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Mostrando postagens de dezembro, 2023

"SEJA UMA DELAS!"

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Em 2013, uma produtora cultural e artesã de 43 anos resolveu dedicar parte de seu tempo para deixar o dia de outras pessoas um pouquinho mais feliz, oferecendo manjericão para quem passa perto de sua casa, situada numa capital brasileira.  Nonô, como é conhecida, colocou as mudas em embalagens de suco, caixinhas de leite e outros vasinhos descartáveis e os pôs sobre uma mureta, na fachada de casa, à disposição de qualquer pessoa que passasse. Para que os transeuntes soubessem que as plantas estavam ali para serem levadas, a produtora afixou no portão uma placa com a seguinte frase: "Pode levar mudas alegres de manjericão para deixar sua vida cheirosa." Quando ela divulgou essa iniciativa nas redes sociais, muitos comentavam: - Onde é? Também quero. Nonô responde:  - Mas eu não divulgo o endereço. O objetivo não é transformar minha casa numa floricultura, mas apenas mostrar que, com coisas muito simples, podemos fazer grandes transformações. Ela ficou surpresa com

O SAPO RICO

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Certa vez, um sapo estava entretido em seus pulos matinais pelo brejo quando repentinamente se deparou com algo brilhando no chão. Ao se aproximar, viu que era uma moeda de ouro. Entusiasmado, deu muitos pulos de alegria, pois agora era muito rico. Colocou a moeda por baixo da pata e saiu pulando estrada afora. Uma formiga ia atravessando o seu caminho; então ele disse: - Saia do meu caminho! Não vê que sou um sapo rico? Pulando por cima da formiga, prosseguiu sem esperar resposta. Mais adiante encontrou-se com uma lagarta, um gafanhoto e um coelho, aos quais tratou tão arrogantemente quanto tratara a formiga. Foi então que ele passou por um elefante. - Saia do meu caminho, elefante! Não sabe que agora sou um sapo rico e poderoso? O elefante fez pouco caso do sapo e de suas palavras e, sem nem perceber, deu-lhe um chute tão forte que o fez voar longe. Quando recobrou a consciência, o sapo se levantou e percebeu que havia perdido a moeda. Procurou-a por muito tempo e nunca m

CHIFRINHO

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Muito tempo atrás, num pequeno povoado, nasceu um cachorro com um chifre bem no meio da testa. Logo a notícia se espalhou e todos foram conferir a novidade. As pessoas comentavam que nunca haviam visto coisa parecida. Alguns acreditavam que aquilo era um mau presságio; outros afirmavam ser um bom sinal. Mas como ninguém tinha certeza de nada, resolveram esperar o bichinho crescer para ver o que aconteceria. Colocaram nele o nome de Chifrinho e ele foi crescendo cheio de saúde. As crianças gostavam muito dele e brincavam com ele todos os dias. Logo elas descobriram formas divertidas de brincar com o Chifrinho: penduravam enfeites no chifre dele e até pintavam-no com cores vibrantes. Mas também havia quem não gostasse do animal; enxotavam-no e proibiam seus filhos de chegarem perto dele. Certa manhã, algo terrível aconteceu: um bandido capturou um garoto e o levou embora do vilarejo. Todos saíram à procura do menino e os pais dele, desesperados, não sabiam mais o que fazer. A

AMOR PÓS-VIDA

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Era uma família com cinco crianças, de idades entre doze a dois anos. A mãe nunca estava ocupada demais para eles. Pausava seus afazeres para ajudá-los em qualquer atividade da escola.  As vidas daqueles pequenos eram repletas de divertimento e de amor. Um dia, entretanto, a mãe os reuniu e lhes contou que estava com um tumor terminal no cérebro e que lhe restava pouco tempo de vida, um ano no máximo. Houve soluços e muito choro. Mas a mãe completou: - O maior presente que vocês podem me dar é tocar a vida como se nada estivesse errado. Quero que meus últimos momentos e suas recordações a esse respeito sejam felizes.  Todos os filhos concordaram em se esforçar para tal e assim o fizeram, até à morte da mãe, meses depois.  Nas semanas seguintes, a angústia e a dor daquela família parecia insuportável.  Um belo dia, Clara, a filha mais velha, foi ajudar sua irmãzinha a se vestir para a escola, quando encontrou um bilhete que a mãe escondera dentro da meia da menina. O achado

