UM LIMITE PARA A AMBIÇÃO




Numa entrevista concedida pelo ator argentino Ricardo Alberto Darín (1957-), o repórter indagou se nunca lhe haviam feito um convite para atuar em Hollywood.
- Sim; mas, à época do convite, eu estava filmando na Espanha há cerca de seis meses e desejava voltar para casa.
Ao notar o evidente espanto do entrevistador, Darín continuou:
- Bem, deixe-me dizer-lhe porque não aceitei o convite. Em primeiro lugar, não concordei ideologicamente com o papel oferecido. Segundo, eu estava com saudades do meu lar, da esposa e dos filhos e o que mais queria naquele momento era concluir a temporada na Espanha para retornar ao seio da família.
Talvez achando a explicação um tanto simplista, o repórter perguntou se Darín sabia quanto dinheiro teria ganho com aquela oportunidade na América. 
- E o que faria eu com tanto dinheiro?
- Poderia viver melhor - acentuou o entrevistador.
- Melhor do que já vivo? Veja bem: tenho uma família linda, sou reconhecido pelo meu trabalho no teatro, as pessoas me cumprimentam na rua e me tratam carinhosamente... o que mais posso querer? A ambição pode nos levar a um lugar muito escuro e desolador. Eu sou um cara feliz, o máximo que pode ser uma pessoa que vive num mundo como o de hoje... o que mais posso querer?
As palavras do célebre ator nos remetem a reflexões sobre as reais definições do que é realmente necessário e do que é supérfluo.
Muitas vezes lutamos alucinadamente por coisas que não irão fazer sentido ao longo do tempo. Investimos incontáveis horas na busca excessiva pelo reconhecimento ou dinheiro, sem ponderar que isso, ao final, não tem verdadeiro significado para nossas necessidades emocionais. Devemos estabelecer, de forma clara e lúcida, o que queremos e o quanto nos basta para ter uma vida realizada.
Para Ricardo Darín, estava claro que o convívio com a família era muito melhor que uma carreira meteórica em Hollywood.
Portanto, é sempre bem-vindo o questionamento íntimo a respeito do que é efetivamente essencial para o bom viver.

Autoria anônima - adaptação de Marcos Aguiar. 

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