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Mostrando postagens de novembro, 2023

A GRANDE MESTRE

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Em certo hospital, uma médica começou a observar uma faxineira que parecia exercer um efeito todo especial sobre os enfermos. Entrava e saía dos quartos, sempre limpando. Aquela mulher nunca cursou uma universidade, mas com certeza conhecia um grande segredo. Cada vez que ela saía dos quartos, a doutora notava uma sensível diferença em seus pacientes. Um dia, finalmente, cruzando com ela no corredor, a médica perguntou:  - O que é que você está fazendo com os meus pacientes terminais? A faxineira, educadamente, respondeu: - Estou apenas limpando o chão.  E se afastou. A resposta não satisfez a doutora; nas semanas seguintes, ela se pôs a espionar a faxineira - literalmente. Até que um dia a faxineira se aproximou e a chamou para trás de um balcão. Certificando-se de que estavam a sós, contou: - Doutora, eu cresci na pobreza e na miséria. Minha casa é um cortiço e as crianças vivem doentes. Um dia, meu menino de três anos ficou com pneumonia. Levei-o à emergência do hospital

"ELA NÃO MERECE VIVER"

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Com tratamento adequado, no qual se incluíam vitaminas e injeções, Gisela Grober chegaria, no máximo, aos vinte e cinco anos de idade. Essa foi a previsão dos médicos por ocasião do nascimento dela, em 20 de fevereiro de 1942. "De qualquer forma, ela não merece viver", sentenciariam os nazistas, que queriam livrar o povo alemão de pessoas como ela. Quando Gisela nasceu, na Alta Bavária, a eutanásia infantil havia sido implantada no Terceiro Reich. Seus diminutos olhos oblíquos, sua face arredondada, uma cardiopatia e um cromossomo a mais diagnosticavam seu atestado de morte. Na época, todo médico e parteira eram obrigados a relatar o nascimento de crianças com deficiência. Mas quando Gisela nasceu, todos os envolvidos no parto, inexplicavelmente, fecharam os olhos às suas peculiaridades e essa foi a salvação dela. Em 2015, Gisela, com 73 anos, fazia parte de um restrito grupo de idosos alemães com síndrome de Down que sobreviveram à Segunda Guerra Mundial. Mas ela

TOPETUDO

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Uma rainha deu à luz um menino forte e saudável, porém muito feio - tão feio que a mãe mandou chamar uma fada. Esta, ao segurar o bebê, disse: - Majestade, não há nada que eu possa fazer. Seu filho há de ser feio a vida toda, contudo ele será tão inteligente que ninguém irá ligar para a sua feiura. Ele terá o dom de transmitir sua inteligência a quem quer que a ele agrade. O bebê tinha um tufo de cabelo arrepiado, bem no meio da cabeça, por isso foi chamado de Topetudo. Quase na mesma época, em um reino vizinho, nasceu no palácio uma menina tão linda e perfeita que a rainha temeu que a filha sofresse com a inveja dos outros e mandou chamar a fada para ajudá-la. Com a criança no colo, a fada declarou: - Essa menina será a mais bela do reino e todos invejarão a sua beleza; contudo, a inveja logo passará, pois todos perceberão a tremenda burrice dela. O que posso fazer é dar a ela o dom de transmitir sua beleza a quem quer que a ela agrade. Muitos anos se passaram e os bebês c

SE CONTENTE COM VOCÊ

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Quando o Criador estava prestes a concluir o seu trabalho, decidiu criar uma árvore que fosse a mais perfeita de todas. Ela deveria ser robusta, longeva e imponente. Então Ele criou o Baobá, permitindo-lhe que vivesse até seis mil anos. Como o Baobá era a árvore mais alta de toda a savana, conseguia avistar todas as outras árvores que lá viviam, mesmo as mais distantes.  Um dia, após longa observação, Baobá foi se queixar com o Criador: - Por que certas árvores têm flores tão pequeninas e delicadas e eu não tenho? - Porque você é uma árvore muito grande, então suas flores também são grandes. - Mas por que meu caule é tão grosso? Não poderia ser delgado como o daquela outra árvore? - É porque você tem trinta metros; se tivesse um caule fino, não poderia crescer tanto. Além do mais, seu caule consegue armazenar até 120 litros de água e assim você pode sobreviver a longos períodos de seca. - Mas por que tem que ser assim? - Baobá, Eu te criei para ser a gigante entre todas as

