Marcos Aguiar, o Blogueiro

"É um desafio muito difícil", comentava uma senhora de idade ao se referir ao convívio entre pessoas com diferentes objetivos de vida. - Quando casei, imaginava que seria fácil fazer o companheiro ver o mundo com outros olhos. Mas com o tempo compreendi que as mudanças somente acontecem conforme a decisão das pessoas. Ela fora professora e se entregava de coração ao trabalho voluntário, enquanto seu companheiro era um comerciante cheio de sonhos relacionados a finanças. Na visão dele, todos deveriam lutar obstinadamente pelas conquistas materiais a fim de garantir uma velhice favorável. Assim, cobrava da mulher colaboração nesse sentido. Quando o casal chegou à terceira idade, ela expressou o desejo de cursar faculdade. Era seu sonho. O marido simplesmente a criticou. - Você encara a vida como uma fantasia. Será que não percebe que está próxima da idade de morrer? Pra que criar ilusões? Ela silenciou, com o coração retalhado. Mais tarde, em outra conversa, ela dis

Pegou uma tigela e uma colher, subiu numa cadeira, abriu o armário e puxou a lata de farinha que veio abaixo, derramando todo o conteúdo no chão.  Juntou um pouco da farinha e jogou na tigela. Misturou uma xícara de leite e acrescentou açúcar, enquanto deixava rastros pelo chão da cozinha. O pequeno estava coberto de farinha e de frustração. Queria preparar uma boa surpresa para a mamãe e o papai, mas estava estragando tudo. Agora ele não sabia o que fazer, se colocava tudo no microondas ou no fogão. Aliás, ele nem sabia ligar o fogão! De repente, viu o gatinho lambendo a tigela e o expulsou de cima da mesa, mas nisso acabou derrubando a bandeja de ovos. Desesperadamente tentou limpar a bagunça mas escorregou nos ovos, lambuzando o pijama. Só então percebeu o pai parado, na porta da cozinha, a observá-lo. Arregalou os olhos, assustado, abaixando-os logo depois, esperando uma tremenda bronca. Nem conseguia se mexer.  Apreensivo, viu o pai atravessar a cozinha com lentidão, e

Havia um burro amarrado a uma árvore. Alguém ia passando e simplesmente resolveu soltá-lo. Não se perguntou se haveria um motivo para o animal estar ali, nem se o dono estaria por perto. Solto, o asno pôs-se a correr. Chegou a uma horta e, por estar faminto, foi devorando tudo o que havia sido plantado. A mulher do dono da horta ficou extremamente zangada. Afinal, a horta custara a ela e ao marido muitas semanas de trabalho e nutriam a expectativa de um bom lucro com a colheita. Com uma vara, a mulher bateu violentamente no burro, enxotando-o dali. Ele, desnorteado, disparou para o estábulo de seu dono. Este, ao vê-lo chegar todo arrebentado, foi averiguar o que havia acontecido. Quando descobriu, foi tirar satisfação com a esposa do lavrador e, cheio de ira, agrediu-a verbalmente. De volta ao lar, à noite, o marido e os filhos ouviram o relato da mulher e ficaram revoltados. De imediato foram à casa do agressor e, após terrível discussão, atracaram-se numa briga feia, resu

Sentado à sombra de uma árvore, Buda falava a seus discípulos quando um desconhecido se aproximou e deu-lhe um tapa na cara. Buda passou a mão na face e perguntou ao homem: - E agora? O que vai querer dizer? Aquilo desarmou o homem. Ele não esperava essa reação. Sempre que ele fazia isso, as pessoas ficavam com raiva e reagiam - ou, em alguns casos, sorriam nervosamente. Mas Buda não fizera nem uma coisa nem outra; simplesmente indagou. Os discípulos, contudo, ficaram raivosos. Um deles, Ananda, disse: - Isso foi demais: não podemos tolerar. Mestre, guarde para si os seus ensinamentos; vamos mostrar a este homem que ele não tem o direito de fazer o que fez. Ele precisa ser punido ou, do contrário, todo mundo vai querer imitá-lo. - Fique quieto - repreendeu Buda - Esse homem não me ofendeu, mas você está me ofendendo. Ele é um estranho para mim. Ele pode ter ouvido alguma coisa sobre mim por aí e, com base nisso, formou uma noção equivocada a meu respeito. Ele não bateu em m

