COMPROMISSO DE GRATIDÃO
Stephanie Shirley (1933-), com seus mais de noventa anos, permanece glorificando a vida em toda sua plenitude.
Seu pai, juiz em Dortmund, Alemanha, perdera o cargo para o regime nazista, simplesmente por ser judeu. De maneira que, aos seis anos de idade, em companhia da irmã mais velha, Shirley chegou à Grã-Bretanha como refugiada, reconhecendo posteriormente como tivera sorte em ter a vida salva.
Assim, decidiu converter sua vida num mar de bênçãos.
Dona de uma visão inovadora, Shirley desafiou o preconceito e trabalhou para que fosse aceita a sua ideia: vender programas para computadores.
Shirley tinha quase tudo contra si: era mulher e tudo o que tinha era dez dólares e um escritório improvisado na sala de sua casa. Para ser ouvida, precisou se apresentar com um nome masculino, nas centenas de cartas que escreveu: Steve Shirley.
O resultado dessa ousadia foi algo revolucionário. Ela fundou uma empresa na qual só empregava mulheres - com exceção de apenas três funcionários, num quadro de trezentos. Dava prioridade às mães com filhos, considerando que tinham mais dificuldade para encontrar trabalho.
Em plena década de 1960, inovou criando o trabalho remoto. Permitiu que suas colaboradoras trabalhassem em casa, a fim de se adaptarem à rotina com as crianças delas.
Em 1986, a Fundação Shirley, criada por ela no Reino Unido com uma doação substancial, estabeleceu um fundo fiduciário de caridade. Seu objetivo era facilitar e apoiar projetos pioneiros na área do espectro do autismo, com ênfase na investigação médica.
Mãe de autista, Shirley o viu morrer aos trinta e cinco anos, depois de um ataque epilético - uma dolorosa experiência que a fez se esmerar no auxílio a outras mulheres na mesma condição.
Ao longo de sua vida, Shirley recebeu inúmeras homenagens e títulos pelos serviços prestados à indústria, à tecnologia da informação e à filantropia. Em 2003, recebeu um prêmio por sua contribuição à pesquisa do autismo e por seu trabalho pioneiro no aproveitamento da tecnologia da informação para o bem público.
Prestes a completar oitenta anos, doou toda a sua coleção de arte para duas instituições beneficentes.
Em suas memórias, escreveu: "Faço isso por causa da minha história pessoal. Preciso justificar o fato de que minha vida foi salva."
Que expressão de gratidão!
Seu exemplo nos leva a refletir: que fazemos no mundo e pelo mundo em gratidão pela dádiva de existir?
Autoria anônima - adaptação de Marcos Aguiar.
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