A BELEZA DA IMPERFEIÇÃO

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Certo mosteiro budista dificilmente admitia novos membros. A grande maioria dos rapazes que tentava ingressar no monastério era simplesmente rejeitada. Um dia, um mancebo disse a si mesmo que seria aceito naquela comunidade. Chegando lá, foi recebido pelo monge responsável, que lhe informou: - Para ser aceito, terá que passar por um teste. - Eu aceito - respondeu o moço. O monge lhe entregou uma vassoura, dizendo: - Você deve arrumar o jardim do templo e deixá-lo impecável. Com todo cuidado, o rapaz podou as plantas, regou cada uma delas, depois varreu todo o jardim, não deixando nenhuma folha caída. Em seguida, foi a uma árvore florida que ficava no centro do jardim e balançou seus galhos, fazendo com que o chão ficasse forrado de flores. - Terminei! - disse, chamando o monge.  Este, encantado, falou: - Vejo que está preparado para ser um de nós! Você sabe enxergar a beleza da imperfeição. Nada no mundo é completamente perfeito; só podemos ser felizes quando conseguimos di

O MELHOR PAI

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Uma ruga sulcou a testa de Carlos quando leu o breve conteúdo do telegrama: "Teu pai morreu. Enterro: 18 horas. Mamãe." Permaneceu parado por algum tempo, fitando o vazio. Nenhuma lágrima. Depois tomou coragem e pegou o ônibus. Não desejava ir ao funeral. Só o fez para que a mãe não ficasse ainda mais triste. Ele sabia que ela sabia que ele praticamente nunca se dera bem com o pai. Desde o dia em que fizera as malas e saíra de casa, nunca mais retornara. Telefonava para a mãe no Natal, no Ano Novo, no aniversário. Mas não se comunicava com o pai. No velório, pouca gente. Sua mãe estava pálida e chorosa. O filho não se comoveu e não chorou. Parecia-lhe estar no funeral de um estranho. Após o enterro, prometeu uma visita à mãe com a esposa e os filhinhos. Agora podia ir vê-la, já que o pai não estava mais lá para criticá-lo e encher-lhe os ouvidos com conselhos ácidos. Ao se despedir, a mãe lhe entregou um pequeno objeto que havia encontrado entre os pertences do ma

DESEJO INATO DE SERVIR

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Na época do Natal, no Estado do Kansas, EUA, um menino de cinco anos pediu de presente à sua mãe um uniforme de policial. Ela estranhou o pedido, considerando que não havia nenhum policial na família que ele quisesse imitar. No entanto, o uniforme azul acabou se tornando sua roupa diária, até mesmo para ir à escola.  Surgia, ali, o oficial Oliver Davis. Posteriormente, ele solicitou mais equipamentos policiais, incluindo uma pequena motocicleta que sua mãe havia encontrado numa loja. Com seu veículo, Oliver chegou a posar para fotos ao lado de profissionais da polícia, com suas imponentes motocicletas. Não satisfeito em "vigiar" sua mãe no trânsito (quando ela dirige muito rápido ou quando troca de faixa sem sinalizar), ele indagou como poderia ajudar outras pessoas. - Porque um bom policial faz isso: ajuda as pessoas - argumentou. Como resultado, começou a visitar casas de repouso e distribuir flores para os residentes. Na primeira vez, ele ficou um pouco nervoso

OPORTUNA BENFEITORIA

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Quatro amigos costumavam sair juntos a toda parte. Num certo fim de semana, resolveram acampar. Aprontaram suas mochilas com tudo o que acreditavam que daria para uns dois dias. Num local bem afastado da cidade, próximo a um rio, montaram um barracão.  À noite foram surpreendidos pela chuva. O aguaceiro, que desabou com força, fez subir depressa o nível do rio e a enxurrada desceu com intensidade, inundando a barraca. Ao amanhecer, preparando-se para voltar após o frustrado passeio, os rapazes descobriram que nada tinham para o café da manhã. Tudo havia sido levado pela água. Ao longe, avistaram uma casa, aparentemente muito pobre, com a parede descascada e sem pintura. - Poderíamos ir lá pedir comida - propôs um deles. - Se formos, o risco é os donos da casa nos pedirem ajuda - replicou outro - Olhem o estado da casa: não devem ter nada. - Deixem que vou lá averiguar - disse um terceiro.  Ao bater à porta, foi atendido por uma jovem senhora, que ouviu o relato sobre a inun

