O MAIOR PREJUDICADO



Zeca chegou furioso da escola, batendo forte os pés no assoalho. Seu pai, que estava no quintal, chamou-o. E, antes que o pai falasse, o menino disparou, irritado:
- Pai, estou com muita raiva! O Juca não deveria ter feito aquilo comigo, me humilhando na frente de todo mundo! Não aceito isso! Desejo tudo de ruim para ele! Que ele fique doente e não possa ir à escola!
O pai, calado, seguiu com o filho até os fundos do quintal, onde havia um saco com carvão. Abrindo-o, disse:
- Filho, está vendo aquela camisa branca estendida lá no varal? Pois bem, faça de conta que ela é o Juca e cada pedaço de carvão é um mau pensamento teu, direcionado a ele. Quero que jogue todo este carvão naquela camisa, como se fosse tiro ao alvo, mas atire daqui mesmo. Quando terminar, me chame.
Zeca achou a ideia divertida e se pôs a alvejar a camisa com vontade. Mas como o alvo estava um pouco distante, só conseguiu acertá-lo poucas vezes.
Uma meia hora depois o menino chamou o pai.
- E aí, filho, como se sente agora?
- Estou cansado, mas feliz porque acertei várias vezes o Juca, quero dizer, a camisa!
- Certo. Venha comigo, vou te mostrar uma coisa.
Foram até o quarto.
- Olhe-se no espelho, filho.
O menino levou um susto: estava tão preto quanto o carvão!
Então o pai falou:
- Filho, viu que a camisa não sujou tanto quanto você? O mal que desejamos aos outros é como isto. Por mais que queiramos prejudicar a vida de alguém com nossos maus pensamentos e desejos, somos nós os mais prejudicados.
Zeca, sorrindo envergonhado, respondeu:
- Tem razão, pai. Agora vou tomar um banho e depois lavar uma certa camisa...

Autoria desconhecida - adaptação de Marcos Aguiar.

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