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Mostrando postagens de janeiro, 2023

FAZENDO O QUE SE PODE

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Pouco antes do anoitecer, uns jovens desordeiros passaram por uma trilha na mata. Um deles, distraidamente, lançou sua guimba de cigarro ainda em brasa.  Em pouco tempo, um enorme clarão de fogo substituiu a luz do sol. Um incêndio cada vez mais crescente tomou conta da floresta e, enquanto as labaredas iam consumindo tudo, os animais debandavam, desesperados. Um deles, porém, resolveu retornar àquele inferno e tentar fazer algo. Era uma andorinha. Sobrevoou o local e descobriu, não muito distante, uma enorme lagoa. Então começou sua empreitada. Voou até à lagoa, mergulhou as penas nele e depois pairou sobre as chamas, sacudindo-se para espalhar as gotículas de água, repetindo isso inúmeras vezes. Apesar de muito concentrada no que fazia, a andorinha não pôde deixar de ouvir uma sucessão de gargalhadas que parecia não ter fim.  Era a hiena, conhecida no bosque por debochar de tudo e de todos. Quando a pequena ave deteve-se um pouco para descansar, a hiena se aproximou e dis

RIQUEZA VERDADEIRA

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Quem não conhece a trilha sonora de "Titanic"? Sua intérprete, a cantora Céline Dion, após o grande sucesso com a canção-tema do filme, tomou a importante decisão de ser mãe.  Casada desde 1994 com seu empresário, ela decidiu que era hora de ficar mais perto de casa também pelo marido que, três anos antes, recebera o diagnóstico de um câncer.  Seguiram-se dois anos de folga dos palcos e da vida artística. Céline tornou-se mãe e, para não ficar distante do filho, optou por um contrato que a mantivesse perto do lar - mudando-se para Las Vegas, saindo somente para shows noturnos. "Meu filho é a prioridade", disse ela. "Todos os anos são importantes, mas os primeiros da vida de uma criança são fundamentais. Não me importa que ele se torne lixeiro, músico, bombeiro, advogado ou dentista; só quero que seja uma boa pessoa, generoso e responsável. Às vezes, a pessoa não tem boa posição ou destaque. Não tem dinheiro, nem sucesso, nem beleza, mas tem boa índo

NÃO SOMOS NOSSOS PROBLEMAS

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Dizem que o grande escritor francês Victor Hugo (1802-1885), quando no exílio, tinha por hábito, ao cair da tarde, sentar-se numa colina próxima ao mar e ali ficar meditando por longo tempo. E, enquanto meditava, crianças brincavam à sua volta. Após a prolongada reflexão, Hugo erguia-se, pegava uma pedra e a atirava ao mar, o mais longe que podia. Esse gesto já se tornara tão corriqueiro para ele que o fazia de forma quase automática.  Certo dia, uma das crianças parou de brincar e ficou observando o sr Hugo atirar às águas mais uma pedra e foi até ele, curiosa. - Por que o senhor, depois de ficar tanto tempo sentado, joga uma pedra na água? Um tanto melancólico, Victor respondeu: - É que tenho muitos problemas e resolvi vir aqui diariamente pensar sobre cada um deles. Após concluir que o problema é passageiro e não faz parte de mim, eu o lanço ao mar do esquecimento. Nunca permita que os problemas se apoderem de você e te deixem sem forças. Deve compreender que está passan

UMA BAILARINA EM AUSCHWITZ

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Mais de uma vez, Edith ouvira os pais comentando: "Poderíamos ter evitado essa." Com o tempo, ela pôde compreender que o que eles queriam dizer é que ela não fora planejada. Ela podia sentir isso, todos os dias, pelo tratamento que recebia. Jamais uma palavra de elogio ou incentivo. Para Klara, a irmã mais velha, choviam louvores; aos cinco anos já tocava violino maravilhosamente. Já Magda, a outra irmã, era uma brilhante pianista. Mas a Edith só dirigiam depreciações.  O pai lhe disse, um dia, que desejava que ela tivesse nascido menino. As irmãs, fazendo coro às críticas, até criaram uma música para ela:  "Você é tão feia Você é tão pequena  Nunca vai arranjar um marido." E, pra completar, sua mãe dizia que ela nunca seria bonita. Apesar de tudo, Edith foi para a escola de ballet e o seu intuito era ser a melhor. Quando sua turma foi convidada a se apresentar em um festival, ela se sentiu maravilhosa. No estúdio, mais de uma vez, fora incentivada pelo