UM MAL CHAMADO PRECONCEITO

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Um sapo jovem estava passeando pela floresta quando se deparou com um bichinho comprido e de pele brilhante estirado na grama. - Oi! O que você está fazendo? - Estou tomando sol! Eu sou uma cobrinha e você, que bicho é? - Sou um sapinho! - Quer brincar comigo? - Quero sim! Vamos! E brincaram o dia todo. Ao entardecer estavam bem cansados, mas contentes com a nova amizade e prometeram se encontrar no dia seguinte para mais brincadeiras.  Ao chegar em casa, o sapinho mostrou para a mãe como tinha aprendido a rastejar. - Quem te ensinou isso? - perguntou ela, sobressaltada. - Minha nova amiga, a cobrinha! - Quê? Nunca mais brinque com cobras! Não sabe que a família dela não presta? Você está proibido de se aproximar dessa gente! Quando a cobrinha chegou em casa aos pulos, a mãe dela ficou intrigada. - Que é isso, menina? - Ah, mãe! Aprendi a pular com meu novo amigo, o sapinho! - Como é que é? Você, se misturando com sapos? Não sabe que nossa família nunca se deu bem com eles?

TA-IN, TA-NA E TA-UL

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Viviam, na mesma aldeia, dois velhinhos, cujos nomes eram Ta-In e Ta-Na. Eram pescadores e muito amigos. Todos os dias saíam juntos ao mar e apanhavam muitos peixes. Se um não se saía bem, o outro sempre dividia os peixes e assim ambos voltavam para casa com quantidades iguais. Certa manhã, foram pescar como de costume, mas aconteceu algo inusitado: passou-se o dia e não conseguiram pegar um único peixinho. Isso nunca havia acontecido antes e, além de perplexos, começaram a ficar com fome.  De repente, Ta-In sentiu um forte movimento em sua vara e puxou. Ficou surpreso com o tamanho do peixe agarrado a seu anzol, mas não conseguia trazê-lo para o barco, de tão pesado que era. Chamou Ta-Na, o qual veio rapidamente; e assim conseguiram arrastar o peixe para a praia. No entanto, assim que desceram do barco, Ta-In falou: - Meu amigo, até amanhã. Agora vou para casa preparar este peixe para a janta. - Como assim? - retrucou Ta-Na - Eu te ajudei a carregar o peixe, portanto tenho

BENDITO PUXÃO

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O primeiro elefante da Terra chamava-se Ajanaku e tinha o focinho curto como os demais bichos da floresta. Ajanaku era muito curioso. Um dia, enquanto procurava alimento entre as raízes de uma árvore, enfiou o focinho em um buraco, sem saber que era a toca de uma enorme serpente. Esta, assim que viu o focinho do elefante, abocanhou-o com toda força e tentou puxar sua presa para dentro do buraco. Aterrorizado, Ajanaku começou a gritar: - Socorro! Os outros animais, ouvindo os clamores, correram para ajudar. Primeiro veio o rinoceronte, que segurou no rabo do elefante; depois veio a zebra, que puxou o rabo do rinoceronte; depois a girafa, que grudou no rabo da zebra; por fim, veio o leão que agarrou o rabo da girafa. Fizeram tanta força que conseguiram livrar o amigo, mas o focinho dele ficou com aspecto estranho, todo esticado. Ajanaku agradeceu a todos, mas ficou muito envergonhado de sua nova aparência; contudo, acabou logo percebendo que aquela "deformidade" se

A APRESSADINHA

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Uma lebre e um camaleão eram muito amigos, os melhores que se podia imaginar. Moravam na África, numa região atravessada por muitas caravanas carregadas com todo tipo de produtos. Um dia, os dois amigos resolveram acompanhar uma dessas caravanas, pois eles também tinham artigos para vender. Queriam trocá-los por tecidos coloridos que eram vendidos no mercado. A lebre, sempre muito apressada, não aguentou esperar o amigo e foi embora na frente com as suas mercadorias. - Sem problemas; pode ir - disse o camaleão com serenidade. Estava com suas bugigangas às costas, caminhando devagar, mas com constância.  Como a lebre ia correndo feito louca, acabou perdendo suas coisas ao longo do caminho; então, quando chegou ao mercado, quase não tinha nada para negociar. Tudo o que conseguiu comprar foi um único tecido barato, cinzento e desbotado. Mais tarde, o camaleão chegou, com a carga intacta. Fez um ótimo negócio, adquirindo um montão de tecidos multicores. É por isso que, até hoje

