O SINAL DO CEGO

 





Era uma noite como outra qualquer para aquele moço cego que voltava para casa pelo mesmo caminho de sempre, há três anos.
Seguia tateando com sua bengala para identificar os acidentes do trajeto - seus familiares pontos de referência.
Mas, naquela ocasião, havia algo diferente: um pequeno arbusto, que sempre estivera num determinado trecho, fora arrancado. A rua estava deserta e o rapaz acabou perdendo o rumo de casa.
Após andar por um tempo, percebeu que havia se afastado bastante de sua rota, pois verificou que chegara a uma ponte que ficava sobre o rio.
Apreensivo, começou a tatear com a bengala, tentando voltar, quando ouviu uma voz trêmula de mulher:
- Algum problema, senhor?
- Acho que me perdi - respondeu o moço.
- Foi o que pensei. Quer que o acompanhe a algum lugar?
O jovem deficiente informou à mulher onde morava. Oferecendo-lhe o braço, ela o conduziu até lá.
- Nem sei como lhe agradecer! - comentou o mancebo.
- Na verdade, eu é que lhe devo um sincero agradecimento - respondeu a mulher, já com voz firme.
- Não compreendo.
- Vou explicar. Há uma semana meu amado esposo faleceu e eu fiquei arrasada. Eu estava naquela ponte para me jogar no rio, pois geralmente àquela hora não há ninguém por ali. Mas aí vi o senhor tateando sem rumo e mudei de ideia. Sua presença foi um sinal do céu. Muito obrigada. Boa noite.
Se você é capaz de se sensibilizar com a dor e o desespero de teu semelhante, então seja um anjo da guarda para ele. Não deixe de socorrê-lo, se pode fazê-lo.

Da revista Seleções do Reader's Digest - adaptação de Marcos Aguiar.

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