COBRANÇA DA VIDA




Depois de um dia de caminhada, um monge e seu discípulo retornavam ao monastério, atravessando a mata.
Quando passaram próximo a uma moita de samambaia, ouviram um gemido. Descobriram então um homem estirado, quase insconsciente. Estava pálido, com a camisa encharcada de sangue e um corte profundo no tórax.
Com alguma dificuldade, carregaram o moribundo até o monastério, onde cuidaram dele.
Uns vinte dias depois, já restabelecido, o homem contou que havia sido assaltado e que ao reagir fora esfaqueado no peito.
- Mas eu sei quem fez isso comigo! - comentou ele - Não vou descansar enquanto não consumar minha vingança!
E completou:
- Senhor, muito lhe agradeço por ter salvo minha vida. Serei eternamente grato por sua bondade. Agora vou ao encontro daquele que me atacou e farei com que ele sinta a mesma dor que senti.
O monge respondeu:
- Vá e faça o que deseja. Entretanto, devo informá-lo que me deve três mil moedas de ouro, como pagamento pelo que lhe fiz.
- Senhor, é muito dinheiro! - disse o homem, assustado - Sou um simples lavrador e não tenho como lhe pagar tudo isso!
- Se não podes pagar pelo bem que recebestes, com que direito queres cobrar o mal que te fizeram?
O homem ficou desnorteado. O monge concluiu :
- Antes de cobrar alguma coisa, procure saber quanto você deve.
Certamente aquele homem compreendeu e guardou a lição. 
Não faça cobrança pelas coisas ruins que te acontecem, porque depois a vida irá te cobrar tudo o que você deve - e provavelmente você vai pagar muito mais caro. 
Que a gratidão seja a tua essência, não o ódio. 

Texto de Renato Antunes Oliveira - adaptação de Marcos Aguiar. 

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