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Mostrando postagens de março, 2024

A CARTA DA BONECA

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Certo dia, o renomado escritor Franz Kafka (1883-1924), que nunca se casou e não tinha filhos, passeava num parque de Berlim quando se deparou com uma menina que chorava por ter perdido sua boneca favorita. Kafka saiu com ela à procura do brinquedo, sem sucesso. - Faça o seguinte, querida - disse-lhe Kafka-, volte aqui amanhã e continuaremos procurando sua boneca, está bem? No dia seguinte, mais uma vez, não conseguiram encontrar a boneca. Mas Kafka deu à garota uma carta. - Olhe, foi a boneca quem enviou esta carta. Vou lê-la pra você: "Por favor, não chore. Fiz uma viagem para conhecer o mundo. Vou te contar sobre minhas aventuras." Essa foi a primeira de muitas cartas "escritas" pela boneca, que Kafka entregava periodicamente à menina. Durante os encontros, Kafka lia as cartas da boneca, cuidadosamente escritas com aventuras e conversas que a garota passou a adorar. Depois de um tempo, Kafka trouxe-lhe "a boneca" (outra, claro) a qual, disse

O QUE DEVE SER FEITO

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Muito tempo atrás, num mosteiro do norte da China, vivia um ancião que era requisitado por muita gente sedenta por seus conselhos e ensinamentos. Tinha a reputação de homem mais sábio de toda a região e isso o deixava muito orgulhoso. Um dia ele recebeu a visita de alguns viajantes do sul, os quais afirmaram que conheciam um sábio muito mais renomado que o anfitrião e cuja doutrina era mais sublime. Desconcertado com o relato dos peregrinos, o ancião sentiu enorme curiosidade em conhecer esse outro sábio supostamente mais famoso que ele. Por semanas, não conseguiu pensar em outra coisa, até decidir viajar até o sul e conferir por si mesmo. Seus conterrâneos tentaram dissuadi-lo a desistir da viagem, dada a sua idade avançada. Mas ele foi irredutível. Designaram então um discípulo para acompanhá-lo e assim se foram. Após muitos dias de caminhada, encontraram enfim o tal "sábio do sul". O ancião se apresentou e explicou o motivo de sua visita, dizendo que gostaria d

ONDE ESTÁ A SUA PAZ?

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Dois homens moravam há anos numa movimentada avenida. Um deles, Pedro, vivia constantemente à beira de um ataque de nervos, já que não suportava o barulho ininterrupto dos veículos. Ele sempre pensava em como seria legal se a prefeitura restringisse o tráfego, ao menos durante a noite. Já o outro vizinho, Bernardo, não estava nem aí para a barulheira. Um dia Pedro perguntou, intrigado: - Vizinho, como você aguenta tão bem morar aqui? - Ah, eu adoro morar aqui. Acho linda a vista da minha sacada, o maravilhoso nascer do sol bem na minha janela. Amo observar o movimento dos pedestres e motoristas. - Mas, e o barulho? Você não se incomoda? - Olha, fico tão concentrado nos meus afazeres que nem percebo isso, acredita? Pedro não podia acreditar. Achou, por um instante, que o vizinho tinha problemas auditivos, mas não; ele confirmou que escutava muito bem. - E à noite? - indagou Pedro ainda atônito - Como faz pra dormir? - Ah, meu amigo, quando me deito à noite, sinto-me tão feli

A FORÇA MAIS PODEROSA

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Ciro, grande soberano dos persas, conquistou o reino da Líbia e aprisionou o rei desse país, juntamente com sua família. Levados à presença de seu conquistador, todos se ajoelharam. A corte de Ciro se reuniu em volta, pois todos sabiam que era a hora da sentença real. Ciro então disse ao príncipe líbio: - O que você me daria para eu te conceder a liberdade? - Metade do meu reino, senhor! - E pela liberdade dos teus filhos? O que me daria? - Te daria todo o meu reino! - Então o que você me daria para libertar tua esposa? - Majestade: eu daria a mim mesmo pela liberdade da minha esposa! Ciro ficou tão encantado com a resposta que libertou toda a família sem exigir resgate e ainda permitiu que retornassem a seu país natal. No caminho, o rei líbio enlaçou sua mulher e, beijando-a suavemente, perguntou: - Minha querida, você notou como era garboso e sereno o grande Ciro? - Não; não prestei atenção nisso. Durante todo o tempo, meus olhos estavam fixos naquele que estava disposto

