AFEIÇÃO QUE CEGA
Depois de muito tempo brigando, a coruja e a águia resolveram fazer as pazes.
- Basta de guerra! - disse a coruja - O mundo é tão grande e tolice maior que o mundo é viver brigando.
- Perfeitamente! - respondeu a águia - Eu também cansei de inimizades.
- Nesse caso combinemos assim: como sinal de paz, você nunca comerá os meus filhotes.
- De acordo, coruja. Mas como poderei distinguir os teus filhos?
- Muito fácil: sempre que você encontrar uns rechonchudos, fofinhos e bem feitinhos de corpo, saberá que são as minhas crias.
- Certo, entendi - concluiu a águia.
Uns dias depois, à procura de caça, a águia encontrou um ninho com três pequenos monstrengos, que piavam com som estridente e desagradável.
"Que coisinhas horríveis!", pensou a águia. "Com certeza não são os filhotes da coruja, pelo que ela descreveu."
A águia então lançou-se sobre os filhotes e os devorou.
Mas eram os filhos da coruja.
Quando esta regressou à toca, chorou amargamente ao se deparar com a águia terminando de comer a última corujinha.
- Quê? - disse a águia, atônita - Então esses monstrinhos eram teus filhos? Pois, olha, não se pareciam nada com o que você me contou!
Às vezes, os outros enxergam falhas naquilo que consideramos sem defeitos. Tudo depende do ponto de vista do indivíduo.
Autoria desconhecida - adaptação de Marcos Aguiar.
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