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Mostrando postagens de janeiro, 2022

UM PEDAÇO NÃO É O TODO

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  Dizem que a verdade foi enviada à Terra na forma de um gigantesco espelho. No entanto, com o impacto, ele acabou se fragmentando em incontáveis pedaços que se entranharam no solo. Os homens, assim que souberam, começaram a procurar pela verdade. Uns a buscavam nas praias, outros em florestas, outros nas montanhas. Quem conseguia encontrar um pedaço do espelho ficava tão encantado com seu rosto refletido nele, que acreditava estar de posse do espelho completo. - Vejam como sou formoso! - dizia um. - Eu sou ainda mais bonito! Meu espelho é quem o diz! - retrucava outro. - Estão todos errados; sou eu o mais belo de todos! Meu espelho não mente! - corrigia um terceiro. E assim começaram as dissensões, brigas e desentendimentos entre os homens e eles nunca mais viveram unidos, pois cada qual se achava o dono da verdade e ninguém dava razão a ninguém. Pode-se armazenar um pouco da água do mar em um recipiente, mas seria impossível recolher o oceano inteiro. A verdade é assim, como as águas

DESGRAÇA OU BÊNÇÃO?

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  Morava numa aldeia um idoso pobre, cujo único bem de valor era um lindo cavalo branco. Certa manhã, descobriu que o cavalo não estava na cocheira. Os aldeões disseram: - Que desgraça, velho! Seu cavalo foi roubado! - Não sejam precipitados! - retrucou o ancião - Simplesmente digam: "o cavalo não está mais na cocheira". O resto é puro julgamento de vocês. Eles riram do velho. Entretanto, duas semanas depois, o cavalo voltou; ele havia fugido para a floresta. E mais: veio com uma dúzia de cavalos selvagens, que ficaram todos para o ancião.  As pessoas ficaram impressionadas. - Velho, você tinha razão; não era mesmo uma desgraça, mas uma bênção! - Vocês estão se precipitando de novo! - resmungou o velho - Quem pode dizer se é ou não uma bênção? Apenas digam que o cavalo voltou. Uns dias depois, o único filho do ancião quis treinar um dos cavalos selvagens mas, na tentativa de domá-lo, acabou caindo da montaria e fraturou as pernas. O povo da aldeia, mais uma vez, alfinetou: -

CUIDADO COM O LIXO!

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  Certo dia peguei um táxi para o aeroporto. Estávamos rodando na faixa certa quando um carro preto saiu de repente do estacionamento, direto na nossa frente. O taxista pisou no freio bruscamente, deslizou e escapou de colidir com o outro carro - por um triz! O motorista do outro carro começou a gritar nervosamente; mas o taxista apenas sorriu e acenou para o cara, fazendo um sinal de positivo, amigavelmente.  Indignado, perguntei: - Por que você fez isso? Esse cara quase arruína teu carro e quase nos manda pra o hospital! O taxista respondeu: - Muitas pessoas são como caminhões de lixo. Andam por aí sobrecarregadas de "lixo" - cheias de frustrações, raiva e traumas. À medida que o lixo se acumula, elas precisam de um lugar pra descarregar e, às vezes, acabam descarregando em outras pessoas. Mas nunca tome isso como pessoal; não é problema seu - é delas! Apenas sorria, acene, deseje-lhes sempre o bem e vá em frente. Não pegue o "lixo" de tais pessoas, nem o espalhe

A SOBREVIVÊNCIA DO AMOR

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  Estavam numa pequena ilha o Amor, a Alegria, a Tristeza, a Vaidade, a Riqueza e outros sentimentos. Certo dia, foram avisados sobre um possível tsunami que poderia inundar a ilha. Preocupado, o Amor admoestou a todos que se salvassem, dizendo: - Por favor, fujam todos da catástrofe! Os sentimentos então correram para os barcos a fim de se deslocarem para o continente. Mas os barcos eram poucos e o Amor acabou ficando sem o seu. Ele tentou sair da ilha a nado, porém percebeu que não conseguiria pois o mar estava cada vez mais agitado. Pediu ajuda à Riqueza, que estava no barco mais próximo: - Leve-me com você! - suplicou. - Ah, meu amigo, não posso; meu barco está cheio de ouro e prata; não tem espaço pra você.  O Amor então acenou para a Vaidade: - Por favor, me deixe ir com você! - Sinto muito, não dá; você sujaria meu barco! Nesse momento a Tristeza passou perto; o Amor gritou-lhe: - Tristeza, posso ir com você? - Ah, não, desculpe... estou desolada, prefiro ir sozinha... A Alegria

