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Mostrando postagens de julho, 2022

DIA "AZARADO"

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O padre de uma humilde paróquia estava animado para mais uma missa dominical. Mas, chegada a hora, o povo não compareceu. Com quase meia hora de atraso, chegaram três crianças e logo em seguida dois adolescentes. "Bom, já é um começo", pensou o padre, e começou a missa com aqueles cinco. No decorrer da liturgia, entrou um casal que se sentou no último banco. Perto do início do sermão, entrou um senhor maltrapilho segurando uma corda. Mesmo desapontado com o pequeno público, o sacerdote pregou com impetuosidade, como se o recinto estivesse repleto. Terminada a missa, o padre despediu os fiéis, fechou o templo e voltou para casa. No caminho, foi assaltado e espancado por dois meliantes que lhe levaram a Bíblia e outros pertences. Ao chegar em casa, depois de tratar os próprios ferimentos, descreveu aquele dia como "o mais triste de sua vida e o mais fracassado e infrutífero de seu ministério". Passaram-se cinco anos. Durante a missa, templo lotado, o padre...

CONHECIMENTO LIBERTA

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Havia uma caverna com uma única saída para o mundo exterior. Dentro dela viviam alguns humanos em semiescuridão permanente. Nasceram e se criaram ali e nunca haviam saído de lá uma vez sequer. Tudo o que sabiam sobre o mundo lá fora se resumia a sombras de pessoas e objetos que uma fogueira projetava na parede. No entanto, certo dia, um deles decidiu se arriscar e sair. Ficou maravilhado com o que descobriu: um novo mundo, mais amplo, belo e interessante que aquela caverna obscura.  Entusiasmado, voltou correndo para contar sua descoberta aos companheiros. Mas eles simplesmente não acreditaram. - Você só pode estar louco! - replicou um. - Impossível! Esse mundo que você fala não existe! - retrucou outro. - Você quer matar a todos nós, tentando nos fazer sair daqui! - respondeu um terceiro. Contudo o “iluminado” insistiu em suas palavras, até convencer três amigos a saírem com ele e verem por si mesmos. - Nossa! É verdade! Você tinha razão! - diziam. E, juntos, retornara...

NOSTALGIA

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Na infância a gente não compreendia o choro da mamãe quando assistia um filme, ouvia uma música ou lia um livro. Ainda não podíamos entender que ela não chorava por coisas visíveis. Ela chorava pela eternidade dentro dela. O tempo passou e hoje nos emocionamos pelas mesmas coisas, tocados por pequenos relampejos da memória.  Ela é contrária ao tempo. O tempo leva a vida embora, mas a memória traz de volta o que realmente importa, perpetuando momentos.  Crianças têm o tempo a seu favor e sua memória ainda é muito recente. Para elas, um filme é apenas um filme, assim como um livro ou uma canção.  Paralelamente ao tempo, testemunhamos a própria velhice, o crescimento dos filhos e a partida eterna de amigos e queridos. Porém, diante da memória, ainda somos jovens, os filhos são pequenos, os amigos estão próximos e os entes queridos ainda vivem. Quanto mais vivemos, mais eternidades criamos dentro da gente. Quando nos damos conta, nossos baús interiores estão reple...

SÓ NA HORA

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Um dia, a morte passeava pela floresta quando encontrou uma menina. A garotinha não pareceu nem um pouco assustada com a figura esquelética da morte, como esta esperava. - Você está perdida também? - indagou a menina. A morte, sorridente, respondeu: - Estou sim. Mas você realmente não sabe mais o caminho de volta para sua casa? - Não... mas isso pouco importa; agora não me sinto mais só, nem estou com medo, pois você está comigo. A morte, surpresa, retrucou: - Então você não tem medo de mim, sabendo quem eu sou? - Não estou com medo. O importante é que me faça companhia, porque está ficando escuro. Mas vou lhe pedir apenas um favor. - E o que seria? O semblante da garotinha foi tomado pela tristeza e ela respondeu, quase chorando: - Por favor, poupe minha mãe. Ela está muito doente e eu saí à procura de ervas medicinais na mata e acabei me perdendo como você sabe. Estou preocupada em não poder voltar a tempo de ver minha mãe com vida. Estamos sozinhas em casa; o papai morre...

