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Mostrando postagens de junho, 2024

VOAR OU NÃO VOAR?

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Um bando de gansos se reunia todo domingo num quintal, em torno de uma gamela. Um deles, o “pregador”, subia com dificuldade à barra mais alta da cerca e exortava os demais, enaltecendo "as glórias da gansidade”. Destacava como era maravilhoso ser um ganso e não uma pobre galinha ou um peru gordo. Lembrava aos companheiros a sua grande herança e os encorajava sobre as maravilhosas possibilidades do futuro.   De vez em quando, enquanto ele fazia tais sermões, passava lá no alto um bando de gansos selvagens, vindo da Suécia, voando sobre o mar Báltico, em direção à França, formando um perfeito "V". Quando isso acontecia, todos os gansos do quintal olhavam para cima e comentavam entre si, entusiasmados:  - Na verdade nós somos assim, como eles. Não fomos feitos  pra viver neste  quintal fedorento. Nosso destino é voar! No entanto, quando os gansos selvagens desapareciam do alcance de suas  vistas, com seus  grasnados ecoando  no horizonte, os  gansos do quintal 

SEMENTES DE PAZ

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Em 2004, o prêmio Nobel da Paz foi entregue a Wangari Muta Maathai (1940-2011), a primeira africana e ambientalista a conquistar a honraria.  Ela foi, de fato, uma colecionadora de títulos inusitados. Ainda jovem, teve a chance de concluir os estudos fora de seu país, formando-se em biologia e fazendo mestrado nos Estados Unidos. De volta para o Quênia, tornou-se a primeira mulher a coordenar um departamento na universidade de Nairóbi. Suplantando o preconceito dos colegas (todos homens), dirigiu a faculdade de medicina veterinária, onde alcançou o título de PHD, até então inedito para uma africana. Já em 1977, a doutora Maathai chamou a atenção do mundo ao criar o Movimento Cinturão Verde. O objetivo era audacioso: recrutar mulheres negras e pobres para reflorestar o país. O Quênia sofria com o acelerado desflorestamento causado pela demanda de lenha no país, carente de infraestrutura energética. A extraordinária empreitada de Wangari conseguiu reverter o processo de destr

A CABAÇA

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Um andarilho, certa vez, teve a ideia de reunir todo o bom senso do mundo em uma cabaça. Poderia distribuir conselhos em troca de dinheiro e ficaria rico. Então, ele saiu pelo mundo, conhecendo e conversando com muitas pessoas e, assim, recolhendo todo o bom senso que encontrava. Quando deu fé, estava com a cabaça cheia. Ao voltar para casa, achou melhor esconder a cabaça no alto de uma árvore em seu quintal. Amarrou uma corda no gargalo da cabaça, com a outra ponta no pescoço e começou a escalar a árvore, porém com dificuldade, porque a cabaça ficava balançando pra lá e pra cá. Um menino que ia passando pela rua, percebeu o homem trepado à árvore e começou a rir da situação.  Irritado, o andarilho disse: - Por que está rindo, menino? - É porque você é muito bobo; por que não coloca a cabaça nas costas? O andarilho percebeu que, mesmo possuindo tanto bom senso, ainda fazia bobagens. Entendeu que é impossível a uma única pessoa ser dona de todo o bom senso e que ocultá-lo se

NA BASE DO GRITO

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Conta-se que nas Ilhas Salomão, no Pacífico Sul, os nativos descobriram um jeito inusitado de derrubar árvores. Se algum tronco é grosso demais para ser abatido com seus machados, eles o derrubam no grito. Isso mesmo que você leu: NO GRITO. Lenhadores escalam a árvore toda manhã, bem cedinho, e se põem a gritar.  Repetem o ritual durante trinta dias. A árvore morre e cai por terra. Segundo os nativos, o método nunca falha e a explicação é que, gritando, eles matam o espírito da árvore. Os civilizados logo pensam que se eles dispusessem de tecnologia moderna, poderiam simplesmente derrubar a árvore com máquinas potentes e de forma mais rápida. Entretanto, essa técnica primitiva nos leva a pensar em como ainda utilizamos o grito em nossas vidas. Se os nativos das Ilhas Salomão descobriram que as árvores são sensíveis aos gritos, que dizer dos seres humanos? Nos relacionamentos, o modo de falar desempenha papel crucial. Com gritos, perturbamos ambientes e pessoas. Com palavras

