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Mostrando postagens de julho, 2022

TECNOLOGIA NEM TÃO EFICIENTE

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Um moço estava há uma hora no banco com o pai, pois este precisava fazer uma transferência. O filho, já um pouco impaciente, indagou: - Pai, por que não ativamos sua conta bancária pela internet? - Mas por que eu faria isso? - Bem, o senhor não precisaria desperdiçar tempo esperando aqui. O senhor poderia transferir, consultar saldo, tirar extrato e até fazer compras online. Tudo seria bem mais fácil! - Então, se eu fizer isso, não terei que sair de casa? - Sim, pai, a ideia é essa. Até mesmo comida o senhor pode comprar via internet! O senhor faz o pedido e eles entregam na porta! A resposta do velho deixou o jovem emudecido. - Desde que entrei no banco hoje, filho, encontrei quatro de meus colegas e matamos a saudade. Conversei um pouco também com alguns funcionários e fiz amizade com eles. Gosto de me arrumar e vir aqui, pois só o trajeto já me faz bem. Como aposentado eu tenho todo o tempo do mundo e anseio por calor humano. Você deve lembrar que adoeci há dois anos; o

PROMESSA É COMPROMISSO

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Numa noite fria, ao sair do teatro, um milionário se deparou com um velho indigente sentado na calçada.  - Você não sente frio estando aqui fora e sem agasalho? - indagou o rico. - Ah, senhor... sinto muito frio sim, mas estou acostumado.  - Espere por mim, não saia daqui. Irei à minha casa e te trarei um bom casaco. Volto logo! - Está bem, senhor! Não sairei daqui! - respondeu o mendigo, entusiasmado.  O rico desceu do carro, entrou em seu palacete, contemplou aquele ambiente aconchegante de sempre. Desabou na poltrona alcochoada, em frente à lareira, tomou uísque pra relaxar e apagou.  Só pela manhã, ao acordar, foi que se lembrou do velhinho da calçada.  Quando chegou ao local combinado, encontrou apenas um corpo duro e encolhido e, por baixo da cabeça, um papel com caligrafia ainda legível. Trêmulo (mas não por causa do frio), o rico leu: “Quando eu não tinha um bom agasalho, minha mente condicionava o meu corpo a se habituar ao frio e assim eu sobrevivia; mas quando vo

DIA "AZARADO"

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O padre de uma humilde paróquia estava animado para mais uma missa dominical. Mas, chegada a hora, o povo não compareceu. Com quase meia hora de atraso, chegaram três crianças e logo em seguida dois adolescentes. "Bom, já é um começo", pensou o padre, e começou a missa com aqueles cinco. No decorrer da liturgia, entrou um casal que se sentou no último banco. Perto do início do sermão, entrou um senhor maltrapilho segurando uma corda. Mesmo desapontado com o pequeno público, o sacerdote pregou com impetuosidade, como se o recinto estivesse repleto. Terminada a missa, o padre despediu os fiéis, fechou o templo e voltou para casa. No caminho, foi assaltado e espancado por dois meliantes que lhe levaram a Bíblia e outros pertences. Ao chegar em casa, depois de tratar os próprios ferimentos, descreveu aquele dia como "o mais triste de sua vida e o mais fracassado e infrutífero de seu ministério". Passaram-se cinco anos. Durante a missa, templo lotado, o padre

CONHECIMENTO LIBERTA

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Havia uma caverna com uma única saída para o mundo exterior. Dentro dela viviam alguns humanos em semiescuridão permanente. Nasceram e se criaram ali e nunca haviam saído de lá uma vez sequer. Tudo o que sabiam sobre o mundo lá fora se resumia a sombras de pessoas e objetos que uma fogueira projetava na parede. No entanto, certo dia, um deles decidiu se arriscar e sair. Ficou maravilhado com o que descobriu: um novo mundo, mais amplo, belo e interessante que aquela caverna obscura.  Entusiasmado, voltou correndo para contar sua descoberta aos companheiros. Mas eles simplesmente não acreditaram. - Você só pode estar louco! - replicou um. - Impossível! Esse mundo que você fala não existe! - retrucou outro. - Você quer matar a todos nós, tentando nos fazer sair daqui! - respondeu um terceiro. Contudo o “iluminado” insistiu em suas palavras, até convencer três amigos a saírem com ele e verem por si mesmos. - Nossa! É verdade! Você tinha razão! - diziam. E, juntos, retornaram à

