A MANTA DO JOSÉ





Quando José nasceu, o avô, que era alfaiate, fez para ele uma bonita manta para o seu berço.
José cresceu, mas não dispensou a  manta, que passou a ser sua capa de super-herói, no seu mundo de faz-de-conta. 
Quando a mãe lhe disse que a manta estava esfarrapada e que teria de se desfazer dela, ele disse com cara de choro:
- Não! Vou falar com o vovô!
Interpelado pelo neto se ele podia fazer alguma coisa com a manta, o bondoso homem pensou um pouco.
- Sim, filho, posso fazer algo.
E transformou a manta num belo casaco. Como José gostou!
José cresceu e virou adolescente, mas insistia em usar o casaco, que continuava com o mesmo tamanho e ficando cada vez mais apertado.
- Esse casaco vai pro saco - avisou a mãe. 
- Não, mãe. Vou falar com o vovô.
O veterano alfaiate fez seu jogo de cintura e converteu o casaco num lindo colete. Seu neto amou a nova indumentária.
Passaram-se anos e José, adulto, não largava o colete, a despeito dos buraquinhos aqui e ali. 
Sua mãe opinou que já passara da hora de se livrar daquela coisa velha. Mas José foi irredutível. Procurou o avô, pois tinha certeza que ele daria um jeito.
O avô coçou a cabeça.
- Ah, já sei o que fazer.
Desmanchou o colete e fez dele um caprichado lenço, que José fez questão de carregá-lo a toda parte, em volta do pescoço.
Porém, não muito tempo depois, o lenço rasgou bem no meio. Antes que a mãe dissesse qualquer coisa, José foi ter com o avô, que forrou um botão naquele resto de tecido. Assim, José poderia prendê-lo no bolso de suas calças.
Contudo, algumas semanas depois, José deu por falta do botão ao voltar de uma viagem. Havia perdido seu inseparável "companheiro".
Muito triste, foi à casa do avô e contou o sucedido. 
O avô pensou um pouco e disse:
- Sabe, José... o botão perdido não há de ser um ponto final. Acho que ainda há algo a ser feito com ele: uma história!
E, entregando a José um lápis e um caderno novo, sentaram-se para começar a escrever.
A manta representa os bons princípios que aprendemos. Nunca devemos abrir mão deles.

Texto de Miguel Gouveia - adaptação de Marcos Aguiar. 

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