AMOR PÓS-VIDA





Era uma família com cinco crianças, de idades entre doze a dois anos. A mãe nunca estava ocupada demais para eles. Pausava seus afazeres para ajudá-los em qualquer atividade da escola. 
As vidas daqueles pequenos eram repletas de divertimento e de amor. Um dia, entretanto, a mãe os reuniu e lhes contou que estava com um tumor terminal no cérebro e que lhe restava pouco tempo de vida, um ano no máximo.
Houve soluços e muito choro. Mas a mãe completou:
- O maior presente que vocês podem me dar é tocar a vida como se nada estivesse errado. Quero que meus últimos momentos e suas recordações a esse respeito sejam felizes. 
Todos os filhos concordaram em se esforçar para tal e assim o fizeram, até à morte da mãe, meses depois. 
Nas semanas seguintes, a angústia e a dor daquela família parecia insuportável. 
Um belo dia, Clara, a filha mais velha, foi ajudar sua irmãzinha a se vestir para a escola, quando encontrou um bilhete que a mãe escondera dentro da meia da menina. O achado era como ter a mãe de volta.
Posteriormente, toda a família virou a casa de cabeça para baixo à procura de mais bilhetes. Cada nova mensagem encontrada era festejada, compartilhada e lida muitas vezes.
Em dezembro, quando retiraram do armário os enfeites para o Natal, encontraram uma maravilhosa carta da mãe.
E as cartinhas e bilhetes continuaram a surgir, repentina e esporadicamente, mesmo anos depois: na formatura de Clara, no seu casamento e em outras ocasiões específicas. Até mesmo no dia em que nasceu o primeiro filho de Clara, chegou um cartão da mãe com uma comovente mensagem.
Cada filho recebeu esses bilhetes ou cartas repletas de amor, até todos chegarem à idade adulta. 
É que, em vida, a mãe havia confiado essas cartas a amigos e parentes, para que fossem entregues aos seus filhos nas datas designadas.
O mesmo se deu com seu marido, que acabara casando outra vez, algum tempo após a morte da esposa.
No dia de seu casamento, um amigo lhe entregou uma carta que a falecida lhe confiara e que deveria ser lida pelos filhos. Ela desejava muitas felicidades ao marido e instruía os filhos a tratarem a madrasta com muito amor, pois estava convicta de que o pai havia escolhido uma mulher virtuosa e de bom caráter.
O verdadeiro amor sobrevive ao tempo, supera a morte e mantém acesa nos corações amados a chama da alegria e da esperança.

Texto de Pat Laye - adaptação de Marcos Aguiar. 

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