O QUE REALMENTE BASTA

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Dia de feira. Um mendigo perambulava pelas ruas de uma cidade pequena pedindo algo para comer. Todos andavam apressados e nem reparavam no pedinte. Era como se ele fosse invisível. De repente, esbarrou com um homem que o olhou com desprezo e falou: - Seu desastrado, saia da frente! Aqui ninguém te conhece! O mendigo, calmamente, respondeu: - Isso, na verdade, não me importa; eu conheço a mim mesmo e isso me basta. O contrário é que seria para mim intolerável - se todos me conhecessem e eu me ignorasse completamente! Você se conhece bem? A maior tragédia é quando uma pessoa engana-se a si mesma! Conto árabe - adaptação de Marcos Aguiar. 

SENTIMENTOS ALHEIOS

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Certa feita, uma mulher levou o filho ao Walt Disney World Resort. Fã da animação "Toy Story", o garoto ganhou o Slinky, o cachorro-mola. A criança, eufórica, não o largou mais, nem enquanto dormia. Ao término das férias, mãe e filho deixaram o hotel e se encaminharam para o aeroporto. Já no carro, foi dada a falta do Slinky. Onde estaria? Provavelmente esquecido no interior de alguma loja, enquanto o menino se entretia com outros brinquedos. A mãe fez alguns telefonemas e, na tentativa de consolar o filho, disse: - Acho que o Slinky irá encontrar o caminho de casa, assim como seus amigos Buzz e Woody. Não se preocupe, filho. Assim que chegaram em casa, a mulher recebeu uma ligação da loja. O cachorro-mola fora encontrado. - Qual o custo para enviá-lo via postal? - indagou a mulher. - Não custará nada, senhora. O Mickey está tomando todas as providências. Uns dias depois, quando a encomenda chegou, nova surpresa. Um bilhete esclarecia o sumiço de Slinky: "Par

COMIDA SEM SAL

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Uma vez, um rei perguntou às suas três filhas: - Qual de vocês é minha melhor amiga? A primogênita respondeu: - Quero mais a meu pai do que à luz do sol! A filha do meio declarou: - Gosto mais de meu pai do que de mim mesma! Já a caçula disse: - Meu pai, quero-lhe tanto como a comida quer o sal! Com isto o rei supôs que a filha mais nova não o amava tanto quanto as outras; assim, decidiu bani-la do palácio. Ela, depois de muitos dias vagando tristemente, chegou a um reino vizinho, onde conseguiu trabalho como cozinheira do palácio. Um dia, foi servido à Sua Alteza um pastel primorosamente preparado e o príncipe, ao parti-lo, encontrou dentro dele um anel pequeno e de grande valor.  Indagou então de quem seria aquele anel. Logo todas as damas e cortesãs da corte quiseram testar a joia, que foi passada de mão em mão, chegando à cozinheira, em cujo dedo o anel encaixou com perfeição.  Ao ver isso, o príncipe logo se apaixonou pela moça, desconfiando que ela fosse, na realidade

SEGUNDA CHANCE

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Na França do século dezoito, viveu um homem chamado Jean Valjean. Passou boa parte da juventude na prisão e lá embruteceu o espírito, acostumando-se a ser tratado como uma fera indomável.  Anos depois, após cumprir sua pena, foi posto em liberdade e recebeu um documento no qual se mencionava que ele era um ex-detento perigoso. Na realidade, seu único crime fora ter quebrado uma janela e roubado um pão para alimentar os filhos de sua falecida irmã, que estavam sob seus cuidados. Embora livre, seu futuro era incerto. Vagava entre um vilarejo e outro até que, numa noite, atreveu-se a bater à porta de uma casa onde morava um homem muito piedoso. Um senhor de expressão bondosa e serena o atendeu e, sem fazer perguntas, o convidou a entrar e comer.  Valjean estava surpreso com tão amistosa recepção e hospitalidade.  Seu anfitrião era ninguém menos que o bispo monsenhor local. Era assim que ele tratava qualquer criatura que viesse procurá-lo, não importando a hora ou circunstância

