"DEIXA A RAIVA SECAR!"




Mariana ficou feliz da vida quando ganhou de aniversário um joguinho de chá. 
No dia seguinte, sua amiguinha Júlia veio chamá-la pra brincar.
- Ah, Julinha, agora não posso! Vou sair com mamãe daqui a pouquinho. 
- Então me empresta o teu joguinho pra eu brincar?
Mariana era muito ciumenta com seus brinquedos e não queria emprestar; mas Júlia insistiu tanto que ela acabou cedendo.
- Mas toma cuidado, tá? - disse, ao emprestar. 
Quando voltou da rua com a mãe, Mariana ficou chocada ao ver o seu conjuntinho de chá espalhado pelo chão, no corredor do condomínio. Faltavam algumas xícaras e a bandejinha estava trincada.
Chorando e muito nervosa, Mariana desabafou:
- Está vendo, mamãe, o que a Júlia fez comigo? Ela estragou meu brinquedo! Vou agora mesmo à casa dela e exigir uma explicação!
A mãe a segurou brandamente pelo braço. 
- Filhinha, vem cá. Lembra daquele dia quando você saiu com seu vestido novo todo branquinho e um carro, passando, jogou lama nele?
- Sim... lembro.
- Então deve estar lembrada de quando chegou em casa e você queria lavar imediatamente o vestido, mas a vovó não deixou. Lembra o que ela disse?
- Ela falou que era pra deixar o barro secar primeiro, porque depois ficava mais fácil pra limpar.
- Pois é, minha filha! Com a raiva é a mesma coisa. Dê um tempinho; deixa a raiva secar primeiro. 
No momento Mariana não entendeu muito bem, mas resolveu seguir o conselho da mãe e foi assistir TV pra relaxar. 
No final da tarde alguém tocou a campainha e Mariana foi atender.
Era Júlia - toda sem graça e com um embrulho na mão.
Júlia rompeu o breve silêncio entre as duas:
- Mariana, sabe aquele menino mau da outra rua que fica correndo atrás da gente? Ele veio querendo brincar comigo e eu não quis. Aí ele ficou bravo, tomou das minhas mãos o teu brinquedo e o quebrou. Quando, desesperada, contei pra minha mãe, ela me levou à loja e comprou um joguinho de chá igualzinho e da mesma cor. Aqui está. Espero que não fique com raiva de mim. Não foi minha culpa.
As últimas palavras de Júlia saíram misturadas com lágrimas. 
- Não tem problema, Julinha; minha raiva já secou.
E, depois de um abraço carinhoso, foram para o quarto brincar com o joguinho de chá.
Nunca tome qualquer atitude com raiva. Ela impede que veja as coisas como elas realmente são. Melhor deixar a raiva secar antes de dar o próximo passo.

Texto de Renato Antunes Oliveira - adaptação de Marcos Aguiar. 

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