SEMENTES DE PAZ



Em 2004, o prêmio Nobel da Paz foi entregue a Wangari Muta Maathai (1940-2011), a primeira africana e ambientalista a conquistar a honraria. 
Ela foi, de fato, uma colecionadora de títulos inusitados. Ainda jovem, teve a chance de concluir os estudos fora de seu país, formando-se em biologia e fazendo mestrado nos Estados Unidos.
De volta para o Quênia, tornou-se a primeira mulher a coordenar um departamento na universidade de Nairóbi. Suplantando o preconceito dos colegas (todos homens), dirigiu a faculdade de medicina veterinária, onde alcançou o título de PHD, até então inedito para uma africana.
Já em 1977, a doutora Maathai chamou a atenção do mundo ao criar o Movimento Cinturão Verde. O objetivo era audacioso: recrutar mulheres negras e pobres para reflorestar o país. O Quênia sofria com o acelerado desflorestamento causado pela demanda de lenha no país, carente de infraestrutura energética.
A extraordinária empreitada de Wangari conseguiu reverter o processo de destruição das áreas verdes. O Cinturão Verde promoveu o plantio de nada menos de trinta milhões de mudas de árvores no Quênia, gerando emprego e renda.
Ela também criou a Rede Africana Verde, que disseminou sua metodologia pelo continente africano, formando lideranças em quinze países.
Nas próprias palavras de Wangari: "Quando plantamos árvores, plantamos sementes de paz!" E tinha toda razão. 
A doutora Maathai faleceu em 2011, aos 71 anos, num domingo de primavera, depois de brava luta contra um câncer. Deixou como legado a luta obstinada contra o machismo, a pobreza e a destruição sistemática do meio ambiente. É sem dúvida um exemplo de que há várias formas de semear o bem, inclusive plantando árvores.

Texto de André Trigueiro - adaptação de Marcos Aguiar. 

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