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Mostrando postagens de abril, 2021

MUNDO PEQUENO

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  Uma rã morava no fundo de um poço abandonado. Ali era seu único lugar no mundo; só conseguia movimentar-se naquele limitado espaço e nunca saía de lá. Além daquilo, tudo o que a rã via era apenas um pequeno pedaço do céu. Não conhecia absolutamente nada lá fora. Certo dia, uma tartaruga marinha apareceu à beira do poço e a rã, lá do fundo, gritou-lhe: - Veja, amiga tartaruga, quão lindo e confortável é o meu mundo! Aqui, salto livremente e descanso num buraco da parede sempre que quero. Se desejo nadar, aqui tem água à vontade. Passear aqui neste local pantanoso é uma verdadeira delícia! Garanto que você jamais teve uma vida tão feliz como esta! Venha ver o meu paraíso! Curiosa, a tartaruga chegou um pouco mais perto. Porém, mal viu o "paraíso" da rã, recuou: - Quer saber, rã? O meu mundo, o mar, é tão imenso com milhares de quilômetros de extensão e milhares de braças de profundidade, que simplesmente não consigo descrevê-lo! Quanto mais o percorro, mais há para se explora

TUDO NÃO

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  Um pescador e sua mulher viviam numa velha cabana à beira-mar. Todos os dias ele saía a pescar e era feliz nessa vida simples. Numa manhã em que o mar estava relativamente calmo, lançou a rede e teve muita dificuldade em puxá-la. Achou que tivesse pegado um montão de peixes e puxou com toda a força. Mas o que conseguira pescar foi apenas um único peixe de escamas douradas. Qual não foi o espanto do homem quando, ao retirar da rede o peixe, este lhe falou com voz humana: — Por favor, senhor, me deixe voltar para  a água e dar-te-ei o que quiseres. O pescador resolveu soltar o peixe falante, e voltou para casa em seguida. Quando contou à mulher o sucedido, ela ficou muito zangada: — Ao menos você poderia ter-lhe pedido pão! Você sabe que estamos há dias sem comida. Volte lá e peça isso ao peixe. O pescador voltou ao lugar onde tinha largado o peixe.  — Peixinho dourado, vem cá! - gritou. Para surpresa dele, o mesmo peixe falante apareceu. — O que desejas? - disse. — Minha mulher acha q

SENDO VOCÊ MESMO

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  Em um pomar repleto de árvores frutíferas e as mais variadas flores, parecia que era tudo felicidade - com exceção de uma árvore que vivia profundamente triste. Ela tinha um dilema: não sabia quem era, nem sua função no mundo. A macieira, sua vizinha, sugeriu:  - É muito fácil produzir saborosas maçãs. Por que não tenta? - Não lhe dê ouvidos - interrompeu a roseira - Escute. É bem melhor se enfeitar com muitas rosas. Não vê como as minhas são bonitas? A pobre árvore, desnorteada, tentava seguir todos os conselhos, mas não conseguia ser como as demais. Foi, então, ficando cada vez mais frustada. Um dia o pomar recebeu a visita da coruja, o mais sábio dos pássaros. Ao ver o desespero da árvore, disse: - Não se preocupe, teu problema é bastante comum entre as criaturas da Terra. Vou lhe mostrar algo que ainda não tentou: não se esforce em ser como os outros querem que você seja; busque ser você mesmo, ouvindo e obedecendo à tua voz interior. Ela irá te dizer qual é tua vocação nesta vid

DETALHE QUE FAZ FALTA

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  Um negociante, após fazer excelentes negócios na feira e encher as algibeiras de ouro e prata, decidiu voltar para casa antes do anoitecer. Pôs a carga sobre o cavalo e seguiu caminho. Ao meio-dia, parou numa estalagem para almoçar. Quando já ia embora, o moço das cavalariças lhe trouxe o cavalo, dizendo: - Senhor, está faltando um prego na ferradura da pata esquerda traseira. Quer que mande colocar? - Deixa faltar! - respondeu o negociante - A ferradura aguentará bem o restante do trajeto. Estou com muita pressa e preciso ir agora. E continuou a viagem. Ao cair da tarde, precisou parar numa taverna e pediu água. Deixara o cavalo num estábulo próximo; o rapaz que tomava conta do cavalo o trouxe, e fez a mesma observação sobre a ferradura. - Não tem problema ! - respondeu o homem já irritado - Estou com pressa; tenho ainda algumas horas de viagem; o cavalo certamente aguentará. De volta à estrada, passado pouco tempo, o cavalo começou a mancar. Mais adiante deu um passo em falso e des