SEM COMPETIÇÃO

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Mary, professora recém-formada, aceitou a incumbência de lecionar em uma reserva de índios navajos. Todos os dias ela pedia a cinco dos jovens alunos que fossem até o quadro e resolvessem um problema matemático. Eles, no entanto, permaneciam em silêncio e não cumpriam a tarefa.  Mary ficava sem entender. Nada do que havia estudado em seu currículo pedagógico a ajudava a lidar com a situação. "O que estou fazendo de errado?", pensava ela. "Será possível que todos os alunos que escolho não sabem resolver o problema?" Finalmente, ela perguntou a eles o que havia de errado. A resposta deles a surpreendeu. Eles explicaram que queriam se respeitar uns aos outros. Como sabiam que uns eram mais capazes e outros tinham dificuldade em resolver os problemas, não queriam expor isso. Apesar de muito jovens, entendiam como era inútil e desrespeitosa a competição do tipo "perde-ganha" na sala de aula. Concluíram que ninguém sairia ganhando se algum deles se e

SEJA MANACÁ!

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O manacá é uma planta espalhada por todo o Brasil, especialmente na Mata Atlântica. Ela se adapta bem ao solo pobre, contribuindo para o povoamento de áreas devastadas. Além disso, tem considerável valor ornamental. A coloração de suas flores é inicialmente branca, alterando depois para o lilás e o roxo-violáceo. Sua fase floril proporciona um verdadeiro espetáculo natural. É um projeto miúdo de árvore que chama a atenção. Em sua pequenez, com um caule diminuto, apresenta-se carregado de flores.  Se o manacá pudesse falar, provavelmente diria: "Fui plantado para florir, para embelezar este local. Vejam como floresço bem! Não importa que eu seja tão pequeno; eu fiz a minha parte, cumpri minha missão!" Com foco e esforço, podemos ser como o manacá: realizar nossa missão, sem nos considerarmos inúteis. Importante é que cumpramos nosso propósito, que é progredir. Podemos não ser os melhores, mas podemos dar o nosso melhor! Autoria anônima - adaptação de Marcos Aguiar.

APARENTE LADRA

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Em certa aldeia, vivia um médico muito sábio. Rico, atendia a todos sem nada cobrar. Muitos vinham de longe apenas para serem atendidos por ele. Esse médico tinha uma gata, a qual todas as noites se sentava com ele na varanda, fazendo-lhe companhia até à hora de dormir. A gata era muito comportada; sempre que estava com fome, ia à cozinha e ficava miando na porta, até o cozinheiro aparecer com um pote de comida ou uma tigela de leite. Mas um dia a gata não miou: entrou na cozinha e subiu na pia, onde apanhou um belo pedaço de carne que seria preparado para o almoço. O cozinheiro havia ido à despensa e, ao retornar, viu a gata com a carne na boca. Irritado, ele a enxotou da cozinha com a vassoura. Naquela noite a gata não apareceu na varanda e seu dono ficou preocupado. No dia seguinte ele começou a procurá-la e pediu a seus funcionários para ajudá-lo. Ao perceber o que estava acontecendo, o cozinheiro contou ao médico o que havia acontecido na véspera. Nisso chegou um dos