Estavam à beira de um lago um pato, um peixe, um coelho e uma águia. Discutiam sobre suas habilidades para escapar aos caçadores. - Quando um caçador se aproxima, trato logo de voar - disse a águia. - Eu disparo pra dentro do mato! - comentou o coelho. - Eu desço rapidinho às profundezas do lago! - contou o peixe. - Pra mim tanto faz! - afirmou o pato - Se eu quiser voo, corro ou nado. Posso fazer qualquer uma dessas coisas. Nesse momento, ouviram um barulho terrível. Era um caçador atirando na direção deles. A águia voou. O coelho correu. O peixe submergiu. Só sobrou pro pato. Ele ficou ali parado, indeciso, pensando: "Não sei se voo, se corro ou se nado..." Ter muitas opções pode acarretar uma falsa sensação de segurança. Pode levar à perplexidade e à indecisão. Por isso, procure focar em seus pontos fortes e gerencie aqueles que podem interferir em suas atitudes. Texto de Rangel Lima - adaptação de Marcos Aguiar. 

Certa vez, o famoso mergulhador italiano Enzo Maiorca (1931-2016) mergulhou no mar de Siracusa enquanto conversava com sua filha Rossana, que estava a bordo do barco. Ao retornar à embarcação, ele sentiu uma leve cutucada em suas costas. Virou-se e viu um golfinho.  Enzo percebeu que o golfinho não queria brincar, mas expressar algo. O animal mergulhou e Enzo o seguiu. A pouco mais de doze metros de profundidade, havia outro golfinho, preso numa rede abandonada. Enzo subiu rapidamente e chamou a filha. Munidos com facas, conseguiram libertar o golfinho, que, ao final daquela agonia, emergiu e emitiu um “grito quase humano”, nas palavras do próprio Enzo (um golfinho consegue ficar submerso por até dez minutos). De volta à superfície, Enzo e Rossana constataram, com surpresa, que o golfinho resgatado era uma fêmea e estava prenha! O outro golfinho (aparentemente o parceiro dela) circulou em volta dos humanos, parando na frente de Enzo; tocou sua bochecha, "beijando-o&quo

Um aluno colou nas costas de um colega um papel com os dizeres: "sou idiota". Pediu ao resto da turma para não dizer nada e passaram o dia a rir dele, mas o coitado não fez caso. Mais tarde, na aula de matemática, o professor propôs uma equação difícil. Ninguém foi capaz de responder, exceto o "idiota". Enquanto se dirigia ao quadro, todos riam baixinho. Mais uma vez, sem dar importância àquilo, concentrou-se na equação e a resolveu em poucos minutos. O professor pediu à turma para aplaudir o colega; depois, disse a ele: - Permita-me.  E tirou das costas dele o papel. Todos silenciaram.  Em seguida o mestre comentou: - Parece que você não percebeu esse papel colado nas costas. E ninguém te disse nada, certo? E, olhando para os demais com semblante sério, disse: - Vou dizer uma coisa. Ao longo da vida, outros, com inveja, irão rotular vocês com coisas feias, na tentativa de lhes intimidar. Se o colega de vocês soubesse do papel em suas costas, provavelmen

