NUNCA INÚTIL

 




Um enorme e milenar carvalho estava situado no meio da floresta. Após muitos anos de imponência, uma tempestade o deixou quebrado e com aparência feia, jamais conseguindo se reerguer como antes.
Quando a primavera chegava, trazia-lhe flores novas e verdes e o outono se encarregava de pintá-las com um tom avermelhado. Mas ventos inoportunos sopravam contra o carvalho, arrancando-lhe todas as folhas e o deixando novamente despido e em vergonha.
A pobre árvore foi se sentindo esquecida, abandonada e sem utilidade e um vazio enorme a preencheu. E suspirou, pesarosa:
- Ninguém mais me quer. Não sirvo para nada. Sou apenas um carvalho sem valor e quase podre.
Algum tempo se passou.
Com a proximidade do inverno, um pica-pau pousou no velho carvalho e começou a bicá-lo insistentemente até forjar uma portinha de entrada para seu abrigo nos próximos meses. A ave ficou muito contente com sua nova casa, no interior do carvalho. Ali era quente, aconchegante e cheia de pequenos insetos que lhe garantiriam alimentação para toda a temporada.
- Que sorte eu ter encontrado esta árvore! - exclamou o pica-pau - É a minha salvação para o inverno que se aproxima.
Uns dias depois chegou mais um inquilino: um esquilo. Aproximou-se e, após vistoriar todas as partes do carvalho, encontrou uma fenda, que se tornaria a janela da sua casinha. Forrou o interior com musgo e o encheu com muitas nozes. Seu inverno estava garantido com tantas provisões!
- Esta árvore é perfeita! - disse o esquilo, satisfeito.
A chegada desses e de outros bichinhos, modificando e dando nova vida a seu interior, devolveu a felicidade e o sentido de viver ao idoso carvalho.
Deixou que seus ramos voltassem a se fortalecer. Quando veio a chuva, permitiu que suas gotas o molhassem com abundância, sem se queixar. Acalentou com prazer a neve, que o envolveu por semanas. Quando finalmente o sol voltou a brilhar com plenitude, o carvalho exultou e deu graças.
Ele redescobrira a alegria de servir, que é também o grande propósito da vida.
Texto de William J. Bennett - adaptação de Marcos Aguiar.


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