MISTÉRIO DO SONO

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Manhã. A mulher despertou ansiosa por contar ao marido a experiência que tivera na noite anterior. Estavam fisicamente separados por cerca de cinco dias, em cidades diferentes, e a saudade batia forte. Há mais de trinta anos que dividiam a mesma cama e qualquer breve separação afetava a ambos. Ao telefone, a esposa revelou que na noite anterior tivera uma sensação muito especial. Deitada, nos primeiros instantes do sono, sentira o perfume do esposo, como se ele tivesse acabado de sair do banho e se colocado ao seu lado, como sempre o fazia em casa. Além do aroma agradável, percebeu uma presença muito forte, como se de fato ele estivesse ali. Ela virou-se rapidamente, mas não havia ninguém. O homem, do outro lado da linha, ouvia a esposa com emoção. Quando ela terminou, foi a vez dele narrar: - Também vivi uma experiência singular nesta noite. Na madrugada, acordei convicto de que você estava dormindo ao meu lado. Mas quando olhei para o seu lugar na cama, só vazio... Pausa.

RETORNO DO BEM

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Certa mulher avistou um mendigo sentado em uma calçada, numa rua de São Paulo e aproximou-se dele. Um policial encostou também: - Ele está lhe incomodando, senhora? - De modo algum! Eu é que estou tentando levá-lo àquele restaurante, pois vejo que está faminto e até sem forças pra se levantar. O senhor me dá uma mãozinha? O policial e a mulher levantaram o pedinte que, mesmo incrédulo, concordou em ir com eles ao restaurante. Lá, o garçom falou: - Me desculpe, senhora, mas o maltrapilho não pode ficar aqui... vai espantar os meus clientes! - Sabe aquela enorme empresa ali na frente? - respondeu a mulher apontando com o dedo - Três vezes por semana, os diretores de lá vêm fazer reuniões aqui e sei que o dinheiro deles ajuda, e muito, a manter este estabelecimento. Pois é, eu sou a proprietária daquela empresa. Agora posso almoçar com o meu amigo ou não? O garçom fez um gesto positivo com a cabeça. O policial, do lado de fora observando, ficou boquiaberto. Já o mendigo deixou

AMOR PRÓPRIO É TUDO!

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Certo rei estava procurando uma esposa mas, apesar de tantas candidatas formosas e prendadas, nenhuma atendia às suas expectativas. Então, um dia, uma mendiga conseguiu a muito custo uma audiência com o soberano. Ela disse: - Majestade, nada tenho para lhe oferecer, com exceção do meu amor. Com sua permissão, farei algo para provar que o amo. Isso despertou a curiosidade do rei. - Então diga, querida. - Durante cem dias, pernanecerei em sua varanda, exposta ao sol e à chuva, comendo e bebendo o mínimo necessário. Se eu sobreviver a isso, então o senhor me tornará sua esposa. O rei, mais surpreendido que comovido, concordou, dizendo: - Se uma mulher é capaz de fazer tudo isso por mim, é digna de ser minha esposa! E assim a mulher se submeteu ao desafio. Os dias passavam e ela parecia suportar tudo corajosamente. Muitas vezes sentia-se desfalecer de fome e de frio, mas animava-se com o pensamento de estar em breve ao lado do seu grande amor. De vez em quando, do conforto de s

OS INGRATOS

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Dois viajantes, cansados pelo longo tempo de caminhada, pararam por volta do meio-dia pra descansar à sombra de uma frondosa árvore. Sentaram-se, comeram, refrescaram-se com o vento gostoso e até dormiram um pouco. Quando decidiram seguir viagem, um deles indagou: - Que árvore é esta? - É um plátano e não serve para absolutamente nada! Não produz nenhum fruto e ainda espalha um monte de folhas pelo solo! - Tem razão: ela é inútil mesmo! Certas pessoas são tão ingratas que, mesmo depois de desfrutarem da bondade alheia, além de não agradecer, menosprezam seus benfeitores! Fábula de Esopo (620 - 564 a.C.) - adaptação de Marcos Aguiar. 