Uma jovem dirigia acompanhada de seu pai, quando se depararam com uma forte e repentina tempestade. - O que devo fazer, pai? - Continue dirigindo. Com a piora do temporal, muitos carros começaram a encostar no meio-fio. A moça, um pouco nervosa, indagou outra vez: - O que faço agora, pai? - Continue dirigindo! Passaram por um trailer, também encostado. A tempestade seguia. - Pai, não é melhor parar? É terrível e todo mundo está parando!  - Não, continue dirigindo!  Tudo ao redor havia piorado, mas a moça obedeceu ao pai. Após mais alguns quilômetros, chegaram a uma zona tranquila e com o céu limpinho.  - Agora podemos parar e sair - disse o homem. - Mas por que agora, pai? - Quando você sair, olhe para trás: todas as pessoas que desistiram ainda estão sob a tempestade; mas como você não desistiu, sua tempestade ficou para trás! Passe pela tribulação, mas não se detenha por lá. Prossiga. Em breve, essa fase se tornará apenas uma lembrança passageira que ficará para trás. Aut

Dizem que, após tornar-se presidente, Nelson Mandela (1918-2013) convidou sua escolta para almoçar em um restaurante. Perto deles, numa mesa à frente, havia um homem sendo servido. Mandela então disse a um dos soldados: - Vá pedir àquele senhor que se junte a nós.  Ao ouvir o convite, o homem se levantou, pegou seu prato e sentou-se ao lado de Nelson. Este notou que, enquanto comia, as mãos do sujeito tremiam e ele não ousava levantar a cabeça do prato.  Ao terminar a refeição, o homem permaneceu na mesa enquanto Mandela saía com sua guarda. Nelson apertou a mão do convidado, que retribuiu o cumprimento sem levantar os olhos. Já na rua, um soldado comentou: - Senhor, aquele homem devia estar muito doente, pois suas mãos não paravam de tremer enquanto comia. Mandela sorriu. - Absolutamente não. A razão da tremedeira é outra. Aquele homem era o diretor da prisão onde eu estava. Ele me torturou, riu de mim e me humilhou. E quando gritei, implorando por água, ele urinou na minh

Certa vez, uma ONG alemã apresentou, de forma inusitada, um excelente exemplo de marketing social. Em alguns cinemas da Alemanha, o público entrava para assistir aos filmes e se deparava com cobertores dobrados, um sobre cada poltrona. Nada foi dito ou explicado e, conforme os primeiros anúncios e trailers iam passando, a sala começava a esfriar, chegando a baixíssima temperatura, similar à das madrugadas de inverno naquela região. Então, subitamente, uma mensagem começava a aparecer no telão, mostrando moradores de rua em muita dificuldade, assim como seus próprios relatos narrando os problemas causados pelo frio intenso. Ao final da mensagem, um deles, inclusive, em tom de bom humor, dizia assim: - Por favor, não incomodem mais as pessoas; deixem-nas assistir a seus filmes sossegadas. A campanha finalizava avisando aos espectadores que, em cada cobertor que receberam, havia um código legível via celular, por meio do qual poderiam, se quisessem, fazer uma doação em prol do

Em meados de 1970, quando estava prestes a completar seu doutorado em Física, Stephen Hawking (1942-2018), já portador de uma doença que ia paralisando seus movimentos, ouviu de um médico que tinha apenas mais dois anos de vida. - Então posso tentar entender o Universo, porque não vou mais precisar pensar em coisas como aposentadoria e contas a pagar - respondeu ele. Como a doença progredia rapidamente, foi obrigado a criar fórmulas simples para explicar, no menor espaço de tempo possível, tudo o que pensava. Décadas se passaram e a previsão do médico caiu por terra. Até sua morte em 2018, Hawking expressava-se por meio de um pequeno computador acoplado à sua cadeira de rodas e que possuía apenas quinhentas palavras diferentes. Entre outros livros, escreveu o clássico "Uma Breve História do Tempo" e foi responsável por uma nova visão da Física moderna. Sua delicada condição, em vez de reduzi-lo à invalidez total, forçou-o a descobrir uma nova forma de raciocinar.