O MELHOR LUGAR DO MUNDO

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Uma caravana de mercadores viajava há dias pelo deserto e os recipientes de água já haviam secado completamente. Foi então que chegaram a um pequeno oásis, onde havia um poço. Fizeram descer por ele uma vasilha, mas a corda estranhamente arrebentou. Duas ou três vezes repetiram o procedimento, mas deu no mesmo. Um deles decidiu descer amarrado a uma corda. Para a surpresa de todos, ele não retornou. O mesmo aconteceu a um segundo voluntário. Um terceiro, reputado como o mais sábio entre eles, se ofereceu para descer.  Antes de chegar ao fundo do poço, deparou-se com um monstro horripilante, que se declarou o guardião do poço. Ele disse ao sábio: - Agora você também é meu prisioneiro e só terá sua vida poupada se responder corretamente à minha pergunta. - Pois pergunte! - retrucou o sábio.  - De todos os lugares do mundo, qual é o melhor? Breve silêncio. O sábio pensou: "Se eu disser que o melhor lugar é minha própria terra, estaria desprezando a morada deste monstro.&q

LIÇÕES DE AMOR E PERDÃO

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Uma nigeriana, por conceber fora do casamento, foi condenada à morte por apedrejamento. Aos treze anos, Safiya foi dada em casamento, pelos pais, a um homem de mais de cinquenta anos. Após parir quatro filhos (dois dos quais morreram prematuramente), foi repudiada pelo marido, sob a alegação de que não fora boa mãe. Depois disso, ela se casou mais três vezes, tendo ao todo sete filhos. Foi repudiada mais duas vezes e, na última relação, ela mesma pediu o divórcio. Posteriormente, um primo distante começou a cortejá-la. Encontravam-se com frequência e ele lhe falava coisas agradáveis que a foram seduzindo. Prometeu-lhe casamento e ela acreditou ter finalmente encontrado a felicidade. Ao saber que ela engravidara mais uma vez, ele a aconselhou a fazer um aborto, o que ela não aceitou.  Quando a gravidez deu na vista, ela foi denunciada à corte islâmica e o delator foi o próprio irmão dela. Safiya viveu um drama pungente. Ao ter sua sentença de morte decretada, sua maior preoc

EU QUERO O AMOR!

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Uma mulher regava o jardim de sua casa, quando três velhinhos se aproximaram. A mulher tinha certeza de que não os conhecia; mesmo assim, disse: - Os senhores devem estar com fome. Por favor, entrem e comam em minha casa. Eles perguntaram: - O homem da casa está? - Não - respondeu ela. - Então não podemos entrar. E permaneceram plantados em frente àquela casa durante o resto do dia. Ao entardecer, quando o marido voltou do trabalho, a mulher contou-lhe o sucedido. - Bem... diga-lhes que entrem! A mulher saiu e convidou os três. - Desculpe, senhora; não podemos entrar juntos. - Mas por quê? Um deles, apontando para seus companheiros, explicou: - O nome deste aqui é Riqueza. Este outro, Êxito. E eu me chamo Amor. Então entre e decida com seu marido quem de nós será convidado a entrar. O homem ficou muito feliz quando a mulher lhe contou o recado dos anciãos. - Que bom! Convidemos a Riqueza! Que entre e encha a nossa casa! A esposa discordou: - Querido, por que não convidamos