NOSTALGIA

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Na infância a gente não compreendia o choro da mamãe quando assistia um filme, ouvia uma música ou lia um livro. Ainda não podíamos entender que ela não chorava por coisas visíveis. Ela chorava pela eternidade dentro dela. O tempo passou e hoje nos emocionamos pelas mesmas coisas, tocados por pequenos relampejos da memória.  Ela é contrária ao tempo. O tempo leva a vida embora, mas a memória traz de volta o que realmente importa, perpetuando momentos.  Crianças têm o tempo a seu favor e sua memória ainda é muito recente. Para elas, um filme é apenas um filme, assim como um livro ou uma canção.  Paralelamente ao tempo, testemunhamos a própria velhice, o crescimento dos filhos e a partida eterna de amigos e queridos. Porém, diante da memória, ainda somos jovens, os filhos são pequenos, os amigos estão próximos e os entes queridos ainda vivem. Quanto mais vivemos, mais eternidades criamos dentro da gente. Quando nos damos conta, nossos baús interiores estão repletos daquilo qu

SÓ NA HORA

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Um dia, a morte passeava pela floresta quando encontrou uma menina. A garotinha não pareceu nem um pouco assustada com a figura esquelética da morte, como esta esperava. - Você está perdida também? - indagou a menina. A morte, sorridente, respondeu: - Estou sim. Mas você realmente não sabe mais o caminho de volta para sua casa? - Não... mas isso pouco importa; agora não me sinto mais só, nem estou com medo, pois você está comigo. A morte, surpresa, retrucou: - Então você não tem medo de mim, sabendo quem eu sou? - Não estou com medo. O importante é que me faça companhia, porque está ficando escuro. Mas vou lhe pedir apenas um favor. - E o que seria? O semblante da garotinha foi tomado pela tristeza e ela respondeu, quase chorando: - Por favor, poupe minha mãe. Ela está muito doente e eu saí à procura de ervas medicinais na mata e acabei me perdendo como você sabe. Estou preocupada em não poder voltar a tempo de ver minha mãe com vida. Estamos sozinhas em casa; o papai morre

VOLTAS QUE A VIDA DÁ

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Certa feita, um médico pediu a um motorista que o levasse rápido a um determinado bairro a fim de atender um paciente. - Ah, doutor, eu não vou! Não posso; já está tarde e eu preciso ir deitar. - Por favor, amigo, é urgente! - Estou cansado, doutor! Se vire! O que não falta aqui é táxi! O doutor insistiu uma vez mais. - Por favor, está ficando cada vez mais tarde. Estamos perdendo tempo enquanto uma vida se vai. Me leve, por gentileza! Irritado, o motorista arrancou o carro e berrou resmungando: - Ora essa! Era só o que me faltava - um médico exigente! Não levo e pronto! Vou é dormir! Passar bem! E disparou, deixando atrás de si o médico e uma nuvem de poeira. Ao chegar em casa o motorista logo percebeu uma agitação: deparou-se com o filhinho de 5 anos convulsionando, semiasfixiado. O desesperado pai já estava com o menino nos braços, quando outro carro estacionou à porta e um médico saltou de dentro dele, apressado. Pediu que recolocassem o garoto na cama para examiná-lo.

"OBRIGADO" DESDE O VENTRE

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Com a saúde debilitada, problemas na família e sem trabalho, a vida estava complicada para Laura, ainda mais quando confirmou a gravidez. Seu primeiro impulso foi abortar. Tomou uns chás, mas o aborto não veio. Desesperada, foi ter com uma parteira clandestina, mas justo naquele dia ela estava ausente por uma doença.  Laura voltou para casa preocupada; um futuro com mil possibilidades, cada uma pior que a outra, lhe passava pela mente. À noite deitou-se e, com muito custo, pegou no sono. E sonhou.  Viu um belo jovem pedindo-lhe algo que, por mais que se esforçasse, não conseguia lembrar o que era. Mesmo sem aquele detalhe importante, Laura ficou tão impressionada com o sonho que até "esqueceu" a gravidez. Na noite seguinte voltou a sonhar com o mesmo jovem; mas neste sonho, ao contrário do primeiro, ela o ouvia dizer nitidamente: "obrigado" - e de um jeito tão agradável que a deixou encantada. Enquanto recordava aquela pequena frase de agradecimento, seu

A HABILIDADE DE CADA UM

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Os bichos da floresta decidiram fundar uma escola. Reuniram-se e começaram a escolher e organizar as disciplinas. A águia insistiu pra que houvesse aulas de voo. O esquilo opinou que escalar árvores era fundamental. E o coelho queria a todo custo que a corrida fosse incluída. Dessa forma, cada bicho contribuiu com uma disciplina. No entanto acabaram tomando uma medida desastrosa: exigiram que todos participassem de todos os exames. O coelho foi excepcional na corrida e tirou dez. Mas, conforme as regras, teve que participar também das aulas de voo. Colocaram-no no alto de um barranco e disseram:  - Voe! O coitado saltou lá de cima, até quis "bater asas", mas desabou no solo, quebrando as patas.  A águia passou no teste de voo de olhos fechados, contudo se ferrou na cavação de buracos - disciplina incluída pela toupeira. Na tentativa a pobre ave quebrou o bico e as asas e ficou sem poder voar. E assim outros desastres se repetiram durante todos os testes. Os bichos

