estava escrito? - Sim, é verdade, mas não se preocupe. Apaguei e reescrevi seu anúncio. Nada que não esteja certo com ele, mas achei melhor colocar com outras palavras.  - Mas o que o senhor escreveu? - Escrevi: &qu

O REMÉDIO

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Numa região erma, vivia um velho monge que costumava dar sábios conselhos a todos que o procuravam. Uma tarde, bateu à sua porta um jovem frade. - Senhor, sou um frade noviço e estou em grande dificuldade. Por favor, ensina-me a fugir das tentações. - Tudo bem - respondeu o monge - Mas antes preciso que me auxilie em meus afazeres; depois te ajudarei. Assim o moço concordou em ficar e trabalhar com o monge. Logo ao nascer do sol, os dois seguiram para o campo a fim de arar a terra. O monge cantava durante o serviço e o frade o acompanhava. Ao meio-dia pararam para comer; logo em seguida retomaram o trabalho. Ao final do dia, quase anoitecendo, retornaram à casa. Após uma singela mas suficiente refeição, fizeram um pequeno passeio pelo pomar da casa, deliciando-se com a algazarra das aves que buscavam repouso seguro entre as folhagens. Entraram mais uma vez, fizeram uma prece e se estiraram para finalmente relaxar. Logo pegaram no sono. Quando o frade acordou pela manhã, per

COM SENTIMENTOS NÃO SE BRINCA!

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Dizem que os sentimentos, quando crianças, reuniram-se para brincar. - Não suporto mais ficar à toa! - reclamou o Tédio. Aí a Loucura propôs: - Que tal brincarmos de esconce-esconde? A Curiosidade, sem poder conter-se, perguntou: - Esconde-esconde? Como é isso?  - É assim: eu fecho os olhos e começo a contar de um a dez enquanto vocês se escondem; ao terminar a contagem, o primeiro que eu encontrar ocupará meu lugar para continuar a brincadeira - explicou a Loucura. Ouvindo isso, Entusiasmo, Euforia e Alegria deram tantos pulinhos de contentamento que acabaram convencendo a Dúvida e a Preguiça a participarem da brincadeira.  A Verdade, porém, preferiu não aderir. "Esconder-me pra que, se no final todos me encontram?", pensou. A Soberba, ressentida por não ter sido sua aquela ideia, deu de ombros e disse: - Isso é pra idiotas! O Medo e a Covardia acharam melhor não se arriscar. - Vamos lá, então! - gritou a Loucura - Um, dois, três... A Pressa foi a primeira a esco

ENCONTROU O QUE NÃO PROCURAVA

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Certo dia uma senhora bastante obesa entrou num brechó à procura de vestidos. De cara, a atendente sabia que não havia nenhum acessório na loja com a numeração da cliente e por isso ficou apreensiva ao vê-la procurando em vão. "E agora?", pensou a atendente. "Não quero que essa senhora se sinta excluída por não encontrar uma peça de roupa adequada e a faça lembrar seu sobrepeso. Que posso fazer por ela?" Daí ela teve uma ideia, coincidindo com o momento em que a senhora se aproximou: - É... não tem nada grande, não é? - comentou a cliente, desapontada. - Quem disse que não tem, senhora? Tem, sim! E, dizendo isso, a atendente a abraçou tão delicada e carinhosamente que até ela se surpreendeu e não apenas a senhora. Comovida com a espontaneidade daquele gesto sincero, a senhora desmanchou-se em lágrimas: - Meu Deus! Há quanto tempo que ninguém me dava um abraço! E ambas, abraçadas, choraram como duas criancinhas. - Não achei o que procurava, mas encontrei

OS GÊMEOS

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Dois irmãos num útero. Um pergunta pro outro: - Você acredita em vida após o parto? - Ora, claro. Tem que haver algo após o parto. Talvez aqui seja uma preparação para o que virá depois. - Bobagem! E como seria esse tipo de vida? - Ainda não dá pra saber, mas creio que haverá mais luz do que aqui. Imagino que poderemos andar com nossas próprias pernas e comer com nossas bocas. Talvez teremos outras sensações que não fazemos ideia agora. - Absurdo o que você está dizendo. O cordão umbilical nos transmite tudo o que precisamos, não necessitamos de mais nada. A vida após o parto está fora de cogitação! - Bem, é problema seu se não acredita que há algo mais além daqui, mas eu acredito. Provavelmente em breve este cordão umbilical não terá mais utilidade.  - Que tolice! E além disso, se há realmente vida após o parto, então por que ninguém jamais voltou de lá pra contar como é? - Isso eu não sei, mas certamente vamos encontrar a mamãe e ela irá nos contar tudo. - Mamãe? Você rea