669 MOTIVOS PRA FAZER O BEM

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Nicholas Winton tinha apenas 29 anos quando conseguiu oito trens para retirar mais de 600 crianças (a maioria delas judias) da Tchecoslováquia durante a eclosão da Segunda Grande Guerra, em 1939. Elas foram conduzidas para a Inglaterra e para a Suécia, onde ficaram livres das garras dos nazistas. Poucos meses antes, em 1938, Winton visitara campos de refugiados fora de Praga e decidiu ajudar as crianças a conseguirem licenças britânicas. Na época, ele era corretor de ações em Londres e, oriundo de uma família judia alemã, estava bem consciente da urgência da situação. Durante meio século, seu feito ficou oculto; ele simplesmente nunca contou a ninguém sobre o que fez. Foi então que sua esposa Grete encontrou um álbum de recortes com detalhes das 669 crianças que ele salvou. Em 1988, um episódio do programa da revista BBC That’s Life apresentou Winton a algumas das pessoas que ele havia ajudado, chamando a atenção do grande público. Ao lhe pedirem para explicar sua decisão d

CHANCE DESPERDIÇADA

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Um casal de idosos recebeu um visitante em sua casa. Apesar de muito pobres, compartilharam de boa vontade o pouco que tinham. Ao perceber o bom coração dos anfitriões, o hóspede falou: - Eu lhes concedo três desejos, qualquer coisa que quiserem. Só precisam pedir. Os dois agradeceram, embora não estivessem tão certos da veracidade daquela "graça", uma vez que o homem não passava de um simples e mal vestido andarilho. Na hora da janta, ao contemplar a escassez de alimento sobre a mesa, a mulher suspirou e disse: - Como seria ótimo uma bela roda de linguiça assando na brasa agora... Mal terminou de falar e uma roda de linguiça surgiu fumegando na frigideira! A mulher deu um grito de espanto. Mas o marido, ao se dar conta de que havia sido realizado o primeiro pedido, ficou muito irritado e berrou: - Sua tola! Que pedido mais estúpido! Eu queria que essa linguiça ficasse grudada no seu nariz pra você aprender a não desperdiçar um pedido! Pra que ele disse isso? No m

O CUSTO DE UM SONHO

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Foram quase oitenta anos de espera mas, finalmente, aconteceu. Aos 102 anos, a alemã Ingeborg Rapoport (1912-2017) recebeu o título de doutorado que lhe fora negado pelos nazistas, simplesmente por ser judia. Sua tese, desenvolvida e escrita em 1938 na Universidade de Hamburgo, Alemanha, consistia em pesquisas relacionadas à difteria. À época, o orientador da médica escreveu uma carta relatando que teria aceitado o trabalho dela. Todavia, as leis antissemitas do Terceiro Reich proibiam que ela defendesse sua tese. Depois que tomaram o controle da Alemanha em 1933, os nazistas passaram a expulsar todos os judeus das universidades e escolas, além de proibir que exercessem muitas profissões. Por isso Ingeborg teve que se refugiar nos Estados Unidos, mas jamais desistiu de seu doutorado. Aos 100 anos ela obteve da Universidade a promessa de reconsiderar o caso, desde que pudesse defender a tese. Então ela precisou se atualizar, estudando, em alguns meses, sobre os avanços médic