Não se sabe ao certo como surgiram, em escolas dos Estados Unidos, os "buddy benchs" ("bancos de amigos" ou "bancos da amizade"), mas a intenção é clara: ajudar as crianças a lidar com o bullying e a solidão. São, normalmente, bancos de madeira, pintados com uma cor específica e com identificação devida, posicionados em locais estratégicos no pátio do colégio.  A criança que senta ali está, discretamente, afirmando que se sente sozinha, isolada e que é carente de atenção. Nem sempre as crianças conseguem expressar sua carência, então os bancos ajudam a externar esse apelo. Os assentos, por vezes, servem simplesmente para que crianças novatas ou acanhadas façam amigos, chamando a atenção dos outros e dizendo: "estou aqui". Os pequenos se envolvem desde a confecção do banco até à sua pintura, produzindo verdadeiras obras de arte e os resultados têm sido muito bons. De um lado, atendendo aqueles que estão vivendo períodos de fragilidade,

Posteriormente aos atentados do 11 de setembro, uma empresa que tinha seu escritório em um dos andares do World Trade Center convidou sócios e funcionários sobreviventes à tragédia para compartilhar suas experiências. Aquelas pessoas estavam vivas pelas razões mais diversas e também mais simples: O diretor de uma pequena companhia deixou para comparecer mais tarde porque foi a uma reunião na escola de seu filho; Uma mulher perdeu a hora do expediente devido a um pane no despertador; Um colaborador, querendo chegar mais cedo, tomou um atalho e acabou preso em um engarrafamento, pois havia acontecido um acidente na rodovia; Outro funcionário simplesmente perdeu o ônibus do horário que pegava todos os dias; Uma colaboradora foi alvejada por cocô de pombo e precisou voltar para casa e se trocar; Um dos sócios teve problemas ao ligar o carro e precisou chamar um mecânico; Outro funcionário teve que atender um telefonema que acabou tomando seu tempo e fazendo com que se atrasasse

  Havia um mágico muito afamado que lia a sorte das pessoas que passavam pela praça do mercado. Certa tarde, um homem correu na direção dele, gritando: - Feiticeiro! Um ladrão invadiu a sua casa! Está roubando tudo o que é seu. Corra! O mágico disparou, aflito. Um dos presentes gritou, debochando: - Se você consegue adivinhar a sorte alheia, por que não consegue adivinhar a sua? É mais fácil ser sábio para com os outros do que para consigo mesmo. Fábula de Esopo (620-564 a.C.) - adaptação de Marcos Aguiar.

Um cão de rua aproximou-se de um senhor que estava sentado na praça, cabisbaixo. Após uma boa troca de afagos, o homem o levou para casa. Naquela noite, o animal sonhou que falava como um humano. Dizia: "Partiu meu coração vê-lo tão sozinho e confuso. Tomei coragem e, finalmente, cheguei perto o bastante para tocar sua mão com meu focinho. Ele sorriu. Senti seu coração aquecer. Seus olhos lacrimejaram ao fitarem os meus. Me aproximei de seu rosto, banhando-me com suas lágrimas.  Entusiasmado, lati com todas as minhas forças e segui atrás dele. Sua comunicação consistia num simples mas completo sorriso. Pulei em seu colo animadamente, prometendo-lhe que o amaria para sempre e que nunca o deixaria. Que sorte ele ter passado por onde eu estava e podermos nos encontrar assim. Eu também me senti afortunado. Tantas pessoas estiveram lá, mas apenas ele prestou atenção em mim. Fico feliz que eu tenha conseguido salvar sua vida. Eu o adotei." Texto de C.Levi - adaptação de

Certa vez, numa palestra, um espectador perguntou a Margaret Mead (1901-1978) o que ela considerava ser o primeiro sinal de civilização em uma cultura.  Por certo, o sujeito esperava que a antropóloga falasse a respeito de anzóis, panelas de barro ou pedras de amolar. Mas não. Ela disse que o primeiro sinal de civilização numa cultura antiga era a evidência de alguém com um fêmur quebrado e cicatrizado. E explicou: - No reino animal, se você quebrar a perna, morre. Você não pode correr do perigo, ir até o rio para beber água ou caçar comida. Você é carne fresca para os predadores. Nenhum animal sobrevive a uma perna quebrada por tempo suficiente para o osso sarar. Um fêmur quebrado que cicatrizou é evidência de que alguém empregou tempo para cuidar daquele que se acidentou até sua recuperação. Portanto, ajudar alguém durante a dificuldade é onde a civilização começa! Nossa condição como seres humanos nos chama à responsabilidade de sermos solidários uns com os outros; à med

