O QUE INSISTE EM FICAR



A companheira de muitos anos estava agora inerte, depositada num caixão, prestes a ser devolvida ao solo.
Submerso em pensamentos profundos, o pobre viúvo começou a perceber, em sua mente, formas belas e brilhantes, cujos contornos lhe confortaram um pouco.
- O que são vocês? - indagou.
- Somos as boas e agradáveis palavras que você poderia ter dito à sua finada esposa. Como você bem vê, trazemos alento e energia positiva à alma humana.
- Por favor, fiquem comigo! Minha querida esposa agora é somente um cadáver e eu me sinto tão sozinho! Confortem-me!
- Não podemos ficar! - responderam - Você não fez por merecer nossa presença, pois nunca procurou nos cultivar, enquanto sua esposa era viva. Somos a luz que poderia ter brilhado mas nunca brilhou.
Dizendo isso, desapareceram de sua tela mental.
Logo em seguida surgiram outros vultos, só que horrendos; espectros que aumentaram sua amargura.
- Quem são vocês? - perguntou o homem, aterrorizado.
- Somos tudo aquilo que sua esposa ouviu de você a vida inteira - insultos, mentiras, agressões e toda sorte de palavras ruins e negativas.
- Por favor, saiam daqui! Deixem-me!
Mas os fantasmas permaneceram ali, em silêncio, desenhando-se o tempo todo em sua memória e queimando-lhe a consciência como fogo.
Palavras são um simples sopro, ditas num instante, mas elas não são inofensivas. Podem salvar ou podem matar. Elas também são energia; portanto tenha cuidado com essa energia. Se usá-la da forma errada, ela se voltará contra você.

Texto de William J. Bennett - adaptação de Marcos Aguiar.

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