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Mostrando postagens de abril, 2023

O MAIOR PATRIMÔNIO

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O português Frei Bartolomeu dos Mártires (1514-1582) viveu para servir. Dizem que, certa feita, na comunidade em que ele trabalhava, em Braga, resolveram construir uma suntuosa catedral, um templo que pudesse abrigar multidões. Para tanto, os nobres da cidade combinaram de, anualmente, contribuírem com elevadas somas para o grandioso projeto. Assim a construção foi tomando forma. Ergueram-se as colunas, as paredes, chegando-se finalmente ao teto. Foi então que uma crise abateu-se sobre o país, atingindo a grande massa. Os menos favorecidos tentavam, desesperadamente, driblar a fome, a miséria e as moléstias. Como líder da comunidade, Frei Bartolomeu tinha à sua disposição todo o dinheiro arrecadado para a conclusão da catedral, cuja administração lhe competia. Então, naquele ano, ele interrompeu a obra. "O templo tem teto; pode esperar", pensou. Os nobres, no entanto, prosseguiram com suas doações. No segundo ano, a construção permaneceu parada, assim como no terc

SERVINDO AO PRÓXIMO

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Muito tempo atrás, havia um rei famoso por suas excentricidades. Um dia, mandou anunciar por toda parte que ofereceria a maior e mais bela festa jamais vista em seu reino. Toda a corte foi convidada. Na ocasião, paramentados com trajes deslumbrantes, os convidados maravilharam-se com o belo aspecto do palácio que resplandecia em luzes de cores diversas. Tudo, até os mínimos detalhes, era luxo e esplendor. As apresentações transcorreram segundo o protocolo e as festividades tiveram início. Danças, jogos e os mais refinados divertimentos estavam à disposição de todos.  Entretanto, apesar da primorosa organização da festa, depois de algum tempo os convidados perceberam que não lhes havia sido oferecido nada para comer ou beber; não havia ali nenhuma mesa com iguarias, guloseimas e bebidas. De sorte que, à medida que as horas passavam, a situação foi se tornando embaraçosa. Jamais haviam ouvido falar de coisa semelhante - uma festa com aquela magnitude e os convidados passando

PERSISTÊNCIA

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Três colegas sapinhos passeavam certa manhã pelos fundos de um quintal. Curiosos, decidiram invadir a casa entrando pela janela. Mas não esperavam cair dentro de uma panela cheia de leite. Seus clamores de socorro atraíram os outros anfíbios que brincavam ali perto. Logo a sapolândia inteira estava na beira do fogão, como a plateia de um espetáculo.  Como nada podiam fazer pra acudir os companheiros, gritavam: - Vocês três, acalmem-se! - Sei não! Acho que esses aí já eram! - Será que conseguirão sair da panela? - Parem de se mexer! É melhor morrer descansado que se debatendo! Nesse ínterim, perceberam que dois dos sapinhos já haviam morrido. Tentaram então persuadir o terceiro a desistir, pois certamente morreria de qualquer jeito. Mas, quanto mais eles falavam, mais o bicho se debatia. E, de tanto se debater, acabou fazendo com que o leite da panela virasse manteiga, dando-lhe a chance de pular fora. Espantados com tamanha proeza, rodearam o sobrevivente a fim de tentar en

HONESTIDADE ACIMA DE TUDO

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No tempo da Segunda Grande Guerra, uma garota chamada Ana saía ao campo à procura de alimento para si e para a mãe. Ia de bicicleta e geralmente cansava de tanto pedalar. Era uma época difícil, com carestia de comida em muitos lugares; havia escassez até de legumes.  À exceção de algumas beterrabas cedidas por um lavrador, Ana não tinha conseguido mais nada. Reparou que estava muito enfadada para prosseguir. Precisava parar e descansar. Encontrou uma boa árvore, encostou nela a bicicleta e o cesto com as beterrabas, depois estirou-se na relva.  Acabou pegando no sono. Sonhou com comida: cenouras douradas, cozidas a vapor, com nata e manteiga. Havia também muitos tomates. Ela se preparava para comer um, quando de repente tudo desapareceu. Nesse ponto, acordou com o cacarejo ininterrupto de uma galinha caipira que surgiu ali, bem perto. - Por que é que estás a olhar para mim, sua tonta? - gritou Ana com raiva. A galinha recuou, assustada. Foi então que a menina notou um ovo g