GENTILEZAS

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Certo homem trabalhava como jardineiro na propriedade de um influente juiz de Direito. A relação entre ambos beirava à frieza; apenas ocasionalmente o patrão se dirigia àquele funcionário para dar-lhe detalhes sobre seu serviço. Numa dessas ocasiões, lhe orientou sobre uns retoques no canteiro de flores nos fundos da propriedade. Falou de forma direta, séria e mecânica.  Num determinado momento, mudando o rumo da conversa, o jardineiro comentou: - Se me permite dizer, o senhor tem belos e excelentes cães. Acredito que com eles o senhor já conseguiu vários prêmios em exposições! - Oh, sim - respondeu o juiz, sorrindo e um pouco surpreso com a observação - eles são meu grande orgulho. Venha, quero que veja meu canil. Passou boa parte da manhã mostrando-lhe os cães e os prêmios que recebera graças a eles. O juiz até parecia outro homem, não mais o carrancudo de sempre. - Você tem filhos pequenos, meu rapaz? - perguntou de repente o juiz. - Sim, senhor, tenho um menino com 10 a

A ETERNA BATALHA

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Muito tempo atrás, a Verdade, a Mentira, o Fogo e a Água estavam viajando juntas e encontraram muitas cabeças de gado. Logo quiseram apoderar-se do rebanho e, após discutir sobre isso, decidiram dividi-lo em partes iguais para cada um. Mas a Mentira era gananciosa e não estava contente com a parte que recebeu. - Ei, venha cá - sussurou com a Água, puxando-a para um canto - O Fogo está planejando queimar toda a floresta para conduzir o gado pela planície e ficar com o rebanho inteiro. Se eu fosse você, acabaria agora mesmo com o plano dele. A Água caiu na conversa da Mentira e lançou-se sobre o Fogo, apagando-o. Depois a Mentira chamou a Verdade, dizendo: - Veja só o que a Água fez! Acabou com o Fogo pra ficar com o gado dele. Ela não merece nossa companhia; vamos pegar todo o gado e partir para as montanhas! A Verdade acabou acreditando nas palavras da Mentira. - Está certo! Concordo! - respondeu. Assim a Verdade e a Mentira conduziram o rebanho para a região montanhosa.  -

O COIOTE E EU

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O Coiote persegue desesperadamente o Papa-Léguas. De repente, a ave para. O Coiote tenta parar também, mas não consegue; passa direto pelo Papa-Léguas, escorregando até à ponta de um penhasco. O chão cede e, por um instante, os olhos do Coiote ficam em formato de pires. E então o coitado se espatifa lá embaixo.  Parece que o Coiote e eu temos uma sina comum. Muitas vezes também me aventurei bem perto do perigo. Me vi num terreno incerto e levei um tombo. Também olhei para cima, do fundo do fosso, aturdido e perplexo. Mas o Coiote possui algo que eu não tenho. Ele é invencível. Nunca fica machucado. As quedas não o perturbam, nem o fazem desanimar de seu intento. Na cena seguinte ele está empilhando dinamite, pintando um fundo falso numa rocha ou armando qualquer outra arapuca pra pegar o Papa-Léguas.  Eu não me recupero com tanta facilidade. Caio como o Coiote mas, diferente dele, vago a esmo por um tempo. Ferido, desorientado e imaginando se existe alguma saída. Então, qua

FELICIDADE COLETIVA

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Um turista ocidental visitou uma tribo africana e se perguntou quais eram os valores daquela gente e o que elas consideravam importante para a comunidade.  Ele então chamou as crianças da tribo e sugeriu uma brincadeira, dizendo: - Corram até à árvore que está na entrada da aldeia; lá eu coloquei uma cesta cheia de frutas. Quem chegar primeiro fica com a cesta! As crianças esperaram o sinal para começar a corrida. No entanto, dado o sinal, elas saíram de mãos dadas em direção ao local marcado, chegando todas assim ao mesmo tempo; e, alegremente, dividiram as frutas que estavam na cesta. O turista, curioso, perguntou: - Cada um de vocês poderia muito bem ter corrido na frente dos outros e ganhado o prêmio sozinho. Por que deram as mãos? Uma menina respondeu: - Não é possível haver felicidade se um de nós estiver triste! Aquelas crianças sabiam o que muitos adultos teimam em não entender - que a humanidade nunca terá harmonia enquanto as pessoas forem egoístas. Autoria descon

