DISSENSÃO E RECONCILIAÇÃO





Havia dois vizinhos. Um tinha um cão e o outro, um macaco. Os homens não se davam lá muito bem, apesar de se visitarem às vezes.
Nessas visitas, o macaco e o cão arranjavam sempre um jeito de brigar. Seus donos logo acudiam:
- Sejam amigos. Vamos lá! 
E lá ia o macaco, muito queixoso, com mais umas dentadas na cauda, para o colo do dono e o coitado do cachorro, com o pelo todo repuxado, para os pés do dono. 
Certa vez, foi a gota d'água. A confusão foi tão grande que os bichos derrubaram uma mesa sobre a qual havia uma jarra, que se espatifou no chão.
- Ai, a minha jarra! - exclamou o dono da casa.
- Esses bichos são impossíveis! - limitou-se a comentar o outro, um tanto irritado. 
- Quem será o responsável?
- O meu Timóteo (o macaco) é que não foi! Ele é incapaz de fazer mal a uma mosca!
- Meu Tremoso também é que não foi!
A troca de acusações culminou numa discussão feia.
O cão e o macaco, abobados, observavam seus donos e, de repente, sentiram-se igualmente culpados. 
Quando os homens estavam prestes a se atracar, viram, abismados, o cão lambendo a orelha ferida do macaco e este alisando os pelos do colega.
- Afinal são amigos! - exclamaram ao mesmo tempo os dois senhores. 
E, seguindo o exemplo dos animais, abraçaram-se e prometeram ser bons vizinhos a partir de então.

Texto de António Torrado - adaptação de Marcos Aguiar. 

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