Mary McLeod Bethune nasceu em 1875, em Mayesville, Carolina do Sul, Estados Unidos. Filha de ex-escravos e oriunda de numerosa família (16 irmãos), Mary ajudava a mãe a lavar roupas de brancos.  Um dia, aos 12 anos, em casa de uma das clientes de sua mãe, apanhou um livro da estante e foi logo repreendida pela filha da dona da casa, que disse: - Você é negra; negros não sabem ler! Foi aí que Mary se deu conta de que o aspecto mais patente que desigualava brancos e negros era a alfabetização. Nesse tempo, em fins do século XIX, poucas salas no sul dos Estados Unidos admitiam negros. Mary pressionou a família para matriculá-la em uma sala de aula para negros na Trinity Mission School, instituição dirigida pela Igreja Presbiteriana. Atenderam seu pedido mas ao mesmo tempo disseram que se virasse, já que não podiam lhe dar suporte. Ainda assim, sem apoio, Mary aceitou o desafio, caminhando 16 km todos os dias para chegar à escola. Em pouco tempo, ensinou os pais e os irmãos a l

Para ajudar no controle de roedores nos porões do RMS Titanic, foi levada para a embarcação uma gata a quem chamaram de "Jenny". Ela ficava na cozinha do navio, sob os cuidados de Jim Mulholland, um foguista. No início de abril de 1912, durante os testes de navegação, Jenny presenteou o Titanic com uma ninhada de gatinhos. Jim encontrou para Jenny um local confortável onde ela pudesse amamentar suas crias. Tal responsabilidade rompeu a monotonia do trabalho de Jim.  Enquanto isso, Jenny parecia satisfeita com seu aconchego perto das fornalhas, seus bebês e os restos de comida que Jim lhe trazia.  No entanto, assim que o navio atracou em Southampton, Inglaterra, pouco antes de seguir para sua viagem inaugural a Nova York, Jenny olhou ao redor e, repentinamente, começou a pegar seus filhinhos pela nuca e removê-los para fora do navio. Jim, que a observava, pensou: "Essa bichana deve saber de algo que ninguém mais sabe!”  Ele então decidiu reunir seus escassos p

Uma dona de casa passava por muitos problemas. Não dormia e sentia profundo esgotamento, tornando-se frequentemente irritada, rabugenta e azeda, além de enferma. Até que um dia, de repente, ela mudou. A situação estava igual, mas ela estava diferente. Certo dia, seu marido lhe disse: - Amor, estou há três meses à procura de emprego e não encontrei nada; vou extravasar um pouco ali no boteco com uns amigos. - Tudo bem, amor; vá. Um dos filhos falou: - Mãe, estou mal em quase todas as matérias da faculdade... - Não se apoquente, querido, você vai se recuperar; e se não conseguir, repete o semestre. O importante é insistir.  A filha chegou outro dia, contando: - Mãe do céu! Bati o carro! - Mas você está intacta, minha filha, isso é o que importa; leve o carro na oficina e, enquanto não o consertam, pegue o ônibus ou o metrô.  A nora ligou: - Sogrinha, vou passar uns quinze dias aí, tudo bem? - Sem problemas! Vou ajeitar a poltrona pra você e arrumar uns bons cobertores. Com o

