O COIOTE E EU




O Coiote persegue desesperadamente o Papa-Léguas. De repente, a ave para.
O Coiote tenta parar também, mas não consegue; passa direto pelo Papa-Léguas, escorregando até à ponta de um penhasco. O chão cede e, por um instante, os olhos do Coiote ficam em formato de pires. E então o coitado se espatifa lá embaixo. 
Parece que o Coiote e eu temos uma sina comum.
Muitas vezes também me aventurei bem perto do perigo. Me vi num terreno incerto e levei um tombo. Também olhei para cima, do fundo do fosso, aturdido e perplexo.
Mas o Coiote possui algo que eu não tenho. Ele é invencível. Nunca fica machucado. As quedas não o perturbam, nem o fazem desanimar de seu intento.
Na cena seguinte ele está empilhando dinamite, pintando um fundo falso numa rocha ou armando qualquer outra arapuca pra pegar o Papa-Léguas. 
Eu não me recupero com tanta facilidade. Caio como o Coiote mas, diferente dele, vago a esmo por um tempo. Ferido, desorientado e imaginando se existe alguma saída.
Então, qual é a lição ?
O desenho do Papa-Léguas é a representação de um modelo de planejamento para a vida.
O Coiote está faminto; portanto, conseguir abocanhar o Papa-Léguas é seu objetivo estratégico, uma missão da qual ele não desiste jamais, apesar de sucessivos reveses.
Como todo mundo, o Coiote lida constantemente com o fracasso e a decepção; mas, como poucos, ele nunca esmorece.
Tenho diante de mim a escolha diária entre sucumbir diante das dificuldades ou insistir em vencer apesar delas.
Eu escolho persistir, assim como o Coiote. 
E você?

Texto de Renato Antunes Oliveira - adaptação de Marcos Aguiar. 

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