UM NÓ COM AMOR

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  Numa reunião escolar, os pais foram exortados a apoiarem ainda mais a seus filhos, acompanhando-os e fazendo-se presentes o máximo de tempo possível.  Lógico que os pais concordaram com a recomendação; no entanto um deles pediu licença para falar. E, para o espanto de todos, disse: - Eu simplesmente não tenho tempo de falar com meu filho durante a semana. Quando saio para trabalhar, é muito cedo e ele ainda está dormindo; quando volto é tarde da noite, quando ele já não está acordado. Infelizmente é essa a minha rotina diária e não tenho escolha, pois preciso prover o sustento da minha família. Fico muito angustiado por não ter tempo para meu filho. Mas ele e eu temos um "acordo": todas as noites, quando chego em casa e ele está dormindo, dou-lhe um beijo e, para "provar" o meu afeto diário, dou um nó na ponta do lençol que o cobre. Então, quando meu filho acorda no dia seguinte e vê o nó, ele sabe que estive com ele à noite e lhe dei minha benção e meu carinho. O

O SEGREDO DE SER FELIZ

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  Eram dois irmãos vindos da favela. Um deles tinha uns cinco anos e o mais velho, dez. Descalços, sem camisa, batiam de porta em porta pedindo comida. Estavam famintos, os coitados. Mas as portas quase não se abriam e quem os atendia lhes jogava no rosto palavras rudes e monossílabos feios. Todos pareciam indiferentes ao apelo dos pobres garotos. Iam desistir e voltar à favela, quando resolveram bater uma última porta. Uma senhora os recebeu com um sorriso sincero. - Ah, coitadinhos! - disse - Vou ver se tenho algo para lhes dar. Voltou em breve com uma garrafa de leite. Extasiados, agradeceram e foram embora. No meio do caminho, sentaram numa calçada. O caçula disse: - Irmão, você é o mais velho; beba primeiro. - Está bem. E levou a garrafa à boca, como se fosse mesmo beber. Mas apertou os lábios pra que nenhuma gota de leite penetrasse. Depois, devolveu a garrafa ao irmão. - Pronto, irmãozinho. Agora é sua vez. O pequeno tomou um grande gole. - Como está gostoso! - exclamou. - Agora

CONSELHOS DO ANCIÃO

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  A vida passa rápido como um piscar de olhos. Nunca esqueça que tudo o que você fizer nesta existência poderá repercutir na próxima. Não se concentre em brigar com os outros, nem critique tanto o seu corpo. Seja justo para que o Universo te traga boas vibrações.  Não reclame tanto; você tem muito mais que muitos jamais terão.  Não deixe de beijar o seu amor e de abraçar seu ente querido; não há como prever qual será seu último gesto de carinho.  Não se esmere tanto no acúmulo de bens; tudo que vem fácil, vai fácil, e daqui você não leva nada. Deixe seus animais sempre perto; eles são gotas vivas do amor da natureza. Use os talheres guardados para ocasiões especiais; a vida já é uma ocasião especial. Não poupe seu perfume preferido; use-o para um passeio com você mesmo. Gaste seu melhor calçado e use suas melhores roupas tanto quanto puder pois, quando morrer, outros é que escolherão tua roupa no caixão.  Se não é errado, por que esperar? Por que não agora? O que tem a fazer e o que qu

