RETORNO DO BEM



Certa mulher avistou um mendigo sentado em uma calçada, numa rua de São Paulo e aproximou-se dele. Um policial encostou também:
- Ele está lhe incomodando, senhora?
- De modo algum! Eu é que estou tentando levá-lo àquele restaurante, pois vejo que está faminto e até sem forças pra se levantar. O senhor me dá uma mãozinha?
O policial e a mulher levantaram o pedinte que, mesmo incrédulo, concordou em ir com eles ao restaurante. Lá, o garçom falou:
- Me desculpe, senhora, mas o maltrapilho não pode ficar aqui... vai espantar os meus clientes!
- Sabe aquela enorme empresa ali na frente? - respondeu a mulher apontando com o dedo - Três vezes por semana, os diretores de lá vêm fazer reuniões aqui e sei que o dinheiro deles ajuda, e muito, a manter este estabelecimento. Pois é, eu sou a proprietária daquela empresa. Agora posso almoçar com o meu amigo ou não?
O garçom fez um gesto positivo com a cabeça. O policial, do lado de fora observando, ficou boquiaberto. Já o mendigo deixou cair umas lágrimas. E comentou, assim que o garçom se afastou:
- Obrigado, senhora, mas não entendo o porquê de sua bondade.
Ela segurou em suas mãos.
- Não se lembra de mim, João?
Ele olhou bem para a mulher.
- Me parece familiar, mas não me lembro de onde.
Ela, com lágrimas nos olhos, explicou:
- Algum tempo atrás, eu, recém-formada, vim para São Paulo, sem um real no bolso e com muita fome... sentei naquela praça, ali em frente, porque tinha uma entrevista de emprego naquela empresa, que hoje é minha. Foi quando um homem de olhar bondoso se aproximou de mim... lembra-se agora, João?
João, comovido, confirmou que sim.
- Na época, o senhor trabalhava aqui. Naquele dia, fiz a melhor refeição da minha vida, pois estava quase desmaiando de fome. Ficava a todo instante olhando para o senhor, receosa de prejudicá-lo, já que eu estava comendo de graça, às suas custas. E aí vi o senhor tirando dinheiro do bolso e colocando no caixa do restaurante. Fiquei aliviada. Saciada, fui para a entrevista. A empresa, na época, era ainda pequena... fui aprovada, com o tempo me especializei, passei a ganhar muito dinheiro, adquiri algumas ações da empresa, me tornando, posteriormente, a proprietária. Procurei pelo senhor, mas nunca mais o vi... e agora o encontrei nesta situação. Mas deixe estar: a partir de hoje, o senhor não dorme mais na rua... ficará hospedado em minha casa... amanhã lhe comprarei roupas novas e o senhor irá trabalhar comigo.
E abraçaram-se, ambos chorando.
O policial, o garçom e os demais presentes, todos se emocionaram com a grande lição de vida que tinham acabado de presenciar.
Faça sempre o bem. Mais dia, menos dia, ele retornará para você em dobro.

Autoria desconhecida - adaptação de Marcos Aguiar. 

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