VOLTAS QUE A VIDA DÁ

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Certa feita, um médico pediu a um motorista que o levasse rápido a um determinado bairro a fim de atender um paciente. - Ah, doutor, eu não vou! Não posso; já está tarde e eu preciso ir deitar. - Por favor, amigo, é urgente! - Estou cansado, doutor! Se vire! O que não falta aqui é táxi! O doutor insistiu uma vez mais. - Por favor, está ficando cada vez mais tarde. Estamos perdendo tempo enquanto uma vida se vai. Me leve, por gentileza! Irritado, o motorista arrancou o carro e berrou resmungando: - Ora essa! Era só o que me faltava - um médico exigente! Não levo e pronto! Vou é dormir! Passar bem! E disparou, deixando atrás de si o médico e uma nuvem de poeira. Ao chegar em casa o motorista logo percebeu uma agitação: deparou-se com o filhinho de 5 anos convulsionando, semiasfixiado. O desesperado pai já estava com o menino nos braços, quando outro carro estacionou à porta e um médico saltou de dentro dele, apressado. Pediu que recolocassem o garoto na cama para examiná-lo. ...

"OBRIGADO" DESDE O VENTRE

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Com a saúde debilitada, problemas na família e sem trabalho, a vida estava complicada para Laura, ainda mais quando confirmou a gravidez. Seu primeiro impulso foi abortar. Tomou uns chás, mas o aborto não veio. Desesperada, foi ter com uma parteira clandestina, mas justo naquele dia ela estava ausente por uma doença.  Laura voltou para casa preocupada; um futuro com mil possibilidades, cada uma pior que a outra, lhe passava pela mente. À noite deitou-se e, com muito custo, pegou no sono. E sonhou.  Viu um belo jovem pedindo-lhe algo que, por mais que se esforçasse, não conseguia lembrar o que era. Mesmo sem aquele detalhe importante, Laura ficou tão impressionada com o sonho que até "esqueceu" a gravidez. Na noite seguinte voltou a sonhar com o mesmo jovem; mas neste sonho, ao contrário do primeiro, ela o ouvia dizer nitidamente: "obrigado" - e de um jeito tão agradável que a deixou encantada. Enquanto recordava aquela pequena frase de agradecimento, seu...

COMEÇANDO PELOS SAPATOS

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Um jovem príncipe recebia toda manhã, ao despertar, uma lista de tarefas: limpar o próprio quarto, organizar seus pertences, lavar e escovar seu cavalo, entre outras coisas. Isso simplesmente o deixava muito zangado mas, em respeito ao rei, seu pai, ele obedecia. Ao mesmo tempo o príncipe se punha a admirar sua vasta herança - muitas terras, rebanhos, um exército de súditos e inumeráveis criados no grande palácio. Por isso o príncipe não compreendia porque ele mesmo precisava cumprir aquelas tarefas com tantos servos por perto.  Um dia seu pai o enviou a um pequeno reino vizinho para conhecer um príncipe de sua idade, no intuito de estreitar amizade. A visita fez o príncipe pensar ainda mais em como ele era injustiçado. É que aquele outro príncipe tinha a seu serviço três criados. Até seu banho era preparado por um deles e não havia tarefas a cumprir. Ele somente dava ordens e recebia tudo de bandeja. De volta ao seu palácio, o insatisfeito príncipe foi falar com o pai....

PRECIPITADA

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  Uma jovem fazendeira estava feliz da vida: conseguiu seu primeiro estoque de leite, num balde bem cheio. Foi logo negociá-lo na cidade, levando o balde na cabeça. No caminho, eufórica, ela ia fazendo planos com o dinheiro que ganharia: "Vou comprar algumas galinhas, que irão me render muitos ovos todos os dias. Daí poderei montar um comércio com os ovos. Com o lucro poderei comprar um chapéu com flores e um vestido - e será verde, que é a cor que combina comigo. Vou virar o centro das atenções e todos os rapazes irão me cortejar! Andarei com toda elegância, sacudindo a cabeça assim!" E, ao sacudir a cabeça, esqueceu que havia um balde sobre ela... O balde foi ao chão e o leite foi derramado; não deu pra recuperar nada! A tonta da moça voltou pra casa chorando, com o balde vazio e os projetos evaporados. É ideal que faça planos para o futuro, mas tenha o cuidado de não arruinar suas esperanças no amanhã com as atitudes de hoje! Fábula de Esopo (564-620 a.C.) - adaptação de M...