UM AMIGO DE VERDADE

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Certa vez, Gengis Khan (1162-1227) saiu para caçar com seus soldados. Todos carregavam arcos e flechas, mas o grande guerreiro levava no braço seu falcão, a quem considerava mais eficaz que qualquer atirador, pois conseguia avistar sua presa do alto e capturá-la, mesmo em movimento. Naquele dia, porém, não conseguiram caçar nada, o que deixou Khan muito irritado. Ele então resolveu deixar seus homens para trás e seguir sozinho com seu falcão. Por esse tempo a Mongólia passava por uma seca terrível e era difícil encontrar água doce. Alquebrado pela sede, o guerreiro avistou, de repente, um fio de água descendo por uma rocha. Imediatamente foi até lá para refrescar a garganta; mas, toda vez que levava a água à boca, o falcão batia em sua mão, fazendo-o derramar o precioso líquido. Gengis Khan começou a ficar irritado com o falcão, chegando ao ponto de querer cortar-lhe a cabeça com sua espada. Nisso, a água parou de correr. Curioso, Khan escalou o rochedo a fim de averiguar.

GATA PARA SEMPRE

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Uma gata se apaixonou perdidamente por um homem. Vendo que não era correspondida, pediu ajuda a Afrodite. - Eu suplico, deusa do amor: me transforme numa linda mulher, pra que aquele homem tenha olhos para mim. Afrodite ficou impressionada com tamanha paixão e resolveu atender o pedido da felina. Ela se tornou uma mulher tão bonita que realmente chamou a atenção daquele homem, o qual, sem demora, a pediu em casamento.  Entretanto, Afrodite decidiu testar os dois: durante a lua de mel, introduziu um rato no leito nupcial, para ver qual seria a reação da mulher. Esta, assim que percebeu o roedor, deixou de prestar atenção no marido e começou a perseguir o bichinho para comê-lo, seguindo seus instintos.  O homem ficou horrorizado ao ver a esposa com o rato entre os dentes e decidiu se separar dela. Afrodite também não ficou satisfeita, pois constatou que a mulher não mudara por dentro; assim, fez com que voltasse a ser gata. De que vale alterar a aparência se conservamos os ve

O IMPRUDENTE

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Duarte Nunes era um homem muito rico. Dono do próprio tempo, não sabia usá-lo de maneira nobre, desperdiçando-o em alucinantes e precipitadas emoções - corridas de carros e de cavalos, concursos de lanchas e esportes radicais.  Apesar de gastador, procurava ser bom esposo e bom pai. De vez em quando levava a esposa e os filhos pequenos para passear. A mulher, sempre atenta ao velocímetro, rogava: - Amor, mais devagar! Ele porém, sorrindo com sarcasmo, pisava mais fundo. Outras vezes, era o amigo Bruno que o advertia quando o carro de luxo parecia comer a pista: - Não corra tanto assim... olhe os pedestres! - Que tenho eu com isso? - Há pessoas distraídas e crianças ingênuas. Nem sempre conseguem prestar atenção de imediato... - Rodas foram feitas pra rodar, e depressa - debochava Nunes. Até o pai o aconselhava: - Filho, é preciso prudência... o volante pede calma... o excesso de velocidade é a rota para o desastre... - Bobagem, pai. Ou seja, sempre que era chamado à atenção

O CASTIGO DA ARROGÂNCIA

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Muito tempo atrás, havia um índio muito veloz. Era tão ágil que caçar nunca era problema para ele. E, graças a essa habilidade, tornou-se um afamado guerreiro. Entretanto, ele também ostentava um defeito enorme: tinha um ego mais alto que qualquer árvore. Um dia, o cacique, impressionado com a agilidade de seu guerreiro, ofereceu-lhe a mão de sua filha, que era apaixonada por ele.  O guerreiro aceitou a proposta e, enquanto ocorriam os preparativos do casamento, a noiva pediu um presente ao amado: - Quero que você me ofereça o vaso do curandeiro da aldeia, como símbolo do seu amor. O noivo, admirado, respondeu: - Mas eu não concordo com isso! Não acho certo. O vaso não é nosso. A moça, que conhecia bem o ego do futuro marido, retrucou:  - Ah, tudo bem! Já imaginei que seria pedir demais pra você... não tem problema... pedirei a qualquer outro índio... - Ah, isso não! Eu irei pegar o vaso! - retorquiu ele, cheio de arrogância.  E, assim dizendo, foi e furtou o vaso do curand