RESSENTIMENTO QUE COBRA CARO

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Chegou o sábado, dia da faxina. A dona da casa distribuiu às filhas os deveres domésticos, enquanto os meninos saíram ao trabalho e às compras. Naquela manhã, após uma trabalheira danada, Cecília terminava de encerar o assoalho da sala, deixando-o reluzente. Foi quando surgiu à porta o seu irmão gêmeo, Jeremias. Ao vê-lo aproximar-se da sala, imediatamente Cecília o proibiu de avançar. - Por favor, dê a volta e entre pelos fundos. Nem pense em atravessar a sala, que acabei de encerar. A mamãe quer o chão brilhando. Mas Jeremias insistiu, dando mais uns passos à frente. A irmã, estressada e com muita raiva, gritou:  - Se der mais um passo, estragando o que acabei de fazer, nunca mais falo com você! Jeremias achou graça no desafio e, rindo, atravessou a sala. Cecília ficou furiosa com as pegadas empoeiradas do irmão; enquanto este se divertia, achando que era brincadeira, ela cumpriu sua promessa, deixando de falar com ele. Nos primeiros dias, todos da casa julgaram aquilo um

A LIÇÃO DAS PENEIRAS

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Certa vez uma mulher flagrou sua filha, junto a algumas amigas na sala, comentando coisas desagradáveis sobre outra amiga ausente. A mãe então convidou todas as meninas a irem com ela até à cozinha. Ela pegou três peneiras, uma vasilha e uma porção de farinha, pondo tudo sobre o balcão.  Despejou a farinha na primeira peneira (com furos grandes), que facilmente passou para a segunda peneira (com furos um pouco menores). Ao agitar um pouco, a farinha caiu na terceira peneira, cujos orifícios eram bem mais finos. Chacoalhou outra vez e a farinha finalmente caiu dentro da tigela. Tomou então uma tampa e fechou o recipiente pra que a farinha não se espalhasse com algum vento que entrasse pela janela. As meninas observaram a tudo atentamente mas não compreenderam o que a dona da casa queria dizer. Ela, sorrindo, disse, olhando especialmente para a filha: - Vamos imaginar que a farinha represente o comentário que você ouviu de alguém a respeito da sua amiga ausente. Antes de comp

O MEDO QUE CRIAMOS

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Joana chegou à casa de sua mãe com a pequena Lara nos braços, indagando se ela poderia ficar com a menina nesse dia. - Lara não dormiu direito esta noite, gritou muito. Então achei melhor deixá-la aqui hoje ao invés de na creche. Depois que a mãe saiu para o trabalho, Lara, descontraída, segredou para a avó que estava com medo. - Sonhei com bichos muito feios e não queria que eles me atacassem. - Mas como assim, minha querida? - Vó, foi assim: ontem, um coleguinha me mostrou um formigueiro, no quintal da casa dele. Ele falou que elas são muito más e se tornam gigantes para atacar as pessoas. E, colando o rosto ao colo da avó, Lara indagou baixinho: - Vó, você me protege? A avó a apertou com carinho. - Claro que sim, querida. E vamos falar com seu anjo da guarda para pedir proteção. Rezaram juntas e a menina ficou mais calma. No final da tarde, a avó a levou para fora a fim de observar um formigueiro que surgira num canto do jardim. - Veja, meu amor, como as formigas são tra

A MELHOR ESCOLHA

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Um menino caminhava ao lado da avó por uma movimentada avenida. Estavam aproveitando as férias do pequeno, passeando pela cidade. Já haviam observado diversas vitrines, quando uma em especial chamou a atenção do garoto: uma loja de brinquedos. O guri ficou de tal modo encantado com a enorme variedade, que não sabia para qual dos brinquedos olhar primeiro. Percorria eufórico de um extremo a outro da vitrine, chamando a atenção da avó para esse ou aquele brinquedo. - Meu bem, quero te presentear com um desses brinquedos. Pode escolher.  Ansioso, o menino observou mais uma vez todas as opções, mas estava indeciso. - Por favor, vovó, me ajude a escolher. Gentilmente, ela começou a lhe dar sugestões. Foi então que o garoto enxergou, através do reflexo da vitrine, um outro menino no lado oposto da rua, encolhido sob uma marquise. Suas roupas estavam muito sujas e seus pés, descalços. Comovido com a cena, o neto disse: - Vovó, ao invés de comprarmos um brinquedo caro para mim, pod

