OCUPAÇÃO: A SOLUÇÃO




Certo casal sofreu um terrível golpe com a morte de sua filhinha de cinco anos. Julgaram não poder suportar essa perda. Contudo, foram presenteados com outra garotinha, dez meses depois - que também acabou morrendo, prematuramente, aos cinco dias de vida.
Marido e esposa ficaram desolados com a dupla tragédia. 
"Não podia me conformar", disse o pai, em depoimento. "Não conseguia dormir, nem comer, nem descansar, nem ao menos ficar tranquilo. Fiquei com os nervos profundamente abalados e perdi completamente a confiança em mim mesmo.
Procurei vários médicos. Um deles me recomendou pílulas para dormir. Outro me aconselhou que viajasse. Fiz ambas as coisas, mas nenhuma delas deu resultado. Só quem já se viu alguma vez paralisado pela dor é que tem ideia do que senti.
Entretanto, ainda nos restara uma criança - nosso garoto de quatro anos. Foi ele quem solucionou o meu problema.
Uma tarde eu estava sentado num canto, sentindo-me miserável, quando ele se aproximou. 
- Papai, quer construir um bote para mim?
A pergunta me deixou desconcertado. Construir um bote era a última coisa que eu queria fazer. Aliás, eu havia perdido a motivação para tudo. Mas o meu filho é uma criaturinha persistente, então tive que ceder.
Passei a tarde inteira construindo o pequeno barco. Ao terminá-lo, me dei conta de que as horas que passara trabalhando no projeto tinham sido as primeiras horas de repouso mental e de paz que eu experimentara há meses. Tal descoberta me arrancou da apatia, fazendo-me refletir bastante. 
Compreendi que é difícil se preocupar quando se está ocupado com alguma coisa que requer planejamento e raciocínio. No meu caso, a construção do bote me ajudou a enxotar todas as preocupações. A partir de então, resolvi continuar sempre ocupado, passando a preencher minha vida com atividades estimulantes, o que me ajudou a superar os traumas do passado."
A ocupação útil é remédio poderoso contra as aflições que assediam a alma. É um rico instrumento de reestruturação para o espírito açoitado pelas tribulações. 
Como disse certa vez Winston Churchill, quando lhe perguntaram se não se sentia preocupado com suas enormes responsabilidades na fase mais tensa da Segunda Grande Guerra:
- Estou muito ocupado. Não tenho tempo para preocupações. 

Texto de Dale Carnegie - adaptação de Marcos Aguiar. 

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