DISSENSÃO E RECONCILIAÇÃO

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Havia dois vizinhos. Um tinha um cão e o outro, um macaco. Os homens não se davam lá muito bem, apesar de se visitarem às vezes. Nessas visitas, o macaco e o cão arranjavam sempre um jeito de brigar. Seus donos logo acudiam: - Sejam amigos. Vamos lá!  E lá ia o macaco, muito queixoso, com mais umas dentadas na cauda, para o colo do dono e o coitado do cachorro, com o pelo todo repuxado, para os pés do dono.  Certa vez, foi a gota d'água. A confusão foi tão grande que os bichos derrubaram uma mesa sobre a qual havia uma jarra, que se espatifou no chão. - Ai, a minha jarra! - exclamou o dono da casa. - Esses bichos são impossíveis! - limitou-se a comentar o outro, um tanto irritado.  - Quem será o responsável? - O meu Timóteo (o macaco) é que não foi! Ele é incapaz de fazer mal a uma mosca! - Meu Tremoso também é que não foi! A troca de acusações culminou numa discussão feia. O cão e o macaco, abobados, observavam seus donos e, de repente, sentiram-se igualmente culpados.

ATLETA HONESTO

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Em dezembro de 2012, em Navarra, Espanha, o queniano, Abel Mutai, medalha de ouro nos três mil metros com obstáculos e campeão olímpico em Londres, estava prestes a ganhar mais uma corrida. Entretanto, a poucos metros da linha de chegada, ele se equivocou com os sinais; supondo que tinha terminado a competição, começou a cumprimentar o público, desacelerando o passo. O segundo colocado, Ivan Fernandez, percebendo o equívoco do colega, se pôs a gritar para o queniano continuar a correr. Mas Mutai não compreendeu, pois não sabia espanhol.  Ivan permaneceu às suas costas e, gesticulando para que Mutai se desse conta da situação, quase empurrando-o, levou-o até o final, deixando que ele vencesse a prova - o que de fato iria mesmo acontecer se ele não tivesse se enganado sobre o percurso. Posteriormente, em entrevista, um repórter perguntou a Ivan: - Por que você deixou o queniano ganhar? - Eu não o deixei ganhar; ele ia ganhar. A corrida era dele. - Mas você poderia ter vencido

CORAÇÃO GRANDÃO

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Na manhã de um domingo, ao despertar, Alice levou um grande susto. Na alva parede de seu quarto, pintada há poucas semanas, estava desenhado um enorme coração vermelho. - Que é isso? - balbuciou.  Teve vontade de gritar. Lembrou quanto custara a tinta e a trabalheira pra pintar a casa toda. Pensou no outro transtorno que teria em renovar a pintura daquela parede. Foi então que ela viu seu menininho, de apenas três anos, entrando no quarto com um pincel atômico na mão. Perguntou, sorridente: - Gostou, mamãe? As manas me disseram que você ia adorar! Em meia fração de segundo, Alice lembrou que era dia das mães. Nesse mês, as contas haviam se acumulado a ponto de ela deixar de dar a mesada às filhas, que sempre compravam algum mimo para ela nessa data. Sem grana pra o presente, pediram ao irmãozinho que fizesse uma surpresa. Imaginaram que ele iria bolar um belo presente - e bolou mesmo. Alice, então, agradeceu internamente por não ter gritado ou esbravejado. A parede era agor

A FERRADURA VELHA

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Um camponês, acompanhado de seu filho, viajava a pé para a cidade. No caminho, depararam-se com uma ferradura velha.  - Filho, pegue a ferradura e guarde-a no bolso. - Pai, eu não vou pegar. Essa ferradura não presta pra nada. O pai não replicou. Abaixou-se, apanhou a ferradura e retomaram a jornada. Chegando a um vilarejo, o homem conseguiu vender a ferradura, ganhando alguns vinténs, com os quais comprou um punhado de cerejas. Não explicou ao filho o porquê da compra e pegaram novamente a estrada. O tempo estava muito quente e o rapaz queixava-se do calor. O pai, calado, continuava a caminhar. De repente, fingindo estar distraído, deixou cair uma cereja. O filho rapidamente se abaixou, apanhou a cereja e a comeu.  Mais adiante, de trecho em trecho, o homem deixava cair uma cereja e o filho ia pegando e comendo, até acabarem-se todas. Só então o homem rompeu o silêncio.  - Pois é, meu filho... se você tivesse se abaixado uma única vez para apanhar a ferradura, não teria si