DEIXE LIVRE

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  Um homem criava um pássaro em casa. Sempre que ficava triste, ia para perto da gaiola e desabafava e o hábito o fazia sentir-se melhor. Um dia ele disse ao pássaro: - Querido amigo, você tem sido um fiel companheiro há muito tempo e nunca me desapontou. Peça o que quiser, que te darei. Pela primeira vez, o pássaro falou. Disse: - Se realmente me ama, deixe sempre aberta a porta da gaiola. Algumas vezes você esqueceu de fechá-la; mesmo assim, eu nunca me aproveitei disso pra fugir. Aliás, até cheguei a dar uns curtos passeios pela redondeza, mas voltei e fechei a porta com cuidado para que você não percebesse e não se sentisse mal com minha partida. Permaneço aqui, mas gostaria de merecer a tua confiança.  - Mas, pássaro... tenho medo de deixar permanentemente a porta aberta e você ir embora pra sempre...  - Isso significa então que eu não mereço tua dedicação. Somente com a porta aberta é que poderás saber se te estimo ou não. Enquanto a porta se mantiver fechada, nunca será uma gara

DE QUE COR É A GRAMA?

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  Certa vez, o burro e o tigre iniciaram uma discussão. - A grama é azul! - insistia o asno. - Não, a grama é verde! - retrucou o felino. Como nenhum dos dois se deixou persuadir, levaram a questão para o juiz e rei da selva, o leão. Assim que chegaram à presença do rei, o burro se adiantou: - Alteza! Não é verdade que a grama é azul? - Sim, sim. A grama é azul! - confirmou o leão.  O burro, afoito, continuou: - O tigre discorda disso e me incomoda com suas altercações. Por favor, castigue-o. O rei então declarou: - O tigre será punido com cinco anos de silêncio.  O burro ficou muito contente com o desfecho do julgamento; eufórico, saiu pulando e berrando: - A grama é azul! A grama é azul! O tigre, perplexo, perguntou ao leão: - Majestade, por que afinal me castigou? O senhor e eu bem sabemos que a grama é verde! - Sim, verdade; a grama é mesmo verde. - Então por que o senhor me pune? O rei explicou: - Isso não tem nada a ver com a questão da grama. Te castigo porque é inadmissível que

FIEL E LEAL

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  Certa vez, Arthur Wellesley (1769-1852), duque de Wellington, estava em campanha com um destacamento de seu exército, quando precisaram passar por um atalho, numa trilha; mas, para pegar a trilha, tinham que penetrar numa propriedade particular - uma humilde fazenda demarcada por uma velha porteira. Ao lado dela estava, de guarda, um mancebo. - Ei, rapaz! - bradou o duque - Abra já esse portão, pra que eu e meus homens passemos. - De modo nenhum, senhor - respondeu calmamente o moço. - Como não?! - esbravejou o famoso militar - Não sabes quem sou, menino? Sou o grande duque de Wellington, que derrotou Napoleão Bonaparte. Agora te ordeno: abra já esse portão! O jovem tirou da cabeça o chapéu, deu alguns passos em direção ao duque e se inclinou respeitosamente. - Mil perdões, senhor, mas não posso fazer o que me pedes. O meu pai expressamente me ordenou que eu não abrisse o portão para ninguém. O senhor é um líder militar e certamente não toleras a insubordinação. O senhor forçaria um

VOCÊ É VOCÊ!

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  Uma jovem disputou e conseguiu a vaga de diretora de programação de eventos numa grande empresa. Ficou radiante, mas seu primeiro dia de trabalho foi aterrador.  Começou com a recepcionista, assim que foi entrando no prédio: - Você é a sucessora da Helena? Vai ser difícil chegar à altura dela. Ela era um fenômeno! Mais adiante, no corredor, outra funcionária disparou: - Tenho pena de você. Não tinha ninguém aqui como a Helena. Vai ter que ralar muito pra chegar aonde ela chegou! Uma terceira pessoa que topou com a novata a saudou com simpatia: - Bem vinda, amiga. Esta empresa é ótima, mas, sabe? As coisas não serão mais as mesmas sem a Helena! O zelador a interpelou, resmungando: - Dona Helena trabalhou aqui durante 28 anos. Será que você vai durar tanto quanto ela? A pobre moça estava a ponto de desistir e largar tudo. Como poderia "competir" com uma pessoa tão querida por todos? Chegou, finalmente, à sala onde deveria trabalhar - a mesma em que Helena trabalhara. Deparou-