O VELHO PAR DE MEIAS

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Havia um homem estirado no meio-fio com a cabeça ensanguentada. Pedro parou o carro, acionou o pronto-socorro e aproximou-se. Rasgou um pedaço da própria camisa e enfaixou a cabeça da vítima.  A ambulância não tardou. Pedro entregou seu cartão a um dos enfermeiros, pedindo que ligasse para dar notícias sobre o ferido. Dias depois, Pedro recebeu um telefonema. Era o enfermeiro. - Aquele homem que socorremos terá alta em breve. O nome dele é José Carlos e, ao que parece, não tem parentes aqui. Pedro foi ao hospital, ainda sem entender por que se interessava tanto pelo sujeito.  E lá estava José Carlos ao leito, enfaixado e contente por ter escapado da morte. Pedro aproximou-se e contou como o socorrera. O paciente se emocionou e agradeceu muito. Comentou que, há anos, ninguém se interessava por ele. - Sou morador de rua, fedorento e maltrapilho e todos se afastam de mim. E desatou a choramingar como uma criança.  Pedro, imóvel e calado, esperou aquela pobre criatura dar vazão

O DOUTOR QUE ESCAPOU DO INFERNO

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Viktor Frankl (1905-1997) era um conceituado neurologista e psiquiatra em Viena quando os nazistas invadiram a Áustria, em 1938. Como diretor do departamento de neurologia do Rothschild Hospital, ele decidiu, com risco da própria vida, sabotar as ordens que recebera de proceder à eutanásia dos doentes mentais sob seus cuidados. Preso em setembro de 1942, foi enviado ao Gueto de Theresienstadt, na cidade de Terezin, onde seu pai viria a morrer por exaustão. Tornando-se o prisioneiro de número 119.104, Frankl vivenciou o horror dos campos de concentração de Auschwitz, Kaufering e Türkheim. Ao chegar ao barracão que lhe fora destinado em Auschwitz, ele comentou que perdera de vista um amigo, que fora selecionado para outra fila. Alguém que estava ao seu lado, ciente da cruel realidade, lhe apontou a janela e, indicando a fumaça que saía das chaminés de outro enorme barracão (o crematório), explicou: - Você pode vê-lo ali! Era só o começo de seu calvário.  Até ser libertado em

RECONCILIAÇÃO, O REMÉDIO

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A comissária de bordo não pôde deixar de observar certo passageiro que ia entrando no avião. O sujeito não estava com a cara boa. Gentil, acostumada ao trato com todo tipo de gente, ela se aproximou. - Senhor, noto que não está bem. Com toda modéstia, sugiro-lhe que leia uma obra muito importante. Ela mudou a minha vida. E citou o título do livro. Ao ouvi-lo, o homem se sentiu ainda pior. Era ele mesmo o autor da obra citada. Finalmente tomou lugar em seu assento e, enquanto a aeronave sulcava o céu, ele se pôs a refletir. Por que estava sempre tão tenso? Como podia escrever para os outros e viver tão mal? Parecia estar revoltado contra tudo e contra todos. Então deu-se conta da raiz de seu problema: o ódio ao próprio pai. Havia uma mágoa profunda, guardada há anos, por isso se sentia infeliz. Socialmente era famoso, conceituado e respeitado, mas seu interior era só amargura. Ao desembarcar, estava decidido a ir ter com o pai. Desejava que ele soubesse como sua vida fora es

O QUE TEMOS DE MELHOR?

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Numa manhã ensolarada, um cervo aproximou-se de um lago para matar a sede. Ao inclinar a cabeça, viu na água o reflexo de sua imagem. - Nossa! Como sou belo! E como são magníficos os meus chifres! - exclamou vaidoso.  Ao abaixar-se mais um pouco, notou também o reflexo das próprias patas e suspirou com tristeza: - Ah! Mas em compensação, olha essas patas raquíticas... Mal terminou de dizer isso, contemplou, com horror, um leão voraz em sua direção, vindo lhe devorar. O cervo então disparou pra dentro do mato com tamanha velocidade que o leão não pôde alcançá-lo a princípio. Contudo, enquanto fugia, o cervo acabou se enganchando nuns galhos com os próprios chifres. Aí o leão o alcançou, saltando sobre ele. Enquanto morria lentamente, o cervo sussurrou, gemendo: - Que lástima! Senti orgulho dos chifres que me desgraçaram e desdenhei das patas que poderiam ter me salvado! Quantas vezes não valorizamos aquilo que há de melhor em nós mesmos e nos prejudicamos por isso! Fábula de