NOVA OPORTUNIDADE

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  Uma idosa havia perdido a família inteira na guerra. Após vender sua enorme propriedade, passou a morar num pequeno cômodo com área externa. Um dia ela soube que um jovem de 16 anos tentara o suicídio jogando-se no mar. Era negro, pobre e órfão e fora salvo pela polícia contra sua vontade. Estava cheio de ódio e de revolta. A velhinha foi à delegacia e pediu permissão para conversar com o adolescente. - Olá, menino - disse ela. O rapaz voltou-lhe a face mas permaneceu inerte e indiferente. - Menino - tornou a dizer a velhinha - então você não sabe que veio ao mundo para algo maravilhoso que só você pode fazer? Depois de repetir isso várias vezes, Jorge (era esse o nome do rapaz) voltou-se subitamente para a idosa e perguntou com ironia: - Eu? Um negro? Um garoto que não tem pai e mãe? - Justamente por ser negro e órfão é que pode fazer algo maravilhoso! - E a senhora quer que eu acredite nisso? - Venha comigo e eu lhe mostro. O delegado permitiu que a idosa levasse o garoto, pois...

SEGURANÇA

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  Certo fazendeiro possuía muitas terras ao longo do litoral. De quando em quando tempestades devastavam a região, fazendo estragos nos edifícios e plantações daquele homem. Assim, ele sempre tinha dificuldade em contratar novos empregados. Poucos se encorajavam a trabalhar num local tão ameaçador. Contudo, um dia, apresentou-se um homem baixo e magro, de meia-idade, dizendo que queria o emprego. - Você é bom lavrador? - inquiriu o fazendeiro. - Bom. Eu posso dormir enquanto os ventos sopram. O fazendeiro, embora confuso com a resposta e como não tinha opções, admitiu o sujeito. O pequeno homem era de fato bom trabalhador; mantinha-se ocupado o dia inteiro, pra lá e pra cá, e o fazendeiro estava satisfeito por tê-lo contratado. Então, algumas semanas após a admissão do novo funcionário, surgiu outro temporal daqueles, com ventos assustadoramente fortes. O fazendeiro pulou da cama, agarrou um lampião e correu ao alojamento dos empregados. O pequeno homem dormia tão profundamente que...

O SINAL DO CEGO

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  Era uma noite como outra qualquer para aquele moço cego que voltava para casa pelo mesmo caminho de sempre, há três anos. Seguia tateando com sua bengala para identificar os acidentes do trajeto - seus familiares pontos de referência. Mas, naquela ocasião, havia algo diferente: um pequeno arbusto, que sempre estivera num determinado trecho, fora arrancado. A rua estava deserta e o rapaz acabou perdendo o rumo de casa. Após andar por um tempo, percebeu que havia se afastado bastante de sua rota, pois verificou que chegara a uma ponte que ficava sobre o rio. Apreensivo, começou a tatear com a bengala, tentando voltar, quando ouviu uma voz trêmula de mulher: - Algum problema, senhor? - Acho que me perdi - respondeu o moço. - Foi o que pensei. Quer que o acompanhe a algum lugar? O jovem deficiente informou à mulher onde morava. Oferecendo-lhe o braço, ela o conduziu até lá. - Nem sei como lhe agradecer! - comentou o mancebo. - Na verdade, eu é que lhe devo um sincero agradecimento - ...