NUNCA INÚTIL

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  Um enorme e milenar carvalho estava situado no meio da floresta. Após muitos anos de imponência, uma tempestade o deixou quebrado e com aparência feia, jamais conseguindo se reerguer como antes. Quando a primavera chegava, trazia-lhe flores novas e verdes e o outono se encarregava de pintá-las com um tom avermelhado. Mas ventos inoportunos sopravam contra o carvalho, arrancando-lhe todas as folhas e o deixando novamente despido e em vergonha. A pobre árvore foi se sentindo esquecida, abandonada e sem utilidade e um vazio enorme a preencheu. E suspirou, pesarosa: - Ninguém mais me quer. Não sirvo para nada. Sou apenas um carvalho sem valor e quase podre. Algum tempo se passou. Com a proximidade do inverno, um pica-pau pousou no velho carvalho e começou a bicá-lo insistentemente até forjar uma portinha de entrada para seu abrigo nos próximos meses. A ave ficou muito contente com sua nova casa, no interior do carvalho. Ali era quente, aconchegante e cheia de pequenos insetos que lhe ga

SE NÃO FICA, VOLTA

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  Vivia, perto de Tóquio, um grande samurai, agora idoso, que dedicava seu tempo em ensinar o Zen aos jovens. Apesar da avançada idade, mantinha a reputação de ser ainda capaz de derrotar qualquer adversário.  Um dia, apareceu ali um jovem guerreiro, conhecido por sua impetuosidade e por usar a técnica da provocação. Com isso esperava que seu oponente fizesse o primeiro movimento e, então, contra-atacava com velocidade fulminante. Falava-se que ele jamais perdera uma luta. Assim que ouviu falar do velho samurai, foi até ele com o propósito de derrotá-lo e, assim, aumentar a própria fama. Os discípulos do samurai foram contra, mas o venerável mestre aceitou o desafio do guerreiro.  Naquela tarde se reuniram na praça e, para o espanto de todos, o jovem guerreiro começou a provocar o idoso sensei. Chutou pedras em sua direção, cuspiu em seu rosto, vomitou toda sorte de insultos, ofendendo inclusive seus ancestrais. Durante horas fez tudo o que pôde para tirá-lo do sério, mas o velho perma

SALVA POR SUA CRIANÇA

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  Uma jovem casara com um moço muito culto e de grande projeção política na China e sua união foi abençoada com dois filhos. A família viveu muito feliz, por vários anos.  - Aquela, sim, é uma mulher de sorte - diziam dela. No entanto, pouco tempo após o nascimento do segundo filho, o marido sofreu um colapso e morreu repentinamente.   No final do ano seguinte, o filho mais velho morreu de escarlatina. Oprimida pelo luto em dobro, aquela mulher perdeu a coragem de viver. Pegou o filho que lhe restara e seguiu para a margem do rio Yangtsé. Pretendia se unir aos mortos na outra vida, junto com sua criança.  Parada à beira do rio, ela se preparava para o fim. Foi quando o menino indagou, ingenuamente: - Nós vamos ver o papai? Ela levou um choque. Como uma criança de 5 anos podia saber o que ela pretendia fazer? - O que é que você acha, querido? - É claro que vamos ver o papai!... Mas eu não trouxe o meu carrinho pra mostrar a ele! A mãe começara a chorar. Deu-se conta de que ele conhecia

O MENINO DE VERMELHO

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  Tyler nasceu infectado com o vírus da AIDS, transmitido pela mãe. Desde o início de sua vida dependeu de remédios para sobreviver.  Já aos cinco anos, foi submetido a uma cirurgia para inserir um cateter numa veia toráxica, a fim de que a medicação fosse injetada na corrente sanguínea. O cateter se conectava a uma bomba que Tyler carregava numa mochila às costas. Algumas vezes, ele precisava de mais oxigênio para ajudar na respiração.  O impressionante era que nada disso o fazia abrir mão de um único momento de sua infância. Mesmo com a mochila nas costas e arrastando o tanque de oxigênio num carrinho, Tyler brincava e corria.  Todos que o conheciam se maravilhavam com a alegria e a motivação dele. Sua mãe o adorava, mas com frequência se queixava da euforia dele; parecia que ele sempre tinha "pilha nova". Era tão dinâmico que a mãe precisava vesti-lo de vermelho para poder localizá-lo rapidamente entre as crianças que brincavam no pátio. Entretanto, com o passar do tempo,