MAIS RICO QUE O BILIONÁRIO

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Dizem que, certa vez, alguém perguntou ao Bill Gates: - Existe alguém mais rico que você no mundo? - Sim, existe. E continuou: "Anos atrás, numa época em que não era rico nem famoso, eu estava no aeroporto de Nova Iorque quando avistei um jornaleiro. Quis comprar um jornal mas, assim que o peguei, descobri que não tinha dinheiro suficiente. Então desisti da compra e devolvi o jornal ao vendedor. - Não tem problema; pode ficar com o jornal - disse ele. Diante de sua insistência, aceitei o jornal gratuito. Uns dois ou três meses depois, estava eu no mesmo aeroporto e tive vontade de adquirir um jornal, mas novamente faltavam-me moedas. O mesmo vendedor ofereceu-me o jornal de graça outra vez.  - Agradeço, mas não posso aceitar. Não tenho dinheiro no momento.  - Leve o jornal assim mesmo. Estou compartilhando isso dos meus ganhos; não estou perdendo nada.  Agradeci, peguei o jornal e fui embora. Dezenove anos depois, já famoso, lembrei-me desse vendedor. Comecei a procurá

MUITA FELICIDADE

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Foi em 1942. A Rádio Tupi do Rio de Janeiro resolveu fazer um concurso de quadrinhas para substituir a letra da famosa música americana "Happy Birthday to You". Na versão original o título da canção era repetido quatro vezes, sendo que, na terceira, acrescentava-se a palavra "dear" ("querido" ou "querida"), além do nome da pessoa homenageada. Cerca de cinco mil inscritos participaram do concurso, cujo júri era composto por imortais da Academia Brasileira de Letras. Os versinhos vencedores foram os da paulistana Bertha Celeste Homem de Mello (1902-1999). Os jurados escolheram a adaptação dela principalmente por trazer versos diferentes para cada linha, ao invés da repetição monótona - seguida pela grande maioria dos candidatos. Bertha, até sua morte, fazia questão que as pessoas cantassem a letra da exata maneira que escrevera: "Parabéns a você/ Nesta data querida/ Muita felicidade/ Muitos anos de vida." A autora, em todas as

O REFLEXO DE UM HOMEM

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Na época em que era casado com a Angelina Jolie, Brad Pitt fez a seguinte declaração sobre ela, em entrevista à Identity Magazine: "Minha esposa ficou doente. Constantemente ela estava nervosa por causa de problemas no trabalho, na vida pessoal e com os filhos. Aos 35 anos, ela emagrecera bastante e pesava cerca de 40 quilos e estava constantemente chorando. Não era uma mulher feliz. Sofria contínuas dores de cabeça, no coração e tensão muscular nas costas. Não dormia bem, conseguia pegar no sono apenas na parte da manhã e cansava rapidamente durante o dia. Nosso relacionamento estava a ponto de acabar. A beleza dela estava definhando. Tinha bolsas sob os olhos e cabelos desgrenhados. Parou de cuidar de si mesma. Recusou-se a fazer filmes e rejeitou cada papel. Perdi a esperança e achei que iríamos nos divorciar em breve. Foi então que eu decidi agir. Afinal, eu tenho a mulher mais bonita do planeta. Ela é a mulher ideal para mais da metade dos homens e mulheres da Ter

APARENTEMENTE ESPERTO

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Certa vez, um burro encontrou uma pele de leão que um caçador havia largado na floresta. Não perdendo tempo, vestiu a pele e se escondeu numa moita, passando a pular fora sempre que outro animal passava.  Todos fugiam correndo, achando que se tratava mesmo de um leão. O burro estava se divertindo tanto com aquilo que começou a se sentir o rei leão em pessoa; não resistindo, soltou um forte zurro de satisfação.  A raposa fora o último bicho que havia se assustado com o "leão". Mas quando ela ouviu o zurro, parou de fugir e voltou, indignada. - Eu teria permanecido aterrorizada se você tivesse ficado quieto, mas esse seu zurro bobo acabou com sua farsa! Um tolo até pode enganar a outros por um tempo, mas logo suas palavras e atitudes irão mostrar quem ele é de fato. Fábula de Esopo (620-564 a.C.) - adaptação de Marcos Aguiar. 