FAZENDO ALGUÉM FELIZ

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Naquela manhã, Alice acordou cansada e enferma. Fez um esforço, levantou-se e foi se olhar no espelho. Palidez e olheiras denunciavam sua debilidade. Ainda assim, deu graças por estar viva e conseguir se locomover. E pensou:  "Apesar de debilitada, ainda posso fazer algo por alguém e fazê-lo sorrir." Aprontou-se e foi a um posto de saúde para tomar medicamento na veia. O lugar estava repleto. Alice fez a ficha e aguardou sua vez. Ao ser chamada, entrou na sala, sentou-se e observou a enfermeira que providenciava a aplicação. Notou que ela também tinha olheiras e parecia sobrecarregada. Enquanto recebia o medicamento, Alice observava o vai-e-vém dos pacientes. Alguns chegavam nervosos e mal falavam. Outros eram mais pacatos. Havia também os que se irritavam com a demora. A enfermeira recebia a todos com serenidade. Explicava o protocolo e executava sua tarefa. De quando em quando ela se aproximava e perguntava sorrindo: - Como está se sentindo? Precisa de algo? Sem

LIÇÕES DE UM PASSARINHO

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Certa vez, um homem capturou uma cotovia. A coitadinha, desesperada, indagou: - O que vai fazer comigo? Sou tão pequena que não posso saciar sua fome. Se me libertar, ensinar-te-ei três segredos da vida. - Que segredos? - O primeiro lhe contarei em suas mãos; o segundo, quando tiver voado até àquela árvore e o terceiro, quando voar para longe. - Então me conte agora o primeiro segredo. - Não se desespere pelo que já passou. O homem soltou a cotovia. Ela voou até o alto da árvore e disse: - Não acredite em tudo que lhe disserem. E, preparando-se para partir, falou: - Se tivesse me matado, encontraria em meu papo duas pérolas de cem gramas cada. O homem, irritado, começou a xingar a ave. - Isso não é um segredo para a vida! - Pois é, mas como posso contar o terceiro segredo se você não aprendeu os dois primeiros? Eu disse para não se desesperar pelo que passou; também disse para não acreditar em tudo o que lhe disserem. Como eu poderia carregar duas pérolas de cem gramas se e

O OVO DA VACA

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Mimosa era uma vaca que vivia muito triste e deprimida. Suas amigas galinhas, preocupadas, foram falar com ela.  - O que você tem afinal, Mimi? - cacarejaram. - Ah! É que não sei fazer nada de especial! - Mas como assim, amiga? - Por exemplo: não sei andar de bicicleta como as outras vacas! As galinhas olharam curiosas umas para as outras. Elas não sabiam que vacas andavam de bicicleta. E Mimosa continuou: - Também não sei plantar bananeira como as outras vacas!   As galinhas, mais uma vez, entreolharam-se com assombro, pois jamais imaginaram que vacas pudessem plantar bananeira. - Pois é, minhas queridas - suspirou a vaca - Realmente não sei fazer nada de especial mesmo... Naquela noite, as galinhas fizeram uma reunião, cacarejando baixinho. Resolveram ajudar Mimosa de qualquer jeito e acabar com a baixa estima dela. - Que faremos? - indagaram-se. Uma delas teve uma ideia. Quando as outras ouviram o plano, concordaram unanimemente.  Na manhã seguinte, bem cedo, Mimosa levo

MÁ E COVARDE

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Um galo velho e sábio estava empoleirado nos ramos de uma árvore bem alta. Nisto, aproximou-se uma raposa que lhe disse em tom meloso: - Compadre, já está sabendo que foi decretada a paz no reino dos animais? Consequentemente, já não sou tua inimiga. Então desça daí, a fim de selarmos nossa amizade com um beijo. Façamos o seguinte, comadre - respondeu o galo - Vamos aguardar a chegada dos compadres cachorros, que também vêm celebrar. Uma matilha numerosa. Então iremos comemorar todos juntos! A raposa, tentando desconversar, replicou: - Ah, não vai dar pra esperar! Estou com pressa e cheia de compromissos. Fica pra outro dia! Dito isto, a raposa desatou a correr, furiosa com o galo e morrendo de medo de topar com os cães. Os maus e mesquinhos nunca se dão bem, principalmente onde não encontram vantagem. Fábula de La Fontaine (1621-1695) - adaptação de Marcos Aguiar.

