INIMIZADE VIRANDO AMIZADE



Um pica-pau costumava dormir a noite inteira em sua árvore e, assim que amanhecia, se punha a bicar. 
Certo dia, uma coruja passou a morar na árvore do lado. A nova vizinha trabalhava a noite toda e, mal o sol raiava, ia dormir. Daí começou um problema entre os dois porque o pica-pau fazia barulho durante o dia e a coruja à noite.
A coruja ficou de tal forma zangada que seus gritos ecoaram por toda a floresta, atraindo a atenção dos outros bichos.
- Pode continuar a bicar, pica-pau - guinchou o rato - A coruja tem essa mania de querer mexer com todo mundo!
- Acho que o pica-pau é que deveria parar de bicar e deixar a coruja dormir - opinou o urso - a floresta precisa de mais sossego.
- O que posso fazer pra parar com esse barulho? - indagou a coruja aos animais mais velhos.
- Por que não muda de árvore?
- Ora, e por que eu faria isso? Eu gosto é desta árvore! Quem tem que se mudar é o pica-pau!
Nenhum dos dois quis dar o braço a torcer. A situação foi ficando de tal forma desagradável que os outros animais decidiram marcar uma reunião. 
- Temos que tomar medidas - começo o texugo - Como o pica-pau foi o primeiro a chegar, é a coruja que tem de sair.
- Se derrubarmos a árvore, ela vai embora - alfinetou o camundongo.
Naquela noite, enquanto a coruja estava caçando, os bichos tentaram derrubar a árvore, mas não conseguiram. 
Algum tempo depois, dois castores chegaram à floresta e gostaram da árvore da Coruja. Começaram a roer-lhe o tronco, que foi ficando cada vez mais frágil.
Uns dias depois, uma tempestade caiu sobre a mata e o vento rugia tanto que o pica-pau teve de parar de bicar. A coruja pôde finalmente dormir, mas não percebeu que sua árvore começou a estalar, ameaçando tombar. Não tardou que isso acontecesse e o pica-pau, enxergando o perigo, bicou furiosamente a porta da coruja, acordando-a.
A princípio atônita por ser despertada, a coruja logo compreendeu a situação. No preciso momento em que a árvore desabou, as duas aves conseguiram voar em direção a um lugar seguro.
Passada a tormenta, a coruja agradeceu ao pica-pau por ter lhe salvado a vida e confessou que agora se sentia contente por tê-lo como vizinho. Tornaram-se bons amigos e o pica-pau ajudou a coruja a encontrar uma árvore numa parte mais calma da floresta, onde ela podia dormir o dia todo sem ouvir o seu bicar barulhento.
E foi assim que a paz e o sossego voltaram a reinar na floresta.

Texto de Brian Wildsmith - adaptação de Marcos Aguiar. 

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