TA-IN, TA-NA E TA-UL



Viviam, na mesma aldeia, dois velhinhos, cujos nomes eram Ta-In e Ta-Na. Eram pescadores e muito amigos. Todos os dias saíam juntos ao mar e apanhavam muitos peixes. Se um não se saía bem, o outro sempre dividia os peixes e assim ambos voltavam para casa com quantidades iguais.
Certa manhã, foram pescar como de costume, mas aconteceu algo inusitado: passou-se o dia e não conseguiram pegar um único peixinho. Isso nunca havia acontecido antes e, além de perplexos, começaram a ficar com fome. 
De repente, Ta-In sentiu um forte movimento em sua vara e puxou. Ficou surpreso com o tamanho do peixe agarrado a seu anzol, mas não conseguia trazê-lo para o barco, de tão pesado que era. Chamou Ta-Na, o qual veio rapidamente; e assim conseguiram arrastar o peixe para a praia.
No entanto, assim que desceram do barco, Ta-In falou:
- Meu amigo, até amanhã. Agora vou para casa preparar este peixe para a janta.
- Como assim? - retrucou Ta-Na - Eu te ajudei a carregar o peixe, portanto tenho direito a metade dele.
- Mas o peixe fisgou o meu anzol, não o seu!
- Sim, mas eu ajudei a carregá-lo!
Começaram então a discutir sem chegar a um consenso. 
Nisso ia passando um terceiro pescador chamado Ta-Ul. Ele parou e perguntou o que se passava. Depois de ouvir o relato dos dois colegas, ele disse:
- Eu sei como resolver essa questão. Se o peixe fisgou o anzol de Ta-In, ele deve ficar com a cabeça; como Ta-Na ajudou a carregar, ele fica com o rabo.
Os dois gostaram da ideia, mas Ta-In coçou a cabeça, dizendo:
- Espera aí. Se vou ficar com a cabeça do peixe e Ta-Na com o rabo, quem ficará com o corpo?
- Ora, serei eu! - replicou Ta-Ul - Se eu não tivesse aparecido aqui e dado a solução, vocês dois ficariam brigando até o anoitecer. Já que acabei com a discussão, mereço o corpo do peixe.
Como não estavam mais dispostos a bater boca, Ta-In e Ta-Na concordaram e assim dividiram o peixe entre eles.
A partir daquele dia, procuraram nunca mais brigar.
É importante valorizar aqueles que apresentam soluções para problemas aparentemente difíceis!

Conto tailandês - adaptação de Marcos Aguiar. 

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