OUVIDOS DA ALMA

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Era inverno, na Escócia. Roberto era ferreiro e sua esposa, dedicada mãe de casa, cuidava dos quatro filhos. O caçula, deficiente auditivo, era o que lhe dava maior preocupação. Ela adoecera durante a gravidez, o que resultou na deficiência de André. Ele, entretanto, era muito inteligente e depressa (aos cinco anos) aprendeu a ler e escrever. Para manter a comunicação com a família, André se servia de gestos e também papel e caneta para expressar aquilo que não conseguia gesticular. Em dezembro, perto do Natal, Roberto foi prestar serviço em uma fazenda distante, deixando a mulher em casa com os filhos.  Pouco depois surgiu uma tempestade que durou dias, fazendo zerar o estoque de lenha para o fogão. Estavam todos contentes pela boa colheita do verão; tinham comida o bastante para atravessar o inverno inteiro. Mas precisavam de lenha. Elizabeth reuniu os filhos, agasalharam-se bem e, aproveitando a estiada, saíram para apanhar lenha. Os pequenos Mary, Alice e André corriam

TÃO IMPORTANTE QUANTO A VIDA

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Ao voltar para o ninho, trazendo no bico uma minhoca, o pai pintassilgo não encontrou seus filhotes. Começou a procurá-los por toda parte, chorando e clamando. Seus gritos ecoavam pela floresta inteira, sem resposta. Dias e noites a fio, sem comer e sem dormir, o pássaro esquadrinhou em vão cada árvore, moita e buraco. Foi quando encontrou um outro pássaro que lhe contou: - Acho que vi teus filhotes na casa do fazendeiro. Cheio de esperança, o pintassilgo voou até lá. De fato, seus filhotes lá estavam - aprisionados numa gaiola pendurada do lado de fora de uma janela.  Quando viram seu pai subindo pela grade da gaiola, os filhotes começaram a piar, suplicando-lhe que os libertasse. O pintassilgo, num esforço tremendo, tentou quebrar as grades com o bico e com as patas, mas não conseguiu. - Não se preocupem, eu voltarei - disse-lhes. Voou novamente para a floresta e, na manhã seguinte, retornou trazendo comida. Com o coração carregado de tristeza, alimentou os filhos através

A PRINCESA MENTIROSA

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Num tempo distante, em certo reino, havia uma princesa tão mentirosa que ninguém queria papo com ela. O rei, vendo que a filha dificilmente se casaria com tal reputação, mandou anunciar:  "Aquele que demonstrar ser mais mentiroso que a princesa, a ponto de ela gritar: 'é mentira', poderá se casar com ela!" Muitos pretendentes, então, foram ter com a princesa, mas nenhum se provou tão mentiroso quanto ela. Foi aí que um camponês, cujo nome era Cinzinho, resolveu tentar a sorte. Ao se aproximar da princesa no salão principal do castelo, comentou: - Este lugar é meio pequeno, hein? - Pequeno coisa nenhuma! - retrucou a princesa - Saiba que se eu colocasse dois pastores, um em cada extremidade do salão, um não ouviria o outro, mesmo se gritassem! - É que você não viu o pátio da minha casa! - replicou Cinzinho - Outro dia tosquiamos uma ovelha e ela só precisou dar uma volta no pátio para chegar a hora de tosquiá-la novamente! - Pode ser, mas isso é porque você

AMANTE DAS GAIVOTAS

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Um homem muito rico tinha seu palácio à beira mar. Todos os dias, na varanda, ele ficava por horas observando as gaivotas que sobrevoavam a praia em formações circulares. Ele amava as gaivotas e sentia paz e deleite em admirá-las no céu. Certa manhã, ao chegar à varanda, avistou uma gaivota caída na areia, perto da margem. Foi até lá e verificou que a ave estava machucada. Pegou-a com cuidado e a levou para casa, pondo-a sobre sua cama. Em seguida mandou chamar seu médico particular para que cuidasse dela. Felizmente o machucado da gaivota não era muito grave e em pouco tempo ela começou a melhorar. O rico, muito feliz, quis ficar com o pássaro: colocou-o numa enorme gaiola e mandou preparar-lhe carne assada, frutas exóticas e queijos finos. Contudo, poucos dias após esse tratamento de luxo, a gaivota morreu. A afeição que ele sentia pela ave não o deixou perceber que o que era bom para ele, não era bom para ela. Ele a alimentou com coisas que só lhe fizeram mal e ainda a p