"ESTÁ TUDO BEM"

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Manhã de outono em uma cidade do sul do país. Pai e filha acordam cedo e se preparam pra sair. O cenário, em casa, é o de sempre. Mas a menina percebe que há algo diferente lá fora - algo que ela nunca havia notado antes. - Pai... o que é isso? - indagou, um pouco receosa. A mesa do café dá para uma ampla janela. A garota estava habituada a vislumbrar as árvores frondosas e toda a natureza verdejante do seu quintal. Mas, naquela manhã, tudo estava estranho: o quintal havia desaparecido e parecia que as nuvens estavam encostadas na janela. O pai, apesar de acostumado ao fenômeno, ainda se encantava com ele; por isso respondeu com tranquilidade: - Filha, não se preocupe. Está tudo bem. A floresta continua no mesmo lugar, assim como as árvores e os passarinhos. O sol está ali atrás; logo mais ele aparece. O que você vê são apenas nuvens bem baixinhas que surgiram durante a madrugada, mas que logo desaparecerão. Aliás, você sabia que quando o dia amanhece assim significa que te

O VALENTÃO FROUXO

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Certa manhã, um pastor se enfureceu ao notar a falta de várias de suas ovelhas. Pegou a espingarda e saiu para a floresta. - Raios me partam se eu não trouxer, vivo ou morto, o miserável que roubou minhas ovelhas! Ele vai ver quando eu o encontrar! Vou arrancar-lhe o fígado… E assim, furioso e resmungando palavrões, passou longas horas no encalço do ladrão, sem encontrá-lo.  Por fim, esgotado, apelou para os céus: - Ajude-me, santo Antônio! Prometo-lhe vinte reses se colocar aqui, na minha frente, o miserável bandido! Nem bem o pastorzinho disse aquilo, surgiu diante dele um enorme leão com os dentes arreganhados. O homem ficou pálido e trêmulo; a espingarda caiu-lhe das mãos; e tudo o que pôde fazer foi invocar novamente o santo: - Valei-me, santo Antônio! Prometi vinte reses se colocasse o ladrão diante de mim; prometo agora o rebanho inteiro para que o façais desaparecer! No momento do perigo é que se conhecem os heróis! Conto de Monteiro Lobato - adaptação de Marcos Agu

RECONHECIMENTO E GRATIDÃO

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Durante a guerra da independência, os Estados Unidos tiveram a ajuda de um nobre francês, Lafayette, que logo se tornou amigo de George Washington. Ele tinha apenas 19 anos quando deixou seu país para lutar ao lado dos americanos. Ao chegar à América, teria dito que estava ali para aprender, não para ensinar. E, posteriormente, deu a seu filho o nome de Washington, em nome de sua amizade com George. Décadas depois, em 1824, Lafayette visitou cada estado e território da União, recebendo muitas honrarias e homenagens em sucessivas recepções, bailes e jantares. Num desses eventos, havia, na fila de convidados para saudar o nobre e idoso francês, um soldado vestido com um uniforme rasgado. Carregava um mosquete e, ao ombro, um pedaço de cobertor. Chegando sua vez, frente a Lafayette, o veterano bateu continência e perguntou:  - Sabe quem eu sou? - Na verdade não posso dizer que sim - respondeu Lafayette com franqueza. - Pois vou lhe avivar a memória, general. Numa noite gélida,

