AUXÍLIO MÚTUO



Numa região montanhosa, em meio ao deserto, caminhavam dois velhos amigos, ambos enfermos, cada um se protegendo, o quanto possível, contra os gélidos golpes de ar.
Depararam-se, de repente, com um menino semimorto na estrada, quase congelado. Um deles logo virou o rosto e exclamou, irritadiço:
- Não perderei tempo. O momento exige mais de mim. Sigamos em frente!
Mas o outro, compadecido, respondeu:
- Amigo, salvemos o pequenino. É nosso irmão no final das contas.
- Não posso! - retrucou o outro, endurecido - Estou cansado e doente! Esse desconhecido seria um fardo insuportável. Lembre-se que precisamos chegar à aldeia sem perda de minutos.
E, sem esperar o companheiro, avançou com largas passadas.
O que ficara para trás inclinou-se e pegou o garoto, demorando-se alguns minutos com o pequeno corpo pressionado ao seu peito; depois, carregando-o, seguiu adiante, embora com lentidão.
A chuva caía, impiedosamente, noite adentro, mas o viajor, amparando a valiosa carga, chegou afinal a uma hospedaria, no dito povoado. Ficou surpreso ao constatar que o amigo não chegara lá.
Somente no dia seguinte, após minuciosa procura, o companheiro foi localizado - sem vida, numa vala do caminho alagado. Seguindo às pressas, não resistira à violenta onda de frio e tombou.
Já o seu amigo, recebendo o suave calor da criança que sustentava, superou os obstáculos da noite, conseguindo, assim, salvar a ambos. Descobriu, de modo extremo, a sublimidade do auxílio mútuo: ajudando ao garoto abandonado, ajudara a si mesmo.
Uma pessoa, sozinha, é simplesmente um adorno vivo da solidão, mas aquela que coopera em benefício do próximo é credora do auxílio comum.
Ajudando, seremos ajudados; dando, receberemos: é lei do Universo. 

Texto de Chico Xavier - adaptação de Marcos Aguiar. 

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