LINDA UNIÃO COLORIDA

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Muito tempo atrás, no início do mundo, as cores viviam separadas umas das outras. Cada uma se achava superior e mais importante que as demais. O Vermelho dizia: - Sou a cor do poder e da força! O Laranja afirmava: - Represento a energia e a criatividade! Já o Amarelo argumentava: - Eu sou a cor da alegria e da felicidade! O Verde se vangloriava, dizendo: - Dou cor à natureza e à vida! - Sou a personificação da calma e da serenidade - comentava o Azul. O Violeta, com orgulho, falava: - Sou a cor da sabedoria e da espiritualidade. Um curumim, vendo a discussão das cores, pensou em como seria bom se elas se unissem; então resolveu falar com Tupã, que habitava na mais alta montanha. Ao ouvir o pedido do indiozinho, Tupã disse: - Para unir todas as cores, é preciso mostrar a elas a importância da união e do trabalho em equipe. Volte à sua tribo e convide as cores para um encontro no céu. As cores concordaram em se reunir; porém, logo mudaram de ideia e recomeçaram a discussão de

O ÚLTIMO CONCERTO

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Era pra ser mais um concerto da Orquestra Sinfônica da cidade. Como de praxe, auditório repleto e grande expectativa.  Os músicos adentraram o palco, sob demorados aplausos. Logo depois, um prelúdio silencioso. Todos prontos para iniciar o concerto. A plateia aguardava a entrada do maestro, quando foi surpreendida por uma quebra de protocolo. Um dos músicos se levantou e tomou a palavra. Em nome de todo o grupo, pediu que viesse à frente um dos colegas instrumentistas. Era um músico veterano, integrante da orquestra desde a sua criação. Nesse momento, foi anunciada a sua aposentadoria. Ele seria substituído por outro exímio instrumentista. Seus colegas, então, haviam lhe preparado uma homenagem. O auditório emocionado, em pé, irompeu estrondosos aplausos - todos gratos pelas notas melódicas que, ao longo dos anos, ele lhes ofereceu por meio de seu instrumento. O homenageado recebeu, ainda, uma placa em nome de toda a orquestra. Tímido e comovido, ele agradeceu e retomou seu

UM BAITA NABO

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Um casal de velhinhos vivia numa pequena vila na Rússia juntamente com sua neta, um cachorro, um gato e um ratinho. Cultivavam nabos e a safra era sempre boa e abundante.  Na época da colheita, o vovô descobriu um nabo tão graúdo que simplesmente não conseguiu retirá-lo da terra. Então chamou a esposa para ajudá-lo a puxar. Fizeram o maior esforço, mas o tubérculo parecia uma barra de ferro. - Meu bem, venha cá! - disse a vovó para a netinha. Os três puxaram com toda força e mesmo assim o nabo não saía do lugar. A menina então assobiou, chamando o cachorro. Os quatro tentaram e, novamente, o esforço foi infrutífero. O cachorro resolveu chamar o gato, que estava de bobeira. A "força-tarefa", agora com cinco, se esforçou ao máximo, mas outra vez sem nenhum sucesso. Quando o gato viu que não estava dando certo, chamou o ratinho. Os seis respiraram fundo e deram aquela puxada. Finalmente, o nabo foi arrancado. A "mãozinha" do ratinho fora decisiva.  Mesmo um

O OBCECADO

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Muitos anos atrás, na China antiga, vivia um homem que, apesar de muito pobre, era apaixonado por ouro. Seu grande sonho era se tornar muito rico. Chegava a sonhar acordado com o dia em que teria uma enorme quantidade de ouro. Às vezes, ele ia ao mercado e, de longe, ficava observando as barracas que vendiam ouro. Mas nunca ousava se aproximar, pois suas vestes denunciariam sua pobreza. Um dia ele teve uma ideia. Pegou emprestadas algumas roupas finas, tomou um banho, se perfumou e foi ao mercado. Percebera que os ricos iam às bancas e ficavam experimentando as peças de ouro, então ele resolveu fazer o mesmo. Chegando a uma banca, começou a experimentar, com êxtase, várias peças e joias. De repente, já com os braços, dedos e pescoço cobertos de ouro, ele saiu correndo. Porém, antes que conseguisse escapar, foi detido e preso. Os guardas, impressionados com a ousadia do homem, perguntaram: - Como achou que poderia roubar todo esse ouro em plena luz do dia, diante de centenas

