BRASIL QUE CHORA




Ao entrar em minha sala de aula, vi, num mapa-mundi, meu Brasil chorando.
- O que houve, querido verde-amarelo?
Esparramando-se verdejante sobre a América do Sul, respondeu, derramando lágrimas amazônicas: 
- Como estou sofrendo! Veja o que estão fazendo comigo… antes, os meus bosques tinham mais flores e meu seio mais amores. Meu povo era heroico e o seu brado retumbante. O sol da liberdade era mais fúlgido e brilhava no céu a todo instante. Onde estão os braços fortes? Eu era a Pátria amada e idolatrada, cheia de glórias no passado. Nenhum filho meu fugia à luta. Eu era a terra adorada e a mãe gentil dos filhos deste solo. Eu era gigante pela própria natureza, que hoje queimam e devastam, sem nenhum homem de coragem que, às margens plácidas de algum riacho, tenha a audácia de gritar mais alto para libertar-me dos tiranos que ousam roubar o verde-louro de minha flâmula!
Não pude mais ouvir a dolorosa queixa do Brasil; saí para o jardim. Era noite e pude ver a imagem do Cruzeiro que resplandece no céu estrelado.
Triste, pensei: "Conseguiremos salvar o impávido colosso e florão da América? Quem nos devolverá a clava forte da justiça?"
Ao retornar à sala, o Brasil ainda estava lá, mas silencioso e quieto, como um infante dormindo em berço esplêndido...

*Originalmente o texto de uma adolescente de 14 anos que venceu um concurso de redação em Joinville, Santa Catarina, em 2020 - adaptação de Marcos Aguiar. 

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