A DESCARADA

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Na época em que os bichos ainda falavam, a barata e a galinha eram vizinhas e muito amigas. Faziam de tudo juntas - passeavam, comiam e dormiam lado a lado. Um dia, o rei leão resolveu distribuir vários lotes, um para cada animal, a fim de que cuidassem da terra. Coincidentemente, a barata e a galinha ganharam seus lotes uma ao lado da outra e ficaram muito contentes, pois continuariam trabalhando juntas. Aí a barata falou: - Minha amiga galinha, eu tive uma ideia! Como o trabalho na terra é tão pesado, que tal trabalharmos primeiro no meu lote e, quando estiver tudo pronto, trabalhamos no seu? - Está bem, barata, faremos assim. E assim a galinha ajudou a barata no lote dela. Plantaram inhame, mandioca, amendoim e muitos legumes. Quando o trabalho acabou, a galinha disse: - Amanhã começamos a trabalhar na minha terra! - Combinado, amiga! Entretanto, no dia seguinte, a barata não apareceu nas terras da galinha. Esta, preocupada, foi procurá-la: - O que aconteceu, barata?   -

O QUE VOCÊ VAI FAZER?

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João era um conceituado empresário que morava numa luxuosa cobertura, na zona nobre da cidade. Pela manhã, após o café com a família, dirigiu-se a uma de suas empresas para cumprir sua agenda corrida. Durante o dia, soube de seu contador que o faturamento mensal superara a meta; assim mandou anunciar um bônus salarial a todos os colaboradores naquele mês. Ao final da tarde, estava agendado para dar uma palestra motivacional, no auditório da empresa. Ele era de fato um homem bem sucedido, por isso seus negócios iam de vento em popa. Enquanto isso, num bairro pobre da mesma cidade, um desocupado chamado Mário enchia a cara no boteco. Sem trabalho e sem família, morava de favor no quarto dos fundos de uma pensão.  Nessa tarde ele bebeu demais, causou confusão e foi expulso do bar. Estava tão bêbado que se estirou na calçada.  Um conhecido ficou com pena dele e o carregou até à pensão. Passado o efeito do álcool, o amigo perguntou: - Mário, por que você vive assim? - Sou um des

BOM DE LÁBIA

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Um viajante chegou a um povoado e, estando sem dinheiro, começou a pensar o que faria para se alimentar. Conversando com alguns moradores, perguntou onde residia o homem mais rico do lugar. Bateu na porta do homem e pediu para falar com o dono da casa. O empregado o levou até uma sala onde o patrão estava sentado. - Bom dia senhor, meu nome é Joaquim. Acabei de chegar ao vilarejo e gostaria de falar com o senhor sobre negócios. - Muito bem. Sente-se e me diga do que se trata. - Gostaria de saber quanto o senhor pagaria por um diamante rosa, perfeitamente lapidado, do tamanho de uma azeitona. O anfitrião viu ali uma boa oportunidade. Habituado a negociações desse tipo, sempre conseguia se aproveitar da situação e tirar vantagem. Então falou: - Sugiro que almocemos primeiro e depois conversamos sobre o assunto. Almoçaram tranquilamente, depois tomaram café. Após uma conversa descontraída, o rico falou: - Agora deixe-me ver o diamante pra que eu analise o seu valor. - Não tenh

O PREÇO DA TRAPAÇA

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Uma mulher tinha em seu quintal uma vistosa bananeira. Quando ela ficou carregada de frutos a mulher decidiu colhê-los, porém o cacho estava muito alto e ela não alcançava. Apareceu um macaco que se ofereceu para ajudá-la, mas quando ele estava lá em cima começou a comer todas as bananas e jogou as cascas na cabeça da mulher.  Ela ficou muito brava e jurou se vingar do macaco. Juntou um monte de cera e fez um boneco no formato de um menino e colocou sobre a cabeça dele um tabuleiro com bananas bem maduras. Assim que o macaco viu o "menino", falou: - Ei, moleque, me dá uma banana! Diante do silêncio do menino, o macaco ameaçou: - Me dá uma banana ou te dou um tapa, garoto! Com muita raiva por ser ignorado, o macaco deu um tapa no boneco e sua mão ficou grudada na cera. - Solta a minha mão, moleque, ou te dou outro tapa! O macaco deu outro tapa e ficou com a outra mão grudada. - Moleque! Solta as minhas mãos e me dá uma banana, senão te dou um pontapé! Exasperado, o

