OUVIDOS SENSÍVEIS
Paulo levou seu amigo índio para passear no centro de uma grande metrópole. O indígena ficou extasiado com o que viu, pois praticamente nunca havia estado em contato com o mundo desenvolvido. Não conseguia acreditar na altura dos edifícios e mal podia acompanhar o ritmo frenético de pessoas indo e vindo.
Quase entrou em pânico com o barulho ensurdecedor das sirenes e dos automóveis e ficou atarantado com tanta aglomeração.
De repente ele falou:
- Ouço um grilo!
- Impossível! - respondeu Paulo - Como é capaz de ouvir um som tão insignificante em meio a este caos?
Mas o índio insistiu que ouvia o cricrilar de um grilo. Tomou o amigo pela mão e o levou até um canteiro de plantas ali perto. Ao afastar umas folhas, finalmente encontrou o inseto.
Paulo estava incrédulo.
- Como encontrou o grilo com tanta facilidade?
O índio pediu a Paulo algumas moedas e jogou-as na calçada. Quando elas caíram e se ouviu o tilintar do metal, muitas pessoas que por ali passavam se voltaram, curiosas.
Então o índio explicou:
- Escutei o grilo porque os meus ouvidos estão acostumados com esse tipo de som. As pessoas aqui ouvem o dinheiro caindo no chão porque foram condicionadas a reagir a esse barulho. A gente presta atenção naquilo que está acostumado ou treinado para ouvir!
Se você já não se encanta com os sons mais naturais da vida, algo não está certo!
Autoria desconhecida - adaptação de Marcos Aguiar.
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