A atriz Jennifer Love Hewitt (1979-) foi convidada para uma festa beneficente, organizada por uma instituição que ajuda crianças portadoras do vírus da AIDS. No local havia muitas barraquinhas, mas as crianças estavam aglomeradas ao redor de uma em especial. Jennifer verificou que todas as crianças recebiam pequenos recortes de tecidos que deveriam ser pintados, para depois serem costurados, formando uma colcha. O objetivo era presentear um dos diretores da instituição que estava se aposentando. Pincéis e potes com as cores mais variadas foram distribuídos entre os pequenos, que pintaram corações cor-de-rosa, nuvens azuis, flores verdes e roxas e sóis alaranjados. Todos os desenhos eram positivos e animadores, exceto um. Seu autor, um menino franzino. Ele pintou um coração escuro e vazio. No primeiro momento, Jennifer supôs que ele usara cor escura porque talvez tivesse sido a única tinta que sobrara. Mas, quando ela perguntou o porquê, o garoto respondeu: - Pintei o coraçã

Duas formigas eram vizinhas; uma morava numa montanha de açúcar, enquanto a outra residia numa montanha de sal. A primeira era feliz, pois tinha comida doce em abundância. A outra, coitada, vivia com sede, já que seu alimento era terrivelmente salgado. Um dia, a formiga do açúcar puxou conversa com a do sal. - Oi, amiga! Está vendo esta montanha de açúcar? É minha morada! A outra franziu a testa. - Açúcar? O que é isso? - Você nunca provou açúcar? Vai adorar! Venha me visitar qualquer dia desses e eu deixo você experimentar! A outra, curiosa, aceitou o convite e foi à montanha de açúcar. Mas, antes da subida, colocou um pouco de sal na boca, pensando: "Pode ser que o tal açúcar não seja tão saboroso assim!" Já na casa da vizinha, provou o açúcar; mas, com a boca cheia de sal, não notou nenhuma diferença. - Mas que coisa! - disse, com a boca cheia - Esse teu açúcar tem o mesmo sabor do meu sal! - Estás enganada! Abre a boca! Foi então que ela percebeu o sal na boca

Um rapaz foi ter com um idoso e perguntou: - Qual a maior lição que a vida te ensinou?  - Desculpe, meu jovem, mas não estou com disposição para falar agora. Estou profundamente preocupado. - O que se passa, senhor? - Ah, é a minha vaca prenha. A coitada está em trabalho de parto há mais de vinte horas. Tenho medo que ela possa morrer, pois muge o tempo todo. - Mas não há nada que possa ser feito? O velho suspirou. - Simplesmente não sei o que fazer, estou desorientado. Mas se eu conseguir conselhos de outras pessoas, minha vaca pode ser salva. Você não acha?  - Acredito que sim. - Então, meu rapaz, pode me fazer um favor? Vá à estrada e aborde alguns transeuntes. Conte a eles sobre minha vaquinha e lhes pergunte o que devo fazer.  - Está bem; irei. Mais ou menos uma hora depois, o moço retornou.  - Consegui o conselho de quatro pessoas. A primeira sugeriu que ligue imediatamente para o veterinário a fim de que ele faça uma cesariana. A segunda pessoa opinou que desse mais

Um açougueiro e um pintor eram vizinhos e viveram em paz por muitos anos; porém, em algum momento, começaram a se desentender. O açougueiro se queixou por causa do cão barulhento do pintor. Quando as reclamações se tornaram constantes, o pintor comentou: - Também tenho coisas contra você, mas nem por isso vivo reclamando. Por exemplo, sua árvore invadindo o meu terreno e derramando suas folhas no meu jardim. - E você espera que eu corte a minha árvore? Então também dê um fim a seu cão! O bate-boca parou nesse tom, mas o açougueiro continuou a insultar o vizinho nos dias que se seguiram, não parando de xingá-lo. O pintor, no entanto, manteve-se absolutamente sereno. Tudo o que ele fez foi ignorar o reclamão. Certo dia, um outro vizinho, cansado de presenciar as cenas histéricas do açougueiro, aproximou-se do pintor. - Homem, como é que você aguenta esses acessos de ira do açougueiro? Por que não lhe devolve os insultos? Todo mundo aqui sabe muito bem a "peça boa" q