AMIZADE IDEAL

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Um cacto vivia solitariamente numa região árida e remota. Um dia, um balão colorido escapou de uma festa de aniversário, saiu voando pelos ares, vindo parar no deserto e seu barbante se enroscou no cacto. Os dois começaram a conversar e, de imediato, tornaram-se amigos. Deram-se conta de que se sentiam solitários e que a interação os agradava. O cacto estava feliz em ter um amigo tão divertido e não podia mais imaginar a vida sem ele. Sempre pedia ao balão para se aproximar mais, a fim de conversarem mais de perto, mas o balão receava os espinhos do cacto. O cacto então ficou triste, achando uma falta de consideração do amigo em não se aproximar. Julgou o balão sensível demais. Com o tempo os dois foram ficando cada vez mais desconfortáveis. Então, um dia, o balão decidiu voar para conhecer novos lugares, mas o cacto o segurou tão forte que ele não conseguia se soltar. O balão se abriu para o cacto. Confessou como se sentia e disse que precisava de espaço para que a amizade

CONSELHOS DE ANCIÃO

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A vida passa rápido como um piscar de olhos. Nunca esqueça que tudo o que você fizer nesta existência poderá repercutir na próxima. Não se concentre em brigar com os outros, nem critique tanto o seu corpo. Seja justo pra que o Universo te traga boas vibrações.  Não reclame tanto; você tem muito mais que muitos jamais terão.  Não deixe de beijar o seu amor e abraçar seu ente querido; não há como prever qual será teu último gesto de carinho.  Não se esmere tanto no acúmulo de bens; tudo que vem fácil, vai fácil, e daqui você não leva nada. Deixe seus animais sempre perto; eles são gotas vivas do amor da natureza. Use os talheres guardados para ocasiões especiais; a vida já é uma ocasião especial. Não poupe seu perfume preferido; use-o para um passeio com você mesmo. Gaste seu melhor calçado e use suas melhores roupas tanto quanto puder pois, quando morrer, outros é que escolherão tua roupa no caixão.  Se não é errado, por que esperar? Por que não agora? O que tem a fazer e o

QUEM COM PEDRA FERE...

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Duas irmãs estavam brincando no quintal quando, no meio do corre-corre, a caçula derrubou a outra. A derrubada ficou com muita raiva e gritou: - Você vai se ver comigo! Imediatamente começou a apanhar pedras pra atirar na irmã, que correu a fim de se esconder. A mãe, ouvindo a gritaria, foi ao quintal pra ver o que estava acontecendo. - Me ajuda mãe! A minha irmã vai me atirar pedras! - Parem as duas, agora! A mãe foi até à primogênita e quis ouvir sua versão da história. - Ela me derrubou primeiro! - contou, chorosa. - Então resolveu se vingar lhe atirando pedras? Abra a mão, veja o que aconteceu... sua raiva a fez segurar as pedras com tanta força que acabou se cortando com elas e agora está sangrando... a vingança nunca é solução pra qualquer problema. Mesmo se tivesse conseguido ferir sua irmã, a ferida maior sempre seria a sua! Texto de Luiz Ratisbonne - adaptação de Marcos Aguiar. 

MANEKI NEKO

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Certa vez, num monastério budista, apareceu um gatinho machucado. Os monges cuidaram do pequenino, o alimentaram e curaram suas feridas. Em pouco tempo o gatinho se recuperou e foi crescendo. Mas o apetite do animal parecia não ter fim: vivia assaltando os pratos dos monges, mesmo depois de ter se alimentado. Irritados com a atitude do gato, passaram a colocá-lo do lado de fora do monastério na hora das refeições. Num desses dias, o gato estava do lado de fora, lambendo a patinha, aguardando que o deixassem entrar. Repentinamente começou a chover e um samurai que ia passando foi se abrigar embaixo de uma árvore que ficava diante do monastério. Observando o gato lamber a patinha, por um momento o homem achou que o animal o chamava. Quando ele se aproximou do gato, um raio atingiu a árvore. O samurai compreendeu que fora salvo pelo gesto do gatinho. Assim, em gratidão, o samurai se tornou benfeitor do monastério. Quando, tempos mais tarde, o gato morreu (de velhice), o samura