AUTOACEITAÇÃO

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Era uma mulher linda, mas infeliz. Seu maior pavor era perder o que considerava inigualável: sua beleza. Atormentava-se desde muito jovem, mirando-se no espelho com frequência, procurando um mínimo defeito na pele lisa. Com o tempo, chegaram pequenas rugas e manchas. Fios de cabelo branco foram surgindo, cobrando-lhe cuidados constantes a fim de escondê-los. Quando alcançou os sessenta anos, a mulher se tornara uma resmungona; odiava o fato de estar envelhecendo, apesar de ouvir dos outros que aparentava ser bem mais jovem. Era verdade, mas ela simplesmente não acreditava. Um amigo lhe sugeriu: - Tente pensar que você está conquistando a maturidade e não perdendo a juventude! Argumentação inútil. Não parecia natural para ela. Decidiu recorrer à plástica.  As primeiras cirurgias lhe fizeram muito bem. Removeram-lhe traços indelicados e sinais de cansaço prematuro. Posteriormente, o médico a advertiu para que desse um tempo para novas intervenções. Seria prudente dar descanso

NÃO FOI TARDE DEMAIS!

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Era um quase final de dia na UTI do Hospital de Base de Brasília. Um estagiário de psicologia estava preenchendo relatórios de pacientes - um tanto apressado porque, dentro de quinze minutos, deveria iniciar seu expediente. Ele nunca chegara atrasado e pretendia manter sua reputação de pontualidade e bom profissionalismo.  Prestes a terminar a papelada, foi interrompido por uma enfermeira da ala pediátrica que lhe pediu para ir conversar com um garoto que acabara de ser internado. A resposta foi rápida.  - Por gentileza, peça a algum outro estagiário. - Mas todos já completaram seus turnos. O senhor é o único presente.  A princípio um pouco relutante, decidiu ir até o leito do garoto, supondo que não ficaria ali mais do que uns dois minutos. O menino, de dez anos, era portador de uma neoplasia maligna, um câncer. Muito apreensivo, ligado a vários aparelhos, afirmava o tempo todo estar com medo. O estagiário, na tentativa de acalmá-lo, explicou para que servia cada um daquel

O ESFORÇO DOS OUTROS

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Um homem chegou em casa após o trabalho e encontrou seus filhos brincando no quintal, ainda de pijamas. Estavam sujos de terra e rodeados de embalagens vazias de comida. A porta do carro da sua esposa estava aberta. A porta da frente da casa também. O cachorro não veio recebê-lo; estava sumido. Enquanto ia entrando na casa, deparava-se com mais e mais bagunça. A lâmpada da sala estava queimada e o tapete enrolado e encostado num canto. Na sala de estar, o televisor ligado em alto volume sem ninguém assistindo. O corredor estava quase intransitável com tantas roupas e brinquedos espalhados. Na cozinha, mais desastres: a pia transbordando de pratos, restos de comida sobre a mesa, a geladeira aberta, ração espalhada pelo piso inteiro e até um copo quebrado em cima do balcão. E, de quebra, um montinho de areia perto da porta. O homem, assustado, subiu correndo as escadas. "Será que minha mulher passou mal?", pensou. Ao passar pelo banheiro, viu água escorrendo da torn

CARTA DE UMA IDOSA PARA SI MESMA

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"Minha querida: quando você envelhecer, nunca ensine nada a ninguém, mesmo se tiver certeza de que está certa. Lembra de como isso a incomodou tantas vezes? Você mesma seguiu o conselho dos mais velhos? Não tente ajudar a menos que seja solicitada. Procure não se impor a ninguém. Não queira proteger seus entes queridos de todos os infortúnios do mundo. Simplesmente ame-os. Não reclame sobre sua saúde, sua aposentadoria, seus parentes ou vizinhos. Não vire uma velha briguenta e ranzinza. Não espere gratidão das crianças. Lembre-se: não existem filhos ingratos - existem pais ingênuos que esperam gratidão de seus filhos. Não diga frases como: 'eu na sua idade...', 'eu te dei os melhores anos...', 'eu sou mais velha, então eu conheço melhor...' Ouvir isso é insuportável! Se você tem netos, não insista para que chamem você pelo nome, se a chamam de vovó.  Não desperdice seus últimos recursos em tratamentos antienvelhecimento. É inútil. Melhor gastar