O ESTRANHO




Um homem transitava por uma rua movimentada de São Paulo quando notou um sujeito mal-encarado vindo em sua direção. O homem se sentiu um pouco desorientado, sem saber o que fazer, pois não dava tempo de cortar caminho. Mas aí ele fez algo inesperado, até para si mesmo.
Assim que o desconhecido se aproximou, estendeu-lhe a mão, como se o conhecesse: 
- E aí, amigo, perdido por aqui?
O estranho até se assustou, mas o outro começou a puxar assunto; daí ele também passou a conversar. Contou que era ex-presidiário e que acabara de receber o alvará de soltura. Confessou que estava aflito, perambulando pelas ruas e sem dinheiro para rever seus parentes que moravam numa cidade vizinha.
Caminharam uns vinte minutos. Pararam perto do hotel em que o outro estava hospedado; este, abrindo a carteira, disse:
- Esqueça o que passou. Sua nova vida começa agora. Tome estes cinquenta reais e vá se reencontrar com sua família.
Com os olhos rasos d´água, o ex-detento falou:
- Posso te dar um abraço? Ninguém nunca conversou comigo assim. Suas palavras me ajudaram a tirar ideias erradas da cabeça.
Abraçaram-se; o outro igualmente chorou, pois a lição também foi proveitosa para ele. Depois seguiram, cada um, o seu caminho.
Um simples gesto de gentileza tem um poder que não podemos imaginar. Não há mal no mundo que resista à cortesia, ao carinho e à fraternidade.
Uma pequena ação altruísta e corajosa pode mudar o rumo desastroso de alguém que esteja seguindo para o abismo.
Portanto, desarmados de medo e de preconceito, sejamos a mão amiga para quem precisa, sempre que possível. 

Texto de Divaldo Pereira Franco - adaptação de Marcos Aguiar. 

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