A MAIS TERRÍVEL PRISÃO





Dizem que, após tornar-se presidente, Nelson Mandela (1918-2013) convidou sua escolta para almoçar em um restaurante.
Perto deles, numa mesa à frente, havia um homem sendo servido. Mandela então disse a um dos soldados:
- Vá pedir àquele senhor que se junte a nós. 
Ao ouvir o convite, o homem se levantou, pegou seu prato e sentou-se ao lado de Nelson. Este notou que, enquanto comia, as mãos do sujeito tremiam e ele não ousava levantar a cabeça do prato. 
Ao terminar a refeição, o homem permaneceu na mesa enquanto Mandela saía com sua guarda. Nelson apertou a mão do convidado, que retribuiu o cumprimento sem levantar os olhos.
Já na rua, um soldado comentou:
- Senhor, aquele homem devia estar muito doente, pois suas mãos não paravam de tremer enquanto comia.
Mandela sorriu.
- Absolutamente não. A razão da tremedeira é outra. Aquele homem era o diretor da prisão onde eu estava. Ele me torturou, riu de mim e me humilhou. E quando gritei, implorando por água, ele urinou na minha cabeça. Ele temia que eu, agora presidente da África do Sul, o mandasse para a cadeia e fizesse com ele o que ele fez comigo. Mas eu não sou assim; essa conduta não faz parte do meu caráter, nem da minha ética.
E concluiu:
- Mentes que buscam vingança destroem Estados, enquanto aqueles que buscam reconciliação
constroem nações. Ao ser finalmente liberto, eu sabia que, se não tivesse deixado para trás toda a raiva, ódio e ressentimento, ainda seria um prisioneiro.
A mais terrível prisão não é feita de grilhões de aço, mas de ódio.

Autoria anônima - adaptação de Marcos Aguiar. 

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