AS GUERRAS DOS HOMENS

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Havia um pássaro chamado Kansisi que morava nos bananais ao redor de uma aldeia. Era branco, tinha asas negras e sabia muita coisa sobre o comportamento dos homens. Um dia recebeu a visita de um amigo distante, o pássaro Monkonia, que chegou já perguntando: - Por que é que os homens fazem a guerra? Kansisi deu uma risadinha. O amigo prosseguiu: - Os homens se dizem inteligentes e racionais; como é que não conseguem, então, viver em harmonia? Não há ninguém que cometa tanta asneira quanto eles! Kansisi explicou: - Eles agem assim por diversos motivos. A prepotência, inveja e vingança os levam a pegar em armas uns contra os outros. Brigam até por coisas banais, sem pensar nas consequências. Vem comigo, vou te mostrar um exemplo concreto. Sobrevoaram uma aldeia vizinha e pousaram numa folha de bananeira. Era meio-dia e a aldeia parecia deserta. Apenas uma criancinha brincando na clareira, junto a alguns potes de barro ainda frescos, secando ao sol antes de serem cozidos no for

A FESTA DOS PÁSSAROS

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Uma vez, pássaros de várias espécies resolveram fazer uma grande festa. Prepararam muitos convites e os distribuíram a todos os conhecidos. Entretanto, um dos entregadores deixou cair acidentalmente um convite na toca da raposa, que logo o pegou e leu. O pássaro voltou e confessou aos outros a falha cometida. Todos ficaram apreensivos. - E agora? - indagaram - Se a raposa vier à festa, será o fim de todos nós, pois seremos devorados por ela. Decidiram então suspender a festa e avisar a todos sobre o cancelamento. Mas a garça teve uma ideia: - Esperem, não cancelem a festa; vou dar um jeito nesta situação. A garça sobrevoou a toca da raposa e gritou: - Raposa! Está chegando o dia da nossa festa! Venho aqui pra saber se você, no banquete, gostaria de se sentar ao lado dos cães de caça ou dos cães de corrida! A raposa ficou sem graça e respondeu: - Transmita meus agradecimentos pelo convite, mas não poderei comparecer a esse evento! Muitas pessoas são como a raposa: não sabem

FÁCIL QUE CUSTA CARO

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Certa vez, dois cães andarilhos se encontraram e se puseram a dialogar: - Oi, colega. Venho da cidade de Isfahán. Lá, os cachorros são muito bem tratados: todas as manhãs, o padeiro coloca uma travessa cheia de pães na calçada de sua padaria para que os cães possam comer à vontade.  - Nossa, é mesmo? - disse o outro cão, impressionado - Vou até lá para me deliciar também! No dia seguinte, bem cedo, lá estava o cão forasteiro, em frente à padaria, aguardando ansiosamente pelos pães.  Não demorou muito e o padeiro surgiu, colocando na calçada uma mesa e, sobre ela, uma travessa cheia de pães. Assim que o padeiro entrou no estabelecimento, o cachorro subiu na mesa e começou a comer, abanando o rabo de tanta felicidade. Mas sua alegria durou pouco. Em instantes, o padeiro ressurgiu com uma vassoura, todo alvoroçado, e enxotou o cão guloso. Passado o susto, depois de muito correr, o cão encontrou aquele outro e comentou: - Você estava certo sobre os pães, mas não mencionou o pre

