AMOR INSTINTIVO





Um veterinário foi chamado para examinar Belker, um cão de raça irlandesa.
Os donos do animal (o casal Ron e Lisa e seu filhinho Shane) eram muito afeiçoados a ele e almejavam ansiosamente sua recuperação. Mas, após examiná-lo, o doutor os desenganou.
- Sinto muito, mas seu cão está num quadro avançado de câncer e não há o que fazer para salvá-lo. Resta pôr fim ao sofrimento dele e posso fazê-lo aqui mesmo, agora.
Enquanto o veterinário se preparava para o procedimento, o casal informou:
- Achamos que não seria má ideia se nosso filho pudesse assistir à despedida de Belker; talvez ele possa aprender algo dessa experiência. 
- Se acham isso, não tem problema; ele pode observar, sim.
Chegado o momento cruciante, o profissional sentiu o habitual aperto na garganta. Já havia feito diversas eutanásias, contudo nunca se acostumara àquela medida extrema.
Ao ver o pequeno Shane tão calmo, acariciando o velho companheiro pela última vez, o veterinário ficou a pensar se a criança entendia o que estava se passando.
Dentro de poucos minutos, Belker se foi.
Shane parecia aceitar o passamento do amigo, sem dificuldade ou desespero. 
O pai de Shane, de repente, comentou sobre o fato da vida dos animais ser mais curta que a dos humanos.
- Curioso, não é? Por que será, hein? - indagou.
Shane, que até então estivera calado, disse: 
- Eu sei porquê.
Todos se voltaram para ele, abismados. E ficaram ainda mais impressionados com o que ele explicou em seguida:
- As pessoas nascem para que possam aprender a ter uma boa vida, como amar todo mundo em todo o tempo e serem boas, certo? Mas os cães e outros animais já nascem sabendo de tudo isso. Portanto, não precisam ficar aqui por tanto tempo como nós.
Aqueles adultos nunca haviam escutado uma "filosofia" tão singela e confortante como aquela, saída da boca de um menino de quatro anos que traduziu, com simplicidade e perfeição, o sentimento de afeto e proteção que o cachorro lhe transmitia.
O que nos compete, portanto, é aproveitar ao máximo nossa estadia neste mundo, a fim de aperfeiçoar nossas virtudes.
Evoluir custa. Mas certamente valerá a pena cada tentativa de aplacar a ânsia de vingança, não desejar o mal a quem nos magoou, respeitar e entender os diferentes.
Se os irracionais conseguem, conseguiremos também. 

Autoria desconhecida - adaptação de Marcos Aguiar. 

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