CONTEÚDO

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Havia uma pilha de papeis em cima da mesa de um escritório. Uma das folhas de papel acordou de repente, assustada. Estava coberta de letras.  - Quem fez isso em mim? - indagou. Uma pena, molhada com tinta preta, acenou-lhe sorrindo. - Fui eu. - Não podia ter me poupado desta humilhação? - disse a folha, furiosa. - Espere! Veja bem, eu não estraguei você. Eu te cobri com palavras. Você agora não é igual às demais folhas; você é guardiã do pensamento humano e se transformou num escrito precioso. A folha ia responder mas alguém estava chegando ao escritório, então se conteve. Era o secretário.  Ele apanhou a pilha de papeis sobre a mesa para alimentar a lareira, pois fazia muito frio. Mas aí reparou na única folha escrita e viu que era um documento importante. Ele a guardou e jogou no fogo as demais. Você é uma pessoa vazia ou com conteúdo? O que tem para oferecer aos outros - inutilidades ou coisas que realmente edificam? Fábula de Leonardo da Vinci (1452-1519) - adaptação de

LIBERDADE REJEITADA

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Um pássaro vivera desde sempre em uma gaiola. Havia nascido dentro dela, assim como seus pais. O coitado nada conhecia sobre o mundo além daquelas grades; ainda assim, considerava-se feliz, pois tinha tudo o que precisava - água, comida, tranquilidade.  Certo dia, recebeu uma visita inesperada: uma borboleta. Ele já havia visto outras passando por perto, mas nenhuma tão próxima. Então ele a admirou, extasiado. Uma criatura tão bonita, voando, sem nenhuma gaiola, pairando aqui, pairando ali... de onde ela vinha?  Quando a borboleta se aproximou ainda mais, o pássaro não se conteve: - De onde você vem? - Ah! Venho de um mundo belo e imenso, onde tenho a mais completa liberdade! - Liberdade? - o ingênuo pássaro não fazia a menor ideia do que isso significava; na verdade nunca havia ouvido tal palavra. - O que é liberdade? - Liberdade é quando nada te prende. Você é livre, dono de sua vontade, de seus movimentos e tem o mundo inteiro à sua mercê! E a borboleta falou muitas outr

ZÉ, O RICO

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Os trabalhadores de certa fazenda viviam tristes e desolados numa existência miserável, trabalhando duro e recebendo pouco. O dono da roça era o sinhozinho João, homem poderoso e muito exigente. Um dia, chegou ali um novo empregado, cujo apelido era Zé Alegria. Era mais um coitado em busca de serviço. Recebeu, como todos, uma casa velha onde dormiria enquanto trabalhasse ali. Vendo aquele casebre sujo e destiorado, Zé Alegria resolveu dar-lhe um trato. Pegou parte de suas economias, foi até à cidade e comprou tinta. Depois de uma boa faxina, pintou as paredes, portas e janelas, além de encher uns vasos com flores. Deu nova vida à moradia e isso chamou a atenção de todos que passavam por ali. Zé fazia seu trabalho com entusiasmo e sempre cantarolando. Isso também atraiu a curiosidade dos colegas.  - Zé, como é que você consegue ser tão feliz nessa miséria de trabalho e ganhando tão pouco? - Bem, este trabalho hoje é tudo que eu tenho. Ao invés de maldizer e reclamar, prefiro

SALVO PELA ESPERTEZA

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Um cão velho acabou se perdendo na mata e ficou vagando pra todo lado sem encontrar saída. De repente, veio ao seu encontro um jovem e forte leopardo, obviamente à procura de comida. O cachorro pensou: "Que enrascada! Estou frito!" Olhou em volta e viu uns ossos espalhados; daí teve uma ideia. Em vez de se apavorar ainda mais, ajeitou-se junto ao osso mais próximo e começou a roê-lo, de costas para o leopardo. Quando este estava a ponto de dar o bote, o cachorro exclamou: - Que leopardo delicioso acabei de comer! Com certeza há outros por aí e ainda estou faminto! O leopardo, ouvindo isso, parou no mesmo instante, deu meia volta e disparou para dentro da mata, aterrorizado. No entanto um macaco, ao presenciar a cena, correu em direção ao leopardo, alcançando-o a tempo. O cachorro percebeu o movimento do macaco e pensou: "Aí tem coisa". - Ei, leopardo! - gritou o macaco - Pode parar! Aquele cachorro não faria mal nem a um rato, pois já está velho. Ele só