SALVANDO UMA NOVA AMIGA

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  Uma senhora culta e de bom coração, dispondo de tempo livre, resolveu ocupá-lo de forma útil. Inscreveu-se no trabalho voluntário de atendimento do S.O.S-Vida - serviço telefônico para pessoas em busca de ajuda. Três vezes por semana, ela dedicava duas horas do dia à relevante tarefa. Numa ocasião, atendeu uma mulher amargurada e nervosa: - Pretendo matar-me ainda hoje. Antes de fazê-lo, quis comunicar minha decisão a alguém. Por isso estou telefonando. - Acredita que eu possa lhe ser útil? - Ninguém pode me ajudar, e nem quero que me ajudem. Odeio o mundo e as pessoas. Sou uma infeliz e pretendo encerrar minha existência vazia. A telefonista, propositadamente, permaneceu em silêncio, encorajando a deprimente a continuar seu desabafo. E esta prosseguiu: - Sou rica. Resido numa bela mansão, no bairro nobre da capital. Tenho um casal de filhos, ambos casados e que já me deram quatro netos. Sou membro da alta sociedade, frequento ambientes luxuosos e requintados. Tenho tudo o que o ...

O MAIS IMPORTANTE

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  Um grande rei confiou a um mancebo a tarefa de levar uma mensagem e alguns diamantes a outro rei de um país vizinho. Recebeu também o melhor cavalo do palácio para conduzi-lo na jornada. - Cuide do mais importante e terás cumprido a missão! - recomendou o soberano. O jovem escondeu a carta na bainha da calça e colocou as joias numa bolsa de couro amarrada à cintura, por baixo das vestes. E assim seguiu viagem. Empolgado, seguia o percurso ininterruptamente. Queria que todos soubessem que era nobre e valente, capaz até de desposar a princesa. Aliás, era esse o seu sonho. Na intenção de abreviar a viagem, por vezes deixava a estrada e pegava atalhos acidentados e pedregosos, exigindo demais de sua montaria. Quando parava (brevemente) em uma estalagem, deixava o cavalo ao relento, não lhe tirava a sela e nem a carga, tampouco se preocupava em lhe dar água e comida. - Assim, meu jovem, acabas perdendo o animal - advertiu alguém. - Não tem problema, pois tenho dinheiro para comprar ou...

BEM NO MEIO

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  Dois irmãos sempre chegavam em casa com muita fome, ao regressar da escola. Certo dia, um deles, mais agoniado, pediu comida à mãe. Ela os chamou para a mesa, onde havia um bolo pequeno. Colocando uma faca ao lado do bolo, disse: - Um de vocês corta o bolo, mas o outro vai poder escolher, primeiro, o seu pedaço. O irmão apressado, querendo se fazer de esperto, pegou a faca e ia cortar o bolo em dois pedaços desiguais; mas, de repente, parou. Olhando primeiramente para a mãe e depois para o irmão, cortou o bolo exatamente no meio e esperou que o irmão se servisse. Qualquer pedaço que ele escolhesse daria no mesmo e assim nenhum dos dois ficaria em desvantagem. E comeram, alegremente, as porções idênticas. A partir dali, fosse pão com manteiga, doces, pastéis ou qualquer outro lanche, tudo era sempre dividido entre eles em partes iguais - quase que religiosamente. O singelo relato nos adverte sobre o egoísmo que tomou conta da maioria das pessoas e que causou, ao longo de nossa his...

"UMA BONECA PARA ELA!"

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  Foi na África central. No abrigo improvisado das missionárias, uma mulher entrou em trabalho de parto. Apesar de todos os esforços da equipe, ela não resistiu e morreu, assim que deu à luz um bebê prematuro. Sua filhinha de dois anos começou a chorar, completamente desconsolada. Não havia energia elétrica no local, então tornou-se complicado manter o bebê vivo sem uma incubadora. Colocaram-no em uma caixa e o envolveram em panos de algodão. Naquela noite, o frio era intenso. Alimentaram o fogo para ferver água, para a bolsa de água quente. Entretanto, logo descobriram que a única bolsa disponível estava rompida. - Que fazer agora? - indagaram-se as missionárias. Providenciaram para que o bebê ficasse em segurança tão próximo quanto possível do fogo. A fim de protegê-lo das lufadas de vento frio, elas dormiram entre a porta e o bebê. No dia seguinte uma das missionárias reuniu os poucos moradores da aldeia. - Estamos com dificuldade de manter aquecido o recém-nascido, sem a bolsa ...

