SUA VIDA, SEUS LIMITES



Olhos perdidos no vazio, o garoto tinha o rosto voltado para a vidraça umedecida da janela. Sua mãe percebeu que o pensamento dele estava longe dali.
Aproximou-se, afagou-lhe os cabelos com doçura.
- Algum problema, filho?
- Não é nada, mãe - respondeu, aconchegando-se ao colo dela.
Mas a mãe era perspicaz. Sabia que algo não estava certo com seu filhote que ela conhecia muito bem.
- Fale, querido, desabafe. Sei que tem alguma coisa te incomodando.
Aninhado ao seio materno, o menino confessou, sem levantar os olhos:
- Não quero participar da apresentação teatral deste ano.
- Por que, filho? Não acha que vai ser legal?
Timidamente, ele balançou a cabeça.
- É que um dos meus colegas disse que eu nunca vou conseguir decorar todas as falas.
A mulher estreitou ainda mais o filho em seus braços.
- E você, meu querido? Você concorda com ele? Também acredita que não é capaz de decorar as falas?
Levantando a cabeça, fitou os olhos carinhosos da mãe.
- Filho, durante sua vida muitas pessoas tentarão convencê-lo a respeito de muitas coisas, do que você pode ou não pode fazer. Irão querer que você acredite que elas sabem mais sobre você do que você mesmo. Uns dirão coisas boas, outros coisas ruins. Na maioria das vezes, essas pessoas estarão fazendo isso por inveja, por simples ignorância, apenas por falar ou para magoar. Mas elas não têm como saber tudo. O importante, meu filho, é que você não se deixe influenciar pelo julgamento alheio. Se o que as pessoas falam sobre você está certo ou não, somente você poderá definir. Apenas você é quem pode estabelecer teus limites e determinar aonde teu trabalho e esforço te farão chegar!
O menino, emocionado, beijou suavemente sua mãe e agradeceu, sorrindo. Ele carregaria aquelas palavras em seu coração pela vida inteira.

Autoria desconhecida - adaptação de Marcos Aguiar.

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