Um mendigo disse ao seu filho: - Tenho boas notícias... tá rolando uma festa na casa de um rico na rua ao lado. Muita gente. Vá lá e implore por vinte dólares. São todos da alta, então não será um problema. O rapaz foi até lá. Mais ou menos uma hora depois, voltou com as mãos abanando.  - Pai, não me deram um centavo! Achei que fossem generosos, mas me enganei. Até as crianças deles caçoaram de mim. - É uma pena, filho. Essas pessoas têm dinheiro de sobra e poderiam ter te ajudado... sabe o que mais? Volte lá e implore novamente mas, desta vez, diga-lhes que tua família está passando fome e que precisas de vinte dólares para comprar comida. Certamente eles irão se comover. Um pouco otimista, o moço retornou ao palacete, mas terminou do mesmo jeito, sem um único vintém.  - Não me deram nada, pai. Me ignoraram completamente! O pai suspirou. - Tudo bem, meu filho. Fique aqui. Desta vez, irei eu. Era um pouco tarde quando voltou, mas seus bolsos estavam carregados de moedas e e

Uma garota constantemente recorria à sua avó para solucionar problemas. E toda vez sua avó respondia: - Suba ao seu quarto, arrume suas gavetas e depois de fazer isso você terá a solução. A menina, com o tempo, refletiu sobre essas palavras, se existiria de fato uma conexão entre problemas e gavetas. - Vovó, o que tem a ver a gaveta com os problemas? - Minha criança: a gaveta desarrumada é um espelho da vida!⁣ Toda vez que você tiver algum ítem desorganizado, essa desorganização se refletirá na sua vida.⁣ Você tem um mundo dentro de si. Teu quarto e tua casa são um reflexo da tua alma. ⁣Quando você limpa a sua gaveta e joga fora aquilo que não é mais útil, está reprogramando simbolicamente o seu interior. É uma das melhores chaves para conseguir serenidade e respostas para problemas difíceis.⁣ Então repito: arrume suas gavetas. Com certeza isso vai te ajudar a enxergar mais claramente! Organize as gavetas, o armário, a bolsa e a carteira e leve isso para su

Uma das mais famosas blogueiras de moda do mundo, Kyrzayda Rodriguez, escreveu o artigo abaixo pouco antes de falecer de câncer, em setembro de 2018: "Possuo o carro mais caro em minha residência, mas agora estou em uma cadeira de rodas no hospital. Minha casa está repleta de ítens caros de designers, roupas de marca e objetos de valor. Mas meu corpo está agora envolto em um simples e fino lençol fornecido pelo hospital. Tenho muito dinheiro no banco; mas agora ele não me oferece nenhum benefício, por menor que seja. Meu palacete tem uma cama espaçosa e confortável, mas estou aqui, num leito hospitalar. Tenho recursos para hospedar-me em qualquer hotel cinco estrelas. Mas agora minha rotina é ser transferida de laboratório para laboratório e submeter-me a exames e tratamentos. Ao longo de minha carreira, assinei o contrato de centenas de pessoas. Hoje, minha assinatura se resume a um atestado médico. Eu tinha sete joias caras enfeitando meu cabelo; agora, por causa des

Um cão procurava um local para dormir quando se deparou com um estábulo aparentemente desocupado. Tudo estava tão quieto e agradável que ele resolveu entrar. Deitou-se no capim e tirou uma boa soneca. Algumas horas se passaram e chegou o boi, após um dia duro no campo. Vinha varado de fome. Seus passos acordaram o cachorro, que logo começou a latir com raiva. Cada vez que o boi tentava aproximar-se para comer, o cão investia contra ele.  O boi era paciente, mas comentou: - Amigo, desse jeito nem eu me alimento, nem você dorme! Muitas pessoas são como esse cachorro: desperdiçam a própria vida se empenhando em prejudicar os outros. Fábula de Esopo (620-564 a.C.) - adaptação de Marcos Aguiar. 