NEM SEMPRE É O QUE PARECE

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Eram oito executivos numa grande empresa. Um deles era bem diferente dos demais - um sujeito quieto e calado. Quando todos iam lanchar, ele se retirava para um canto isolado e comia só.  Todos o consideravam um cara estranho. Os outros se encontravam após o expediente, saíam juntos, mas Ernani (esse era seu nome) sempre ficava de fora. Às vezes, um ou outro fazia chacota e piadas sobre ele. Num certo final de semana, um deles, Mauro, anunciou que iria pescar e prometeu aos colegas que traria um salmão para cada um. Aproveitando a ausência de Ernani, Mauro confidenciou que iria pregar uma peça: o "caladão" iria ganhar as vísceras e os rabos dos peixes.  De fato, na segunda-feira, Mauro trouxe o prometido: salmão. Todos os colegas, incluindo Ernani, receberam um embrulho muito bem  feito. Cada um foi abrindo o seu e verificando o salmão fresquinho e tratado. Ernani ainda não tinha desembrulhado seu pacote. Os outros insistiram pra que ele desembrulhasse. Com voz emb

OBSESSÃO PELO MEDO

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No Rio de Janeiro, uma senhora muito rica precisou ir ao costureiro provar um vestido novo para uma festa. Seu carro estava na oficina. Ela telefonou ao marido: - Amor, estou saindo agora. São três da tarde. Vou chamar um táxi porque acho mais seguro. Deverei estar de volta lá pelas seis. Caso eu não apareça até esse horário, por favor, me procure. Ela vivia atemorizada pela violência. Temia ser assaltada, sequestrada, molestada. Por isso vivia cheia de precauções.  Chamou o táxi, foi ao ateliê, provou a roupa, conversou com amigas e retornou para casa em outro táxi. Quando saltou do carro em frente à sua casa e deu alguns passos na direção do portão, percebeu, na penumbra, um homem que a observava de forma estranha. Seu coração começou a bater violentamente. Ela olhou para trás. O táxi já havia virado a esquina. Deu mais uns passos e o sujeito a seguiu. Começou a ficar apavorada. Deu meia volta e apressou o passo na direção da rua, na esperança de que algum transeunte a so

AMIGOS ATÉ O FIM

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Um homem, em seu leito de morte, escreveu esta carta para um amigo de longa data: "Se eu morrer antes de você, faça-me um favor: chore o quanto quiser, mas não brigue comigo. Se não quiser chorar, não chore. Se também não conseguir chorar, não se preocupe. Se tiver vontade de rir, ria. Se alguém te contar algum fato a meu respeito, ouça e acrescente a tua versão. Se me elogiarem demais, corrija o exagero. Se me criticarem demais, me defenda. Se quiserem fazer de mim um santo só porque morri, mostre que eu tinha virtudes, mas estava longe de ser o santo que imaginam. Se lhe disserem que cometi muitos erros, diga que, se errei tantas vezes, é porque passei a vida inteira tentando acertar. E se tiver vontade de escrever alguma coisa sobre mim, escreva isto: 'Foi meu amigo, acreditou em mim e sempre me quis por perto.' Se então derramar uma lágrima, não estarei presente para enxugá-la, mas não faz mal. Outro amigo fará isso no meu lugar. Viva como quem sabe que vai

TODOS TÊM VALOR

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Rita era muito amiga dos animais. Sua casa ficava num vale, perto de uma montanha, onde havia bichos de todo tipo, mamíferos e aves. Frequentemente esses animais, que conheciam a menina, desciam de sua morada apenas pra conversar e brincar com ela. Um dia a menina brincava, sozinha, numa parte mais afastada de sua casa, quando viu uma raposa aparentemente presa nuns arbustos. Pensou logo em ir falar com ela. A raposa, quando a viu, quis fugir, mas não conseguiu se erguer e caiu, chorando e tremendo de medo. Rita tentou acalmá-la: - Por favor, não chore; só quero te ajudar. O que tens? Qual o teu nome? Ainda com medo, a raposa respondeu: - Na verdade não sei o meu nome; todos me chamam de "aleijada". Eu não nasci como meus irmãos. Tenho muita dificuldade em mexer as patas e estou sempre a cair e ficar para trás. Desta vez, eles perderam a paciência e começaram a dizer coisas horríveis sobre mim - que eu era uma inútil, que eu só atrapalhava, entre outras coisas. En

POR QUE TANTO ÓDIO?