OS SONHADORES

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Wei e Zhi eram amigos e vizinhos e seus pais tinham propriedades rurais e viviam do que plantavam e da criação de porcos. Certo dia, os pais dos dois confiaram um porquinho a cada um, pra que fossem vender na feira e depois usassem o dinheiro para comprar sapatos, cadernos e livros, pois estavam prestes a ingressar na escola. Os garotos, muito empolgados, pegaram seus porquinhos e foram à cidade. Contudo, pararam no meio do caminho a fim de descansar, aproveitando a sombra de uma árvore.  - Vou estudar e quando crescer serei um oficial do imperador e receberei muitas condecorações! - disse Wei. - Eu pretendo ser um grande professor e escritor na maior universidade da China! - revelou Zhi. O outro continuou: - Serei um grande general. Todos irão se curvar quando eu passar! - E eu serei um poeta e intelectual conhecido no mundo todo! - Eu serei o homem mais valente e temido de toda a China e o mundo inteiro irá ouvir falar das minhas vitórias! - Quanto a mim, serei homenagead

VOCÊ PODE!

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Numa tarde nublada na Alemanha, dois meninos patinavam num lago congelado, brincando despreocupados. De repente, o gelo se quebrou e um deles caiu, ficando preso na fenda que se formou. O outro, rapidamente, tirou um dos patins e começou a golpear o gelo com toda força, conseguindo por fim quebrá-lo e salvar o amigo. Quando os bombeiros chegaram e viram o que havia acontecido, perguntaram ao pequeno herói: - Como você conseguiu fazer isso? É impossível que tenha conseguido quebrar o gelo, sendo tão pequeno e com mãos tão frágeis! Nesse instante um senhor, que passava pelo local, comentou: - Eu sei como ele conseguiu. Todos perguntaram: - Pode nos dizer como? - Simples! - respondeu o homem - Não havia ninguém ao seu redor para lhe dizer que não seria capaz! Você até pode estar rodeado de pessoas que não acreditam no teu potencial, mas não precisa dar ouvido a elas.  Se você sabe que pode, então vá em frente! Autoria desconhecida - adaptação de Marcos Aguiar.

A PRINCESA DA ANÁGUA

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A queniana Sebina Chebichi foi uma pioneira que fez história ao vencer a sua primeira maratona em 1973, descalça e vestindo uma saiote, ficando popularmente conhecida como "princesa da anágua". Nascida em 1959, Chebichi cresceu numa área rural onde era uma constante correr a fim de realizar tarefas domésticas para ajudar a família. Chebichi começou a correr competitivamente no início da década de 1970, numa época em que o atletismo feminino no Quênia ainda engatinhava. Havia poucas oportunidades para as atletas no país. No entanto, Chebichi estava determinada a obter sucesso e treinou arduamente, apesar dos muitos obstáculos. Assim, em 1973, Chebichi venceu o campeonato nacional de maratona da Associação de Atletismo Amadora do Quênia, tornando-se a primeira mulher queniana a alcançar o feito. A vitória de Chebichi foi ainda mais notável porque ela correu o percurso descalça e vestindo apenas uma anágua, pois não teve acesso ao uniforme de corrida adequado. O suce

CARNE DE LÍNGUA

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Muito tempo atrás, na África, havia um reino muito próspero, onde todos eram felizes e amavam o rei e sua esposa, que era gordinha, de bochechas rosadas e riso gostoso. Um dia, a rainha adoeceu e começou a perder peso e ficando com a pele opaca e sem brilho. O rei convocou todos os curandeiros do reino, porém nenhum deles conseguiu identificar a causa da enfermidade, tampouco curá-la. Foi então que o rei decidiu, ele mesmo, procurar a cura para a sua amada. Após vários dias percorrendo seus domínios, ao passar por um casebre, escutou uma risada que o fez lembrar a da sua esposa. Aproximando-se, olhou pela janela viu um casal, ambos rindo muito. Notou que a mulher também era gordinha e de bochechas rosadas. O rei então bateu à porta e quando o homem foi atender, levou um susto pois reconheceu o rei de imediato. - O que faz pra que sua esposa seja tão rechonchuda e corada? - perguntou o soberano. - Isso é carne de língua, majestade! - respondeu simplesmente o dono da casa. O

