QUANDO É NAS NOSSAS COSTAS...




Um rapazinho, noviço num mosteiro, era conhecido por suas peraltices. Gostava de observar o suplício de pequenos bichos nos quais amarrava um barbante com uma pedra na outra ponta. Os coitados forcejavam, arrastando a pedra. O moleque assistia a isso sorrindo.
Só que ele também estava sendo observado.
Ao fim de uma tarde, após se divertir amarrando pedras num peixe, num sapo e numa víbora, retornou ao mosteiro para dormir.
De manhãzinha, ao acordar, teve desagradável surpresa: havia uma pedra amarrada às suas costas! Estava tão fortemente presa que ele não conseguia retirá-la. 
Com muito esforço, levantou-se gemendo e foi ter com o mestre, que meditava no jardim. O ancião permaneceu em silêncio enquanto o garoto se aproximava, trôpego.
- Mestre, há uma pedra nas minhas costas! Por favor, me ajude a tirá-la!
- Ela o incomoda? - indagou o monge, sem abrir os olhos.
- Sim, mestre, dói muito!
- E quanto ao peixe, ao sapo e à cobra? Não acha que eles também estão sofrendo?
- Sim, mestre! Foi errado o que eu fiz! - respondeu o menino, chorando. 
- Então levante-se, calce os chinelos, vá procurar os animais e liberte-os das pedras; aí te libertarei também. Mas se
algum deles não resistiu ao sofrimento e estiver morto, você carregará uma pedra muito mais pesada, mas em sua consciência e em seu coração!
Felizmente todos os bichinhos ainda estavam vivos e o menino os libertou. Contudo, mesmo sem a pedra nas costas, o jovem monge carregaria uma preciosa lição por toda a vida!
Não se engane: o mal que fizer aos outros retornará a você com toda certeza!

Autoria desconhecida - adaptação de Marcos Aguiar. 

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