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Encontraram-se pela primeira vez numa viagem de férias, mas pareceu mais um reencontro porque de imediato se sentiram atraídos. Pertenciam a mundos bem diferentes. Ela, britânica, residente em Londres. Ele, um jovem dos Emirados Árabes, muito rico e famoso. O namoro foi prato cheio para a imprensa, especialmente por conta da rivalidade entre as famílias dos enamorados. Sete meses de um relacionamento acompanhado pelo público, muitos apostando em algo mais sério. Mas, numa noite, repentinamente, uma tragédia automobilística os surpreendeu, levando a ambos. Foi imensa a dor que se abateu sobre as famílias. Cada uma requisitou o corpo do seu familiar e providenciou o funeral, de acordo com sua crença e tradição. Após o período de luto, o pai do rapaz verificou entre os pertences do filho alguns que perteciam, evidentemente, à falecida. Então providenciou para que os objetos fossem encaminhados à família dela, além de uma carta, em que expressava o pesar pela tragédia que ainda

UMA AMIZADE INESQUECÍVEL

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Eram dois irmãos que se amavam. André era o ídolo do irmão menor, Gabriel. Absolutamente inseparáveis e íntimos.  O pai, no entanto, tinha olhos somente para André. Jogador de futebol, acrescentava orgulho ao seu currículo de pai. Acompanhava todas as partidas e se gabava dos lances do filho pra todo mundo. O André era seu xodó. Um dia, porém, abruptamente, um acidente de trânsito roubou-lhe esse tesouro. A mãe não conseguiu lidar com a perda. Quatro meses depois, permanecia desligada da vida, esquecendo-se até mesmo da responsabilidade com o filho que ficara. Já o pai passou a assumir um comportamento raivoso. Extravasava por tudo e por nada. O jovem Gabriel tornara-se invisível. Não era visto e nem ouvido. Sofrendo terrivelmente a ausência do irmão querido, amargando saudades, queria ser abraçado e acolhido, mas com os pais não havia chance. Certo dia, voltando da escola, desejando romper o fio de tristeza, mostrou-lhes a medalha que ganhara no concurso literário. - E que

SERENIDADE

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Certo mineiro tinha uma paciência impressionante. Uma vez ele estava no bar quando começou um tumulto. Todo mundo entrou em pânico com o noticiário do rádio: estava para estourar a Terceira Guerra Mundial! Foi uma confusão geral, cada um emitindo opinião sobre o assunto - menos o mineirinho que continuava bebendo tranquilamente. Quase todo mundo saiu desesperadamente pelas ruas e ele continuou sentado. O dono do bar, impressionado com o mineirinho, disse-lhe: - O senhor não escutou a notícia? - Ah, sim, escutei. Parece que estourou a Terceira Guerra Mundial.  Aí o comerciante se encabulou de vez: - Como é que o senhor pode ficar aí sentado e tranquilo enquanto todos estão apavorados com a possibilidade da guerra? Não percebe as terríveis consequências? De uma hora pra outra o mundo pode se acabar! Calmamente, o mineirinho explicou:  - Olha, seu Francisco, das duas uma: ou a notícia é verdade ou é mentira. Se for mentira, não vou me preocupar; se for verdade, só podem aconte

ONDE ESTÁ A FELICIDADE?

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Havia um homem que queria muito encontrar a felicidade. Um dia, ele resolveu sair de casa e percorrer o mundo à sua procura. Ssmpre que encontrava alguém, indagava sobre o paradeiro da felicidade e recebia as mais diferentes respostas.  Recorreu a sábios, gurus, padres e rabinos, mas nenhum deles lhe deu explicação satisfatória e convincente.  Muitos anos depois, o homem já havia percorrido o mundo todo. Estava velho, muito cansado e desiludido de sua procura. Numa tarde, sentou-se à sombra de uma árvore para descansar quando avistou uma casa velha, caindo aos pedaços. Achando que o lugar estava abandonado, resolveu construir ali a sua felicidade.  Capinou o terreno, limpou toda a casa, trocou as janelas e portas quebradas, rebocou e pintou as paredes e plantou flores no jardim. Ao concluir o trabalho, constatou, surpreso, que havia reformado a própria casa que deixara há tanto tempo. Compreendeu que havia perambulado à toa, quando a felicidade estava bem ali, ao seu alcanc

