TÃO IMPORTANTE QUANTO A VIDA





Ao voltar para o ninho, trazendo no bico uma minhoca, o pai pintassilgo não encontrou seus filhotes. Começou a procurá-los por toda parte, chorando e clamando. Seus gritos ecoavam pela floresta inteira, sem resposta.
Dias e noites a fio, sem comer e sem dormir, o pássaro esquadrinhou em vão cada árvore, moita e buraco. Foi quando encontrou um outro pássaro que lhe contou:
- Acho que vi teus filhotes na casa do fazendeiro.
Cheio de esperança, o pintassilgo voou até lá.
De fato, seus filhotes lá estavam - aprisionados numa gaiola pendurada do lado de fora de uma janela. 
Quando viram seu pai subindo pela grade da gaiola, os filhotes começaram a piar, suplicando-lhe que os libertasse. O pintassilgo, num esforço tremendo, tentou quebrar as grades com o bico e com as patas, mas não conseguiu.
- Não se preocupem, eu voltarei - disse-lhes.
Voou novamente para a floresta e, na manhã seguinte, retornou trazendo comida. Com o coração carregado de tristeza, alimentou os filhos através das grades. Em pouco tempo, os pequenos morreram. 
O pai os havia alimentado com uma erva venenosa.
- Antes a morte que perder a liberdade - pensou o pintassilgo, desolado.
Perder a liberdade é como estar morto, mesmo vivo.

Fábula de Leonardo da Vinci (1452-1519) - adaptação de Marcos Aguiar. 

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