SILENCIOU O MUNDO POR 5 MINUTOS

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"Represento a ECO, Organização das Crianças em Defesa do Meio Ambiente. Somos um grupo de crianças canadenses de 12 a 13 anos tentando fazer a nossa parte e contribuir, falando em nome das gerações que ainda virão. Estou aqui para defender as crianças com fome, cujos apelos não são ouvidos. Venho falar em nome dos incontáveis animais morrendo em todo o planeta, porque já não têm mais pra onde fugir [da crueldade humana]. Todas essas coisas acontecem bem diante dos nossos olhos e, mesmo assim, continuamos agindo como se tivéssemos todo o tempo do mundo e todas as soluções.  Sou apenas uma garota e não tenho soluções, mas quero que saibam que vocês também não têm.  Vocês não sabem como reparar os buracos na camada de ozônio. Não conseguem salvar os salmões das águas poluídas. Não podem ressuscitar os animais extintos. Não têm condições de recuperar as florestas que um dia existiram e onde agora é deserto. Se vocês não têm capacidade para restaurar nada disso, então, por favor, parem

"PEANUTS"

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  Ele foi reprovado em todas as matérias na sétima série - em algumas delas, com nota zero. Nos esportes, ele também não vingou. Chegou a ingressar no time de golfe da escola, mas perdeu o único jogo importante da temporada.  Durante todo o período escolar, ele teve problemas com sociabilidade. Os outros meninos nem chegavam a não gostar dele, porque ninguém lhe dava importância. Era uma surpresa pra ele se alguém o cumprimentasse fora do horário de aula. Era como se ele não existisse.  Ao que se sabe, ele nunca convidou uma garota pra sair, durante seu tempo na escola. Receava ser rejeitado. Era um fracassado. Ele sabia disso e parecia que todos sabiam também. Mas havia uma coisa muito importante para ele e que era o seu orgulho: o desenho.  Ainda assim, parecia que apenas ele apreciava os próprios desenhos. No último ano do ensino médio, ele ofereceu alguns desenhos para os compiladores do livro de formatura, que os recusaram. Apesar de toda essa rejeição, o rapaz estava convencido d

É POSSÍVEL, SIM!

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  Um garoto e sua irmã mais velha estavam ao pé de um morro, próximo à casa deles. Ele exclamou, quase chorando: - Não consigo subir este morro. É íngreme demais! Será que vou passar a vida inteira sem conseguir subir e apreciar a vista lá de cima? - Que pena, irmãozinho! Vamos tentar compensar isso? Olhe, descobri uma brincadeira ótima! E, dito isso, ela pisou no chão com força.  - Duvido que você consiga deixar no solo uma pegada tão nítida quanto a minha! - desafiou. - Ah, é? Você vai ver! - retrucou o menino, dando um passo à frente e pisando forte.  - Olha aí! - comentou, todo orgulhoso - Minha pegada ficou igual à sua! - Você acha? Então vou pisar de novo e você verá que minha pisada é maior, pois sou mais pesada que você! E a irmã deu outra pisada mais à frente.  - Tenta de novo! - disse ela, provocando. - Você vai ver, irmã! E o garoto foi dando pisadas cada vez mais fortes, como se colocasse nelas todo o seu ímpeto, e a irmã o seguia. Não demorou muito e o menino teve uma surp