O PODER DO SORRISO

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Certa vez, um pelotão que retornava a seu país passou por um vilarejo cujos moradores não falavam a mesma língua que os soldados. O capitão resolveu ir com seus homens ao mosteiro local para pedir abrigo e depois seguir viagem. Quando os aldeões viram os soldados se aproximando do mosteiro, acharam que eles iriam atacar os monges; então todos se armaram com facas e foices para defendê-los. Ao perceber isso, o capitão ordenou aos soldados: - Baixem suas armas e se ajoelhem! Os soldados, atônitos, obedeceram a ordem. - Agora sorriam! - bradou o capitão.  Ainda mais perdidos, os soldados se puseram a sorrir. Ao presenciar aquilo, os moradores pararam, abaixaram as armas e começaram também a sorrir. Depois conduziram o pelotão até o monastério, onde todos se confraternizaram alegremente. No dia seguinte, o capitão e seus homens retomaram sua jornada, revigorados. Nunca subestime o poder de um sorriso sincero! Autoria desconhecida - adaptação de Marcos Aguiar. 

NAUPAKA

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Num tempo imemorial, havia, no Havaí, um homem muito bonito, por quem a deusa do fogo se apaixonou. Mas havia um porém: ele era casado e amava sua esposa. A deusa do fogo então planejou matar a mulher a fim de ficar com o homem. De alguma forma, o casal ficou sabendo do plano maligno da deusa e conseguiu fugir a tempo. Mas o homem, preocupado com a segurança de sua amada, disse-lhe: - Meu amor: enquanto não passa a zanga da deusa do fogo, devemos nos esconder em locais separados; assim confundiremos a deusa e ela não nos encontrará. A mulher, a contragosto, concordou. Ela se escondeu nas montanhas e ele, num abrigo próximo à praia. Todavia, antes de se separarem, pegaram uma flor de naupaka e a dividiram ao meio, ficando cada um com uma metade, como recordação do seu amor. É por isso que, até hoje, toda naupaka nasce somente com metade das pétalas. Essa flor é encontrada nas montanhas e na costa do Havaí. Lenda havaiana - adaptação de Marcos Aguiar. 

O MALDIZENTE

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Certa manhã, um mercador encontrou-se com um veterano amigo e lhe falou com cara feia: - Ouvi muitas coisas ruins sobre você. De hoje em diante não poderemos mais ser amigos. O outro simplesmente indagou: - Diz aí: já me viu fazer algo que denegrisse meu caráter e reputação? - Não, mas me falaram… - Já me viu envolvido em intrigas ou maldizendo alguém? - Não, mas alguém comentou... - Se não quer mais ser meu amigo, apesar de nossa longa amizade, é escolha tua; se prefere acreditar em quem difama os outros sem provas, problema teu. Mas te advirto: amanhã ou depois, esse mesmo "amigo" falará mal de você pelas costas!  Nunca confie em quem fala mal de todo mundo, pois essa pessoa, com certeza, também fala mal de você em sua ausência.  Texto de Malba Tahan - adaptação de Marcos Aguiar. 

ATIVIDADE PRAZEROSA

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Por muitos anos, um camelo vivia entediado com tantas cargas a que era forçado a carregar. Um dia, numa dessas andanças, deparou-se com uma formiga que seguia alegremente, mesmo com uma folha enorme às costas. Impressionado, falou: - Me espanta ver um bicho tão pequeno e frágil carregando coisas bem mais pesadas e maiores que ele. Já eu sou grande e forte e, no entanto, não consigo carregar metade do meu peso! A formiga parou um pouco, pousou a folha, olhou bem nos olhos do camelo e respondeu: - É que eu carrego para mim mesma, por isso o faço com toda disposição, enquanto que você carrega para os outros, por isso o faz de má vontade! Ninguém é capaz de fazer por você o que só você pode.  Fábula árabe - adaptação de Marcos Aguiar. 

