CORAÇÃO GRANDÃO





Na manhã de um domingo, ao despertar, Alice levou um grande susto. Na alva parede de seu quarto, pintada há poucas semanas, estava desenhado um enorme coração vermelho.
- Que é isso? - balbuciou. 
Teve vontade de gritar. Lembrou quanto custara a tinta e a trabalheira pra pintar a casa toda. Pensou no outro transtorno que teria em renovar a pintura daquela parede.
Foi então que ela viu seu menininho, de apenas três anos, entrando no quarto com um pincel atômico na mão. Perguntou, sorridente:
- Gostou, mamãe? As manas me disseram que você ia adorar!
Em meia fração de segundo, Alice lembrou que era dia das mães. Nesse mês, as contas haviam se acumulado a ponto de ela deixar de dar a mesada às filhas, que sempre compravam algum mimo para ela nessa data. Sem grana pra o presente, pediram ao irmãozinho que fizesse uma surpresa. Imaginaram que ele iria bolar um belo presente - e bolou mesmo.
Alice, então, agradeceu internamente por não ter gritado ou esbravejado.
A parede era agora um imenso vermelhão. Mas que importava? Por meio daquela arte rudimentar, seus filhos estavam lhe dizendo que a amavam e que reconheciam seu sacrifício por eles.
Abraçou seu pequerrucho e, depois, suas mocinhas, dizendo, entre lágrimas: 
- É claro que eu adorei!
E assim a parede permaneceu manchada, sabe-se lá por quanto tempo.
O interior de uma mãe é um turbilhão de sentimentos - sobretudo, o amor aos filhos de seu ventre ou de seu coração.

Texto de Patrícia Carvalho Saraiva Mendes - adaptação de Marcos Aguiar. 

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