DOADORA DE VIDA




A paisagem era triste e desoladora. Luto e dor ilustravam, com cores pálidas, a devastação gerada pela guerra.
Por toda parte, gritos de horror escapavam de pessoas moribundas que jaziam, espalhadas, como amostras semi-vivas do quadro de terror e destruição da Segunda Grande Guerra.
Entre os míseros sobreviventes, havia uma mulher que buscava alimentar o infante filho querido. O pequenino sugava infutiferamente o seio da desnutrida mãe; o leite há muito havia acabado. As horas escoavam e a esperança era um pensamento distante e incerto.
A agonia do bebê era sentida também pela mãe; as entranhas de sua alma materna gemiam por ele com dor imensurável.
Fraca demais para seguir com o filhinho aninhado entre os seios, a pobre mulher sentia a vida se extinguir como uma vela que está no fim.
E, porque seu amor era maior que a própria existência, tomou uma lâmina e cortou a veia do próprio braço, a fim de saciar com seu sangue a fome do filho querido e aplacar o desespero dele.
À medida em que o filho sugava, voraz, o inadequado alimento, os braços que o seguravam iam fraquejando. Em poucas horas, sua mãe o deixaria para sempre.
Felizmente, o pequeno não ficou desamparado por muito tempo; o socorro chegou, fazendo com que o esforço daquela mãe não fosse em vão.
O bebê cresceu e tomou conhecimento de seu drama e de como perdeu a mãe. Sua grande heroína e salvadora jamais deixaria de ser homenageada por ele.
A afeição de uma mãe é o perfeito gabarito do amor, pois é capaz dos maiores extremos em favor do fruto de seu ventre.

Texto de Chico Xavier - adaptação de Marcos Aguiar. 

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