A FORÇA QUE HÁ DENTRO DE VOCÊ

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Certa feita, um médico foi chamado pra atender a um agente de seguros chamado Bill Wilkins, que acordou, pela manhã, numa clínica para alcoólatras. Com profundo desânimo, o paciente indagou: - Doutor, quantas vezes vim parar aqui? - Cinquenta. Você já se tornou um dos nossos inquilinos mais veteranos. - Esse vício vai acabar me matando, o senhor não acha?  - Quer saber, Bill? - respondeu o médico com voz grave - Você, no caminho por onde vai, não vai durar muito. - Mas, que tal me deixar tomar ao menos um tragozinho?  - Está bem. Mas vamos fazer um acordo. Há um rapaz no quarto ao lado que está em más condições. É a primeira vez que ele é internado aqui. Se você for lá e se mostrar a ele como um horrível exemplo do que o espera, talvez consiga fazer com que ele renuncie definitivamente ao álcool. A ideia deixou Bill curioso e interessado.  - Está bem, doutor. Mas não se esqueça da minha bebida, quando eu voltar. O jovem paciente estava mesmo em péssimo estado. Bill, que sem

AS DUAS MÃES DE PAULA

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"Neide tinha apenas 14 anos quando resolveu deixar a roça e tentar a vida na cidade grande. Chegando ao Rio de Janeiro, sem qualificação profissional alguma, enfrentou dificuldades para encontrar trabalho. Finalmente, minha avó a admitiu em sua casa e a ensinou a cozinhar e faxinar. Uns anos depois, quando eu tinha somente 3 meses de vida, Neide veio morar conosco e se tornou minha babá. Mais uns anos se passaram e nasceram meus irmãos. Outras babás chegaram e foram embora e Neide permaneceu, ajudando a cuidar de três crianças com pouco mais de um ano de diferença entre si. O que é uma babá? É alguém que é paga para trocar fraldas, levar as crianças à pracinha, brincar com elas e pô-las pra dormir. Pois é; acho que Neide nunca foi minha babá. Não que ela não tenha feito tudo isso; a questão é que nunca o fez meramente como babá. Neide me ensinou, por exemplo, a fazer conta de dividir. E, no ano seguinte, ao meu irmão. E, depois, à minha irmã. Veja que coisa: três filho

O MAU EXEMPLO QUE VALEU

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O advogado Easy Eddie manteve Al Capone fora da prisão por muito tempo, sendo esplendidamente recompensado por isso. Morava com a família num palacete, sem se preocupar com as atrocidades que ocorriam à sua volta, pois tinha a proteção do famoso gangster. Para o seu único filho ele provia o melhor: roupas caras, carros e uma educação de primeira.  Apesar de envolvido até o pescoço com o crime organizado, Eddie procurou repassar bons valores ao filho. Queria que se tornasse um homem melhor que ele mesmo. Estava consciente de que, mesmo com toda a sua riqueza e influência, duas coisas ele não podia dar ao filho: um bom nome e um bom exemplo. Por isso, decidiu contar a ele toda a verdade sobre Al Capone, mesmo sabendo que estaria prestes a pagar um alto preço por abrir o bico. E, de fato, pagou. Um ano depois, Eddie foi executado num tiroteio em Chicago.  Entre seus pertences encontrados pela polícia, havia um recorte de revista com o seguinte texto: "O relógio da vida re

AMOR QUE CURA

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"Vários anos atrás, em Seattle, Washington, vivia Tenzin, um refugiado tibetano de 52 anos que foi diagnosticado com um quadro precoce de linfoma. Internado, recebeu a primeira dose de quimioterapia. Mas, durante o tratamento, o homem normalmente gentil tornou-se agressivo; arrancou a agulha intravenosa do braço e negou-se a cooperar. Gritava com as enfermeiras e discutia com todos ao seu redor. Os médicos ficaram desconcertados. A esposa de Tenzin foi falar com a equipe do hospital. Contou que o marido fora prisioneiro político dos chineses por 17 anos. Eles mataram sua primeira mulher e ele foi repetidamente torturado durante o tempo em que esteve preso. O ambiente hospitalar, de certa forma, teria feito Tenzin recordar o sofrimento passado na prisão. - Sei que vocês querem ajudá-lo, mas ele se sente torturado pelo tratamento; faz com que ele sinta ódio, da mesma forma que os chineses o fizeram. Ele prefere morrer do que viver com ódio. Ele precisa estar apto para re