ALIENADOS

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Um grupo de cientistas colocou cinco macacos numa jaula, dentro da qual puseram uma escada e, sobre ela, um cacho de banana. Quando um macaco subiu a escada para pegar as bananas, os cientistas lançaram um jato de água fria nos que estavam no chão. Os cientistas continuaram a fazer isso várias vezes seguidas. Depois de certo tempo, quando um macaco tentava subir a escada, os outros enchiam-no de pancadas. Posteriormente, nenhum macaco se atrevia a subir, apesar das tentadoras bananas. Os cientistas então substituíram um dos cinco macacos. A primeira coisa que o novato fez foi subir a escada, mas aí os outros macacos o derrubaram imediatamente e bateram nele. Depois de algumas surras, o calouro não mais tentou subir. Um segundo macaco foi substituído e o mesmo aconteceu com o segundo novato. Da mesma forma, os outros três macacos foram substituídos e os três substitutos apanharam pela mesma razão. Agora havia, na jaula, cinco macacos que, mesmo nunca tendo tomado um banho fr

O VERDADEIRO VENCEDOR

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Havia, numa floresta, três leões e cada um era tão forte e imponente quanto os demais. Por isso os três eram igualmente considerados reis da selva. Contudo, muitos animais começaram a questionar isso. Reuniram o conselho da floresta e disseram uns aos outros: - Não é correto termos três reis; um é suficiente. Então devemos colocar à prova os três leões. Será nosso único e legítimo rei aquele que se sair melhor. O conselho chamou os reis e lançou-lhes o desafio; eles aceitaram. Nisto consistia a prova: deveriam escalar o mais alto penhasco do bosque. Seria vencedor aquele que conseguisse chegar lá em cima. O primeiro leão iniciou a escalada mas, após subir alguns metros apenas, resolveu voltar. Duas ou três vezes o segundo tentou alcançar o topo do penhasco, mas desistiu depois de machucar uma pata dianteira.  O terceiro também deu o máximo de si e não conseguiu.  - E agora? Ninguém venceu! - comentou o conselho.  - O terceiro leão deve ser considerado o vencedor! - gritou a

JULGAMENTO PRECIPITADO

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Um médico chegou apressado ao hospital após ter sido chamado para uma cirurgia urgente. Imediatamente se preparou para entrar no bloco cirúrgico. Ainda no corredor, foi abordado pelo pai do rapaz que seria operado. O homem, impaciente, gritou: - Por que demorou este tempo todo, doutor? Não sabe que a vida do meu filho corre perigo? O senhor não tem um pingo de responsabilidade e de empatia? O médico, calmamente, respondeu: - Desculpe, senhor; vim assim que recebi a chamada. Agora, por gentileza, peço que o senhor se acalme pra que eu possa fazer o meu trabalho. - Me acalmar? E se o seu filho estivesse nessa situação, o senhor também ficaria calmo? Se seu filho morresse, o que faria? - retrucou o pai ainda agitado. - Senhor, prometo-lhe que farei o que estiver ao meu alcance para salvar seu filho. Agora, por favor, preciso ir. - Falar assim é fácil, quando não é com a gente - murmurou o pai enquanto o médico saía.  Passadas algumas horas a cirurgia terminou e o médico, sorri

AS DUAS FACES

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Dizem que Leonardo da Vinci (1452-1519), enquanto pintava seu famoso quadro "A Última Ceia", deparou-se com uma dificuldade: precisava encontrar um modelo para o bem (Jesus) e outro para o mal (Judas Iscariotes). Interrompeu o trabalho e saiu à procura dos modelos ideais. Certo dia, enquanto assistia a um coral, distinguiu, entre os coristas, o rosto perfeito para o seu Cristo. Convicto disso, imediatamente reproduziu os traços do belo rapaz em estudos e esboços. Três anos depois a pintura estava quase pronta, mas Leonardo ainda não havia encontrado um modelo para o discípulo traidor. Então, um dia, deparou-se com um jovem prematuramente envelhecido pelos vícios, bêbado, esfarrapado e jogado à sarjeta. Contudo, apesar da decadente aparência, havia nele alguma coisa que revelava uma alma outrora nobre. - Finalmente encontrei o meu Judas! - disse Leonardo com satisfação.  Levou o maltrapilho ao ateliê e se pôs a copiar todas as linhas daquele rosto deplorável. Quand