AMOR QUE FAZ MILAGRES

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Karen era uma loira bem-humorada e divertida que, há anos, cultivava o sonho de se tornar pediatra. Contudo era também indisciplinada nos estudos e não lia livros, de maneira que seus amigos não lhe davam muito crédito quando ela falava sobre sua ambição. Levava a vida na maior normalidade quando, de uma hora pra outra, foi pega de surpresa pela mais angustiante experiência. Após sentir tonturas e desmaiar, foi levada pelos pais ao hospital. Feitos alguns exames, foi diagnosticado um tumor cancerígeno. O mundo de Karen desabou com o choque. Tinha que lutar contra um inimigo que não via, mas que estava dentro dela. Depois de passar por cirurgias e sessões de quimioterapia, seus longos cabelos dourados começaram a cair. Karen perdeu o entusiasmo pela vida. Com medo da doença e a autoestima lá embaixo, a coitada já não sorria. Sentia-se feia, diminuída, rejeitada. Finalmente abandonou a escola, se isolou e caiu em depressão.  Mas ela sabia que não era essa a saída. Precisava d

O MAIS FORTE

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Numa pequena vila perdida entre as montanhas, onde não havia muitas distrações, alguns jovens resolveram criar uma competição a fim de quebrar o tédio. Quiseram provar qual deles seria o mais forte. Logo se inscreveram três mancebos altos e garbosos que, acostumados à labuta pesada, possuíam formidável musculatura.  O povoado em peso, àvido por novidades, se reuniu para assistir à competição na praça central, onde havia um pomar. O primeiro moço foi até uma das árvores e, abraçando-a com firmeza, a arrancou com raiz e tudo. O assombro foi geral. Como era forte aquele rapaz! O segundo, com um sorriso debochado, jogou todo seu peso sobre outra árvore e a derrubou. Em seguida empurrou mais uma, fazendo-a desabar também, em poucos segundos.  O povo vibrou. Esse era mais forte! Todos os olhares, agora, estavam voltados para o terceiro candidato que, sem se deixar abalar pelo que haviam feito os dois primeiros, reergueu cada uma das árvores derrubadas e as replantou em questão de

UMA NOVA VISÃO

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O pintor e documentarista francês Hugues de Montalembert (1943-) teve uma mudança drástica em sua vida em 1978, aos trinta e cinco anos, durante um assalto em Nova York, quando perdeu a visão. Após a tragédia, ele teve que se adaptar a outra realidade. Em seu mundo, antes banhado pelas cores e pela luz, predominavam agora as trevas. Ele que, em sua profissão, captava tudo através dos olhos, fotografando paisagens e pintando telas, encontrava-se agora numa condição abstrata, composta basicamente por sons. Contudo, Hugues não se deixou abater por isso. Descobriu que a saída estava dentro dele mesmo. Com o objetivo de reconquistar sua independência e total liberdade, iniciou um processo contínuo de autossuperação.  O primeiro obstáculo foi vencido quando aprendeu a caminhar pelas ruas munido apenas da bengala. Depois empreendeu viagens solitárias a lugares distantes como Indonésia, Groenlândia e Himalaia, desenvolvendo uma impressionante habilidade de explorar sem enxergar. Hu

A RECONSTRUTORA DE FACES

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Como se não bastassem milhões de mortes, a Primeira Grande Guerra deixou também um numeroso e triste saldo de mutilados - a grande maioria nas trincheiras, onde os soldados ficavam vulneráveis. Só na Europa, foram mais de vinte mil. Alguns ferimentos faciais deixavam as vítimas desfiguradas e sem funções básicas, como fechar os olhos ou a boca. Apesar de já existir, na época, a cirurgia plástica reconstrutiva, nem todos tinham acesso a esse recurso. Em muitos casos, as cicatrizes eram tão terríveis que os homens se isolavam ou conseguiam trabalho somente em lugares obscuros - sem falar na depressão, que era devastadora. Uma alternativa muito em voga surgida nesse tempo foi a máscara facial, que ajudava a disfarçar as mutilações. Uma das pioneiras nesse campo foi uma escultora americana que se destacou, não apenas pela delicadeza de detalhes, mas também por criar um ambiente que ajudava os soldados a sararem emocionalmente. Seu nome: Anna Coleman Ladd (1878-1939). Em 1917, A