A MANTA DO JOSÉ

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Quando José nasceu, o avô, que era alfaiate, fez para ele uma bonita manta para o seu berço. José cresceu, mas não dispensou a  manta, que passou a ser sua capa de super-herói, no seu mundo de faz-de-conta.  Quando a mãe lhe disse que a manta estava esfarrapada e que teria de se desfazer dela, ele disse com cara de choro: - Não! Vou falar com o vovô! Interpelado pelo neto se ele podia fazer alguma coisa com a manta, o bondoso homem pensou um pouco. - Sim, filho, posso fazer algo. E transformou a manta num belo casaco. Como José gostou! José cresceu e virou adolescente, mas insistia em usar o casaco, que continuava com o mesmo tamanho e ficando cada vez mais apertado. - Esse casaco vai pro saco - avisou a mãe.  - Não, mãe. Vou falar com o vovô. O veterano alfaiate fez seu jogo de cintura e converteu o casaco num lindo colete. Seu neto amou a nova indumentária. Passaram-se anos e José, adulto, não largava o colete, a despeito dos buraquinhos aqui e ali.  Sua mãe opinou que já

TERAPIA DA SOLIDARIEDADE

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Uma senhora culta, dispondo de tempo livre, resolveu aproveitá-lo de forma útil. Notando o elevado índice de suicídios em sua cidade, voluntariou-se no atendimento do S.O.S Vida, serviço telefônico para depressivos, ansiosos e desesperados. Três vezes por semana, dedicava duas horas de seu dia à relevante tarefa. Em uma dessas ocasiões, foi surpreendida por uma voz feminina amargurada e nervosa: - Pretendo matar-me ainda hoje. Antes de fazê-lo, quis comunicar minha decisão a alguém. Por isso estou telefonando. A atendente, fiel ao protocolo de não interferir no drama do cliente, manteve-se serena, mas indagou:  - Acredita que eu possa lhe ser útil? A outra, com azedume, respondeu: - Ninguém pode me ajudar, nem quero. Odeio o mundo e as pessoas. Sou uma infeliz e pretendo dar cabo desta existência vazia. Aproveitando o respeitoso silêncio da telefonista, a sofredora continuou seu desabafo: - Sou rica. Resido numa bela mansão, num bairro nobre da cidade. Tenho dois filhos, am

DISTINGUINDO O BOM DO MAU

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Havia, em certa cidade, um padeiro bem sucedido que tinha o sonho de conhecer um sábio muito famoso da região. Ele comentava com todo mundo sobre isso e a conversa acabou chegando aos ouvidos do sábio, que resolveu visitar o padeiro. Fingindo-se de mendigo, vestiu um trapo sujo e foi à padaria. - Por favor, um pão! - chegou, implorando. O padeiro ficou muito irritado com aquele indivíduo em seu estabelecimento e tratou logo de enxotá-lo dali, cobrindo-o com toda sorte de xingamentos e palavrões. Já na rua, os discípulos do sábio o encontraram e ficaram sabendo do ocorrido. Revoltados, foram reclamar com o padeiro que, ao descobrir a verdadeira identidade do mendigo, ficou extremamente envergonhado. Na tentativa de reparar seu erro, o padeiro convidou o sábio e seus discípulos para um jantar no restaurante mais fino da cidade. O padeiro fez questão de pedir os pratos e bebidas mais caros do lugar. Ao término da refeição, o sábio se levantou e disse aos discípulos: - Estão ve

A GRANDE DÁDIVA

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Em um posto de saúde, médicos voluntários se esforçavam para atender aos muitos necessitados. Numa das salas, uma médica leu a próxima ficha com receio: pediatria não era sua especialidade, mas era preciso atender, pois não havia nenhuma pediatra disponível.  A paciente era uma menina de dois anos incompletos, carregada pela mãe. A criança vinha sorrindo, apesar da febre e falta de apetite. Ela e a mãe estavam alojadas num abrigo. Há pouco tempo naquele local, a médica já entendera que era preciso escutar o desabafo daquelas pessoas que haviam perdido familiares, vizinhos, amigos, pertences e até a casa. Perguntou então, à mãe da criança, o que havia ocorrido. - Saímos de casa quando a água começou a subir - contou a mulher -  Na busca por um terreno seco, presenciamos outras casas invadidas por água e lama, algumas desabando e, por toda parte, pessoas em desespero. Não tivemos tempo pra levar nada. Ensopadas e com frio, aguardamos por socorro. Fomos resgatadas por bombeiro