GENTILEZAS




Certo homem trabalhava como jardineiro na propriedade de um influente juiz de Direito. A relação entre ambos beirava à frieza; apenas ocasionalmente o patrão se dirigia àquele funcionário para dar-lhe detalhes sobre seu serviço.
Numa dessas ocasiões, lhe orientou sobre uns retoques no canteiro de flores nos fundos da propriedade. Falou de forma direta, séria e mecânica. 
Num determinado momento, mudando o rumo da conversa, o jardineiro comentou:
- Se me permite dizer, o senhor tem belos e excelentes cães. Acredito que com eles o senhor já conseguiu vários prêmios em exposições!
- Oh, sim - respondeu o juiz, sorrindo e um pouco surpreso com a observação - eles são meu grande orgulho. Venha, quero que veja meu canil.
Passou boa parte da manhã mostrando-lhe os cães e os prêmios que recebera graças a eles. O juiz até parecia outro homem, não mais o carrancudo de sempre.
- Você tem filhos pequenos, meu rapaz? - perguntou de repente o juiz.
- Sim, senhor, tenho um menino com 10 anos - respondeu timidamente o jardineiro.
- Será que ele não gostaria de ter um cachorrinho?
- Ah, sim, senhor! Tenho certeza que ele iria amar! 
- Pois bem, vou dar-lhe um - afirmou o juiz com satisfação. 
Escolheu um lindo filhote de pedigree e o entregou ao jardineiro. Fez ainda questão de orientá-lo sobre a alimentação adequada para o cachorrinho e outros pormenores.
E assim a cara fechada de um juiz foi desmanchada pelo elogio delicado e agradável de um homem simples.
Palavras são somente sopros, mas podem fazer a diferença e melhorar relacionamentos.

Texto de Lúcia Maria Malta - adaptação de Marcos Aguiar. 

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