CARNE DE LÍNGUA



Muito tempo atrás, na África, havia um reino muito próspero, onde todos eram felizes e amavam o rei e sua esposa, que era gordinha, de bochechas rosadas e riso gostoso.
Um dia, a rainha adoeceu e começou a perder peso e ficando com a pele opaca e sem brilho. O rei convocou todos os curandeiros do reino, porém nenhum deles conseguiu identificar a causa da enfermidade, tampouco curá-la. Foi então que o rei decidiu, ele mesmo, procurar a cura para a sua amada.
Após vários dias percorrendo seus domínios, ao passar por um casebre, escutou uma risada que o fez lembrar a da sua esposa. Aproximando-se, olhou pela janela viu um casal, ambos rindo muito. Notou que a mulher também era gordinha e de bochechas rosadas.
O rei então bateu à porta e quando o homem foi atender, levou um susto pois reconheceu o rei de imediato.
- O que faz pra que sua esposa seja tão rechonchuda e corada? - perguntou o soberano.
- Isso é carne de língua, majestade! - respondeu simplesmente o dono da casa.
O rei retornou depressa ao palácio e ordenou ao cozinheiro que preparasse um grande ensopado de carne de língua para a rainha. Mas a refeição não surtiu efeito; a rainha continuava a definhar.
Daí o rei teve uma ideia: conduziu a rainha à casa do camponês e levou para o palácio a camponesa. Em pouco tempo a rainha voltou a ficar gordinha e corada, mas a camponesa adoeceu e começou a emagrecer. O rei ficou perplexo.
De volta ao casebre, quis entender o porquê de tudo aquilo. E o camponês explicou:
- Senhor, quando falei "carne de língua", não quis dizer que ela deveria comer carne de língua; me referia às histórias que conto para minha mulher todos os dias.
Assim, o rei reconduziu sua esposa ao palácio e passou a lhe contar histórias todos os dias. Ela se recuperou totalmente e nunca mais adoeceu.
É por isso que, na África, todos dizem que ouvir histórias faz bem para a saúde de qualquer pessoa.

Conto africano - adaptação de Marcos Aguiar. 

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