RIQUEZA DESPERDIÇADA

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Vivia na China um pescador muito pobre. Todo santo dia, bem antes do sol raiar, ele se levantava e seguia para o rio. A natureza apresentava um grandioso espetáculo com o frescor da brisa e o ruído mavioso dos pássaros, mas nada disso animava o pescador, que caminhava com lentidão e má vontade. Tomara sua refeição sem apreciar o singelo alimento e resmungava sobre tudo. Naquela manhã, igual a tantas outras, ele pegou sua rede e apetrechos de pesca e entrou no barco. Ao sentar-se, sentiu alguma coisa no chão. Apalpando com a mão direita, encontrou uma sacolinha com pedras miúdas. Ainda estava escuro. Sem ânimo pra iniciar a pesca, começou a jogar as pedrinhas no rio, apenas por distração, aguardando a aurora. Quando, afinal, o sol surgiu, o pescador estava com a última pedrinha em sua mão. No momento em que a lançou na água, percebeu com horror tratar-se de um diamante! A sacolinha estava agora completamente vazia. Dando-se conta de que desperdiçara uma imensa riqueza, o inf

O PACIENTE DO LEITO SEIS

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Uma enfermeira novata estava entusiasmada em começar seu expediente noturno. Designada para a UTI, teve entre suas primeiras incumbências o acompanhamento a um paciente com AVC. Ao checar sua temperatura, percebeu que ele dormia profundamente, mas mantinha um estranho sorriso. O AVC lhe afetara gravemente a fala e os movimentos. Com o passar dos dias, a enfermeira observou que o quadro do paciente permanecia estável e que ele conservava, mesmo dormindo, aquele sorriso.  No final da primeira semana, a enfermeira trocou o plantão com uma colega e trabalhou durante o dia. Teve então uma surpresa. Descobriu que o paciente do leito seis recebia visitas quase ininterruptas durante todo o período de visitação. Pessoas que se revezavam para contar histórias, cantar e rezar por ele. A todos ele recebia com o mesmo sorriso. Seus olhos, muitas vezes, lacrimejavam. Era evidente que queria falar algo, mas não conseguia. No entanto, apesar de toda a limitação para se comunicar, ele conse

PÉROLAS

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Certo homem muito pobre tinha um único bem material precioso: um cálice prateado. Nele, bebia da água do riacho e até leite, quando o conseguia ocasionalmente. Apesar da pobreza ele era muito feliz, pois tinha uma amável esposa e uma casa simples num lugar tranquilo e abençoado com o conforto da brisa e o calor do sol. Saía toda manhã em busca de algum trabalho que às vezes conseguia e que lhe provia sustento - pouco, mas suficiente. E assim transcorriam seus dias. Então, numa noite, sem saber por que, uma lágrima caiu de seus olhos, dentro do cálice. De imediato, ouviu-se um pequeno ruído de algo sólido, no fundo do recipiente. Qual não foi a surpresa do homem ao se deparar com sua lágrima transformada numa pérola! "Nossa!", pensou ele. "Poderei me tornar muito rico se chorar bastante!" Só que ele não tinha motivos pra chorar; então começou a procurá-los. Precisava se tornar triste e chorão a fim de enriquecer. E assim foi. Quanto mais choramingava, mai

AFETO REJEITADO

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  Um homem chegou em casa pesaroso. Sentou-se à mesa e enfiou a cabeça entre as mãos, sem saber o que fazer com as contas do mês a pagar, algumas até já vencidas. Foi quando seu filho, cheio de alegria, entrou correndo na sala. - Feliz aniversário, papai! Mamãe disse que você está completando cinquenta e cinco anos hoje, por isso vou lhe dar cinquenta e cinco beijos, um para cada ano! O pequeno começou a fazer o que prometera, porém o pai o interrompeu: - Ah, filhinho, agora não! Estou tão ocupado! Foi um balde de água fria no entusiasmo do garoto, que silenciou de imediato. Seus olhinhos azuis logo ficaram marejados de lágrimas. Embaraçado, o aniversariante tentou se desculpar: - Filho, você pode terminar amanhã. O menino continuou calado e não pôde disfarçar o seu desapontamento, enquanto se afastava. Na mesma noite, antes de dormir, o pai foi à cama do garoto. - Venha cá e termine de me dar seus beijos agora, filho. Ou ele fingiu não ouvir ou não estava mais com vontade, pois não at

