PEQUENO DEVER IMPORTANTE




Um colégio geralmente encerrava o ano letivo com um espetáculo teatral. Isabela amava aquilo, mas ficava secretamente magoada por nunca ser convidada a participar da peça.
Todavia, quando ela completou doze anos, foi finalmente contemplada com um papel naquela apresentação.
Ficou felicíssima, mas esse estado de espírito durou pouco, pois foi informada que lhe fora reservada apenas uma pequena ponta.
A coitada ficou imensamente desapontada e voltou para casa em prantos. Sua mãe quis saber o que se passava e ouviu toda a história, misturada a lágrimas e soluços.
- Espere aqui. Vou buscar uma coisa - disse a mãe. 
Veio em seguida com o antigo e bem conservado relógio de bolso do papai, colocando-o sobre a mesa e abrindo-lhe a parte traseira.
- O que você vê, filha?
- Ora mamãe, aí dentro parece haver centenas de rodinhas e parafusos.
- Pois é. Este relógio seria absolutamente inútil se nele faltasse qualquer parte, mesmo a mais insignificante das rodinhas ou o menor dos parafusos.
Mãe e filha trocaram um olhar meigo e significativo. Daí, sem que a mãe precisasse dizer mais nada, Isabela compreendeu tudo e já não ficou triste.
Seja você o mais ínfimo parafuso ou a mais despercebida rodinha, isso não importa, desde que seu trabalho contribua para o bem de todos. 
É a paz de espírito diante do dever cumprido o que realmente tem grande valor.

Texto de Renato Antunes Oliveira - adaptação de Marcos Aguiar. 

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