A FELICIDADE DOS PEIXES

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Um monge e seu discípulo estavam atravessando uma ponte, quando o mestre parou e disse: - Olha como os peixes estão nadando felizes! O discípulo, atônito, respondeu: - Como pode ter certeza de que eles estão felizes? O senhor não é um peixe! - Não sou peixe, é verdade; mas como pode ter tanta certeza de que eu não sei que eles estão felizes? Aquilo que eu sei ou não sei pertence aos meus sentimentos, não aos seus. O discípulo retrucou: - Eu sei que não sou o senhor e não tenho como saber como pensa e o que sente, mas tenho certeza de que o senhor não é um peixe! Caminharam por mais um tempo, em silêncio. Aí o mestre concluiu: - Nem tudo o que sabemos segue a razão ou a lógica. Eu sei que os peixes estão felizes porque sinto assim. Sei através de meus sentimentos, mas não consigo explicar; tem coisas que simplesmente apenas sabemos. Conto chinês - adaptação de Marcos Aguiar. 

INFORTÚNIO SOBRE TODOS

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- Estamos livres! Estamos livres! - gritaram uns passarinhos, certo dia, ao verem um caçador capturando a coruja. - Agora a coruja não vai mais nos assustar. Podemos dormir em paz! De fato, a coruja caíra na arapuca, sendo aprisionada numa gaiola. - Agora podemos nos alegrar com a coruja na prisão! - disseram os passarinhos, cantando e arrodeando a gaiola de sua inimiga. O homem, contudo, apanhara a coruja com a finalidade de, também, pegar os passarinhos. Prendeu a coruja pelo pé, posicionando-a em cima de uma estaca, na janela. A fim de poderem ver a coruja, os passarinhos pousaram nas árvores próximas, nas quais o caçador escondera armadilhas. De maneira que, assim como a coruja, todos os passarinhos acabaram perdendo a liberdade. Aqueles que se alegram quando um opressor perde a liberdade deveriam tomar cuidado, pois o conquistado logo se torna instrumento do conquistador; enquanto que todos aqueles que nele confiam sucumbem a outro senhor e perdem a liberdade e, conseq

UM MAL QUE PRECISA DESAPARECER

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Em 1960, uma garota negra chamada Ruby Bridges reagiu pacificamente aos manifestantes que tentaram impedi-la de frequentar uma escola pública em Nova Orleans. Ameaçavam a menina com punhos cerrados e palavras de humilhação. Naquele ano, a Suprema Corte Americana ordenara que as escolas públicas passassem a admitir alunos negros. Ruby tinha 6 anos de idade quando foi matriculada na Escola Elementar Frantz. A polícia local se recusou a protegê-la, de maneira que delegados federais foram designados para acompanhá-la, ajudando-a a passar por uma multidão de manifestantes revoltados, que gritavam com ela, ameaçando-a até de morte. Durante todo o ano letivo, Ruby foi a única criança a frequentar aquela escola, pois os pais brancos tiraram seus filhos de lá; todos os professores se recusaram a ensinar enquanto ela estivesse matriculada. Apenas a professora Barbara Henry concordou em ensinar Ruby e por mais de um ano a ensinou sozinha, como se estivesse dando aula para uma turma in

MENOS ÓDIO, MAIS RESPEITO

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Uma policial, apesar de sua experiência no atendimento a vítimas de acidentes e de agressões, ficou chocada com o caso a seguir: Uma senhora fora encontrada com múltiplas lesões. No hospital, o diagnóstico revelou uma concussão cerebral e algumas fraturas. Como a vítima obviamente não podia dar detalhes do que acontecera, a policial buscou acesso à sua ficha hospitalar. Descobriu que, desde que viera morar na cidade, há quatro anos, fora atendida, emergencialmente, mais de uma vez. Na primeira, um punho quebrado. Na segunda, costelas fraturadas. A policial identificou, com perspicácia, que tais lesões foram fruto de violência doméstica. O que a estarreceu foi descobrir que o agressor era o enteado, um jovem de dezessete anos, que residia com o casal. No interrogatório, ela detectou tamanho ódio do rapaz pela madrasta que a levou a questionar as razões desse sentimento tão intenso. O pai do garoto desconhecia a origem das agressões anteriores porque, habilmente, a esposa jam