UM VERDADEIRO HERÓI

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Era dezembro e nevava bastante; uma ocasião perfeita para andar de trenó. A jornalista Silvermann e sua filha se dirigiram morro acima, onde já havia muita gente. Encontraram espaço perto de um homem alto e magro e seu menino de três anos, que já estava deitado no trenó, de barriga pra baixo, ansioso para ser empurrado. - Vamos lá, papai! Vamos lá! O homem empurrou com força e lá se foi o garoto. Mas o pai também desceu, correndo atrás do filho a toda velocidade. "Ele deve estar com medo de que seu filho se choque contra alguém", pensou Silvermann.  Em seguida desceu ela mesma com a filha, em alucinante velocidade, com a neve respingando em seus rostos. O retorno ao cume do morro era uma longa caminhada. Enquanto elas subiam com lentidão, arrastando o trenó, Silvermann observou como o homem puxava o filho, com trenó e tudo. - Isso é que é um paizão! - comentou a menina - A senhora não pode fazer o mesmo por mim, mamãe? - Nem pensar! O trenó já é pesado; imagine co

BARATO QUE SAI CARO

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Um homem teve a ideia de construir um zoológico, inicialmente com apenas alguns leões. Fixou o preço do ingresso em R$ 1.000,00 e não conseguiu atrair nenhum visitante na primeira semana. Resolveu então baratear a entrada: R$ 500,00. Ainda assim, ninguém quis pagar. Passou-se um mês e nada. O cara baixou ainda mais o valor do bilhete (R$ 100,00) e continuou sem espectadores.  Finalmente, ele permitiu entrada franca. Na primeira hora, o zoológico ficou lotado. Quando já não cabia praticamente mais ninguém, o homem fechou os portões, trancando a todos por dentro, soltou os leões e fixou o valor da saída para R$ 3.000,00. Em menos de meia hora, todos pagaram sem hesitar e o malandro recuperou todo o seu investimento.  Abra os olhos quando algo parece fácil demais; talvez seja uma cilada. Quando a oferta é "gratuita", você pode ser o alvo.  Não existe nada "grátis"; no final, alguém terá que pagar o preço. Cuide pra que não seja você.  Autoria desconhecida -

O TESTE

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Um monge budista e seus numerosos discípulos viviam há muito tempo em um mosteiro velho e arruinado. Sobreviviam graças a doações e esmolas recebidas de moradores de uma cidade próxima. Mas um dia os discípulos, insatisfeitos, começaram a reclamar das péssimas condições de sua morada. O mestre então chamou a todos para uma reunião e lhes propôs o seguinte: - Vocês não estão errados; nosso templo realmente precisa de uma reforma geral. No entanto, como nos ocupamos somente com estudos e meditações, não sobra tempo pra trabalhar e arrecadar o dinheiro de que precisamos. Por isso pensei numa solução simples: cada um de vocês deve ir à cidade e roubar objetos que poderão ser vendidos para a arrecadação do dinheiro. Concordam? Os discípulos ficaram espantados com a sugestão do mestre, a quem consideravam um notável sábio. Mesmo assim, não se atreveram a fazer nenhuma objeção.  E o mestre continuou, agora com expressão severa: - Não quero que manchem a reputação da nossa comunida