COMEÇANDO PELOS SAPATOS

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Um jovem príncipe recebia toda manhã, ao despertar, uma lista de tarefas: limpar o próprio quarto, organizar seus pertences, lavar e escovar seu cavalo, entre outras coisas. Isso simplesmente o deixava muito zangado mas, em respeito ao rei, seu pai, ele obedecia. Ao mesmo tempo o príncipe se punha a admirar sua vasta herança - muitas terras, rebanhos, um exército de súditos e inumeráveis criados no grande palácio. Por isso o príncipe não compreendia porque ele mesmo precisava cumprir aquelas tarefas com tantos servos por perto.  Um dia seu pai o enviou a um pequeno reino vizinho para conhecer um príncipe de sua idade, no intuito de estreitar amizade. A visita fez o príncipe pensar ainda mais em como ele era injustiçado. É que aquele outro príncipe tinha a seu serviço três criados. Até seu banho era preparado por um deles e não havia tarefas a cumprir. Ele somente dava ordens e recebia tudo de bandeja. De volta ao seu palácio, o insatisfeito príncipe foi falar com o pai. - N

EMBRULHADA NO AMOR

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- Você gosta do meu vestido? - perguntou uma menina para uma senhora que passava - Minha mãe fez para mim! - completou, já choramingando. A mulher parou. - Bem, eu acho que é muito bonito, garotinha. Mas, me conte, porque está chorando?  Com ligeiro tremor na voz a menina respondeu: - Depois que mamãe me fez este vestido, ela teve que ir embora. - Bem, agora você deve estar esperando por ela, não é? Tenho certeza que ela voltará logo. - Não, senhora; a senhora não entendeu. Meu pai disse que a mamãe está com meu avô, no céu. Foi aí que a mulher compreendeu o drama daquela criança.  Comovida, ajoelhou-se e embalou-a com carinho num abraço prolongado.  Acariciando-a, chorou baixinho com ela. Então, de repente, a menina fez algo "estranho" para o momento: começou a cantar. Cantava tão suavemente que era quase um sussurro. Era o mais doce som que a mulher já tinha ouvido. Parecia a canção de um pássaro, só que mais gracioso. Quando a menina terminou de cantar, explico

AMOR INSTINTIVO

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Um veterinário foi chamado para examinar Belker, um cão de raça irlandesa. Os donos do animal (o casal Ron e Lisa e seu filhinho Shane) eram muito afeiçoados a ele e almejavam ansiosamente sua recuperação. Mas, após examiná-lo, o doutor os desenganou. - Sinto muito, mas seu cão está num quadro avançado de câncer e não há o que fazer para salvá-lo. Resta pôr fim ao sofrimento dele e posso fazê-lo aqui mesmo, agora. Enquanto o veterinário se preparava para o procedimento, o casal informou: - Achamos que não seria má ideia se nosso filho pudesse assistir à despedida de Belker; talvez ele possa aprender algo dessa experiência.  - Se acham isso, não tem problema; ele pode observar, sim. Chegado o momento cruciante, o profissional sentiu o habitual aperto na garganta. Já havia feito diversas eutanásias, contudo nunca se acostumara àquela medida extrema. Ao ver o pequeno Shane tão calmo, acariciando o velho companheiro pela última vez, o veterinário ficou a pensar se a criança ent

PRECIPITADA

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  Uma jovem fazendeira estava feliz da vida: conseguiu seu primeiro estoque de leite, num balde bem cheio. Foi logo negociá-lo na cidade, levando o balde na cabeça. No caminho, eufórica, ela ia fazendo planos com o dinheiro que ganharia: "Vou comprar algumas galinhas, que irão me render muitos ovos todos os dias. Daí poderei montar um comércio com os ovos. Com o lucro poderei comprar um chapéu com flores e um vestido - e será verde, que é a cor que combina comigo. Vou virar o centro das atenções e todos os rapazes irão me cortejar! Andarei com toda elegância, sacudindo a cabeça assim!" E, ao sacudir a cabeça, esqueceu que havia um balde sobre ela... O balde foi ao chão e o leite foi derramado; não deu pra recuperar nada! A tonta da moça voltou pra casa chorando, com o balde vazio e os projetos evaporados. É ideal que faça planos para o futuro, mas tenha o cuidado de não arruinar suas esperanças no amanhã com as atitudes de hoje! Fábula de Esopo (564-620 a.C.) - adaptação de M