ELA

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Ela detém o poder da criação; é dentro dela que é formada uma nova vida. Seu dom singular não pode jamais ser menosprezado. Toda arrogância masculina se desmancha diante de sua delicada e graciosa figura.  Ela, inferior ao homem? Jamais! Somente os imbecis pensam assim. Ela é quem de fato personifica o sexo forte. Apenas ela aguenta sangrar todos os meses, cumprindo suas regras, percorrendo o longo caminho entre a menarca e a menopausa.  Somente ela consegue carregar outra pessoa em seu ventre, durante meses; é ela quem enfrenta e suporta, sozinha, a mais dilacerante das dores - o parto; é a única capaz de transmitir fluidos de vida a seu gerado, em gotas de leite, dando-lhe a primeira e mais saudável fonte de alimentação e sustento.  Ela aguenta o pesado dever da educação e criação dos filhos, mais que o pai deles - isso quando ela não é, ao mesmo tempo, pai e mãe. O homem não é capaz de avaliar a sobrecarga de tais atribuições - simplesmente porque ele não é ela. Ela é gu

DE VELHO PARA JOVEM

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Você nasceu agora há pouco, rapaz. É muito jovem, quase uma criança e distante da idade adulta. Você me encara com certo desprezo, pelo fato de eu estar sobrecarregado de anos e ser velho.  Você observa minhas mãos trêmulas, mas não recorda que foram elas que acariciaram as tuas frágeis e inseguras mãos infantis. Você critica meus passos lentos e vacilantes, mas se esquece de que foram eles que orientaram os teus primeiros passos (que também eram vacilantes). Você reclama quando lhe peço para ler uma palavra que meus olhos já não conseguem enxergar direito, quando repeti pra você, tantas vezes, as primeiras palavras que você aprendeu. Você se queixa da lentidão de minhas decisões, mas não se lembra de que tuas próprias primeiras decisões foram inspiradas nas minhas. Posso até ser um velho desatualizado como você diz, mas saiba que pensei muito pouco em mim pra poder fazer de você um cidadão de bem. Você reclama o tempo todo da minha saúde debilitada, mas é porque trabalhei

ACIMA DAS ALTURAS

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Edmund Hillary (1919-2008) entrou para a História em 29 de maio de 1953, quando, junto com seu assistente Tenzing Norgay, atingiu os 8.848 metros do cume do "teto do mundo", como é chamado o monte Everest pelo povo do Nepal.  Foi uma proeza e tanto. Mas, um ano antes, ele já havia tentado e fracassara. Na época, os ingleses reconheceram seu esforço e o convidaram para discursar a uma numerosa plateia. O alpinista começou a descrever suas dificuldades e, apesar dos aplausos, dizia sentir-se frustrado e incapaz. Em dado momento, porém, ele largou o microfone. Aproximou-se da enorme gravura que ilustrava seu percurso e gritou: - Everest, você me venceu esta primeira vez. Mas eu irei vencê-lo no próximo ano, e por uma razão muito simples: você já chegou ao máximo de sua altura, enquanto eu ainda estou crescendo! O restante, já sabemos, virou História. Qual é o teu Everest? Nunca duvide que você é maior que ele e pode superá-lo! Autoria anônima - adaptação de Marcos Ag

