O DOUTOR QUE ESCAPOU DO INFERNO



Viktor Frankl (1905-1997) era um conceituado neurologista e psiquiatra em Viena quando os nazistas invadiram a Áustria, em 1938. Como diretor do departamento de neurologia do Rothschild Hospital, ele decidiu, com risco da própria vida, sabotar as ordens que recebera de proceder à eutanásia dos doentes mentais sob seus cuidados.
Preso em setembro de 1942, foi enviado ao Gueto de Theresienstadt, na cidade de Terezin, onde seu pai viria a morrer por exaustão.
Tornando-se o prisioneiro de número 119.104, Frankl vivenciou o horror dos campos de concentração de Auschwitz, Kaufering e Türkheim.
Ao chegar ao barracão que lhe fora destinado em Auschwitz, ele comentou que perdera de vista um amigo, que fora selecionado para outra fila. Alguém que estava ao seu lado, ciente da cruel realidade, lhe apontou a janela e, indicando a fumaça que saía das chaminés de outro enorme barracão (o crematório), explicou:
- Você pode vê-lo ali!
Era só o começo de seu calvário. 
Até ser libertado em 27 de abril de 1945 pelas tropas norte-americanas, ele padeceu as mais difíceis condições, trabalhando em escavações e construções de ferrovias. Amargou a angustiante saudade dos familiares e a rudeza da ausência total de notícias deles.
Sua esposa, aos vinte e quatro anos, morreu em Auschwitz, mas ele só tomaria conhecimento disto ao retornar a Viena, ao final da guerra. De sua família sobreviveu apenas a irmã, Stella, que fugira para a Austrália.
Depois de vivenciar tantos horrores, esse psiquiatra escreveu, em apenas nove dias, o seu mais extraordinário livro: "Em busca de sentido" - um relato minucioso de seu infortúnio e de seus companheiros. Na descrição sincera e trágica de suas dores, define-se a si mesmo como um exemplo vivo de que, mesmo sob condições terríveis, o ser humano pode se adaptar e sobreviver.
Segundo Frankl, a vida é sofrimento, e sobreviver é encontrar sentido na dor. Quando todos os objetivos da vida estão desfeitos, ainda resta ao homem a liberdade de escolher a postura que assumirá diante das circunstâncias que o envolvem.
Viktor Frankl escolheu sobreviver e demonstrou, pela própria experiência, a capacidade humana de se erguer acima da adversidade e dar a volta por cima, construindo uma vida digna e honrada - e que também contribua para o benefício de outras vidas.

Autoria anônima - adaptação de Marcos Aguiar. 

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