SEU PRÓPRIO MUNDO

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Um homem de bom coração, ao contemplar a aflição da humanidade, pôs-se a pensar em como poderia ajudar as pessoas a serem melhores e mais felizes. Comprou doze segundos de uma rede televisiva internacional, no entanto entendeu que não conseguiria alcançar a todos mesmo assim. Ele então resolveu reduzir o mundo ao tamanho do seu país, achando que diminuiria a demanda de problemas. Depois de muita labuta, apresentou ao parlamento um extenso abaixo-assinado para a aprovação de um determinado projeto de lei; porém, mais uma vez, se deu conta de que a empreitada seria delongada demais. Aí ele encolheu o país, deixando-o com o tamanho de sua cidade natal. Correu para lá e para cá em busca de recursos para as escolas do município, contudo viu que também seria um esforço dispendioso e vão. Quis então encolher a cidade, reduzindo-a à sua família, mas aí se lembrou que não tinha filhos, nem era casado. Finalmente, compreendeu que o primeiro e maior problema do mundo estava em seu pró

COMPROU O FILHO, FICOU COM TUDO

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Um homem muito rico era aficionado por pinturas. Tinha de tudo em seu acervo, desde Picasso até Rafael. Chegava a ficar horas admirando as grandes obras de arte. Um dia, seu único filho foi convocado para a guerra e, tendo se destacado em combate, acabou perecendo enquanto resgatava outro soldado. O pai recebeu a notícia e pranteou por muito tempo a morte do filho amado. Ao final do ano, na véspera do Natal, o enlutado pai recebeu a visita de um mancebo. Trazia uma tela debaixo do braço.  - Boa noite, senhor. Eu sou o soldado por quem seu filho se arriscou e perdeu a vida. Na verdade ele já havia salvado outros companheiros e estava me levando a um lugar seguro quando uma bala lhe atravessou o peito, morrendo na mesma hora. Ele falava muito a seu respeito e de seu apreço pela arte. E, dizendo isso, entregou-lhe a tela. - Sei que não é lá grande coisa, mas acredito que seu filho gostaria que o senhor ficasse com isto. O dono da casa descobriu a tela e ficou comovido. Era um

DRAMA E TRIUNFO DE KYLE

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Quando era novato numa escola, vi um garoto de minha sala alguns passos à minha frente, voltando para casa. Seu nome era Kyle e sua mochila parecia bem pesada, pois estava repleta de livros. Pensei: "Por que alguém carregaria tantos livros numa sexta-feira?" Foi então que vi um grupo de garotos correndo em direção a Kyle. Eles puxaram sua mochila, espalharam seus livros e o empurraram de tal forma que ele foi ao chão e seus óculos voaram, aterrissando na grama a alguns metros de onde ele estava. Kyle ergueu o rosto e só pude ver nele nervosismo e pavor. Condoído, me aproximei, enquanto ele engatinhava à procura dos óculos. Notei que seus olhos lacrimejavam. Peguei os óculos e lhe entreguei. - Aqueles caras são uns idiotas! - falei - Eles deveriam arrumar algo pra fazer ao invés de mexer com os outros. Kyle, no entanto, pareceu não fazer caso; enxugou as lágrimas e me disse com um leve sorriso: - Cara, muito obrigado! Sua face repentinamente ficara radiante. Ajudei

O QUE VALE A PENA LEMBRAR

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Dois amigos viajavam pelo deserto. Em dado momento tiveram uma discussão e um deles deu um soco na cara do outro. O que foi esbofeteado não revidou. Sem dizer nada, abaixou-se e escreveu na areia: "Hoje o meu melhor amigo me deu um soco". O agressor leu a frase mas também nada falou. Calados, seguiram viagem.  Chegaram finalmente a um oásis, onde aproveitaram a lagoa para se refrescar. O que fora agredido não sabia nadar bem e esteve prestes a se afogar; quando o outro percebeu, resgatou-o a tempo. Passado o susto, o que foi salvo pegou uma entalhadeira e esculpiu numa rocha a seguinte frase: "Hoje o meu melhor amigo salvou a minha vida.” O outro ficou curioso e perguntou: - Depois que te machuquei, você escreveu na areia; agora, você escreve na pedra. Por quê? - Quando alguém nos fere, devemos escrever na areia, pois assim o vento do perdão pode passar e apagar. Mas quando alguém nos faz algo bom, devemos registrar isso na rocha da memória, pois assim ficará