ATENÇÃO É IMPORTANTE

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  Um casal encaminhou seu filho a um psicólogo. O garoto de 14 anos, descrito pelos pais como "um terrível problema", já havia fugido de casa inúmeras vezes, só retornando ao lar por interferência policial. O relacionamento entre eles estava mesmo muito ruim. - Não sei mais o que fazer! - contou a mãe ao psicólogo, chorando - Damos a ele tudo o que está ao nosso alcance. Ele simplesmente não tem do que reclamar - roupas, carro, dinheiro, viagens. Mas ele não muda! Após uma série de sessões, o terapeuta conquistou a simpatia do jovem rebelde, que lhe confidenciou: - Meus pais não ligam para mim. Realmente me dão de tudo, até o que não quero. Mas nunca fazemos alguma coisa juntos. Quando tento falar com meu pai, ele sempre está "ocupado demais" pra me escutar. Já vai perguntando se quero mais dinheiro. Minha mãe vive a me criticar o cabelo e o brinco na orelha, mas nunca para pra me ouvir. Com isso o psicólogo diagnosticou o problema. A raiz daquela rebeldia toda cham...

A ÚLTIMA TAREFA

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  Julian jamais esqueceria aquela manhã de terça-feira. Acordou com sua mãe chamando-o. Ela estava no quarto da irmã mais velha dele, Sandra. A mãe estava no quarto, sentada, quieta. - Sua irmã morreu nesta manhã, Julian. O conceito de morte não tinha um significado concreto para o garotinho de 4 anos. Durante muito tempo depois, ele perguntava à mãe: - Mãe, Sandra vai voltar? Por que ela teve de morrer? E ficava em frente à casa, esperando que o ônibus escolar a trouxesse de volta. Entrava no quarto e conferia a mochila dela. Tudo em ordem - cadernos de um lado, livros do outro, o estojo de lápis no meio. Também estava ali a faixa elástica preta que ela usara nos cabelos quando foi ao colégio naquela última manhã. Recolocava a mochila no lugar, receando talvez que a irmã ficasse zangada por ele ter mexido nas coisas dela. Com o tempo, Julian finalmente compreendeu a real situação. Mas o que ele jamais esqueceria foi o que aconteceu duas noites antes da irmã morrer. Ela voltou da e...

VALOR QUE NÃO ENVELHECE

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  Numa manhã de sábado, o asilo recebeu mais uma idosa. Chegou calada, sentou numa cadeira de rodas e caiu no choro. Seu semblante denunciava desesperança e mágoa por abandono. Notava-se que estava realmente desgostosa da vida. Foi então que um jovem, que regularmente costumava visitar os idosos, se aproximou. Tentou puxar assunto com a melancólica senhora que permanecia calada, num mudo protesto contra sua condição. Contudo o moço insistiu. Fez perguntas e até brincadeiras, até fazê-la sorrir. Ela resolveu então desabafar: - Sabe, outrora fui muito rica. Com meu falecido esposo, administrava sete fazendas. Com a morte dele assumi tudo, além de cuidar da minha única filha. Quando ela se casou, estranhamente começou a se acercar de mim e seu marido também, interessando-se pelos negócios, passando a me ajudar nas tarefas, promissórias e transações financeiras. A princípio achei até legal, pois aliviaram minha carga e, talvez, futuramente, eu teria mais tempo para mim mesma. Porém, qu...

O TALENTO OCULTO

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  Existiu, numa época distante, um exímio artista que se especializou na harpa. Tamanha era a perfeição com que dedilhava o instrumento que pessoas das mais longínquas terras vinham conhecê-lo. Com isso, o mestre da harpa fez fama e fortuna. Comentava-se que não havia harpista tão espetacular quanto ele. Tinha a seu serviço um escravo que servia refeições aos convidados que, assiduamente, lotavam a residência do harpista para ouvi-lo. Servo dedicado, era de aparência um tanto tola e dificilmente conversava. Ao mesmo tempo em que cumpria suas tarefas, o escravo se deixava embalar pelo doce som da harpa de seu amo e o observava tocar sempre que podia. Uma noite, o mestre voltou para casa mais cedo que de costume. Ainda percorria os jardins quando captou uma célica melodia absolutamente familiar. Alguém executava a harpa de forma magistral e o som vinha de sua casa! - Quem é este que pretende tomar o meu lugar? - pensou, atônito. Apesar da surpresa, não pôde deixar de notar a alta per...