Um mancebo observava um senhor que varria as folhas secas do jardim. A área era grande e o velho caprichava em não deixar uma só folha no gramado. - Seu João - disse o moço sorrindo - Que maravilha se o senhor pudesse, com um simples desejo, ver todas estas folhas repentinamente empilhadas, não acha? - Mas posso fazer isso, rapaz! - Se o senhor pode, quero ver!  - Folhas! Juntem-se todas! - disse o velho, com voz imperativa. E continuou limpando a relva até amontoar finalmente todas as folhas. O velho concluiu, sorridente: - Viu? É este o melhor meio de vermos realizados os nossos desejos - trabalhando com afinco, para que aquilo que queremos seja feito. O jovem entendeu a lição. Mais tarde, ao estudar a biografia de cientistas, gênios e inventores, o rapaz descobriu que todos eles adotavam o princípio do velho jardineiro. Todas as suas realizações deviam-se ao fato de que eles, almejando fortemente um objetivo, nunca cessavam de se esforçar até alcançá-lo. Autoria desconhe

Aquela vizinha parecia estranha. Bateu à porta dos rapazes e ofereceu biscoitos. Sinal de boas vindas.  - Receita especial - frisou. E foi entrando e se sentando na sala, falando de tudo e de coisa nenhuma. Por fim, entre lágrimas, contou que fora vítima de um furto. Sua planta de estimação, uma samambaia que ficava no corredor do apartamento, sumira. Os moços se compadeceram da tristeza dela, estampada em sua face alquebrada pelo tempo. Pediram a um amigo, que adorava investigar situações complicadas, que fizesse algo por ela. Ele abraçou a causa com entusiasmo.  Arrumou uma samambaia nova e instalou uma câmera de vigilância no corredor, porém não detectou mais furtos. A porta do apartamento se abria apenas para quem vinha entregar pedidos feitos pela senhora.  Ele notou que, além de agradecer, ela fazia questão de dar bolinhos ou biscoitos a cada entregador e insistia que ficassem com os brindes. Jerry se deu conta da solidão daquela senhora que quase não saía de casa e q

Aconteceu na Noruega. Após o expediente, o funcionário de um frigorífico foi inspecionar uma das câmaras. Quando ele estava lá dentro, a porta, não se sabe como, travou, deixando-o trancado. Repetidas vezes bateu na porta, gritou por socorro, mas nada adiantou. Todos os demais funcionários já tinham ido embora. Cerca de cinco horas depois, o homem resistia, apesar do frio insuportável. Quando estava prestes a desfalecer, a porta abriu. O vigilante da noite demonstrou surpresa ao se deparar com o colega quase sem sentidos e, prontamente, o socorreu. Posteriormente perguntaram ao vigilante: - Por que foi abrir a porta da câmara, considerando que isso não faz parte de sua rotina de trabalho? O interpelado respondeu: - Trabalho nesta empresa há 35 anos. Centenas de colaboradores entram e saem daqui todos os dias. Esse homem é uma das poucas pessoas que me cumprimentam pela manhã e pela tarde. Então senti falta da saudação dele e imaginei que poderia ter lhe acontecido alguma co

Thomas Wheeler, alto executivo de uma multinacional americana, viajava com sua esposa por uma rodovia interestadual quando notou que o carro estava com pouca gasolina. Conseguiu chegar a um pequeno posto e pediu ao único atendente que enchesse o tanque e verificasse o óleo enquanto ele dava uma volta para esticar as pernas. Ao retornar, pegou sua mulher num papo animado com o sujeito. Silenciaram enquanto Wheeler pagava a conta, mas quando finalmente deu partida, o moço acenou e disse: - Foi ótimo conversar com você! Já na estrada, o marido perguntou: - Conhecia aquele cara? - Ah, sim: fomos colegas de escola e chegamos a namorar durante um ano. Thomas estufou o peito. - Puxa, então você teve sorte de eu ter aparecido! Se tivesse casado com ele, hoje seria esposa de um mané! - Engana-se, querido. Se tivesse me casado com ele, ele seria o alto executivo e você, o mané. Nunca subestime a força e a influência das mulheres! Autoria desconhecida - adaptação de Marcos Aguiar.