A CONTA ERRADA

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Numa aula, Albert Einstein (1879-1955) escreveu no quadro: 9 x 1 = 09 9 x 2 = 18 9 x 3 = 27 9 x 4 = 36 9 x 5 = 45 9 x 6 = 54 9 x 7 = 63 9 x 8 = 72 9 x 9 = 81 9 x 10 = 91 Em pouco tempo, murmúrios na sala. O grande Einstein errara a última conta. A resposta correta seria 90, não 91. Einstein esperou que todos silenciassem. Então disse: - Sim, verdade; eu errei a última conta. Apesar de eu ter acertado as nove contas anteriores, ninguém me deu os parabéns. Mas quando errei a última, todos se manifestaram e riram. Na realidade, errei de propósito para passar-lhes uma lição: por mais que qualquer um de vocês tenha muito sucesso na vida, geralmente os outros só irão te notar quando você errar. Poucos estarão ao seu lado pra te elogiar; a maioria estará pronta para apontar o dedo contra você e te julgar! Não permita que a crítica seja um empecilho aos teus sonhos, nem se martirize com tuas faltas; entenda que elas fazem parte do teu processo de amadurecimento. Pois a única pessoa

SOMOS O REMÉDIO

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A gerente de um banco estava depressiva e com princípio de esgotamento nervoso. Seu médico, buscando um diagnóstico, lhe perguntou: - Qual o nome da subgerente de seu banco? - Cíntia - respondeu ela, sem entender. - Cíntia do quê? - Eu... não sei. - Sabe onde ela mora? - Não. - O que ela faz em fins de semana? - Também não sei. "O egoísmo está roubando a alegria desta pobre mulher", pensou o médico. Ele então recomendou: - Bem. Posso ajudá-la, mas prometa que fará o que eu lhe pedir. Em primeiro lugar, aproxime-se da Cíntia, seja mais amiga dela. Convide-a para jantar em sua casa. Descubra o que ela almeja na vida e tente de alguma forma ser-lhe útil. Também faça amizade com algum outro funcionário da agência - o zelador, por exemplo. Daqui a dois meses, volte aqui. Ao final do período ela não voltou, mas escreveu uma carta na qual não havia qualquer sinal de melancolia ou tristeza - só alegria! Na carta, a mulher contou que havia ajudado Cíntia a passar no vestib

MUDANÇA DE DIREÇÃO

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Um transeunte atravessava a rua quando um carro parou ao seu lado.  - Com licença, companheiro! - disse o motorista - Pode me informar como chego na rodoviária, por favor? - Claro! Pra começar, você está indo no sentido contrário. Dê o retorno e encontrará a rodoviária no final desta rua, à sua direita! O motorista agradeceu, deu meia-volta e partiu.  Ele não pareceu nem um pouco aborrecido por ouvir que estava indo na direção errada. Se o homem tivesse lhe dito: "Arrependa-se; você está errado por ter tomado este caminho!", talvez ele ficasse confuso ou ofendido. No entanto, o arrependimento é exatamente isso. Não é um mero sentimento de tristeza ou remorso; é a determinação de que, doravante, seguir-se-á uma nova direção.  O motorista não lamentou por ter de mudar a rota; simplesmente tomou atitude e mudou. Se ele tivesse ignorado a orientação daquele homem e seguido em frente, teria perdido tempo, sem chegar ao destino. Às vezes a mudança é necessária; no entan

AGRADECIMENTO MOLHADO

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Certa vez um menino estava com muita sede e foi matá-la em uma bomba d’água. Depois de beber bastante, agradeceu à bomba pela água. Mas a bomba retrucou:  - Não é a mim que você deve agradecer. Eu apenas ajudo a água a correr. - Então de onde vem a água? - indagou o garoto. - Vem de uma nascente no alto da colina!  O menino foi até à nascente e disse "obrigado" pela água que ela fornecia. Mas a nascente disse: - Não me agradeça. Preciso do auxílio da chuva e do orvalho para obter a água. Aí o menino agradeceu à chuva e ao orvalho, mas ambos responderam: - Não nos agradeça! Nós só fornecemos a água por causa do sol!  Então o menino foi agradecer ao sol. Mas este falou:  - Não é a mim que você deve agradecer; eu simplesmente absorvo a água do oceano. O garoto foi até à praia e disse ao oceano que estava muito grato por sua água. - Mas não é a mim que você deve gratidão! Agradeça ao Criador! Finalmente, o menino estendeu as mãos e agradeceu aos Céus pela dádiva da ág