NOVA OPORTUNIDADE

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  Uma idosa havia perdido a família inteira na guerra. Após vender sua enorme propriedade, passou a morar num pequeno cômodo com área externa. Um dia ela soube que um jovem de 16 anos tentara o suicídio jogando-se no mar. Era negro, pobre e órfão e fora salvo pela polícia contra sua vontade. Estava cheio de ódio e de revolta. A velhinha foi à delegacia e pediu permissão para conversar com o adolescente. - Olá, menino - disse ela. O rapaz voltou-lhe a face mas permaneceu inerte e indiferente. - Menino - tornou a dizer a velhinha - então você não sabe que veio ao mundo para algo maravilhoso que só você pode fazer? Depois de repetir isso várias vezes, Jorge (era esse o nome do rapaz) voltou-se subitamente para a idosa e perguntou com ironia: - Eu? Um negro? Um garoto que não tem pai e mãe? - Justamente por ser negro e órfão é que pode fazer algo maravilhoso! - E a senhora quer que eu acredite nisso? - Venha comigo e eu lhe mostro. O delegado permitiu que a idosa levasse o garoto, pois, se

SEGURANÇA

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  Certo fazendeiro possuía muitas terras ao longo do litoral. De quando em quando tempestades devastavam a região, fazendo estragos nos edifícios e plantações daquele homem. Assim, ele sempre tinha dificuldade em contratar novos empregados. Poucos se encorajavam a trabalhar num local tão ameaçador. Contudo, um dia, apresentou-se um homem baixo e magro, de meia-idade, dizendo que queria o emprego. - Você é bom lavrador? - inquiriu o fazendeiro. - Bom. Eu posso dormir enquanto os ventos sopram. O fazendeiro, embora confuso com a resposta e como não tinha opções, admitiu o sujeito. O pequeno homem era de fato bom trabalhador; mantinha-se ocupado o dia inteiro, pra lá e pra cá, e o fazendeiro estava satisfeito por tê-lo contratado. Então, algumas semanas após a admissão do novo funcionário, surgiu outro temporal daqueles, com ventos assustadoramente fortes. O fazendeiro pulou da cama, agarrou um lampião e correu ao alojamento dos empregados. O pequeno homem dormia tão profundamente que até

O SINAL DO CEGO

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  Era uma noite como outra qualquer para aquele moço cego que voltava para casa pelo mesmo caminho de sempre, há três anos. Seguia tateando com sua bengala para identificar os acidentes do trajeto - seus familiares pontos de referência. Mas, naquela ocasião, havia algo diferente: um pequeno arbusto, que sempre estivera num determinado trecho, fora arrancado. A rua estava deserta e o rapaz acabou perdendo o rumo de casa. Após andar por um tempo, percebeu que havia se afastado bastante de sua rota, pois verificou que chegara a uma ponte que ficava sobre o rio. Apreensivo, começou a tatear com a bengala, tentando voltar, quando ouviu uma voz trêmula de mulher: - Algum problema, senhor? - Acho que me perdi - respondeu o moço. - Foi o que pensei. Quer que o acompanhe a algum lugar? O jovem deficiente informou à mulher onde morava. Oferecendo-lhe o braço, ela o conduziu até lá. - Nem sei como lhe agradecer! - comentou o mancebo. - Na verdade, eu é que lhe devo um sincero agradecimento - resp

SALVANDO UMA NOVA AMIGA

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  Uma senhora culta e de bom coração, dispondo de tempo livre, resolveu ocupá-lo de forma útil. Inscreveu-se no trabalho voluntário de atendimento do S.O.S-Vida - serviço telefônico para pessoas em busca de ajuda. Três vezes por semana, ela dedicava duas horas do dia à relevante tarefa. Numa ocasião, atendeu uma mulher amargurada e nervosa: - Pretendo matar-me ainda hoje. Antes de fazê-lo, quis comunicar minha decisão a alguém. Por isso estou telefonando. - Acredita que eu possa lhe ser útil? - Ninguém pode me ajudar, e nem quero que me ajudem. Odeio o mundo e as pessoas. Sou uma infeliz e pretendo encerrar minha existência vazia. A telefonista, propositadamente, permaneceu em silêncio, encorajando a deprimente a continuar seu desabafo. E esta prosseguiu: - Sou rica. Resido numa bela mansão, no bairro nobre da capital. Tenho um casal de filhos, ambos casados e que já me deram quatro netos. Sou membro da alta sociedade, frequento ambientes luxuosos e requintados. Tenho tudo o que o dinh