O QUE PODE SER NOSSO

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Ao sair recentemente de uma agência bancária, fui abordado por um senhor. Apontando para um automóvel preto, perguntou se era meu. - Meu amigo, não tenho nem mesmo carro de mão! - respondi. O homem deu um sorrisinho. - Não tem agora, mas amanhã pode ter. - Pois é... viemos ao mundo sem nada e vivemos entre altos e baixos... podemos conquistar! - Não é? Depois lhe desejei boa sorte e fui embora.  "E não é que é isso mesmo?", fiquei pensando. "Chegamos aqui sem nem ao menos uma roupa íntima, mas temos a oportunidade de obter o mundo. Se bem que, quando partirmos, deixaremos aqui o que conseguimos, mas em compensação teremos feito a existência valer a pena!" Está em nossas mãos angariar e construir - mas não meramente um patrimônio físico. Podemos fazer melhor: deixar em outras pessoas a nossa marca, algo bom que elas jamais possam esquecer. Pois influenciar positivamente e fazer o bem são nossas incumbências enquanto estivermos aqui. Marcos Aguiar 

SOBREVIVEU E VENCEU

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Na madrugada de um distante 08 de janeiro, um moço recém-casado andava de um lado para outro, aflito. Sua esposa estava num difícil e prolongado trabalho de parto. Conforme ela suspeitara, carregava gêmeos. Mas o primeiro bebê chegou morto ao mundo, infelizmente. Assim que o segundo nasceu, o jovem casal ficou tão receoso com a possibilidade de ele morrer também que o colocaram de imediato na parte mais aquecida do humilde casebre (o forno), envolto em panos, dentro de uma caixa de sapatos.  A vida não era nada fácil para Vernon e Gladys. Casaram-se em 1933, em meio a muita dificuldade, numa das épocas mais críticas da história norte-americana e do mundo - a Grande Depressão. Eram muito pobres e conseguir trabalho era extremamente difícil onde moravam - a pequena Tupelo, no estado do Mississippi. Houve vezes em que só tinham pão de milho e água para alimentar-se. Seu único tesouro era o filho sobrevivente àquele parto. O menino cresceu e, na idade adulta, revelou a que veio

O PODER ESTÁ EM VOCÊ

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Um mancebo, noviço num mosteiro, andava muito perturbado com as provocações de um vizinho. Resolveu desabafar com o sábio e idoso monge. - Mestre, o que fazer quando alguém nos maltrata? - Nada.  - Como assim, nada? Então devemos permitir que a outra pessoa nos maltrate? - Meu filho: ninguém nunca te maltrata, a não ser que você se sinta maltratado. O moço ficou surpreso com a resposta e o mestre continuou: - Ninguém nos humilha; nós é que nos sentimos humilhados. Ninguém nos persegue; nós é que nos sentimos perseguidos. Ninguém nos ofende; nós é que nos sentimos ofendidos. Ninguém nos expõe; nós é que nos sentimos expostos. Enfim: NINGUÉM tem o poder de nos fazer mal; nós é que ficamos mal com o que os outros fazem. Por isso, meu jovem, seja tão flexível a ponto de se desviar do mal que alguém te faz e tão firme de modo que permaneça de pé. Ninguém terá qualquer poder sobre você, se você não quiser dar esse poder a alguém. É unicamente VOCÊ quem determina sua reação diante

REAVIVANDO MEMÓRIAS

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Guilherme Augusto Araújo Fernandes era um garotinho levado. Adorava se pendurar nos galhos das árvores e vivia descalço e com os cabelos bagunçados pelo vento. Mas apesar da peraltice ele era um doce de criança.  Sua casa ficava ao lado de um pequeno asilo e Guilherme não apenas conhecia mas era amigo de todos os idosos de lá, tendo uma afeição diferenciada por cada um deles. Por exemplo, ele apreciava o talento de dona Silvana ao piano; gostava do seu Cervantes que sempre lhe contava histórias fantásticas; do seu Waldemar, que andava de um lado para outro com a bengala, quase sem parar, irrequieto e lembrando os bons tempos; apreciava também o seu Edgar com sua voz possante, sempre a cantar. Mas a pessoa de quem Guilherme mais gostava era a senhora Antônia Maria Diniz Cordeiro, porque ela, assim como ele, tinha quatro nomes. Ele a chamava simplesmente de "dona Antônia" e lhe contava todos os seus segredos. Um dia, Guilherme ouviu seus pais conversarem a respeito