QUATRO MESES




Após retornar de uma consulta médica, uma senhora reuniu os familiares e disse:
- Conversei com a junta médica que me examinou e lhes pedi franqueza, que não me poupassem da verdade sobre meu estado de saúde. Responderam que tenho pouco tempo.
Diante dos olhares ansiosos, ela continuou:
- Eles me revelaram que sou portadora de uma moléstia incurável e que meu tempo de vida é de aproximadamente quatro meses.
Uma das filhas, em prantos, perguntou:
- E a senhora nos conta isso com a maior naturalidade?
A mãe prosseguiu, serena:
- Pelo menos tenho um bom tempo pra fazer tudo o que já deveria ter feito antes. Arrumarei o meu armário, guardarei o que realmente uso e o restante jogarei fora ou doarei a quem precisa. Porei belas cortinas em todas as janelas e elas me impedirão de bisbilhotar a vida alheia. Evitarei ouvir e assistir más notícias e alimentarei meu espírito com leituras saudáveis e diálogos amigáveis. Também dispensarei fofocas e não criticarei a mais ninguém. Todos os dias tirarei o pó da casa e, durante esse afã, pensarei: "Estou me livrando das sujeiras que guardei do passado". Pensarei naqueles que já me magoaram e, com sinceridade, os perdoarei. Todas as noites, ao deitar, darei graças por tudo que conseguir fazer neste tempo que me resta.
E concluiu:
- Todas as manhãs, ao acordar, me perguntarei: "O que posso fazer para tornar melhor este dia?" E farei de tudo para transmitir felicidade àqueles que de mim se aproximarem. Quatro meses são mais de 120 dias; portanto, quando eu finalmente fechar os olhos, terei feito no mínimo 120 boas ações. 
Todos os presentes, pouco a pouco, se retiraram dali, indo cada um chorar em algum canto.
Mas a senhora continuou ali, tranquila.
Pensou: "Posso não curar meu corpo, mas posso mudar a vida que me resta". E foi o que ela fez, nos quatro meses que se seguiram.
O curioso dessa história é que, após aquela reunião com os familiares, a senhora viveu mais 23 anos. Cuidou tanto da própria alma que a moléstia desapareceu e ela faleceu de velhice.
Tudo o que você puder fazer, faça HOJE.

Texto de Silvia Schmidt - adaptação de Marcos Aguiar. 

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

UMA FILA QUE VALEU A PENA

A VERDADEIRA RIQUEZA

OS PREGOS