O IRACUNDO





Um açougueiro e um pintor eram vizinhos e viveram em paz por muitos anos; porém, em algum momento, começaram a se desentender. O açougueiro se queixou por causa do cão barulhento do pintor. Quando as reclamações se tornaram constantes, o pintor comentou:
- Também tenho coisas contra você, mas nem por isso vivo reclamando. Por exemplo, sua árvore invadindo o meu terreno e derramando suas folhas no meu jardim.
- E você espera que eu corte a minha árvore? Então também dê um fim a seu cão!
O bate-boca parou nesse tom, mas o açougueiro continuou a insultar o vizinho nos dias que se seguiram, não parando de xingá-lo. O pintor, no entanto, manteve-se absolutamente sereno. Tudo o que ele fez foi ignorar o reclamão.
Certo dia, um outro vizinho, cansado de presenciar as cenas histéricas do açougueiro, aproximou-se do pintor.
- Homem, como é que você aguenta esses acessos de ira do açougueiro? Por que não lhe devolve os insultos? Todo mundo aqui sabe muito bem a "peça boa" que ele é. Você poderia fazê-lo se calar de uma vez, expondo os podres dele. Por que não faz isso?
O pintor deu um suspiro.
- Se você se agarrasse com um porco na lama, o que aconteceria?
- Ora, nós dois ficaríamos bem sujos!
- Pois é. A sujeira não seria problema para o porco, mas pra você sim. Da mesma forma, se alguém te insulta e você devolve o insulto, então os dois acabam se igualando. Nunca devemos dar aos outros a chance de nos baixar ao nível deles. Afastar-se de tais pessoas é o melhor a se fazer; elas não valem nosso tempo e atenção. Não devemos dar poder a quem acha que o tem.

Autoria desconhecida - adaptação de Marcos Aguiar. 

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