UM GARFO NO CAIXÃO

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A visita de Martha era sempre motivo de muita alegria para o padre Jim. "Tia Martie", como era chamada pelas crianças, parecia contagiar a todos com sua simpatia, esperança e amor. Contudo, dessa vez, o padre percebeu algo diferente nela. Com expressão séria, Martha contou que o médico acabara de lhe dar um diagnóstico preocupante: estava com câncer em estágio avançado. - Ele disse que tenho, na melhor das hipóteses, apenas mais três meses de vida.  As palavras de Martha eram graves, embora ditas com bastante calma. - Eu lamento muito - foi o que padre começou a dizer; mas, antes que ele prosseguisse, Martha o interrompeu: - Não lamente. Somos amigos há muitos anos e o senhor é testemunha de que tive uma vida longa e feliz e estou pronta para despedir-me dela. Então vim falar-lhe sobre meu funeral. Conversaram por um bom tempo sobre tudo o que ela desejava para sua cerimônia fúnebre - cânticos, temática do sermão e outros detalhes. Padre Jim achou que Martha já ha

RIM CENTENÁRIO

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Foi em 1973 que Sue Westhead foi diagnosticada com insuficiência renal. Ela tinha apenas 25 anos. Sua única opção para sobreviver seria um novo rim. Sua mãe, Ann Westhead, na época com 57 anos, não hesitou em oferecer-lhe um de seus rins. O transplante ocorreu no hospital Royal Victoria, em Newcastle, Inglaterra. Numa entrevista em 2016, Sue comenta: "Imediatamente recuperei um aspecto saudável e a cor de pele rosada". Os médicos, todavia, não estavam muito otimistas. As técnicas de transplante na década de 1970 ainda não eram tão sofisticadas e o órgão transplantado tinha mais de meio século. Sue, entretanto, surpreendentemente superou todas as previsões médicas sobre a eficácia da cirurgia. Embora há muitos anos precise tomar remédios que evitam rejeição ao órgão transplantado, Sue goza de excelente saúde. O rim que sua mãe lhe cedeu já conta mais de um século. Sue atribui a longevidade do rim, não apenas à saúde perfeita de sua mãe, mas também ao amor por meio

PAI E FILHO INVENCÍVEIS

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Dick Hoyt, oficial da Guarda Nacional da Força Aérea Americana, muito lutou pra que seu filho Rick pudesse levar uma vida o mais perto possível da normalidade. Rick foi acometido de paralisia cerebral em seu nascimento, em 1962, ficando incapacitado de controlar os movimentos do corpo. Os médicos aconselharam seus pais a mantê-lo numa instituição especializada, alegando que ele iria vegetar pelo resto da vida. Contrariando a orientação médica, os pais de Rick preferiram levá-lo para casa. Com o tempo, repararam como os olhos do menino seguiam os movimentos dos dois pelos aposentos. Com muita dedicação, os pais o ensinaram a ler, a despeito das dificuldades que ele enfrentava por ser quadriplégico e não poder falar. Quando Rick completou onze anos, levaram-no ao Departamento de Engenharia da Tufts University. Queriam saber se havia um jeito de fazer com que o garoto se comunicasse. Conseguiram para ele um computador adaptado, no qual controlava o cursor tocando com a cabeça

TUDO A SEU TEMPO

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A lagarta ia se arrastando pelo solo com lentidão, deixando um rastro gosmento e triste. A coitadinha estava cheia de pensamentos pessimistas. "Sempre a arrastar-me nesta terra dura e cheia de cascalho! Sou o mais infeliz dos bichos do bosque! Se ao menos fosse bonita, tudo seria mais fácil!", lamentava-se.  Perdida em tais pensamentos, sentiu de repente um vento sobre sua cabeça. Era o beija-flor. - Olá, lagarta! Nossa, você está com a cara da tristeza! Que se passa? - Ah, amigo! Estou tão cansada de me arrastar! Queria voar, ser leve e elegante como tu!  - Mas você é tão fofa e se movimenta tão graciosamente! - Não me importo com isso! Queria voar! Acha que eu conseguiria? Poderia me levar ao alto de uma árvore e me ensinar? - Mas, amiga, você não tem asas. Como queres voar desse jeito? Só iria se machucar. - Machucada já estou por dentro... não tenho asas, só consigo rastejar e, de quebra, sou horrorosa! Nesse ponto chegaram à margem do rio. O boto deu um grand