DE VOLTA À VIDA

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  Cindy, uma garota de 10 anos, era muito afeiçoada à sua mãe; eram muito amigas. A mãe fazia bijuterias em casa e o pai trabalhava com computadores.  A mãe, muito bonita e simpática, levava os filhos pra todo lugar que fosse. Além de Cindy, ela tinha uma criança de três e outra de um ano, e se preparava para a chegada da quarta.  Numa manhã de junho, ela se despediu da família com um "até amanhã", e foi para o hospital. Mas o amanhã lhe foi negado. Patrícia deu à luz um menino sadio, Mark, mas ao custo de uma parada cardíaca. Os médicos não conseguiram reanimá-la antes que houvesse danos ao cérebro.  E assim, aos 27 anos, aquela mãe entrou em coma e os médicos não deram esperanças. Mas o marido resolveu esperar. Esperou três anos. Depois, desesperado, oficializou o divórcio e enviou os filhos para parentes que pudessem criá-los. Durante 15 anos, Patrícia permaneceu presa ao leito, vegetando. Próximo ao Natal de 1999, um surto de vírus gripal se propagou pelo centro hospitala

ACEITE DO JEITO QUE É

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  Um garoto tinha a mania de botar defeito em tudo. Dizia com arrogância que estava tudo errado e que só ele era quem parecia entender isso. - Olha só! - disse para si mesmo - Este enorme pé de jabuticaba com pequenos frutos e aquela grande abóbora presa a uma planta rasteira. Era pra ser o contrário! Ah, se eu pudesse mudar isso! Após uma manhã inteira "consertando" o mundo em sua imaginação, o menino resolveu tirar um cochilo à sombra da jabuticabeira. Pegou num sono pesado e sonhou. Sonhou com um mundo novo e perfeito, do jeitinho dele... só que de repente "o mundo acabou", com uma "frutada" no nariz do menino, despertando-o. - Que susto! - gritou, ainda atordoado de sono. Olhou para cima, para a jabuticaba que lhe acertara e para a abóbora ali perto. - Caraca! - resmungou - Se eu tivesse o poder de "consertar" o mundo, eu é que teria sido a primeira vítima, alvejado pela monstruosa abóbora!... sabe que mais? Deixa pra lá... não quero mais sab

DEFEITOS OU QUALIDADES?

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  Uma vez, as ferramentas de uma marcenaria fizeram uma assembleia. Queriam, de uma vez por todas, acertar suas diferenças, mas os ânimos estavam exaltados. O martelo, arrogante, quis presidir a reunião, mas exigiram que ele renunciasse. - Você é muito barulhento! - disseram-lhe - Vive batendo nas coisas. Ninguém aqui aguenta mais seus golpes! - Só renuncio se o parafuso deixar a reunião! - disparou o martelo - Ele é um inútil; dá um monte de voltas pra conseguir resolver alguma coisa e aí perde muito tempo.  - Tá bom, vou sair! - resmungou o parafuso - Mas a lixa vai ter que sair também! Ela é muito áspera e vive em atrito com todos! A lixa, com toda soberba, falou contra a trena: - Ela deve sair também, pois tem a mania de medir todo mundo, como se fosse a única perfeita! Quando a discussão estava ficando ainda mais séria, ouviram passos se aproximando; era o carpinteiro. Todos então silenciaram. O marceneiro colocou o avental e iniciou seu trabalho. Tomou a madeira e usou o martelo,

"BASTA OLHAR EM VOLTA"

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  A St Paul's Cathedral ("Catedral de São Paulo, o Apóstolo"), uma das maiores catedrais do mundo, está localizada em Londres e sua construção foi concluída há séculos. Alguns anos após sua inauguração, o então rei da Inglaterra, ao visitá-la, ficou impressionado com as linhas delicadas e perfeitas do edifício. E perguntou: - Quem foi o arquiteto responsável por esta imponente construção? Ninguém sabia. O rei então mandou pesquisar e descobriram que havia sido o arquiteto Cristóvão Reis. - Mas onde está sepultado esse homem? - indagou o soberano. - Majestade, ele jaz num cemitério muito pobre, em Bedford, como indigente! - responderam seus serviçais. O rei mandou desenterrar os ossos do talentoso arquiteto e os colocou na Catedral de São Paulo. No túmulo há uma placa em inglês que diz: "Se quiserdes ver o seu monumento, basta olhar em volta". É sempre belo e inspirador quando alguém se vai deste mundo mas permanece lembrado pelas coisas boas que fez, por suas ob