O MAIS IMPORTANTE

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  Um grande rei confiou a um mancebo a tarefa de levar uma mensagem e alguns diamantes a outro rei de um país vizinho. Recebeu também o melhor cavalo do palácio para conduzi-lo na jornada. - Cuide do mais importante e terás cumprido a missão! - recomendou o soberano. O jovem escondeu a carta na bainha da calça e colocou as joias numa bolsa de couro amarrada à cintura, por baixo das vestes. E assim seguiu viagem. Empolgado, seguia o percurso ininterruptamente. Queria que todos soubessem que era nobre e valente, capaz até de desposar a princesa. Aliás, era esse o seu sonho. Na intenção de abreviar a viagem, por vezes deixava a estrada e pegava atalhos acidentados e pedregosos, exigindo demais de sua montaria. Quando parava (brevemente) em uma estalagem, deixava o cavalo ao relento, não lhe tirava a sela e nem a carga, tampouco se preocupava em lhe dar água e comida. - Assim, meu jovem, acabas perdendo o animal - advertiu alguém. - Não tem problema, pois tenho dinheiro para comprar outro

BEM NO MEIO

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  Dois irmãos sempre chegavam em casa com muita fome, ao regressar da escola. Certo dia, um deles, mais agoniado, pediu comida à mãe. Ela os chamou para a mesa, onde havia um bolo pequeno. Colocando uma faca ao lado do bolo, disse: - Um de vocês corta o bolo, mas o outro vai poder escolher, primeiro, o seu pedaço. O irmão apressado, querendo se fazer de esperto, pegou a faca e ia cortar o bolo em dois pedaços desiguais; mas, de repente, parou. Olhando primeiramente para a mãe e depois para o irmão, cortou o bolo exatamente no meio e esperou que o irmão se servisse. Qualquer pedaço que ele escolhesse daria no mesmo e assim nenhum dos dois ficaria em desvantagem. E comeram, alegremente, as porções idênticas. A partir dali, fosse pão com manteiga, doces, pastéis ou qualquer outro lanche, tudo era sempre dividido entre eles em partes iguais - quase que religiosamente. O singelo relato nos adverte sobre o egoísmo que tomou conta da maioria das pessoas e que causou, ao longo de nossa históri

MARIA-VAI-COM-AS-OUTRAS

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  Um homem do interior vivia na beira da estrada vendendo cachorro-quente. Não possuía rádio e não lia jornais, mas seu cachorro-quente era de primeira. Como ainda não tinha muitos clientes, resolveu afixar um cartaz em seu ponto, pra que seu negócio ficasse mais na vista. A estratégia deu certo. Mais pessoas passaram a consumir o delicioso produto. Foi preciso aumentar a demanda de pão e salsicha, até ao ponto de inaugurar uma lanchonete, num imóvel alugado. Com o progresso de seu empreendimento, o homem convidou o filho para ajudá-lo. O rapaz morava na capital e estudava na Universidade. Ao chegar, o filho disse: - Pai, o senhor não ouve rádio? Não tem lido jornais? Não sabe que há uma crise no país e que a situação internacional é muito perigosa e tudo pode piorar? Não tem como seu negócio durar num tempo como este! O pai pensou: "Meu filho estudou na Universidade, ouve rádio e lê jornais. Ele deve saber o que está dizendo." O homem então cancelou pedidos e retirou o carta

DIA APÓS DIA

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  Há muitos anos, na Pérsia, houve um rei honesto e justo chamado Abbas. Toda noite ele vagava pelas ruas da cidade, disfarçado, para assim conhecer melhor os seus súditos. Numa dessas andanças, notou uma pobre cabana. Ao olhar pela janela, viu um homem diante de uma singela refeição, dando graças. O rei então resolveu ir até lá. - Boa noite! - disse o visitante - Pode me deixar entrar, por gentileza? - Receber um convidado é sempre uma bênção! Entre e junte-se a mim! O humilde morador repartiu sua refeição com o rei e os dois conversaram por muito tempo. - Como ganha a vida, meu amigo? - perguntou o visitante. - Passo o dia todo consertando sapatos para poder adquirir meu mantimento diário. - Mas você não se preocupa com o dia de amanhã? - Não. Eu simplesmente procuro fazer o meu melhor e dar graças, dia após dia. - Gostei muito de conversar com você. Será que posso voltar aqui outras vezes? - Claro, meu amigo. Será sempre muito bem-vindo. O rei resolveu testar o novo amigo promulgand