PRUDÊNCIA QUE SALVA




Um leão magricela se recuperou de uma doença que o deixara sem apetite por dias. Porém percebeu que acabou ficando com uma halitose insuportável.
"Será que alguém mais irá notar esse meu bafo horrível?", resmungou preocupado. 
Resolveu abordar um asno que ia passando.
- Ei, burro! Espere um pouco.
O burro parou, mas morrendo de medo.
- Sim, majestade, pois não.
- Acha que estou fedendo? - indagou o leão, escancarando a bocarra. 
O coitado do burro quase desmaiou.
- Que bufa desgraçada, senhor!
- Como se atreve a falar desse jeito com o seu rei? - rugiu furioso o leão, saltando em cima do burro e devorando-o em seguida.
O rei da selva, ainda insatisfeito, chamou um urso que estava pescando num riacho próximo.
- Ei, urso, vem cá, fazendo favor. Acha que minha boca cheira mal? 
O urso chegou bem perto do bocão fedido do rei, disfarçando o incômodo.
- Mau hálito, majestade? De jeito nenhum! Sua boca cheira a flores frescas!
- Seu mentiroso! Está dizendo isso só pra me agradar! 
E o leão, num novo acesso de fúria, estraçalhou o urso e o matou.
Nisso, passava uma raposa.
- Ei, raposa! Venha aqui. Seja sincera: acha que estou com mau hálito? 
A raposa aproximou-se da boca enorme e fedorenta do rei e respondeu:
- Sinto muito não poder avaliar isso, majestade; peguei um resfriado ontem e não consigo sentir cheiro algum. Perdoe-me.
E saiu de fininho.
Agir com prudência pode, às vezes, te livrar de grandes apuros!

Fábula judaica - adaptação de Marcos Aguiar. 

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