DEIXE-SE MUDAR

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  Um artesão precisou de mais material para continuar seu trabalho. Dirigiu-se aos barreiros, com os instrumentos de seu ofício. Quando começou a sulcar a barreira com a picareta, o barro resmungou: - Mas o que é isso? Vivo aqui sossegado e você vem me perturbar com seu trabalho? - Vim te buscar - retrucou o homem. - Sua vida neste barreiro acabou. Você terá um destino melhor que aqui. - Você me garante isso? - Claro que sim; deixe comigo! O barro, assim, concordou em ser levado. O artesão levou o barro à sua oficina, tirou-lhe os fiapos de mato e todas as pedrinhas. Em seguida misturou-o com água, deixando-o maleável, e o colocou sobre a roda. Ao fim de meia hora, um lindo vaso estava formado; mas precisava passar pelo fogo e ali ter a sua consistência testada. O barro gemeu baixinho dentro do forno, mas foi forte; resistiu ao quase insuportável calor.  Após sair do forno, agora esfriado, recebeu uma mão de tintas de lindas cores. Depois que a pintura secou, recebeu um revestimento de

IGUAIS

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  Dois gatos, que moravam na mesma casa, recebiam estima e tratamento diferentes. Enquanto um era mimado pela dona e dormia em almofadas, o outro era rabugento e deitava em qualquer canto. Aquele comia tudo do bom; este, se contentava com restos colhidos no lixo. Um dia, os dois felinos se toparam no telhado. O gato bonitão de imediato se arrepiou: – Sai pra lá, vagabundo! Não está vendo que sou melhor que você? Sou um gato de luxo; já você, é um pobre coitado. Então mantenha distância! – Que é isso, cara? Esqueceu que somos da mesma ninhada e moramos na mesma casa? – Sim, mas sou superior a você! – Superior? Mas você não mia como eu? – Mio. – Você também não tem rabo? – Tenho, claro. – Você não caça e come ratos, assim como eu? – Sim. - Quando morrermos, iremos para o mesmo lugar ou não? - Sim... iremos. – Então deixe de frescura: no final das contas, você é um simples gato igual a mim. A única diferença entre nós é que você tem um pouco mais de sorte. Texto de Monteiro Loba

VALORIZE!

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  Conta-se que um ilustre poeta foi abordado na rua por um comerciante: - Sr. Bilac, estou querendo vender o meu sítio. O sr poderia redigir um anúncio para o jornal? Olavo Bilac escreveu: "Vende-se encantadora propriedade, onde cantam os pássaros ao amanhecer no extenso arvoredo, cortada por cristalinas e vertentes águas de um ribeirão. A casa é banhada pelo sol nascente e oferece a sombra tranquila das tardes na varanda." Passou-se um tempo. Certo dia, aquele homem topou na rua com o Olavo. Este perguntou: - E aí, amigo, você vendeu o sítio? - Ah, senhor, eu nem penso mais nisso! Quando li o anúncio, só aí me dei conta da maravilha que estava prestes a perder! Quantas vezes não percebemos o valor daquilo que temos! Autoria desconhecida - adaptação de Marcos Aguiar.

NÃO JULGUE TÃO DEPRESSA!

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  Quase ninguém notou um casal humildemente trajado que desceu de um trem em Boston e que se dirigiu ao escritório do Reitor da Universidade de Harvard. Lá, o homem e sua esposa foram encaminhados à secretária. Esta deduziu, de relance, que aqueles camponeses vindos do interior não tinham nada importante a fazer em Harvard. - Por favor, senhorita, gostaríamos de ver o Reitor - disse o homem educadamente. - Ele está ocupado - respondeu a secretária com alguma aspereza. - Bem, então vamos esperá-lo - replicou a mulher. As horas foram passando. A secretária, esperando que o casal finalmente perdesse a paciência e fosse embora, não lhes dava atenção. Mas ela começou a ficar frustrada ao ver que eles pareciam querer ficar ali até que fossem atendidos. Então ela decidiu ir até à sala do Reitor e chamá-lo - coisa que ela raramente fazia. Após contar-lhe o sucedido, completou: - Talvez se o senhor conversar com eles por ao menos alguns minutos, eles acabem indo embora de vez. O Reitor fez uma