O VESTIDO DAS FADAS

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- Por que não conseguimos ver as fadas, mamãe? - Porque elas não querem ser vistas. - E por que não querem ser vistas? - Bem... você gostaria de ser vista pelas pessoas sem suas roupas? - Claro que não, mamãe! A jovem senhora colocou a filha no colo e contou uma história: - Muito tempo atrás, as fadas viviam pelo mundo voando pelas matas e florestas, ostentando os mais lindos vestidos que se pode imaginar, coloridos e vibrantes, podendoe ser vistas de longe por qualquer pessoa. Mas, um dia, a fada superiora reuniu as demais e explicou que a missão delas, dali em diante, seria alegrar o coração das pessoas e, para isso, elas deveriam se despir dos seus belos vestidos e ficar invisíveis; agiriam em segredo e apareceriam somente nos sonhos das crianças. As fadas obedeceram àquela determinação e, assim, cada vestido que de que se livravam, transformava-se em uma flor. Depois disso, o mundo ficou mais colorido e bonito! Autoria desconhecida - adaptação de Marcos Aguiar. 

O SONHO DE XINRAN

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- Qual é seu sonho? A pergunta surpreendeu a jornalista chinesa Xinran (1958-) naquele evento, na Austrália. Residente na Inglaterra desde 1997, levou consigo uma bagagem emocional de quatro décadas difíceis na China. Ela viveu os dias da revolução cultural em seu país. Atuou como jornalista, servindo-se das ondas do rádio, quando a censura ditava as regras do que poderia ou não ser dito. Em Londres, fundou uma ONG destinada a auxiliar órfãos chineses e estreitar a compreensão entre o Ocidente e a China. Portanto, a resposta de Xinran foi: - Ser filha! - Mas, obviamente, você nasceu; então deve ser filha de alguém! Sim, Xinran tinha mãe biológica. Entretanto, criada no seio de uma cultura tradicional, viveu levantes políticos brutais quando criança. Sua mãe e ela viveram num meio no qual os laços afetivos familiares não eram considerados importantes.  Consequentemente, não houve uma ocasião sequer em que sua mãe lhe dissesse que a amava ou que a tenha abraçado. Assim, ao fi

"PASSE ISSO ADIANTE"

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Aproveitando as férias, Carlos havia se dirigido a um acampamento isolado, com a família. Todavia, no percurso, o carro enguiçou. Tentou dar a partida e nada. O problema era a bateria descarregada. Nervoso, Carlos desceu do veículo e resolveu ir até a vila, a pé. Eram alguns quilômetros de caminhada. Duas horas depois, com um tornozelo torcido, chegou a um posto de gasolina. Manhã de domingo, tudo fechado. Mas havia um telefone público e uma lista telefônica toda desmanchada. Carlos telefonou para a única companhia de autossocorro da cidade vizinha, distante uns trinta quilômetros. Um tal de Zé atendeu e o acalmou. Chegaria ao posto de gasolina dentro de meia hora. Enquanto esperava o socorro chegar, Carlos ficou a imaginar quanto aquilo tudo lhe haveria de custar. Um pouco antes do prazo combinado, um reluzente caminhão-guincho chegou e eles se dirigiram aonde estava o carro enguiçado. Quando o Zé saiu do caminhão, Carlos, espantado, o observou. Zé tinha aparelhos na perna