RIQUEZA MAIOR

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Um andarilho hindu parou para descansar à sombra de uma árvore que ficava nos arredores de uma aldeia. Nem bem ele havia sentado quando chegou um aldeão correndo e gritando, quase sem fôlego: - A pedra! Eu quero aquela pedra! - Mas, que pedra? - perguntou o hindu, assustado. - Ontem à noite, num sonho, eu vi meu Senhor Shiva. Ele disse que eu viesse pra cá a esta hora, pois aqui estaria um forasteiro que me daria uma pedra, por meio da qual eu me tornaria muito rico! Foi então que o hindu lembrou-se de algo. Meteu a mão no alforje e tirou uma pedra reluzente. - Acho que Shiva estava se referindo a isto. Encontrei na mata, há alguns dias; tome, pode levar. O homem olhou maravilhado para a pedra. Era um diamante; talvez, o maior e mais precioso do mundo. Voltou então à aldeia. Contudo não conseguiu pregar o olho a noite toda, por mais que tentasse. Assim que amanheceu, foi ter com o viajante, que permanecera no mesmo lugar. Encontrou-o dormindo e o despertou, dizendo: - Por f

DOADORA DE VIDA

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A paisagem era triste e desoladora. Luto e dor ilustravam, com cores pálidas, a devastação gerada pela guerra. Por toda parte, gritos de horror escapavam de pessoas moribundas que jaziam, espalhadas, como amostras semi-vivas do quadro de terror e destruição da Segunda Grande Guerra. Entre os míseros sobreviventes, havia uma mulher que buscava alimentar o infante filho querido. O pequenino sugava infutiferamente o seio da desnutrida mãe; o leite há muito havia acabado. As horas escoavam e a esperança era um pensamento distante e incerto. A agonia do bebê era sentida também pela mãe; as entranhas de sua alma materna gemiam por ele com dor imensurável. Fraca demais para seguir com o filhinho aninhado entre os seios, a pobre mulher sentia a vida se extinguir como uma vela que está no fim. E, porque seu amor era maior que a própria existência, tomou uma lâmina e cortou a veia do próprio braço, a fim de saciar com seu sangue a fome do filho querido e aplacar o desespero dele. À m

"QUEM DOBROU SEU PARAQUEDAS HOJE?"

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Charles Plumb (1942-) atuou na Guerra do Vietnã como piloto de bombardeiro. Após muitas missões em combate, seu avião foi abatido por um míssil, forçando Plumb a saltar de paraquedas em pleno território inimigo, onde acabou capturado e mantido prisioneiro por seis anos. Ao retornar aos Estados Unidos, passou a dar palestras relatando a sua história e o que aprendera nos duros anos de prisão. Certa feita, num restaurante, um desconhecido o interpelou, dizendo: - Olá! Você não é Charles Plumb, aquele piloto no Vietnã que foi atingido e teve de saltar de paraquedas? - Sim, sou eu! Mas como você sabe? - Fui eu quem dobrou o seu paraquedas. Parece que funcionou bem, não foi? Plumb estava bebendo algo e quase se engasgou de surpresa. Comovido, respondeu: - Oh, sim, funcionou muito bem, caso contrário eu não estaria aqui hoje! Muito obrigado! Mais tarde, sozinho, Plumb não conseguia pregar os olhos. Refletia, perplexo: "Quantas vezes vi esse homem no porta-aviões e nunca lhe

SONHOS TRANSFORMADOS

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Havia, no meio de um bosque, três árvores jovens que conversavam sobre seus sonhos com frequência. A primeira delas dizia: - Quero guardar muitos tesouros dentro de mim. Quero ser revestida de ouro, enfeitada com pedras preciosas e vigiada por soldados valentes. Quero ser o baú mais lindo do mundo! - O meu sonho vai mais longe! - comentou a segunda árvore - Quero me tornar uma grande embarcação que rasgue os oceanos, transportando riquezas e pessoas importantes. Quero percorrer o mundo inteiro e descobrir terras nunca vistas! - Prefiro continuar aqui mesmo! - declarou a terceira - Ficarei enorme e tocarei os céus com a minha imponência; serei admirada por todos! Os anos se passaram e as três amigas cresceram, tornando-se as mais altas árvores do lugar, chamando a atenção de uns lenhadores, que as derrubaram com seus machados e as transportaram a uma carpintaria. A primeira árvore não cabia em si de contente; esperava ver realizado o seu belo sonho. Mas o rude artesão a tran