A SOLUÇÃO QUE VEIO DO CÉU

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Nos tempos antigos, a vida na Terra era muito difícil. As pessoas não tinham o que comer, então se viravam com lagartas, raízes ou qualquer coisa que encontrassem no mato. Não existiam frutas e ninguém sabia plantar. Certo dia, um índio faminto perambulava pela mata quando foi surpreendido por uma chuva muito forte. Ele se escondeu embaixo de uma árvore e ficou acocorado esperando o temporal passar. Quando estiou e ele se levantou, ouviu uma voz: - Ei! Levantando a cabeça, viu uma índia sentada em um galho. Ele achou aquilo muito estranho, principalmente pela aparência da índia - rechonchuda e muito bonita. - Quem é você? Nunca a vi por aqui! - disse ele.  - Desci do céu, junto com a chuva! - Como? - É verdade! Cansei de viver lá. O índio a ajudou a descer e sentiu de imediato uma forte afeição por ela. - Venha comigo para a aldeia - disse ele. Quando chegaram à aldeia, os outros índios souberam do ocorrido e ficaram impressionados com o aspecto da desconhecida; chamaram-na

PACIENTE AO EXTREMO

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Um sábio, cuja paciência era lendária, viajava com seu discípulo. Após longa jornada, pararam perto de um povoado e o mestre pediu ao discípulo que fosse à fonte mais próxima buscar água enquanto ele meditava à sombra de uma árvore. O discípulo pegou uma jarra e foi à aldeia. Localizando a fonte, encontrou ali várias mulheres que também estavam enchendo seus vasos. Entre elas havia uma moça por quem o discípulo ficou completamente apaixonado. Ele a seguiu até sua casa e pediu sua mão ao pai dela. Com o consentimento do pai, eles se casaram. O tempo passou e eles tiveram três filhos. Todos atingiram a maioridade, se casaram e foram residir em lugares distantes. Posteriormente, os sogros do discípulo faleceram e, mais tarde, sua esposa. Viúvo e sozinho, o discípulo saiu andando pelo vilarejo. Passou pela fonte e parou. Só então se lembrou do mestre. Arrumou uma jarra, encheu-a de água e foi até o local em que tinha deixado o mestre. E lá estava ele, meditando! - Mestre, troux

DE POSSE DO FOGO

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No início dos tempos, apenas os urubus-reis possuíam o fogo. Muito avarentos, nunca cediam sua preciosidade e os índios não tinham como fazer uso da chama. Quando queriam comer carne, só lhes restava expô-la longamente ao sol. Mas, certo dia, o mais destemido entre os índios resolveu se apossar do fogo e compartilhou seu plano com os demais: - Vamos matar uma anta para atrair os urubus. Quando descerem à terra, roubamos o fogo que eles carregam. Colocaram a anta em uma clareira e ficaram escondidos na mata. Não demorou muito e os urubus, atraídos pelo fedor da carniça, desceram sobre a anta. Naquele tempo os urubus falavam: - Viva, temos hoje um farto banquete! Vamos lá, companheiros, há carniça para todos! Os urubus também tinham o dom de se transformar em humanos; assim, antes de acenderem o fogo para assar o animal que iam comer, eles retiraram suas asas, como se fosse uma capa, e fizeram um círculo para se deliciar com o banquete. Enquanto comiam, os índios saíram da ma

"CADÊ A GATA?"

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Certa feita, em um palácio na China, uma princesinha perguntou a uma das criadas: - Cadê a gata? - Está tomando sol no jardim, de olho nas borboletas! A menina correu para o jardim, mas não encontrou sua gata. - Cadê a gata? - perguntou ao jardineiro. - Está sentada na poltrona do rei e o criado do seu pai está acariciando-a. Chegando lá, a princesa não avistou a gata. - Cadê a gata? - indagou à serva que limpava a sala. - Foi para o lago dos patos; estava tentando pegar um dos patinhos e a mãe dele a fez correr assustada. Mas a gata também não estava no lago. Havia um homem pescando na margem oposta. - Viu minha gata? - Alteza, sua gata está no jardim, à sombra da cerejeira, perseguindo lagartixas. A princesa retornou ao jardim e, mais uma vez, não localizou a gata. - Onde está a minha gata? - indagou, impaciente, ao mordomo que passava no momento. - Ela está no grande salão, dormindo no tapete. A gata, no entanto, não estava no salão.  A princesinha, cansada, resolveu ir